ɴɪɴᴇᴛᴇᴇɴ - 𝘚𝘩𝘰𝘸𝘪𝘯𝘨 𝘍𝘰𝘳𝘨𝘪𝘷𝘦𝘯𝘦𝘴𝘴
Episódio dezenove,
𝘚𝘩𝘰𝘸𝘪𝘯𝘨 𝘍𝘰𝘳𝘨𝘪𝘷𝘦𝘯𝘦𝘴𝘴
seis horas antes
da festa da Moon.
O sol ainda estava nascendo por trás das grandes janelas da mansão dos LaRusso, preenchendo o espaço com uma luz suave e dourada. Na sala de jantar, os pratos do café da manhã recém-terminado ainda estavam sobre a mesa. Samantha e Robby desceram as escadas, o som de seus passos ecoando pela escadaria de mármore. Samantha tinha um olhar preocupado, a voz baixa enquanto conversava com Robby.
— Robby... eu sinto muito. — disse ela, a voz carregada de sinceridade.
Robby parou por um momento, virando-se para ela. Ele deu um sorriso pequeno e compreensivo, segurando a mão dela de leve. — Tudo bem, Sam. — ele respondeu suavemente. — Só, vamos esquecer isso, ta bom? — ele disse, se referindo ao incidente no estacionamento da pista de patinação. O fato dela ter tentado o beijar de novo, e daquela vez, ele havia a empurrado pra longe, não com grosseria, mas certeiro de que não queria ficar mais naquela farsa.
— Tudo bem. — ela disse, com um sorriso simples, antes de erguer uma das mãos — Amigos?
— Amigos. — ele disse dando de ombros, apertando a mão da morena.
Samantha retribuiu o sorriso, um pouco aliviada. Eles continuaram até a sala de estar, onde Robby parou abruptamente ao ver uma figura familiar. Sua mãe, sentada no sofá, com os olhos inchados e o rosto manchado de lágrimas. Ao lado dela, Amanda e Daniel LaRusso pareciam preocupados, trocando olhares cautelosos. O coração de Robby apertou no peito, e ele sentiu uma onda de emoções conflitantes tomar conta dele: raiva, frustração, e uma dor aguda que não esperava sentir.
Amanda olhou para ele com um semblante sério, mas gentil. — Robby, por favor, sente-se. Precisamos conversar.
Robby balançou a cabeça lentamente, engolindo em seco. — Preciso ficar a sós com minha mãe, Senhora LaRusso. — disse ele com firmeza, tentando manter a voz firme. — Por favor...
Daniel e Amanda se entreolharam, relutantes, mas finalmente se levantaram, saindo da sala com passos silenciosos. A mãe de Robby, ainda soluçando, olhou para ele com olhos marejados.
— Mãe... — ele começou, respirando fundo. — Você está bem? — ele disse preocupado, mas também decepcionado — Você literalmente sumiu e me deixou aqui.
Ela começou a balançar a cabeça antes mesmo de falar, lágrimas escorrendo por seu rosto. — Robby, me desculpa... — sua voz era fraca, quebrada. — Ir para Cabo... com aquele homem... foi um erro terrível...
Robby sentiu o estômago revirar. Ele se aproximou mais, ajoelhando-se diante dela. — Aconteceu alguma coisa? Você está bem? — sua voz estava carregada de preocupação e medo.
Ela assentiu rapidamente, mas sua expressão de dor aumentou. — Sim... estou... estou bem... — ela sussurrou, mas sua voz parecia distante, quebrada. — Mas... eu perdi tudo.
Robby ficou paralisado, a confusão e a frustração passando por seus olhos. — Como assim, perdeu tudo? — perguntou, a voz baixa, quase um murmúrio.
Ela cobriu o rosto com as mãos, chorando. — Ele levou o meu dinheiro, Robby... todo o dinheiro... — ela admitiu entre soluços.
— O que? — Robby apertou os lábios, tentando manter a calma, mas a raiva borbulhava sob a superfície. — Mãe, o que quer dizer?
Ela respirou fundo, tentando controlar o choro, mas a voz saiu trêmula. — Você pode continuar aqui... com os LaRusso... eles cuidaram tão bem de você...
Ele balançou a cabeça com veemência, interrompendo-a. — Não, não dá. A Aaron não tá mais aqui... Eu preciso voltar pra casa, mãe. Você precisa dar um jeito...
Ela hesitou, olhando para ele com uma mistura de tristeza e vergonha. — Eu... eu não posso, filho. Eu... vou me internar... em uma clínica de reabilitação.
Robby piscou, confuso, seu olhar arregalado. — Como é? — Ele mal conseguia processar o que ela estava dizendo.
Ela respirou fundo, as lágrimas voltando a escorrer. — Eu sei que fui uma péssima mãe... sei que te machuquei... me perdoa, Robby. Eu não estava bem. Eu preciso mudar... preciso ser melhor... se eu quiser estar perto de você de novo.
Robby sentiu um nó na garganta, uma mistura de dor e alívio. — Eu fico feliz de ver que você quer fazer o certo, mas, mãe... — ele começou, a voz falhando.
Ela chorou mais intensamente, soluçando, e Robby não pôde evitar sentir seus próprios olhos se encherem de lágrimas. Antes que pudesse falar mais alguma coisa, sua mãe o puxou para um abraço apertado. Por um momento, ele resistiu, mas depois cedeu, abraçando-a de volta com força, sentindo o calor e a fragilidade dela contra seu peito. Sentiu as lágrimas escorrerem pelo seu rosto, mas não se importou em escondê-las.
Robby Keene segurava Aaron firme, um braço em volta da cintura dela, guiando-a pelos corredores do condomínio do pai. A respiração dele estava pesada de cansaço, mas a dela, entre risadas e suspiros embriagados, parecia alheia à tensão do momento. Quando chegaram à porta do apartamento, ele parou de repente, como se fosse tomar fôlego. Ele se virou para ela, os olhos estreitos de preocupação.
— Aay, você tá bem? — Ele perguntou, a voz um pouco mais suave do que ele pretendia.
Aaron tentou desviar o olhar, mas ele segurou o rosto dela, os dedos tocando levemente a pele quente dela. Ela piscou, tentando focar os olhos nele, antes de murmurar, arrastada:
— Tô... tô sim... — As palavras saíram um pouco desconexas. Ela balançou a cabeça, parecendo confusa por um segundo antes de perguntar, quase como uma criança perdida: — Onde a gente tá?
Ele riu, sem poder evitar o sorriso ao ver o estado dela.
— Na casa do meu pai. — Ele respondeu.
Ela arregalou os olhos, colocando a mão na boca como se tivesse cometido um erro grave, e soltou uma risadinha assustada.
— Merda... ele vai matar a gente. — Ela disse, como se fosse uma criança assustada, colocando a mão na boca em espanto. Então, inclinando-se mais perto, seguido de uma risada, ela sussurrou com uma expressão de segredo compartilhado: — Porque, você sabe... ele é tipo meu sensei agora, né?
Robby riu baixinho, achando graça na sinceridade boba dela. O jeito como ela estava tão alterada, mas ainda tão ela. Ele gostava de vê-la assim, vulnerável, confiando nele.
— Você tem razão... — Ele disse, ainda sorrindo, os dedos acariciando o cabelo dela distraidamente. — Talvez devêssemos ir pra sua casa.
A expressão dela mudou abruptamente, o rosto ficando sério de repente.
— Não! — Ela respondeu, balançando a cabeça com firmeza, como se estivesse defendendo um ponto importante. — Não podemos...
Ela sussurrou isso como se fosse um segredo sombrio, os olhos arregalados com um medo genuíno. Robby ia responder, ia tentar acalmá-la, dizer algo para suavizar a situação, mas antes que ele pudesse abrir a boca, ela se soltou dele, tropeçando um pouco, e alcançou a campainha. Apertou o botão com pressa, quase como se estivesse com medo de que ele mudasse de ideia e a levasse embora.
Ele se aproximou dela novamente, a mão repousando no ombro dela enquanto esperavam. Ele estava preocupado, mas também havia algo encantador em vê-la assim, tão solta, tão confiante nele, mesmo naquele estado.
— Aaron... — Ele murmurou, inclinando-se para mais perto, sua voz um pouco mais suave. — Minha mãe apareceu.
Ela olhou para ele, ainda com aquela expressão meio perdida, meio brincalhona, e seu coração bateu mais forte. Ele percebeu que gostava de estar perto dela, de sentir o calor dela contra o seu corpo, o jeito como ela sempre se aninhava de volta ao toque dele, mesmo sem perceber. Era uma intimidade que cresceu ao longo dos anos, e talvez agora ele estivesse começando a entender o que realmente significava.
— Minha mãe também. — ela disse honestamente, um segundo antes de a porta se abrir, sem dar tempo o suficiente de ele sequer questionar.
A porta se abriu com um rangido baixo, e ali estava Johnny Lawrence, parecendo confuso, meio sonolento. Aaron apenas o olhou e soltou outra risadinha, e Robby, ainda segurando-a suavemente, sorriu para o pai, tentando explicar sem precisar de palavras.
— Merda. — Johnny murmurou, a surpresa evidente na voz. Seus olhos passaram rapidamente do rosto bêbado de Aaron para o de Robby, uma expressão de preocupação sincera crescendo. — Entrem.
Ele se afastou da porta, abrindo espaço enquanto tentava ignorar a desordem ao seu redor — revistas de artes marciais empilhadas ao acaso, latas de cerveja vazias e uma mancha de molho de pizza em uma das paredes. Ver Robby ali, depois de tanto tempo, trouxe um desconforto estranho, um aperto no peito. Johnny sentiu uma pontada de culpa. Não era assim que queria receber seu filho.
— Pode levá-la pro primeiro quarto... — Ele indicou com um gesto vago, caminhando em direção ao corredor apertado. Sua voz saiu mais rouca do que pretendia, traindo o nervosismo. — Ele está arrumado.
— Você tem um quarto de hóspedes? — Robby perguntou com um tom afiado, a surpresa e a irritação misturadas em cada sílaba, como se fosse um insulto descobrir algo tão básico.
Antes que Johnny pudesse responder, Aaron deu um passo abrupto para longe, tropeçando ligeiramente, sua voz arrastada e teimosa cortando o ar.
— Sai fora! Eu sei andar sozinha! — Ela disse, quase tropeçando em seus próprios pés enquanto empurrava a mão de Johnny de volta, seu olhar desafiador e oscilante. — Espera, isso aqui tem um quarto de hóspedes?
— Chata e bêbada. Nossa como você ta fedida. — Johnny reclamou e ergueu as mãos em rendição, afastando-se com um suspiro resignado.
— Eu não sou fedida! Você é fedido. — ela disse, deixando um tapa, mais dolorido do que Johnny pensou que seria em seu braço.
Robby, sem soltar Aaron, manteve o braço firme ao redor de sua cintura, guiando-a pelo corredor estreito. — Tudo bem, desisto — Johnny disse, ao vê-la reclamar da ajuda dele outra vez.
As paredes ao redor pareciam se fechar, com pedaços de papel de parede descascando e uma lâmpada piscando no teto, lançando sombras oscilantes sobre o chão manchado.
— Até que seu apartamento não é tão fedido quanto você Johnny! — Aaron riu alto, sua risada ecoando pelo corredor, um som quase infantil na sua embriaguez. — Porquê eu não sou!
Robby balançou a cabeça, uma sombra de um sorriso cruzando seus lábios, enquanto Aaron se jogava pesadamente na cama do quarto de hóspedes.
— Eu não to fedida, to Robby? — ela perguntou, e ele riu, repetindo que não, ela não estava.
O colchão rangeu sob seu peso, e a colcha, de um azul desbotado, enrugou-se sob ela. Robby, preocupado, ajoelhou-se ao lado dela, observando-a de perto, seus olhos atentos aos sinais de que ela poderia vomitar ou desmaiar a qualquer segundo.
O quarto era pequeno, as paredes nuas exceto por um pôster amarelado de uma luta antiga que Johnny provavelmente tinha esquecido de tirar. Havia uma janela de vidro fosco, coberta por uma cortina fina e manchada que mal bloqueava a luz da rua. O ar estava abafado, com um leve cheiro de mofo e tabaco.
— Como você ta se sentindo? — Ele perguntou suavemente, inclinando-se mais perto, os dedos tocando levemente o ombro dela.
Aaron virou o rosto para ele, um sorriso preguiçoso se espalhando por seus lábios enquanto seus olhos brilhavam de maneira etérea, um brilho entre a embriaguez e o afeto.
— Bem... — Ela murmurou, seus olhos piscando lentamente, como se estivessem pesados demais. — Eu tô bem... acho que tô bem. — Com um movimento impulsivo, ela ergueu a mão e tocou o rosto dele, seus dedos deslizando pela linha da mandíbula dele, traçando os contornos como se estivesse descobrindo o rosto de Robby pela primeira vez. — Você... sabia que é bonitinho?
Robby riu, uma risada curta, sua pele aquecendo sob o toque dela. Ele se inclinou um pouco mais, o calor dela irradiando até ele.
— E você tá muito, muito bêbada, amor. — Ele respondeu em um sussurro, seus lábios mal se movendo, mas os olhos não deixando os dela.
Ela assentiu, os olhos se fechando por um momento como se estivesse se perdendo no som da voz dele. Quando ela abriu os olhos novamente, havia algo mais ali — algo profundo, misturado com a confusão da bebida. Ela engatinhou pelo colchão, o corpo oscilando de leve, os cabelos loiros bagunçados caindo sobre o rosto.
— Eu amo você, Keene. — Ela confessou, a voz rouca, vulnerável. Antes que ele pudesse responder, ela se inclinou e o beijou, um selinho rápido, mas intenso. Robby sentiu o coração acelerar, o gosto dela ainda fresco em seus lábios.
Ele piscou, ainda processando o que acabara de acontecer, as mãos nos cabelos dela, afastando uma mecha teimosa que insistia em cair sobre seus olhos.
— Também amo você, Ronnie. — Ele sussurrou, a sinceridade escapando com uma facilidade que o surpreendeu. Seus olhos permaneceram fixos nos dela, enquanto uma quietude quase calma parecia envolver o quarto.
O sorriso de Aaron tremulou, transformando-se em algo mais sombrio. Ela desviou o olhar, uma sombra de dor cruzando seu rosto.
— Não. — ela balançou a cabeça em negação — Não ama, não. — Ela disse, a voz tingida de tristeza e dúvida. Ela se afastou, deitando de costas, os olhos presos no teto. — Mas tudo bem... ninguém tem o costume de amar. Eu sou difícil de mais.
O pai dela tinha o costume de repetir aquele tipo de frase. O pai dela estava bem? Ela se questionava aquilo o tempo todo, chegava a ser cansativo.
Robby sentiu um aperto no peito. Ele deslizou ao lado dela, sua mão acariciando o rosto dela suavemente, o polegar traçando uma linha ao longo de sua bochecha.
— Eu amo sim. — Ele insistiu, com firmeza, o olhar dele tentando encontrar o dela. — Me desculpa... de verdade.
— Você ficou com ela, Robby... — A voz dela falhou, um nó de emoção se formando em sua garganta. — Você sabia e mesmo assim... ficou com ela.
— Você também ficou com Peter. — ele disse, a provocando, deixando nítido sua inquietação, algo dentro dela ficou feliz, por saber que ele tinha visto aquilo no dia da pista de patinação.
— Claro, pra fazer ciúmes em você! — ela quase se exaltou, despejando as palavras em seu rosto, se sentando, destilando nele todo o ciúme acumulado que tinha mantido preso durante todo o verão, mesmo que estivesse cansada de brigar.
— Me desculpa... — Ele sussurrou novamente, a proximidade dele fazendo sua respiração ficar lenta e profunda. — Vamos conversar sobre isso... direito, dessa vez.
Ele acariciou os cabelos dela, os dedos passando por entre os fios loiros, observando como eles caíam sobre o travesseiro como uma cascata dourada.
— Só... vamos esquecer isso... — Ela balançou a cabeça, sua voz pequena, quase um pedido.
— Não. — Robby negou suavemente, mas com firmeza, inclinando-se para beijar o canto da boca dela. Um gesto simples, mas carregado de ternura. — Vamos conversar, não vou deixar você se esquivar outra vez.
— Tanto faz... — Aaron murmurou, os olhos semicerrados, mas havia uma dor visível ali, algo que ela tentava esconder. Após um momento de hesitação, sua voz saiu fraca, quase infantil — Você disse que não gostava de mim... quando falou que devíamos ser só amigos. — Ela disse, quase sonolenta, mas ainda com uma ponta de mágoa. — Eu devia ter entendido isso logo e ficado na minha. Mas não consigo.
Robby sentiu um aperto no peito, lembrando-se daquele momento, do medo em sua própria voz.
— Eu nunca... É claro que eu gosto de você, Aaron. — Ele sussurrou, a voz baixa, quase como uma confissão. — Eu disse aquilo porque pensei que era o que você queria, eu...
— Você devia ter me dito o que realmente queria, então! — Ela o cortou, a voz seca, os olhos ainda fixos em um ponto invisível no teto.
Robby respirou fundo, assentindo, sabendo que ela estava certa. Um silêncio tenso se instalou entre eles. Aaron virou-se de costas para ele, o corpo se encolhendo, criando uma barreira invisível entre eles.
Sentindo-se frustrado e nervoso, ele começou a se levantar da cama, mas a voz dela o deteve, baixa e frágil.
— Só... não me deixa sozinha, por favor. — Ela pediu, o tom tão suave que quase parecia um sussurro.
— Eu não vou. — Ele prometeu, puxando-a para perto, envolvendo-a com os braços. Ele a segurou contra seu peito, sentindo a respiração dela se acalmar aos poucos. Robby beijou o topo da cabeça dela, o aroma doce do cabelo dela enchendo seus sentidos. Ele esperou, segurando-a firme, até que sentiu o corpo dela relaxar completamente, o sono finalmente a levando.
Ele ficou ali, em silêncio, ouvindo a respiração suave dela, sentindo o peso reconfortante do corpo dela contra o dele, sem pressa de deixar aquele momento acabar.
— O que eu quero, é você. — Robby sussurrou pra si mesmo, sabendo que a garota loira em seus braços nunca ouviria sua declaração tortuosa, por estar dormindo pesadamente.
Robby se levantou com cuidado da cama, sentindo o colchão afundar levemente sob o seu peso. Observou Aaron dormir profundamente, seu rosto sereno, finalmente livre da tensão que tinha carregado por tanto tempo. Por um momento, ficou ali parado, em silêncio, observando-a respirar, o peito dela subindo e descendo de maneira suave. Ele sabia que ela precisava descansar, precisava daquele momento de paz. Com um último olhar, saiu do quarto o mais rápido e silenciosamente possível, como se qualquer som pudesse romper aquele breve momento de calmaria que ela encontrara.
Enquanto caminhava pelo corredor, sentia o frio do chão de madeira sob seus pés. A luz suave da manhã entrava pelas frestas das janelas, criando um padrão de sombras no chão, que parecia dançar conforme ele passava. A casa estava silenciosa, exceto pelos sons abafados da cidade lá fora. Ele respirou fundo, tentando acalmar a própria mente, que ainda estava agitada pela noite anterior e por tudo o que tinha acontecido.
Ao chegar na sala de estar, embutida com a cozinha, Robby viu seu pai, Johnny, de pé diante do fogão, uma cerveja Coors na mão esquerda, enquanto tentava, de maneira desajeitada, fritar algumas salsichas. Johnny mexia a frigideira com uma certa frustração, como se estivesse se esforçando demais para não queimar o café da manhã improvisado. Ao perceber a presença do filho, ele lançou um olhar furtivo, antes de balançar levemente a frigideira, como se fosse uma explicação silenciosa para o que estava fazendo.
— Pensei que ela fosse precisar de algo pra comer, — disse Johnny, apontando para a frigideira com um meio sorriso constrangido. — Sabe? Quando acordasse.
Robby deu alguns passos para mais perto, ainda meio hesitante, tentando decifrar o gesto do pai. — É. — ele respondeu, mantendo a voz baixa. — Obrigado.
Johnny deu de ombros, tentando parecer indiferente, mas a rigidez nos seus ombros o traía. — Não importa, são só salsichas.
Robby balançou a cabeça, entendendo que, para Johnny, cada pequena tentativa de gentileza era uma luta contra seus próprios demônios. — Não, pai. — ele repetiu, desta vez mais firme. — Obrigado, por ajudar.
Johnny pareceu desconcertado ao ouvir o filho chamá-lo de "pai" pela primeira vez em muito tempo. Seus olhos se estreitaram por um segundo, como se estivesse tentando entender se aquilo era real ou apenas uma ilusão. — Tudo bem. — respondeu ele finalmente, voltando a atenção para a frigideira. — Só espero que aquilo, — disse, apontando com o queixo na direção do corredor, se referindo a Aaron — não seja uma bomba relógio.
— Não vai. — Robby retrucou com confiança, embora sentisse uma pequena onda de incerteza passar por ele. — O pai dela sumiu, ninguém sabe do cara há semanas.
Johnny assentiu devagar, sem olhar diretamente para Robby, como se estivesse ponderando suas próximas palavras. — É, eu sei. Não falava disso. — disse ele, desligando o fogo e colocando as salsichas em um prato de forma meticulosa. Robby se encostou na mesa de centro, cruzando os braços enquanto tentava manter o corpo aquecido. — O babaca tá em North Wells.
A declaração atingiu Robby como um balde de água fria. Ele piscou algumas vezes, processando a informação inesperada. Havia tantas perguntas girando em sua mente, mas ele sabia que precisava manter o foco. — Como você sabe disso?
Johnny deu um sorriso torto, um sorriso que sugeria que ele sabia muito mais do que estava disposto a compartilhar. — Eu sei das coisas, Robby. — respondeu evasivamente, voltando a atenção para a cerveja em sua mão.
Robby apertou os lábios, decidindo mudar de tática. Ele sabia que seu pai não entregaria nada facilmente. — Pai, o que você sabe sobre a mãe dela? — perguntou, tentando manter o tom casual, embora estivesse desesperado por respostas.
Johnny jogou a frigideira suja na pia com um ruído metálico. — Nada muito relevante. — disse ele, como se fosse algo sem importância. — Não hoje em dia.
— Eu sei que você namorou com ela. — Robby lançou a frase como se fosse um desafio, observando a reação do pai.
Johnny bufou, sua expressão endurecendo ligeiramente. — Eu não namorei. — corrigiu, a voz baixa, quase um rosnado. — Ela nunca gostou de mim. Ela tinha o pai da Aaron pra isso.
Robby assentiu lentamente, mordendo o lábio inferior. Ele sentia a necessidade de saber mais, como se cada resposta apenas abrisse mais perguntas. Ele hesitou por um momento, medindo as palavras, mas Johnny percebeu seu desconforto.
— O que foi? — Johnny perguntou, os olhos fixos no filho, como se pudesse ler sua mente. — Quer me perguntar alguma coisa? Desembucha, moleque. — incentivou, seu tom misturando impaciência e afeto.
Robby respirou fundo, sentindo o peso do momento. — Qual a relação de vocês com o Kreese?
A pergunta pairou no ar como uma faca, e Robby quase podia sentir a tensão aumentar. Johnny congelou, seu rosto endurecendo em uma expressão que misturava raiva e desconforto. — Como sabe desse nome?
Robby manteve o olhar fixo, tentando não mostrar a apreensão que sentia. — Aaron. — explicou ele, sua voz mais baixa, quase um sussurro. — Ela me disse o nome dele quando...
— Quando o quê? — Johnny interrompeu, a voz afiada como uma lâmina.
Robby hesitou, percebendo que havia tocado em um ponto delicado. — Nada. Só achei estranho.
Johnny bufou de novo, balançando a cabeça como se estivesse tentando se livrar de pensamentos desagradáveis. — Bom, Rayken é louca, sempre foi. — Ele parou por um momento, antes de continuar, sua voz mais fria. — E Kreese é um doente. Nunca mais vai pisar no meu dojo. E é isso que importa.
O silêncio que se seguiu foi pesado, carregado de coisas não ditas. Robby sentiu-se desajeitado, sem saber como prosseguir, mas também sabendo que havia mais naquela história. Ele queria saber mais, queria entender o que estava acontecendo de verdade.
Johnny, percebendo o desconforto do filho, tentou suavizar a situação. — Você devia dormir um pouco, Robby. — sugeriu, seu tom de voz um pouco mais suave, mas ainda firme. — Vai ser melhor pra esfriar a cabeça.
Robby assentiu lentamente, sabendo que não conseguiria mais respostas naquele momento. Ele se virou para voltar ao quarto, sua mente ainda cheia de perguntas. Enquanto caminhava pelo corredor, sentia uma necessidade crescente de descobrir mais — não apenas sobre o passado de seu pai, mas sobre como tudo isso estava conectado a Aaron, ao que ela temia, e ao nome que não queria mencionar. Ele sabia que havia algo muito maior por trás de tudo aquilo e, de alguma forma, ele estava decidido a descobrir o que era.
A cama do único quarto de hóspedes apertado no apartamento térreo de Johnny Lawrence não era tão ruim quanto Aaron imaginou que poderia ser quando aceitou que Robby a levasse até ali. As paredes descascadas, com marcas de umidade, pareciam mais uma lembrança de algo que poderia ter sido um quarto de criança em algum momento distante, talvez até de Robby, se Johnny Lawrence tivesse sido um pai diferente. Ela se perguntou o que poderia ter sido de Robby ali, crescendo naquele lugar pequeno e cheio de cicatrizes.
Sentiu a cabeça dele pesar sobre a dela, o hálito quente dele se misturando ao ar abafado do quarto. Aaron percebeu que estava acordada de verdade, consciente da proximidade, dos braços dele ao redor dela como se temesse que ela desaparecesse se ele a soltasse.
— Robby... — ela murmurou, sentindo os músculos dele se contraírem quando ouviu o som de sua voz. Ele abriu os olhos devagar, a expressão preocupada.
— Que horas são? — ela perguntou.
Ele soltou uma das mãos dela para pegar o celular na cabeceira, a luz do aparelho iluminando momentaneamente seus rostos.
— cinco e meia. — ele respondeu, ainda meio sonolento.
Aaron virou-se de frente para ele, seus olhos encontrando os dele no meio da penumbra do quarto. A forma como ele a olhava era tão intensa que parecia penetrar em sua alma, mas havia uma suavidade ali que a fazia sentir-se segura.
— Você acha que o remédio já fez efeito? — perguntou, tentando ler alguma coisa no rosto dele.
Robby deu um pequeno sorriso, esticando a mão para afastar uma mecha de cabelo do rosto dela. O toque dele era suave, quase reverente.
— Espero que sim, — respondeu. — Pelo menos você não parece mais prestes a vomitar.
Aaron riu, uma risada leve e breve, como uma bolha de alívio subindo à superfície. — É... Talvez o pior já tenha passado, — disse, antes de deixar o próprio corpo cair para fora da cama, ficando deitada sobre o carpete felpudo, com os pés pra cima ao lado da cama. — Eu juro solenemente nunca mais beber.
— Você disse isso da última vez. — Robby provocou, a curva de um sorriso brincando em seus lábios e a acompanhando, ficando deixado sobre o carpete ao lado dela.
Ela bufou e deu de ombros, virando o olhar para o teto. — Eu sei. Mas eu gosto da sensação... Me faz sentir... — hesitou, buscando as palavras certas. — Bem.
O silêncio entre eles foi longo, quase palpável, carregado de palavras não ditas. Robby a observou por um momento, como se tentasse decidir o que falar.
— Talvez seja por isso que nossos pais bebem tanto. — ele comentou, a voz baixa. Ele ainda ansiava por questionar sobre sua mãe.
— Talvez, — ela concordou, uma sombra de algo doloroso cruzando seus olhos.
Houve mais um instante de silêncio antes que ele falasse novamente.
— Lembra quando você chegou aqui? — Robby perguntou, a voz hesitante.
— Por que está falando disso agora? — ela retrucou, curiosa, virando o rosto de lado para encará-lo.
Ele sorriu, uma lembrança surgindo em sua mente. — Seu cabelo era mais comprido... Bonito. E você usava aquele colar de pérolas, parecia tão fora de lugar. Eu me lembro de pensar, "o que essa garota rica tá fazendo nesse fim de mundo?"
Ela ergueu as sobrancelhas, divertindo-se com a memória. — Você achava bonito?
— Eu te acho linda, — ele respondeu simplesmente, sem hesitação.
Ela sentiu um calor nas bochechas, tentando não parecer afetada. — E metida?
— No começo, sim, — ele admitiu, um sorriso dançando em seus lábios. — Mas depois que você me empurrou sem querer naquele saguão e pegou meu skate do chão me enchendo de pedidos de desculpas, percebi que você era diferente.
— Não fiz nada demais. É o que as pessoas normais fazem, Keene. — Aaron sorriu, tentando esconder o impacto das palavras dele. — Só fui educada.
— Não — Robby riu, mas havia uma seriedade por trás de seus olhos. — Você não é qualquer pessoa, Aay. Porque você não tinha porque se desculpar, eu tinha feito você tropeçar no skate, não ao contrário, entende?
— Eu não... — ela hesitou, balançando a cabeça
— Você é a garota mais incrível que eu conheço. Você luta como ninguém, é forte, mas é tão gentil... mesmo quando tem todas as razões para não ser. Você acreditou em mim quando ninguém mais acreditava, me deu uma chance e mesmo depois de tudo o que eu fiz, está aqui, sentada do meu lado com um pedido de desculpas na ponta da língua.
Aaron sentiu uma mistura de emoções crescendo dentro dela — medo, esperança, um desejo silencioso. As palavras dele estavam tocando um lugar dentro dela que ela não sabia que precisava ouvir. — Não estou.
— Ah, você está. — ele disse, balançando a cabeça com certeza, por conhecê-la tão bem — E esse é só mais um dos motivos pelo qual eu disse aquela merda. Porque sei que eu não mereço estar com alguém como você.
— Robby... — ela começou, sua voz hesitante, quase insegura, mas ele a interrompeu, segurando seu rosto entre as mãos, os polegares roçando suavemente suas bochechas.
— Por favor, me deixa falar, — ele pediu, sua voz baixa e um pouco trêmula. — Eu não gosto da Sam, nunca gostei. Só nos beijamos uma vez.
— Você não tem que me dizer isso, Keene. — ela disse, dando de ombros — Não tem que se dar o trabalho.
— Não! — ele disse indignado com seu descaso, levantando o próprio tronco — Não aceito você me dizer que eu não me importo, sendo que desde o momento em que te vi sair daquele táxi, tudo o que eu tenho feito desde então é me apaixonar cada vez mais por você.
Ela o observou, o coração acelerando, e antes que ele pudesse continuar, antes que ele pudesse encontrar uma maneira de complicar mais aquilo com palavras, ela se inclinou para ele, calando-o com um beijo. O toque era suave no começo, mas logo se aprofundou, como se ela estivesse tentando provar a ele, a si mesma, que estava tudo bem, que não havia nada a temer ali.
O beijo foi se tornando mais intenso, as mãos dela se movendo até o cabelo dele, puxando-o para mais perto. Ela sentiu os dedos dele deslizando pela sua pele, o calor crescendo entre eles. Aaron sabia que estava sóbria, que cada toque, cada carícia era uma confirmação de que aquilo era real, de que ele estava ali, e de que ela queria estar ali, com ele.
Ela se afastou por um segundo, seus olhos encontrando os dele, cheios de algo que parecia novo e antigo ao mesmo tempo.
— Eu também sou apaixonada por você, Keene. — ela sussurrou, e o puxou de volta para outro beijo, mais profundo, mais urgente.
— É sério, eu não... — ele disse, sentindo-a tentar o calar com seus lábios — Eu não devia ter...
— Cala a boca, Robby. — ela disse sorrindo, antes de o puxa-lo para mais perto. — Estou tão cansada de sempre complicarmos as coisas fáceis. — ela continuou, ainda encarando os lábios rosados e agora inchados do Keene.
— Eu também, — ele disse, afirmando com a cabeça, completamente lúcido, mas se sentindo viciado nela. — eu também.
— Então vamos ser complicados juntos. — ela disse rindo, de maneira descontraída. Ela ainda ria baixinho, por medo do horário, enquanto passava as mãos ao redor do pescoço dele.
— Não. — Ele disse, balançando a cabeça, o que a fez desconfiar do que ele diria por um instante, antes que voltasse a sorrir — Vamos nos consertar juntos, como sempre fazemos.
Os corpos deles se entrelaçaram, e Aaron sabia que, naquele momento, ela estava exatamente onde queria estar, sentindo exatamente o que queria sentir.
duas horas antes
da festa da Moon.
O sol de fim de tarde mergulhava atrás dos edifícios, tingindo o céu de laranja enquanto sombras se espalhavam pelo asfalto rachado do estacionamento vazio. O local tinha uma sensação de abandono, com suas faixas amarelas desbotadas e muros pichados, como um cenário de filme onde segredos sempre vinham à tona. Aaron andava devagar, o som de seus passos ecoando pelo concreto. Ela sentia o coração bater mais rápido a cada passo que a aproximava de Kreese, que a esperava ao lado de um Dodge preto antigo, o rosto parcialmente encoberto pelas sombras.
Kreese, com a jaqueta de couro desgastada, mantinha uma postura firme, quase militar. Ele tinha um olhar afiado, como se cada detalhe ao redor fosse importante, cada segundo uma oportunidade. Aaron parou a alguns passos de distância, cruzando os braços, avaliando o homem à sua frente.
— Por que não nos encontramos no Cobra Kai? — ela perguntou, com uma sobrancelha levantada.
Kreese deu um sorriso que não chegou aos olhos. — Eu saí de lá.
— Por que? — ela questionou, cruzando os braços
Ele apenas balançou a cabeça, como se a resposta fosse irrelevante. — Não importa. Johnny... os métodos dele não são o que o Cobra Kai deveria ser. Ele enfraquece o que eu prego.
Ela soltou uma risada curta e cética. — E o que exatamente você prega, Kreese? Ensinar adolescentes a serem valentões? A espalharem terror?
Os olhos dele brilharam com um desafio. — Meu método serve para ajudar garotas como você.
— Garotas como eu? Entendi. — Ela estreitou os olhos, cética.
Ele se aproximou um passo, a intensidade em seu olhar apenas aumentava. — Garotas que têm potencial. Que são boas, mas precisam de alguém para despertar o lado certo. Com a sua força, você seria imbatível em um torneio.
Aaron manteve a postura firme, mas sentiu um arrepio descer pela espinha. — Não dá, eu já aceitei que não nasci pra isso. Eu preciso de um emprego noturno antes das aulas voltarem, antes que meu pai apareça de novo e a gente perca o apartamento. Não tem condição de eu voltar pro karatê.
— Não me importo com o dinheiro, criança. Pra mim não tem valor. Não cobraria pra te ensinar tudo o que sei.— Kreese permaneceu inabalável, agora com um sorriso gentil no rosto.
— Faria isso por mim? — ela disse, inconscientemente em um tom de inocência, como se tivesse esperança de que o que ele dizia fosse honesto
— Claro que faria, MacGyver. — ele disse, e Aaron não sabia se gostava da ideia de como ele a chamava.— E eu posso descobrir onde ele está pra você, pra que ele devolta aquilo que é seu por direito.
— O que? Do que ta falando? — Ela piscou, surpresa, sentindo um misto de esperança e desconfiança. — Como você faria isso?
Ele sorriu levemente, um sorriso cheio de mistério. — Eu tenho meus meios, Aaron. Mas primeiro, precisaria de um pequeno favor seu.
Ela bufou, um olhar de desdém. — Eu não faço favores para ninguém, muito menos pra você.
Kreese não recuou, sua voz se manteve calma, quase sedutora. — Eu também sei algo importante sobre sua mãe... algo que você vai querer saber.
— Eu não me importo com ela, faça o que quiser com a sua informação.
— Não se importa mesmo? — ele disse, vendo-a se virar de volta em sua direção, como se quisesse continuar ouvindo sua proposta — Nem se for algo que possa salvar sua casa?
Os olhos de Aaron se arregalaram por um momento, mas ela manteve a expressão séria. — E o que exatamente você quer em troca?
Kreese cruzou os braços, aproximando-se dela. — Quero que se infiltre no Cobra Kai por um tempo. Recolha informações para mim.
Ela franziu o cenho, claramente confusa. — E você acha que o Johnny me aceitaria? — ela questionou, segurando uma risada irônica.
— Johnny tem mais ego do que a própria mente funcionando, criança. Ainda mais agora. — Ele respirou fundo, os olhos escurecendo com um misto de raiva e nostalgia.
— Por que é tão obcecado por isso? — Aaron revirou os olhos, impaciente, mas realmente intrigada em entender a mente dele, ter uma resposta — Não seria mais fácil abrir outro dojo? Ninguém tá te impedindo.
— Porque aquele dojo é meu. Johnny roubou tudo de mim. Roubou o meu legado. — Os lábios de Kreese se curvaram em um sorriso amargo. — Você não entenderia, criança. Isso é mais do que um nome... é a minha história. Meu legado. Eu não vou deixar o Johnny destruir tudo.
Ela o encarou por alguns segundos, absorvendo suas palavras, ponderando suas intenções. Ele estendeu a mão para ela, uma oferta. — O que me diz?
Aaron hesitou, mas a curiosidade, a necessidade de respostas, pesava sobre ela. Finalmente, ela deu um passo à frente, aproximando-se dele. — Tudo bem eu...eu entro pro Cobra Kai.
— E eu te ajudo a ter seu apartamento de volta. — Kreese sorriu ao ver o movimento dela, um sorriso que parecia mais calculado que amigável. — Exatamente como tudo deve ser. — Ele murmurou, com um brilho satisfeito nos olhos. — Vamos, MacGyver. Me mostre a sua força.
Ela deu um pequeno sorriso, meio desafiador, meio curioso. Estendeu a mão e a apertou na dele, com firmeza, sentindo o calor do toque, mas mantendo os olhos fixos nos dele, sem pestanejar.
Por um momento, apenas o som distante do tráfego preencheu o silêncio entre eles, antes que Kreese balançasse a cabeça em aprovação.
Aaron e Robby se beijavam com uma intensidade crescente, suas respirações ofegantes se misturando no quarto abafado. Aaron sentiu o coração bater acelerado quando seus dedos ágeis deslizaram pela própria camisa, começando a puxá-la para cima, revelando lentamente a pele enquanto Robby já estava sem a sua, seu peito subindo e descendo com a respiração pesada.
Ela se levantou de repente, interrompendo o beijo, com um sorriso travesso nos lábios. Com passos apressados, quase tropeçando, correu até a porta do quarto e a trancou com um estalo seco. — Por favor, que ele esteja dormindo — murmurou baixinho, referindo-se ao pai de Robby no quarto do outro lado do corredor.
Ela voltou até ele com uma risada silenciosa e nervosa, colocando uma perna de cada lado do corpo de Robby, sentada sobre o colo dele. Robby também riu, os olhos brilhando enquanto ele a puxava de volta para um beijo cheio de desejo. Aaron sentiu o calor do corpo dele contra o seu, as mãos de Robby segurando-a pela cintura com firmeza e vontade.
Enquanto os lábios se encontravam com ainda mais urgência, Aaron levou as mãos para as costas, tentando desabotoar o próprio sutiã, mas de repente, sentiu Robby se afastar, segurando-a levemente pelos ombros. Ele estava ofegante, os olhos sinceros, mas um pouco hesitantes.
— Eu sou virgem, Aay — ele confessou, sua voz um pouco rouca, mas firme.
Aaron parou, ainda ofegante, encarando-o por um momento, surpresa e sem saber exatamente o que dizer. Ela viu a sinceridade nos olhos dele, a vulnerabilidade rara que ele não costumava deixar transparecer. Sentiu uma mistura de carinho e algo mais profundo que não sabia explicar. Não parecia o mesmo amor que ela costumava falar sobre, parecia algo mais.
— Tudo bem — respondeu suavemente, um sorriso encorajador nos lábios.
— Certo, tudo bem. — Robby repetiu, como se estivesse tentando se convencer também, o peito subindo e descendo rápido.
— Eu já fiz isso uma vez. — Aaron comentou, tentando manter o tom leve, mas havia uma curiosidade no olhar dela, como se buscasse captar de primeira qual seria a reação dele.
— Você me disse. — Robby afirmou com a cabeça, antes de morder o lábio inferior, sem jeito. Aquilo só a fazia sentir um pouco mais do fogo que nunca tinha sentido antes. Ela estava claramente excitada, só de olhar pra ele.
— Eu disse — ela confirmou, desviando o olhar por um momento. — Mas não foi... Não foi bom.
— Por quê? — Robby perguntou, aproximando-se um pouco mais, a mão gentilmente tocando uma mecha do cabelo loiro dela, colocando-a atrás da orelha. Agora ele estava sentado sobre o colchão, os dois semi-sussurravam, e ela estava sentada em seu colo de maneira íntima
Aaron desviou o olhar, sentindo-se subitamente tímida, um leve rubor tomando conta de suas bochechas. Ela notou que o sol da manhã começava a aparecer por entre as cortinas fechadas, lançando uma luz suave pelo quarto.
— Foi... Foi terrível — ela admitiu, finalmente, a voz quase num sussurro. — Eu estava em pé, no clube, eu sangrei depois e...ele não tinha jeito nenhum para a coisa.
Robby deu um sorriso leve, trazendo o rosto dela mais perto, seus lábios roçando a pele delicada do pescoço dela. — Não vai ser assim, eu prometo. — ele sussurrou contra a pele dela. — Se você me ensinar.
— Eu sei que não — ela respondeu, com um pequeno arrepio, os dedos ainda tentando desabotoar o sutiã, mas suas mãos estavam trêmulas. — Eu confio em você. — Sentiu os lábios de Robby deslizarem pelo seu pescoço e a sensação fez com que ela deixasse escapar um suspiro suave. — É sério, Robby. — ela disse, o chamando pelo nome, fazendo com que o garoto deixasse que suas pupilas verdes e cem porcento dilatadas fitassem as dela, sem pudor. — Confio em você.
— Eu também. — Ele disse, depositando um beijo na ponta de seu nariz — Confio em você.
Eles se perderam naquele momento, naquela mistura de sensações novas e desconhecidas, de toques que iam muito além do físico. Robby trouxe a mão para a frente dela, finalmente ajudando-a com o fecho do sutiã, os olhos dele fixos nos dela, como se quisesse ter certeza de que ela estava confortável, de que aquele era o momento certo para ambos.
Aaron assentiu, sorrindo, e ambos se aproximaram ainda mais, deixando o mundo do lado de fora do quarto desaparecer, apenas por um momento.
Robby ficou imóvel por um instante, os olhos fixos em Aaron, o rosto levemente corado e um sorriso meio atordoado nos lábios. Ele parecia absorver cada detalhe, hesitando apenas o suficiente para ela perceber sua inexperiência, mas também sua curiosidade sincera. Aaron, sentindo a tensão e o nervosismo dele, tentou suavizar o momento.
— Você pode... colocar a mão — disse ela, meio sem jeito, sua voz suave e encorajadora.
Ele assentiu, quase aliviado, e seus dedos deslizaram lentamente, começando a explorar com cuidado, ao apalpar os seios dela, traçando os contornos de sua pele. Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha, enquanto seus músculos reagiam ao toque delicado e incerto dele. Robby a olhou nos olhos, uma mistura de surpresa e alegria ao notar a resposta dela. Ele a observava como se cada movimento fosse uma descoberta única, quase como se estivesse tentando aprender algo completamente novo. Eram macios e só no que ele pensava era em como ficariam na boca dele.
Aaron, involuntariamente, começou a se mover em seu colo, pressionando-se contra ele, seu corpo reagindo de maneira que ela não conseguia controlar. Robby sentiu seu próprio corpo responder, a respiração se tornando pesada, mas ainda assim tentando manter o controle. Ele inverteu as posições com cuidado, mas com agilidade, deitando-a contra o colchão, enquanto ela o olhava com uma combinação de expectativa e uma pitada de nervosismo.
Ele surpreendeu Aaron ao começar a beijar suavemente seu pescoço, descendo pelos ombros, como se estivesse mapeando seu corpo com os lábios, ao começar a chupar seus seios. Ela suspirou, fechando os olhos, deixando-se levar pela sensação que tomava conta dela. Ele prosseguiu, descendo lentamente, os beijos se espalhando pela pele dela até chegar à barriga. Suas mãos percorriam o corpo dela com uma mistura de admiração e hesitação, como se estivesse maravilhado pela primeira vez, no instante em que desceu os jeans antigos que ela vestia e ele reconhecia, junto de sua calcinha.
Enquanto fazia isso, Robby se afastou um pouco para tirar a própria calça também, ficando apenas com a cueca box azul-marinho. Ele se aproximou novamente, os olhos fixos nos dela, buscando algum tipo de permissão. Aaron sentiu a tensão subir, um misto de nervosismo e curiosidade, enquanto a intensidade dos momentos passados ainda estava em sua pele.
Quando ele se aproximou mais uma vez, descendo lentamente com os lábios até o ponto mais íntimo, Aaron o deteve com um leve toque em seu ombro.
— Ninguém... nunca chegou tão longe assim — ela admitiu, a voz quase um sussurro, o rosto corado, mas seus olhos ainda fixos nos dele.
Ele fez uma pausa, uma expressão de suavidade em seu rosto.
— Posso? — ele perguntou, a voz baixa, quase rouca, o olhar intenso, sem desviar.
Ela colocou a mão no próprio rosto, escondendo o sorriso tímido, mordendo o lábio antes de finalmente assentir, um pequeno e nervoso "sim" escapando por entre seus lábios.
Robby sorriu de leve, com um misto de alívio e determinação. Ele puxou as pernas dela gentilmente, aproximando-a ainda mais, e se inclinou novamente, os movimentos delicados e cuidadosos com a boca, explorando cada reação dela com uma curiosidade genuína, sua atenção toda voltada para cada suspiro e tremor que sentia. A conexão entre os dois parecia crescer a cada segundo, como se ambos estivessem descobrindo algo novo e intenso juntos, mergulhando um pouco mais fundo na confiança e na intimidade que estavam criando.
À medida que Robby continuava a explorar com seus beijos e carícias, Aaron tentava acompanhar a nova sensação que invadia seu corpo. Seus gemidos eram suaves e um pouco incertos, misturados com pequenas respirações ofegantes. Ela estava tão envolvida pela sensação que, mesmo sem saber exatamente como expressar, seus sons eram uma mistura de prazer e nervosismo.
Ela tentava controlar a intensidade dos gemidos, mas acabava soltando murmúrios hesitantes e abafados, cada vez mais imersos na nova experiência. Seus movimentos eram espontâneos e um pouco desajeitados, tentando acompanhar o ritmo de Robby enquanto ele continuava a explorar com a mesma dedicação.
O prazer era evidente em seu rosto, mesmo que suas reações fossem um pouco confusas e sem a certeza de como se expressar completamente. — Isso... — ela disse, instintivamente segurando a cabeça dele, para que se ajeitasse no ponto certo.
À medida que Aaron estava prestes a alcançar o clímax, um impulso instintivo a fez parar. Ela segurou levemente os ombros de Robby, fazendo-o parar e olhar para cima, seus olhos encontrando os dela. Ela sorriu timidamente, ainda um pouco envergonhada pela situação. Com um gesto suave, ela o chamou para mais perto.
Robby se posicionou entre as pernas dela, engatinhando devagar para ficar ao nível de seu rosto. Continuou a beijar seu corpo com uma ternura deliberada, deixando pequenos beijos molhados em sua pele até chegar ao rosto dela. A voz rouca e baixa de Robby sussurrou perto de seu ouvido, seu calor e proximidade criando uma sensação intensa.
— Como quer fazer isso? — ele perguntou, sua voz carregada de desejo. Aaron mordeu o lábio, sentindo-se um pouco ousada ao sugerir.
— Posso ficar por cima? — Ela sussurrou, inclinando-se para beijar o canto dos lábios de Robby. Isso levou a um beijo de língua, suas risadas abafadas misturadas com a excitação.
Em um instante, Aaron reverteu as posições, ficando nua e deitada sobre Robby, que ainda estava com a cueca presa. Ela a puxou para baixo, e ele, sem hesitar, jogou a peça de roupa para longe. Com mais confiança, Aaron tocou o membro dele, movendo-se com precisão, o que fez Robby fechar os olhos momentaneamente, absorvendo a sensação.
— Pensei que você não tinha prática... — ele murmurou, ofegante, enquanto ela sorriu e deu de ombros, se fazendo de inocente. O contraste entre a familiaridade e a novidade da situação era palpável, e eles estavam finalmente se entregando um ao outro de uma forma nova.
Com um leve temor e excitação, Aaron começou a se esfregar contra ele, enquanto Robby se acomodava um pouco mais nos travesseiros, relaxando e se preparando para o próximo passo. A inexperiência deles era evidente, mas a vontade de explorar juntos era clara.
Aaron se posicionou sobre ele, de forma um pouco desajeitada, e Robby a ajudou, segurando seus quadris para facilitar o encaixe. Ela desceu lentamente, com a ajuda de sua mão, ajustando a posição até encontrar a melhor forma de se conectar com ele.
Aaron estava posicionada sobre Robby, e um "ai" suave escapou de seus lábios quando encontrou uma resistência inesperada. Robby, notando a dificuldade dela, se inclinou para frente, encostando as costas na parede e ajudando-a a se acomodar. Eles ficaram sentados ali por um momento, respirando pesadamente e tentando se ajustar à nova posição.
— Está tudo bem? — Robby perguntou, sua voz carregada de preocupação e carinho, enquanto observava o rosto de Aaron com atenção.
Aaron, um pouco tímida, apenas confirmou com um "sim", inclinando-se sobre ele e ajustando-se lentamente sobre seu pau. Robby, com um olhar de concentração, começou a guiá-la com delicadeza, suas mãos firmes mas cuidadosas em seus quadris a fazendo descer e subir lentamente. Quando finalmente conseguiram se ajustar, um gemido de satisfação suave escapou dos lábios de Aaron. Ela começou a sentir o preenchimento de seu membro dentro dela, o calor e a conexão se intensificando a cada movimento.
Ela o observava com um olhar ansioso e vulnerável, vendo a expressão de prazer e concentração em seu rosto enquanto ele mordia o lábio inferior. Em vez de focar na leve sensação de desconforto, Aaron se inclinou para beijá-lo, sua língua se envolvendo na dele com uma intensidade inesperada. Robby, surpreso, respondeu ao beijo com um fervor que fez os dois se fundirem em uma paixão ardente.
À medida que se moviam juntos, Robby começou a explorar o corpo de Aaron com beijos e carícias, a deixando com mais tesão, seus toques suaves e apaixonados criando uma sinfonia de sensações. Aaron, entregando-se completamente ao momento, começou a sentir seu clitoris se esfregar contra a sua pélvis, seu prazer crescendo a cada movimento. O calor e o desejo entre eles estavam evidentes em cada toque e beijo.
Com os corpos entrelaçados, Robby ajustou os travesseiros para apoiar melhor a posição de Aaron, enquanto ela começou a se mover com mais confiança. O ritmo deles se sincronizou, e Robby, sentindo a intensidade do prazer dela, pensou em como ela era a pessoa mais sexy e encantadora que já conheceu. Cada toque, cada movimento, parecia uma nova descoberta, uma nova forma de se conectar e amar ela. Droga ele amava ela.
Quando Robby finalmente atingiu o clímax, ele deixou escapar um gemido profundo, seu corpo tremendo de prazer. Aaron, ainda imersa na onda de prazer, continuou a se mover, sentindo a satisfação se intensificar a cada segundo. A conexão entre eles era palpável, uma mistura de desejo e amor que transcendeu qualquer coisa que já haviam experimentado.
Finalmente, quando Aaron chegou ao clímax, seu corpo estremeceu de prazer, e um gemido de satisfação escapou de seus lábios. Eles se beijaram com uma profundidade e ternura que expressavam todo o amor e carinho que sentiam um pelo outro. Robby, com a respiração ofegante, sussurrou — Eu amo você. — sentindo a ocitocina correr pelo seu cérebro depois de gozar, sendo o mais sincero possível. Aaron não sabia se era verdade, ou se era só o sexo falando, mas ela sorriu, ofegante e suada correspondendo a um singelo — Eu também amo você.
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8500 palavras
Apesar do meu sumiço, espero que esse capítulo compense o tempo perdido. (expliquei os motivos no meu mural) Estamos a um capítulo do tão aguardado (plmns por mim) ato 3!!!
as vezes eu me sinto o stephen king da putaria. (Quando começo, não paro de escrever)
gostaria de dizer que não fui eu quem escreveu esse capítulo, foi meu peixe. ele escreve melhor do que eu.
não sei mt oq dizer, espero q vocês gostem!
não esqueçam de comentar, e opinar pfv, isso me motiva a atualizar mais rápido.
Obs:. Sinto q o fato deles serem meio virgens deixa tudo mt mais fofo e íntimo, adorei escrever isso, mesmo que tenha sido trabalhoso e demorado.
(Escrever hot parece dívida de jogo)
Oq vcs acham?
AMO VOCÊS. rumo aos 30K!!
bjus, Back.
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