ғᴏᴜʀ - 𝘣𝘶𝘭𝘭𝘺𝘪𝘯𝘨 𝘵𝘪𝘱𝘦 𝘰𝘧 𝘴𝘩𝘪𝘵









episódio quatro,
𝘣𝘶𝘭𝘭𝘺𝘪𝘯𝘨 𝘵𝘪𝘱𝘦 𝘰𝘧 𝘴𝘩𝘪𝘵








A biblioteca estava vazia quando Demetri e Aaron tentavam consolar Miguel pela decisão de fechamento recente do dojo, decisão tomada por pais e principalmente a mãe de Miguel, quando o menino apareceu com um olho roxo na noite de Halloween. O que a fez o proibir de treinar, tirando o melhor e talvez único aluno de Johnny Lawrence.

Aaron nunca tinha se sentido tão aliviada como quando viu a notícia sair de seus lábios tristes. Ela odiava a ideia de já ter ido embora com Daniel LaRusso, enquanto sem fazer ideia, um dos seus melhores amigos apanhava no vestiário sem que ela pudesse fazer nada.

Mas algo a dizia que o fato de ele ter apanhado, só deixava mais claro as controvérsias do karatê do cobra kai.

— Então quer dizer que esse lance de karatê já era? — Demetri não se proibiu de sorrir.

— Acho que sim. — Miguel disse, desanimadamente rabiscando em seu caderno.

— Sinceramente eu acho que é bem melhor assim. — Aaron afirmou tamborelando com sua caneta. — Estava começando a aumentar sua confiança.

— Isso não deveria ser uma coisa boa? — Questionou Miguel franzindo o cenho.

— Claro que não. O que a autoconfiança te deu além de um olho roxo e uma mochila jogada na lixeira? — Demetri esbravejou.

— Bom, eu achei legal você ter enfrentado o Kyler. — Eli se pronunciou pela primeira vez à mesa, e Aaron sorriu pra ele, puxando seu caderno e iniciando traços finos e indefinidos, que aos poucos foram formando um desenho com o rosto dela e de Eli juntos.

— Vocês ficaram malucos? Me diz uma coisa, qual o melhor superpoder que alguém poderia querer ter? — Demetri questionou, e pelo pesar do seu olhar, Aaron ficou com medo de dizer a resposta errada e receber um tapa.

— Superforça. — Miguel disse dando de ombros.

— Nada disso! Invisibilidade. Supervelocidade vem em segundo, que aí dá pra gente fugir bem rapidinho. — Demetri se levantou e jogou seu iogurte na lixeira mais próxima, se cansando dele.

— Claro que não, Demetri. — Aaron o contestou. — Telecinese ganha de todas. — A garota já tivera uma longa discussão sobre isso com Robby umas semanas antes em uma de suas sessões de filmes. Ao se lembrar, pensou em duas opções: ou Robby acharia seus novos melhores amigos bobos, ou gostaria de conviver com eles. Ela sabia que nunca descobriria a resposta, porque eles nunca se conheceriam. — Por isso X-men vai ser sempre melhor do que a Liga da Justiça.

— Não ouse falar mal da Liga da Justiça perto de mim. — Miguel tampou as orelhas dramaticamente.

— Qual é, coloque o Batman e o Magneto no mesmo quarto e me diga qual dos dois sai dele. — Ela se apoiou sobre a mesa, imersa no assunto

— Não começa, mulher. O Bruce conseguiu acabar com o Superman. — Miguel bateu na mesa a fazendo se afastar. Aquilo tinha virado uma guerra.

— Aaron está certa, Charles Xavier ganha, é o melhor de todos. — Eli disse, e a discussão se encerrou quando foram interrompidos.

— O que é o melhor de todos? — Kyler e Peter Bohn apareceram bem atrás do garoto loiro, todos se levantaram instantaneamente para sair dali o mais rápido que pudessem.

— Quem. — O garoto preto de olhos claros corrigiu o amigo como se ele fosse burro de mais para saber as preposições — É o objeto de uma preposição, cara. — Disse parecendo cansado de Kyler.

— A gente já estava indo embora. — A loira guardou suas coisas com pressa na mochila e se colocou de costas pronta para sair. Mas Kyler agarrou o garoto loiro e indefeso pela camisa.

— Ei, aonde vai aberração? — Ele disse segurando o rosto de Eli com força entre as mãos.

— Solta ele. — A garota segurou o braço de Kyler, tentando o tirar de perto de Eli.

— Sabe, você é bonita demais pra andar com esse tipo de gente. — Peter afirmou, tocando o ombro da garota, tentando a afastar da situação de modo em que não se machucasse. Afrontosamente, Aaron deu um tapa em sua mão o proibindo de a tocar novamente.

— Calma aí, gatinha. Você já quebrou o nariz lindo da Yas, você já está na lista má. — Kyler debochou, agarrando o rosto de Eli com uma mão em descaso, como se fosse um boneco. — Você não pode mais bater em ninguém senão você tá fora, o papai LaRusso não pode mais aliviar sua barra.

— Eu não quebrei o nariz dela, ela ta claramente mentindo. — Ela esbravejou, pulando para acertar Kyler.

Por que as pessoas insistiam naquela mentira? Faziam poucos dias e a garota nem zanzava mais pelos corredores com bandagens.

A mão de Aaron quase o acertou, mas o asiático desviou de seu toque, empurrando seu peito para longe, ela se debateu quando sentiu os braços de Peter a puxarem pela cintura a empurrando dentre as prateleiras, tentando afastá-la de Kyler, mesmo que poucos metros.

— Por favor, não faça isso ser pior do que já é. — Ele disse baixo perto de seu rosto. Aaron teve um déjà vu, e não foi um dos bons.

— Não é o que tão falando por aí, e você sabe, em West Vale as fofocas voam. — Peter não conseguiu a segurar por muito tempo, deixando Kyler se aproximar dela enquanto falava em seu rosto

— Que foi? Não cansa de apanhar, Réia? — Kyler riu quando Miguel se pôs no meio dos três, com os punhos fechados.

Tudo aconteceu muito rápido e mesmo que Aaron tentasse, não dava pra tirar Kyler de cima dele. Cada situação que ela presenciava a mostrava o quanto ela era fraca e mal sabia se defender.

E não tinha nada que ela pudesse fazer pra tirar aquele idiota de cima de Miguel. Um soco foi desferido no rosto já machucado dele, e um chute na barriga foi o suficiente para fazer Peter empurrar Kyler para trás e o obrigar a ir embora.

— Vaza daqui, seus merdas. — Cuspiu Aaron com raiva, quando jogaram Miguel de volta no chão frio, e ela correu para pega-lo.

Demetri puxou Eli pelo casaco, para o tirar dali, com seu máximo instinto protetor, e pegou sua mochila da lixeira, toda suja.

— Nunca mais se machuque pra me ajudar. — Disse Aaron, apertando sua cintura para que ele não caísse. — Você já estava na merda, agora só restou seu pó.

— Eu já tinha levado uns socos, mais alguns por você não mudariam isso. — ele sorriu de lado para a amiga, e gemeu levemente ao virar em uma das prateleiras, mancando um pouco.

— Vem, vou te levar para casa. — Ela sorriu, e ao olhar para sua frente, seus olhos encontraram os de Samantha LaRusso escondida entre os livros. A tensão entre elas era palpável, e nenhuma das duas ousou dizer nada.

Antes que Miguel abrisse a boca, Aaron apertou seu braço para que ele voltasse a andar e saíram da biblioteca, com Demetri resmungando sobre sua mochila cheirando a iogurte e lixo, Miguel machucado e Eli tão cansado de ser humilhado que não conseguia terminar uma frase.

Aaron honestamente não se importava nenhum pouco com Samantha ou o que ela pensaria deles, porque ela tinha visto a verdade. Agora ela só abriria os olhos se quisesse.





   Durante a tarde, Yasmine e Moon estavam no Rover vermelho da morena, fumando maconha no estacionamento do centro comercial de Reseda. Era um lugar onde sabiam que não seriam pegas.

Yasmine engasgou ao sentir a fumaça descer pela garganta.

— Minha mãe me deu essa maconha de aniversário. Ela disse que tem menos calorias ou algo assim — disse Moon, pegando o baseado da mão da amiga.

— Essa eu senti — Yasmine respondeu, rindo sobre o baseado e abaixando o espelho do banco do carona. — Está muito feio? — perguntou preocupada com o próprio nariz, que, sem as bandagens exageradas, só tinha um ponto arroxeado no centro e estava um pouco avermelhado, mas sem nenhum inchaço.

Ela não tinha feito uma rinoplastia para ajeitá-lo nem tinha fraturado o nariz, mas gostava que as pessoas sentissem pena dela pelo que aconteceu. Yasmine gostava da atenção e do palco que estava recebendo por isso, e sustentaria aquilo até se cansar.

— Não está tão ruim assim. Eu fico me sentindo mal — Moon sugou um pouco da ponta do baseado. — Eu até que gostava da Aaron, sabia? — a garota soprou a fumaça — Você deveria processá-la por danos físicos.

— Não posso, ela não quebrou meu nariz. Seria tido como briga de escola — A loira revirou os olhos e fechou o espelho, deixando seus olhares recaírem em uma sem-teto que segurava uma placa do Cobra Kai. No verso, dizia algo como "me dê dinheiro". — Fala sério, uma mendiga. Não olha.

— Eu me sinto mal por não poder dar nada pra ela — Moon disse, encarando a mulher. — Merda! Eu fiz contato visual com ela — a garota lastimou.

— Ótimo, agora ela está vindo pra cá — resmungou Yasmine.

— O que a gente faz? — Moon perguntou ansiosa.

— Só finge que está mexendo no celular!

— Ai meu Deus! — Moon exclamou quando a mulher bateu no vidro pedindo dinheiro.

— Tranca logo as portas — Yasmine disse, irritada com a lentidão da amiga.

— E não vai pegar mal a gente fazer isso na frente dela? — Moon perguntou, preocupada.

— Se quer que ela entre atrás, suje tudo e corte nossa garganta, fique à vontade, Moon!

Quando a garota estava prestes a apertar o botão de tranca, a porta do banco de trás se abriu e Samantha entrou no veículo, fazendo as duas garotas no banco da frente gritarem.

— Mas que porra, Samantha!

— Pensamos que fosse algum pobre! — Moon disse, ofegando.

— Por que vocês estão me evitando? — A morena perguntou do banco de trás, decidida a pedir desculpas novamente.

— O que você acha? — a loira respondeu, como se fosse óbvio.

— Se foi pelo o que aconteceu no Halloween, me desculpem, eu juro que eu...

— Não é sobre a Macgyver, Sam. Aquela fracassada já não importa mais. O Kyler nos contou o que você disse — Yasmine afirmou, parecendo desapontada, e Moon concordou com a cabeça em silêncio.

— Espera, o que ele disse?

— Eu não anotei, mas disse que você falou que se acha melhor do que nós — Ela se virou em direção ao banco de trás para manter o contato visual. — Você não era ninguém antes de andar com a gente. Não tinha esse direito — Yasmine cuspiu com veneno.

— É, você nem se depilava — Moon apontou.

— Eu nunca falei nada de vocês, isso nunca saiu da minha boca.

— Ah, o Kyler nos falou o que saiu da sua boca. E o que entrou também — Yasmine sorriu maldosamente.

— Sexo dentro do cinema? Mas que nojento — Moon reprovou decepcionada.

Samantha não conseguia formular nenhuma frase completa, pelo choque das palavras que estava sendo obrigada a ouvir.

— O que quer que ele tenha dito é mentira — foi a única coisa que ela conseguiu dizer. Ela tinha aceitado sair com Kyler uma última vez depois do que aconteceu no Halloween. Ele tentou beijá-la à força e ela recusou. O garoto tinha tentado tocá-la, e quando ela disse não, ele forçou a barra a fazendo ter que o empurrar para longe em público. Tudo aquilo era mentira, mas Yasmine e Moon não se importavam com isso.

— Sam, só pede desculpas logo, que a gente volta a ser amigas — Moon disse, sem se importar com a verdade. — A gente não se importa com quem você chupa.

— Ou, não pede. E cai fora logo do carro da Moon — a loira disse, fitando a morena de cima a baixo.

E pela primeira vez, Sam respirou fundo e aceitou que aquilo não valia a pena.

— Divirta-se com esse nariz roxo, Yasmine. Que pena que a Aaron não o quebrou de verdade, faria um bem à humanidade, ele é horrível — Ela colocou a mão nos bancos da frente. — Honestamente, a Aisha que é tida como porca? Moon, você só fuma maconha, e ela, não sei se percebeu, fica impregnada no seu cabelo.

Samantha saiu do carro às pressas, e quando estava longe o suficiente para não ser atropelada por uma delas, conseguiu respirar e perceber do que tinha se livrado.

E agora com o celular em mãos, só conseguia discar o número da melhor amiga incontáveis vezes, decidindo ir atrás dela em seu apartamento, que não era longe dali. O que Samantha não sabia, era que a metros de onde ela estava, sua melhor amiga rejeitava sua chamada, no centro de Reseda, mais especificamente na porta do dojo Cobra Kai.





   Uma ligação perdida de Samantha LaRusso.
Talvez não fosse tão perdida assim, talvez Aaron só tenha desligado na cara dela. Porém, em sua defesa, ela não queria estar ali, de frente ao dojo Cobra Kai. Mesmo achando que o dojo estava fechando suas portas, ter que encarar aquela fachada desenhada com aquela cobra a deixava nervosa.

Os mesmos nervos vinham à tona quando esbarrava em Johnny Lawrence.

Sempre que o via, Aaron não sabia como se portar, a garota só se sentia irritada. Julgava que fosse pela confusão em sua mente e as lacunas que nunca foram preenchidas por sua mãe. Ou seu pai, que fingia que nunca tinha dito o que dissera na última vez que bebeu, e se via proibida de lhe questionar sobre. Poderia parecer infantil, mas ela não se importava; enquanto não soubesse a verdade, ela tinha o direito de culpá-lo pela separação dos seus pais.

A porta do dojo foi aberta, e a garota se viu de frente a Aisha, vestindo um kimono.

— Aisha? O que faz aqui?

— Eu comecei a treinar karatê — ela disse, envergonhada enquanto tirava os óculos do bolso de poliéster e os colocava no rosto.

— O quê? Não, — ela balançou a cabeça e encarou a placa no topo do baixo edifício — pensei que estivessem fechando.

— O sensei não fechou, ele só está precisando de novos alunos, e se bombarmos, o dojo fica aberto — ela disse com o mesmo sorriso que Aaron já vira no rosto de Miguel antes. — Se bem que você podia começar a treinar, não é? O seu soco de direita foi ótimo!

— Não sei não, Aisha... — Aaron pensava em um jeito gentil de recusar.

— Um segundo, que eu chamo meu sensei. Sensei Lawrence! — A garota entrou, chamando-o, e Aaron pensava em possíveis lugares em que pudesse se esconder. — Tem uma amiga minha com um ótimo gancho de direita aqui fora!

A lata de lixo mais próxima parecia longe demais para se esconder quando ela se virou de costas e Johnny Lawrence apareceu em seu encalço na porta do dojo e encarou Aaron de cima a baixo.

— Qual foi, gordinha? É a babaca que socou meu olho! — ele disse, irritado com Aisha. — Aqui ela não se matricula. Volta lá e faz mais dez flexões! — ele disse, irritado com Aisha, que o obedeceu calada.

— Eu nunca me matricularia — ela levantou as sobrancelhas, provocativa.

— Ótimo, porque meu dojo não aceita mulherzinha. — ele disse, julgando a fisionomia de Aaron de cima a baixo.

— É por isso que você só tem dois alunos. — ela sorriu, debochando da cara dele, como a MacGyver que ela era.

Ele balançou a cabeça, tentando não imaginar como estaria Rayken agora e o que estaria fazendo. Se perguntava se a menina sabia de alguma coisa.

Aaron se corroía para saber o que ele sabia sobre sua mãe, mas não se dignaria a perguntar, porque ele não merecia saber que ela estava em dúvida também.

— Eu só vim buscar o Miguel — ela disse, empurrando o dedo de julgamento dele para longe de seu rosto.

— O quê? Conhece o Miguel? — Ele disse e enfiou metade do corpo para dentro do dojo. — Díaz, vem aqui agora — Johnny exigiu, e como um animal treinado, Miguel apareceu na porta, vestindo um kimono personalizado. — De onde conhece essazinha aí?

— Eu tenho um nome! — ela disse, dando o peteleco no ombro do mais velho, como se ele fosse um verme que ela tinha medo de se contagiar.

— Aaron é minha amiga — Miguel sorriu, até ver a expressão de descontamento do sensei, que fez seu sorriso cheio de aparelho cair por terra. — Por quê? O que aconteceu?

— Essa é a maluca que eu te contei que tentou socar meu olho! — o loiro disse indignado.

— Você mereceu! — ela reclamou, os dois brigando como crianças enquanto ele a acusava

— Pensei que tivesse dito que ela parecia um demônio que tinha voltado do inferno pra te castigar. — Miguel disse levantando as sobrancelhas, encarando o próprio Sensei

— Miguel! — Aaron indagou, tentando se defender, mas teve que respirar fundo para não gargalhar. — Podemos ir? Por favor.

— Ir aonde?  — Johnny se enfiou no meio dos dois com uma mão no peito de cada, os impedindo de se mexer. Aaron deu um passo para trás, o impedindo de tocá-la.

— Vamos ao Fliperama com Eli e Demetri e... — Miguel começou, mas foi interrompido pelo próprio sensei.

— Tudo bem, eu não me importo — ele saiu do meio dos dois. — Não acredito que a filha da Rayken virou uma nerd — ele riu e entrou no próprio dojo.

— Eu não sou uma nerd! — ela se defendeu

— Nós somos sim... — semi sussurrou Miguel, tentando alerta-la, e ela saiu pela porta, batendo os pés, sem se importar se ela bateria em miguel agora.



Robby Keene deitado em seu sofá com um fone de ouvido ao redor do pescoço e o notebook em seu colo. A aba da web do Cobra Kai estava aberta, e o garoto passava pelo site lendo cada descrição atentamente.

Ele havia se recusado a fazer isso na primeira vez, mas essa já era a quinta vez que revisitava o site, e não conseguia se arrepender.

A cada palavra sobre o próprio pai, ele sentia um enjoo crescente. Era como uma tortura autoimposta à qual ele não conseguia se desligar. Era como segurar um prego cravado na própria mão, sabendo que sangrava, mas sem permitir-se retirá-lo.

A porta se abriu abruptamente, e Robby olhou para o relógio. Eram apenas seis da tarde quando viu sua mãe bêbada entrar com um homem que ele não conhecia. Como as luzes estavam apagadas, eles não o notaram.

— Shh, faz silêncio — disse sua mãe, rindo.

— Não! Faz silêncio você!

— Não, faz você! — a mulher riu escandalosamente.

— Fica calada. — o homem, que aparentava ter meia-idade, disse, e a loira sorriu.

— Adoro quando você toma o controle — ela riu e o beijou. — Mas é sério, fique quieto, meu filho está dormindo — ela sorriu e os dois entraram no quarto, se beijando.

Robby não estava dormindo.

Desligando o computador, ele se levantou, tirou os fones de ouvido e andou em direção à saída do apartamento, se recusando a ouvir qualquer coisa nojenta.

Quando o garoto loiro abriu a porta, encontrou alguém prestes a bater na porta de Aaron.

— Ela não está em casa — disse Robby, olhando para uma garota baixa, de cabelos pretos encaracolados e olhos claros. — E ela não é de receber visitas. Quem é você? — perguntou, fechando a porta atrás dele.

A garota levou um susto e se virou para ele.

— Ah, me perdoe — disse ela, parecendo assustada. — Ela nunca... Nunca me deixou vir aqui, e eu precisava muito falar com ela — acrescentou, com um sorriso triste. — Sou Samantha, por sinal.

Ela se aproximou de Robby e estendeu a mão em sua direção, mas ele não a retribuiu, apenas cruzou os braços contra o corpo e travou o maxilar.

— Ah, sim. Eu conheço a história. Ótimo Halloween, a propósito — disse ele em tom amargo.

— Hm, isso. É, sou eu. — perguntou Samantha, sem se orgulhar e abaixando a mão ao perceber que ele não retribuiria o gesto. — E você, é?

— Robby Keene, sou o vizinho — ele respondeu, apontando para o batente da porta. — Ela deve ter falado.

— Bom, eu me lembraria se tivesse — Samantha sorriu, passando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Robby a observou de cima a baixo. Aaron nunca comentava sobre ele.

— Bom, você sabe se o pai dela está por aqui? Eu realmente precisava...

— Trabalhando na oficina do centro, ele chega tarde. Ela ia sair com um amigo hoje. — ele a cortou no meio da frase, algo sobre ela o fazia duvidar de suas palavras. Ela parecia de mentira, e não era só pelo que ela havia feito para Aaron.

— E você por acaso sabe onde ela pode estar? — Samantha cruzou os braços impaciente, e levantou uma sobrancelha.

— Não sei, não sou secretário dela. — ele deu de ombros, rindo da pose potente dela — Mas bem que eu podia receber por isso.

O loiro conseguiu arrancar uma risada de Samantha, e, sem querer, ele também estava rindo. Ela gostou de vê-lo. Gostou de conhecê-lo. Robby Keene grudou em sua cabeça como um chiclete. Porque Aaron não os havia apresentado antes?

Samantha tinha gostado dele, e o pior de tudo, mesmo com receio, tinha sido algo recíproco.



Era noite e Shannon se arrumava, terminando de calçar seus brincos quando Robby e Aaron entraram pela porta amadeirada do apartamento 25G, cheios de sacolas de supermercado em mãos. Ela tinha decidido passar mais tempo com o filho, afinal. O que era considerado o mínimo, para Shannon era o melhor que ela poderia oferecer a ele.

Robby sabia que aquilo não duraria muito tempo. Então não se importava com a presença dela, ainda mais que Aaron já havia se acostumado.

— Oi, mãe — disse o garoto, colocando as sacolas em cima da bancada de mármore da cozinha, onde viu sua mãe buscar entre os papéis seu celular.

— Oi, amor — disse ela apressada.

— Compramos as pizzas congeladas que você gosta no Vons — a voz de Robby era pacífica dessa vez, ele tinha a esperança de ficarem juntos por um tempo. — Que tal jantarmos e assistirmos a um filme? — ele sugeriu, enquanto Aaron abria a geladeira e colocava três latas de Coca-Cola no freezer. Eles estavam usando o dinheiro do computador ainda, enquanto Aaron deixava seu pai acreditar que vinha dele toda aquela fonte de renda.

Ela sabia que depois de sair dali, deveria voltar para casa e fingir gostar do que sequer ele cozinhasse e se trancaria no quarto, por precaução.

— Ah — a loira disse, tentando arrumar algum tipo de desculpa. — Que gentileza, filho. Eu tenho algumas coisas pra resolver, mas podemos fazer isso amanhã à noite, tá?

O local ficou silencioso por um minuto inteiro e Aaron bateu a porta do freezer, quebrando a tensão.

— Não, claro. Podemos sim — Robby colocou as mãos no bolso da calça e se encostou no balcão. — Se não estiver de ressaca. — ele acusou.

— Ei! — a mãe estremeceu, como uma adolescente. — Ok, você me pegou. Eu vou sair, mas é a semana Dine Los Angeles, então...

Aaron estava ao lado de Robby, encarando quieta como ele lidaria com a situação sem querer atrapalhar ou se meter onde não devia. E mais ainda, pensando seriamente em como teria que sair correndo daquele apartamento caso ele explodisse.

— Vai sair com o cara daquela outra noite? — disse Aaron, sem conseguir se conter, se metendo na situação.

— Ah, não. Aquele nerd? Não, ele só sabia falar, não agia — a loira falou e Robby contorceu o rosto involuntariamente, com nojo.

— Desculpe, eu sei que isso foi meio nojento. Mas ouça, você não sabe como é difícil encontrar um homem legal. Tipo, olhe o seu pai. É com isso que eu tenho que lidar — bufando, ela se virou em direção ao espelho que ficava na entrada e arrumou algumas mechas de seus cachos loiros bem definidos.

Só ela não achava Johnny tão ruim assim? Ele parecia tão bom para o Miguel, ela se contorcia em pensar em como ele tinha acarretado dela uma risada mais cedo. Ela não devia pensar desse jeito.

— Eu falei pra você que aquele fracassado me procurou? — ela disse, abrindo um batom vermelho e começando a deslizar nos lábios, e Robby se aproximou dela intrigado.

— Não. O que ele te disse? — Tenso, o garoto pensou na conversa horrível que teve com o pai um dia antes e não contou para Aaron.

— Um papo de você morar com ele, como se de repente ele desse a mínima — ela fechou o batom e esfregou um lábio no outro. — Deve ser uma farsa pra não pagar a pensão alimentícia.

— Como você sabe disso? — o menino parecia incomodado com aquele assunto e Aaron percebia isso por sua linguagem corporal.

— Confie em mim, amor. Eu conheço seu pai.

— Olha, eu sei que você, vocês — ela se corrigiu, olhando para Aaron, que já havia chegado a um ponto em que nem se importava mais com a garota resedir em seu apartamento sempre. — estão chateados por hoje à noite, mas eu estou tentando achar alguém especial. — ela disse, apertando a bochecha do filho. — . E pense que você tá crescendo, ficando cada vez mais velho e em pouco tempo vai me trocar. Não quer que eu fique sozinha, quer?

— Não, claro que não. — ele doou arrependido, encarando os próprios tênis.

Chantagem emocional. Era esse o nome daquilo, o jeito que ela tratava ele e o manipulava, era por isso que Robby sempre a deixava voltar.

— E pensem pelo lado positivo. Eu não estarei em casa, então vocês dois podem aproveitar — ela piscou para Aaron, que se engasgou com a água que tinha acabado de pegar.

Era isso que ela achava que faziam quando não estava em casa? Que seria, a maior parte do tempo?

— Tudo bem — Robby concordou com a mãe, o que fez Aaron franzir o cenho confusa. — Tenha uma boa noite.

Aproveitar? Ele concordou?

— Obrigada, mwah — ela disse e deu um beijo estalado na bochecha do filho e o abraçou. — Faça ele usar camisinha — a mulher sussurrou para Aaron, em um som mais do que audível, e saiu do apartamento.

— Pelo amor de Deus... — Aaron se contorceu envergonhada.

— Eu te amo! — Shannon gritou do corredor, como se fosse algo que tivesse esquecido de dizer.

— Eu também te... — Robby começou a dizer, mas a porta foi rapidamente batida contra o batente e ele se calou, sabendo que a mãe não ligava se ele o diria de volta ou não.

Um silêncio se instalou pelo apartamento e o casal não se olhou por bastante tempo.

Aaron lavou o copo que usara para beber água e foi em direção às pizzas congeladas, pegando uma e levando até a pia para retirá-la da embalagem e colocá-la no forno.

Para o azar da garota, Robby cometeu os mesmos passos que ela, fazendo os dois encostarem na embalagem ao mesmo tempo. Ele cedeu, deixando a garota pegar.

Aaron estava decidida a não tocar no assunto, mas quando o garoto se pôs ao lado dela com uma assadeira em mãos para ajudá-la, ela sentiu seu calor atrás dela e estremeceu. Foi quando ela percebeu que não conseguiria deixar passar.

— Por que você não negou? — ela disse baixo, quase inaudível, concentrando sua atenção no mármore da pia.

— O que disse? — ele disse, franzindo o cenho, agora prestando atenção nos gestos de Aaron quando ela se virou para encará-lo.

— Por que você não negou para ela? Por que deixou ela acreditar que a gente — ela começou a falar, mas se recusava a usar algum termo como "fazer amor" ou algo muito grosseiro como "trepar" — você sabe.

— Porque eu a conheço, se eu tivesse negado, ela só se convenceria mais do contrário — os olhos dos dois se dissiparam depois de perceberem que estavam se olhando há tempo demais e Aaron, com um frio no abdômen, colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e voltou a se concentrar em colocar a pizza na assadeira e levá-la ao forno, e, se pudesse, fingir que essa conversa vergonhosa nunca tivesse existido.

— Ela não acha que eu possa ter amigas. É como uma lei de gente velha ou algo assim — ele tentou consertar o que tinha dito, mas só piorou.

Amiga. Amiga. Amiga.

Então a garota se abaixou, regulando o forno e colocando a pizza dentro dele, ficando agachada de frente ao fogão. Quando se levantou, teve pressa para ajeitar sua saia, que com o atrito estava acima de suas coxas. Robby não percebeu quando encarou suas pernas de forma maliciosa e, quando percebeu, tirou seus olhos de lá imediatamente se censurando.

— Hm, que filme vamos ver? — ele disse, tentando disfarçar, e encarou o sofá, do outro lado da bancada.

— Dez Coisas que Eu Odeio em Você — a loira disse, sorrindo travessa e Robby deixou cair a cabeça para trás, bufando.

Aaron tentava convencê-lo a assistir ao filme desde que começaram a sair. Robby afirmava que era por filmes como aquele que existiam pessoas que romantizavam traição e apostas; e que Aaron era irresponsável.

— Não aguento mais você me pedir para ver essa porcaria — ele se escorou na geladeira.

— Não aguento mais te ver recusar — ela disse, fazendo um biquinho de piedade quando se aproximava do garoto.

— Então, seu pai veio aqui? — ela perguntou, colocando a mão no queixo, fazendo-o segurar seu rosto no colchão.

— É, ele veio — foi o que Robby disse. Os dois estavam deitados na pequena cama dele, devia ser tarde, bem tarde. O filme não tinha acabado, mas nenhum dos dois prestava mais atenção.

— E o que ele queria? — ela perguntou, curiosa, mas também preocupada com o que sequer podia ter acontecido.

Aaron, que estava praticamente deitada, endireitou o corpo de leve, se sentando na cama entre os vários travesseiros e almofadas.

— Você estava certa, ninguém acredita mais nas minhas desculpas e a escola ligou pra ele — ele disse, levantando a mão e gesticulando. — Mas pela primeira vez ele veio me tirar satisfações. Eu odeio ele.

Agora a cabeça de Robby estava em seu colo, e ele encarava as íris azuis de Aaron pela única luz que vinha da janela, a lua.

— Não diga isso, não diga que o odeia — ela disse baixinho, o repreendendo.

— Eu não odeio. Eu odeio saber que ele não se importa, que ele só veio aqui porque cobraram ele — ele disse, se sentando e ficando de frente para ela. — Sabia que no tal novo dojo dele ele está treinando um garoto? Um garoto da minha idade, e eu fui lá tentar conversar com ele, simplesmente não dá, ele é tão babaca!

Agora Robby tinha seu rosto entre as mãos, com vergonha de si mesmo. Ele estava falando de Mugel, ela sabia disso há muito tempo, e se lamentou por não ter dito antes. Que merda. Ela podia ter evitado aquele constrangimento.

— Se eu te confessar algo, você pode se sentir melhor, certo?

— Talvez — ele disse, deixando que seu sorriso branco a envolvesse. Então ela respirou fundo e começou a falar.

— Eu procurei minha mãe, ela aparentemente está no Texas, e criou outra conta no Facebook em que ela não me aceitou — ela deu de ombros e encarou as próprias mãos. — E eu passei as últimas duas semanas falando mal do Cobra Kai para cada pessoa que eu encontrava, com a desculpa de culpar o lugar por ela ter me abandonado, ao invés de só lidar com essa merda.

Sua voz não fraquejou enquanto falava, era firme, como se precisasse arrancar um band-aid de uma vez e despejar toda a dor em Robby, porque ela sabia que ele ouviria. Infelizmente, uma lágrima escorreu em seu rosto.

Segundos transcorreram em silêncio. O apartamento era silencioso, quando sua mãe barulhenta não estava.

— Você não está sozinha — ele disse, segurando a mão dela.

A mão de Robby segurou a nuca dela, aproximando-a mais junto ao seu corpo, com seu rosto pairando sobre o dela. Os cabelos de Aaron caíam sobre seu rosto delicado. Ela respirou fundo, tentando acalmar seus batimentos cardíacos.

— E o que me irrita é que o bullying não para, e eu não consigo defender todo mundo, eu sou fraca de mais.

Foi o que ela disse, foi o que ela sussurrou, como um segredo, um segredo que só ele pudesse saber. Porque só nele ela confiava.

— Eu vou voltar pra escola — declarou, desviando o olhar. — Vamos passar por essa merda juntos.

— Você vai? — Aaron sorriu genuinamente.

— Vou, e vou sair daquela porra de lugar com um diploma. Vou arranjar um emprego e vamos fugir para algum lugar legal.

Animado, Robby segurou as duas partes de seu rosto com as mãos, apertando suas bochechas e rindo. Aaron protestou.

— Espere! — ela disse, o empurrando para o lado. Suas mãos correram para um bolo de folhas soltas na escrivaninha e fisgaram uma caneta azul.

Franzindo o cenho, Robby se aproximou, apoiando o rosto com uma das mãos sobre o colchão.

Aaron trabalhava em sua melhor obra de arte, tendo só a luz da lua como guia, e começou a desenhar desleixadamente um casal na praia.

— Nós dois, depois do colégio — ela disse, orgulhosa de seu desenho.

— Nossa, você tem mesmo talento — Robby a segurou em um abraço. — Você é linda.

Pegando o desenho em suas mãos, ele o pregou na parede atrás dele.

Robby e Aaron tinham algo bom, e ela lamentava ser somente uma amizade. Mas sabia que enquanto aquilo durasse, ela estaria bem, porque eles tinham um ao outro, sempre.




No dia seguinte, no horário do almoço, Samantha tentou se sentar com Aisha e Aaron, mas Aisha, que ainda guardava mágoas da morena, não deixou.

A essa altura, Aaron já sabia da visita inoportuna de Samantha ao apartamento dela e de como ela tinha conhecido Robby. Isso aliviou um peso que carregava nas costas, pois ouviu da boca dele que ele não a tinha achado tão encantadora como Aaron sempre dizia. Ela não entendia o porquê. Samantha sempre foi adorada, e dessa vez, alguém não tinha achado que ela era perfeita.

Algo horrível de se pensar, ainda mais sobre sua melhor amiga. Aquilo pesava no peito dela e, mais cedo ou mais tarde, a afogaria. Mas o que a deixou mais aliviada naquilo tudo? Robby tinha dito que a garota parecia arrependida e com vontade de pedir desculpas.

Ela também sabia sobre o boato sobre Kyler e, como a conhecia melhor do que ninguém, sabia e tinha esperanças de que era uma completa mentira.

— Nem pense nisso — Aisha disse quando Samantha se aproximou da mesa com sua bandeja.

— Qual é, eu preciso de um lugar para sentar — a de olhos azuis apontou, encarando Aaron com súplica. Aaron desviou o olhar.

— Ah, é? — Aisha riu. — Por que não senta com o Kyler? Já que ele não sai da sua boca. — Ela riu, e Aaron deu um tapa em seu braço, repreendendo-a.

— Senta aí — os olhos meigos de Aaron se dirigiram a Samantha, que colocou a bandeja em cima da mesa. Ela sabia que não conseguiria ser cruel com a garota, não importa o que acontecesse.

Aisha colocou as pernas na única cadeira livre para que Samantha não sentasse.

— Deixe que ela sente com o Kyler e os amigos idiotas dele. Deixe que ela durma com todos.

— Aisha! — Aaron repreendeu, mas Samantha já estava longe demais para ouvi-la. — Sam, calma aí... Samantha!

— Acha legal espalhar mentiras sobre mim? — Samantha disse, indo em direção a Kyler e o empurrando. Sua bandeja foi em direção a ele, o atacando.

— Como assim? Nós vimos um filme, só isso — disse o garoto asiático, levantando de onde estava junto dos braços em rendição. — Se bem que acho que vi um pouco mais do que você. — Ele riu, e as pessoas ao redor da cantina debochavam com comentários maldosos.

— A gente ficou sabendo que você engasgou — o garoto gordo atrás de Kyler fez um sinal universal que significava boquete com as mãos.

— Cala a boca, ou eu vou arrancar a porra da sua mão fora — foi o que Aaron disse, quando já estava de pé diante do garoto. Suas mãos seguravam o colarinho da blusa dele, e seus dedos se fechavam em punho.

— Macgyver! Veio defender sua amiga? Pensei que se odiassem agora — Peter Bohn se pronunciou, rindo. — Não tem medo de parar em um reformatório, não? Eu teria.

Aaron se arrependeu de tê-lo achado tão atraente algum dia. Ele era um completo babaca.

— Ei, galera! Sabem aquele outdoor com um pau enorme? — Kyler riu, encarando Samantha com um olhar mortal. — Acho que a Sam tá aprendendo com o pai.

O punho de Aaron se fechou contra o rosto de Kyler, deixando que um sorriso satisfatório saísse de seus lábios rosados, mesmo que sua mão doesse e ela sentisse que seus dedos tinham se quebrado de alguma forma. O garoto cambaleou para trás, mas se levantou, pronto para revidar. Aaron se sentiu impotente quando a mão esquerda dele se fechou em seus fios compridos de cabelo, e ela se amaldiçoou por não conseguir revidar.

Peter se aproximou, tentando fazer com que Kyler soltasse seu pequeno corpo, mas em reflexo, Aaron deu uma cotovelada em seu rosto com toda a força que tinha.

Sem conseguir respirar, Miguel Díaz avançou contra os dois no refeitório, tirando Aaron das mãos de Kyler e iniciando uma luta corporal. O menino magricelo conseguiu bater em todos eles, deixando Kyler com o nariz sangrando, do mesmo jeito que tinha feito com Yasmine semanas antes.

Naquele momento, quando a briga se dissipou, foi a primeira vez que Samantha LaRusso notou Miguel Díaz.

— Sua bochecha — Samantha disse desesperada, quase em cima de Aaron no chão frio. Aaron não notara a dor em seu rosto até a garota comentar. — Está machucada, dói?

— Não, estou bem.

Aaron tocou na ferida em seu rosto, causada por sua queda no chão, e estremeceu com o toque. Ela ficaria bem.

— Me desculpa, Aaron — a voz desesperada de Samantha estremeceu ao abraçar a amiga.

— Tudo bem, está tudo bem — Aaron não sabia o que dizer ou como dizer. Ela só sabia que não conseguia respirar sem a presença de Samantha, era como se as duas fossem uma só.

— Você me avisou, você estava certa o tempo todo. Eu não... Ela mereceu aquele soco no nariz, e Kyler... Ele... — Samantha estava chorando. Pela primeira vez, estava se desculpando.

— Eu te perdoo, Sam.

Ela a abraçou em perdão e repetiu mais algumas centenas de vezes que estavam bem. Porque o que pesava em Aaron antes, agora a afogava. Inveja, ela presumia, mesmo que não fosse verdade.

Mas, de qualquer jeito, elas estavam bem, verdadeiramente bem. Pela primeira vez em muito tempo.








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[ 6415 palavras]


mais um hj? 😛
Isso aqui ta virando uma maratona,
três em um dia?
Não sei se repararam, mas tive que repostar esse capítulo, com essa nova cena de desfecho! Eu me esqueci totalmente e ela estava solta e sem nexo em outro capítulo, ela precisava estar nesse! Por favor se puderem, releiam esse capítulo, irei avisar no próximo também que esse aqui foi editado.
Enfim, me digam o que acharam. 💛
Com amor, Back.

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