Capítulo 3. Tabuleiro
— Como é?!
— Cala a boquinha ou vamos ser pegos. — Gojo disse e cobriu minha boca, mordi seu dedo fazendo-o rir. — O que eu te fiz pra ficar tão irritadinha?
— Você não para de falar merda. — Bati os pés e me virei de costas, fui até a porta girei a tranca.
— Eu te irrito tanto assim? — Ele se aproximou, afirmei e abri a porta. Quando finalmente pude ver a luz através da pequena brecha, a porta se fechou bem na minha frente e a mão de Gojo surgiu em cima de mim. Me virei. — Uh? Orie.
— Tudo que você faz me irrita. — Empurrei seu ombro, ele recuou, continuei avançando e acertando seu ombro. — Você é irresponsável, irritante, estúpido, idiota, um péssimo amigo.
— Já acabou? — Ele disse encostado na parede, seus olhos desenharam meus lábios. Eu sabia exatamente o que ele estava fazendo.
— Já.
Me afastei, Gojo riu e se aproximou mais uma vez. Abri a porta e espiei novamente, Gojo suspirou entendiado.
— O que eu faço pra ser um amigo melhor? Você não me dá nenhuma dica. — Pediu, soltei um riso frouxo.
— Me pede em namoro. Quem sabe assim você me ajuda. — Resmunguei, Gojo franziu o cenho e riu.
— De repente você me odeia, e agora quer um namoro?
— Preciso importunar meus pais, você adora irritar os outros, quem sabe irrita eles por mim. — Expliquei ainda espiando, Gojo se virou pensativo e jogou o cabelo para trás.
— A gente vai poder se pegar?
— O-o que? Não! — Recuei sentindo-me enojada, Gojo suspirou.
— Então eu não quero, não tenho vantagem nenhuma.
— Você é nojento. — Me virei e continuei espiando enquanto ele falava sozinho. Avistei um grupo de estudantes, pensei nos meus pais e na minha vontade de fazer as coisas por conta própria. Suspirei e fechei a porta.
— Devia ao menos me dar algo em troca... — Ele dizia, me aproximei.
— Ta. — Afirmei, Gojo sorriu de orelha a orelha e me puxou pela cintura, suas mãos desceram quase abaixo da minha cintura, mas eu as segurei.
— Só beijar, e você não vai encostar em nenhuma outra parte do meu corpo. — Mandei, ele mordeu os lábios e levantou as mãos em rendição. O beijei, senti meu corpo vibrar, seus lábios eram macios feito algodão.
Gojo levou a mão até o meu queixo e deixou descer até meu pescoço, seu toque me deu arrepios. Ele afastou o polegar e chupou meu pescoço como se quisesse aquilo há muito tempo. O empurrei contra algumas vassouras e o beijei novamente, ele sorriu entre meus lábios e continuou até ficar sem ar.
— Você é muito gata. — Sussurrou, o ignorei continuando a troca. Suas mãos imploravam por mais, mas ele as continha nas prateleiras de madeira bem atrás de nós.
Me virei e limpei os lábios, Gojo sorriu e ajeitou a postura enquanto me analisava da cabeça aos pés.
— É só isso? — Ele disse, o sinal tocou na mesma hora respondendo por mim.
— Sim. — Respondi e o puxei pela mão para fora, corremos até o ginásio onde estava pouco movimentado. — Uma barreira, Geto e Shoko já devem ter encontrado a maldição.
— Olha só que coisa, parece que não precisam mais da gente. — Gojo disse, me virei para ele seriamente. — É brincadeira.
— Satoru, foco.
— Erro meu.
— Vocês estão aí. Viram ela? — Shoko perguntou, seus olhos estavam arregalados.
— Aí Shoko, advinha quem ta namorando? — Gojo envolveu seus braços por cima dos meus ombros, o acertei com uma cotovelada.
— Ele aceitou seu pedido duvidoso?
— Espera, contou pra ela?
— Calem a boca os dois, vamos encontrar essa maldição.
— É uma adolescente, está consumindo outros estudantes no pátio principal. — Geto nos encontrou, ele analisou a proximidade de Gojo e franziu o cenho. — Eu preciso saber?
— Não. — Respondi rapidamente, ele deu de ombros. Ouvimos alguns gritos, corremos na direção da multidão.
Nos deparamos com um monstro distorcido consumindo alguns adolescentes, seu rosto era deformado como uma pintura escorrendo e havia sangue para todos os lados. Seu nível era avançado, mas o suficiente para lidarmos com ela.
Geto, sem dificuldade alguma, criou uma maldição a partir da sua energia para lutar contra a maldição. Me preparei para atacar, Shoko por outro lado não se viu na necessidade. Quando estava prestes a avançar, Gojo passou na minha frente.
— Tem muitos adolescentes ainda, ajuda eles a sair daqui. Deixa que nós lidamos com a maldição. — Ele disse, parei e analisei a situação. Pensei em avançar para ajudá-los, Gojo puxou meu braço. — Orie.
— Comigo! Venham! Por aqui! — Chamei a atenção de alguns adolescentes, Gojo suspirou, passei por eles irritada com sua hesitação.
Consegui levar um grupo de estudantes para longe da maldição, mas uma energia maligna veio da direção em que estávamos indo. Parei e fiquei na frente dos adolescentes na tentativa de protegê-los. Juntei as mãos, e mentalizei minha energia fluindo em torno do meu corpo.
— Se afastem. — Pedi aos jovens, eles correram para o lado oposto ao que eu estava, usei minha energia para reverter a barreira em volta de nós transformando-a em uma barreira apenas em torno de mim e da maldição.
— Onde estão indo? E a garota que estava ajudando vocês? — Shoko encontrou o grupo de jovens, ela sentiu a barreira se desfazer acima dela.
— Vamos lutar monstro nojento. — Me preparei, ele arremessou seu corpo como elástico na minha direção, desviei de cada tentativa de me pegar. Saltei e acertei um soco na sua cabeça, ela apenas se desfez feito gelatina e depois se juntou novamente. Seu braço acertou meu peito, atravessando meu corpo por completo.
Senti uma dor latejante entrando em meu peito, segurei seu braço, senti o sangue escorrer por minhas costas. A barreira em volta de nós, se desfez facilmente. O encarei nos olhos, aquela alma deformado outrora fora um ser humano, um inocente, mas agora era só mais um monstro obsessivo.
— Inversão. Amaldiçoada. — Disse com dificuldade, a situação mudou num piscar de olhos. Agora era eu quem estava com meu braço atravessado em seu peito, sentindo seu coração em meu punho. Olhei para Shoko, Gojo e Geto do outro lado, ambos sem reação. — Geto.
— Deixa comigo. — Ele disse. Finalmente pude retirar meu braço de dentro do monstro, seu corpo se desmanchou no chão. Olhei para minha mão ensanguentada, as gotas escorriam feito água.
Pensar que meu destino se resumia a aquele único momento fazia-me sentir um embrulho no estômago. Passei por Shoko e Gojo, ele me seguiu pisoteando firme o chão, trazendo silêncio e ao mesmo tempo raiva. Seu braço puxou o meu fazendo-me virar bruscamente.
— Satoru?!
— Você enlouqueceu?! Eu falei pra ajudar aqueles adolescentes! Mal tem controle das suas habilidades, poderia ter morrido. — Ele me repreendeu, franzi o cenho, incrédula.
— Idaí se eu morresse?! Ao menos salvei aqueles adolescentes. Como você, como Geto. — Pisoteei o chão, ele suspirou.
— É diferente.
— Por que vocês são mais fortes? Somos feiticeiros Jujutsu de qualquer jeito. — Me soltei e me afastei, Gojo não desviou seu olhar de mim. — Ainda não percebeu Satoru? Um dia vamos todos morrer e ninguém vai dar a mínima, porque somos só peças em um tabuleiro.
Bati os pés e saí, dei as costas para os três, estava irritada e ao mesmo tempo chateada. Pois lá no fundo sabia... que estava certa.
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