Capítulo 24. Fuga
Pulei em seus braços, Satoru me abraçou com toda a força e me girou no ar. Senti meus olhos lacrimejando em emoção, ele sorriu e beijou minha testa. Depois, colocou o anel em meu dedo e o beijou.
— Eu te amo Zenin.
— Eu também te amo. — Segurei seu rosto, o abracei quase fazendo-o cair para trás. Me afastei, ele notou que havia algo que queria lhe dizer e então esperou mais alguns segundos. — Satoru eu... e-eu não sei como te dizer isso, mas tenho pensado esse tempo todo e... não posso mais esconder de você porque é algo que...
— O que foi? — Me perguntou, suspirei, ele segurou minhas mãos. Antes que pudesse abrir meus lábios, um garçom entrou com dois pratos em uma bandeja.
— O pedido de vocês. — Ele disse e então notou que havia nos interrompido. — E-eu sinto muito, atrapalhei vocês?
— Não. Claro que não. Estou faminta. — Sorri, voltei para a mesa e me sentei. Ele nos serviu.
Satoru notou que havia algo que não queria lhe contar, mas ele fingiu não ser nada importante para não estragar um momento especial. Me senti culpada por não ter coragem de contar à ele. Almoçamos juntos e em silêncio, olhei para o anel algumas vezes, estava feliz pela oficialização mas ainda me preocupava.
Haviam tantos empecilhos que teríamos que lidar antes de finalmente poder nos casar, nossas famílias ainda eram rivais, mas Satoru estava ignorando todos os obstáculos e pensando apenas nós. Algo que eu... deveria ser capaz de fazer. Depois do almoço, ele me levou para a escola novamente e se despediu.
— Tem algo que eu tenho que fazer, nos vemos em casa. — Me disse e beijou o topo da minha cabeça, afirmei em silêncio. — Vamos terminar aquela conversa.
— Vamos sim. — Afirmei, ele deu as costas e saiu, entrou no carro sem olhar para trás. Satoru parecia diferente de quando me pediu em casamento, talvez decepcionado por não cortá-lo o que queria... ou talvez eu estivesse apenas imaginando sentimentos baseados em minha culpa.
Voltei para a minha sala pensando em como Satoru reagiria, fiquei imaginando cenas em minha cabeça.
— Zenin, pensei que Satoru ia te roubar pelo resto do dia. — Shoko me encontrou no corredor, notei que havia um palito saindo do bolso do seu jaleco.
— Isso é um pirulito? — Apontei, ela riu e o tirou do bolso.
— Você me pegou. — Ela o mostrou e me entregou, o abri e enfiei na boca sem pensar duas vezes. — Aparentemente precisa dele mais que eu.
— Nem me fale. — Resmunguei, ela cruzou os braços e olhou diretamente para o anel reluzente em meu dedo.
— Vai me contar as novidades?
— Isso aqui? — Mostrei a mão, ela riu. — Ele acabou de me propor, foi no almoço, em um restaurante chique.
— Eu não sou a melhor pessoa para dizer isso mas... como esposa, você não deveria estar saltitando sorridente por aí? — Me perguntou, suspirei e segurei o pirulito na minha boca. — Olha, eu não sou boa com adivinhações.
Puxei Shoko até a minha sala e fechei a porta, ela franziu o cenho, surpresa com a minha discrição.
— Eu estou grávida.
— Ual. Meus parabéns. — Ela sorriu e se encostou em minha mesa. — Isso significa que Satoru vai ser papai? Nossa, eu nunca o imaginei sendo papai.
— Tem algum problema com o bebê, aquela... maldição colocou algo dentro de mim. Ele vai ficar tão irritado, eu não quero que ele perca o controle. Por isso não contamos sobre Kenjaku, ou sobre Geto estar de volta. Sobre ser a casca daquele monstro maldito.
— Você quer que eu olhe para você? — Ela apontou, segurei minha barriga. — Quero dizer... se realmente tiver algo aí, podemos detê-lo antes de prejudicar seu bebê.
— Eu não quero machucá-lo. Não quero correr esse risco.
— Se for algo letal, já pode estar correndo riscos. — Ela apontou, não respondi. Shoko se afastou da mesa e foi até a porta. — Eu não posso decidir por você, então pense bem sobre isso. Estarei na minha sala.
— Obrigada.
Ela saiu, me sentei e coloquei as mãos em meus cabelos, senti meu couro cabeludo enquanto tentava chegar em alguma conclusão.
— Merda. — Sussurrei, era mais difícil pensar por duas pessoas. Não queria correr o risco de machucar meu bebê, mas também queria garantir sua segurança. Naquele momento me encontrava em um impasse ao qual não conseguia me decidir.
Me levantei e fui até a porta, antes de virar a maçaneta ouvi passos acelerados pelos corredores. Abri a porta, professores, alunos, estavam todos indo para uma só direção.
— Maki. — A encontrei, saí da sala, ela parecia preocupada.
— Teve um ataque, algo grande no centro da cidade. Estamos todos indo para lá.
— Eu vou com vocês. — Sugeri, ela segurou meu braço e me impediu. — Não é uma boa ideia. Você sabe.
Olhei para baixo, para a minha barriga, Maki torceu os lábios sentindo pena por mim.
— É. Você está certa. — Afirmei, Maki deu um passo à frente, segurei seu braço. — Se precisar de qualquer coisa, não hesite em me ligar. Eu vou ajudar.
— Pode deixar. — Ela sorriu, a puxei e a abracei com toda a força que pude.
— Por favor tome cuidado.
— Eu vou tomar. Não se preocupe.
— Zenin. — Nanami nos encontrou no corredor.
— Eu vou com vocês, vou ajudar.
— As coisas tomaram uma proporção a qual não esperávamos. — Ele disse preocupado, Maki e eu trocamos olhares. — O centro da cidade foi completamente tomado por maldições, você deveria ir.
— Ir? — Franzi o cenho, ele afirmou desconfortável em fazer a sugestão.
— Deixar a cidade. Antes que ele venha atrás de você. — Ele disse, não respondi, Maki olhou diretamente para mim esperando uma confirmação. — Não se preocupe, temos toda a ajuda que precisamos.
— Kaori. Se decide logo. — Maki chamou minha atenção, apontei para Nanami.
— Conte ao Gojo quem ele está enfrentando antes que ele se depare com aquilo.
— Eu vou contar assim que o ver. — Nanami afirmou, voltei para a minha sala. Peguei meu celular e casaco e saí apenas com a roupa do corpo, pedi um táxi enquanto ia até os portões. Entrei no carro e liguei para Satoru, ele não estava atendendo o telefone no momento.
— Não. Tente evitar o centro por favor. — Pedi ao motorista, ele me olhou pelo retrovisor.
— Tem certeza senhorita? Vou ter que usar uma rota mais demorada.
— Tudo bem.
Segurei meu celular, sentindo meu corpo tenso. Busquei alguns contatos pensando em alguma forma de deixar a cidade rapidamente. Selecionei e liguei.
— Eu preciso de ajuda. Preciso deixar a cidade. Explico tudo quando chegar aí.
— Está bem. Eu estou esperando. — Meu pai disse no outro lado da linha, senti um embrulho no estômago. Assim que desliguei, olhei para o anel em meu dedo, pensei em Satoru mais uma vez.
Nunca havia sentido um medo daquele tipo, desta vez não era sobre mim ou sobre ele, ou sobre nós. Eu precisava pensar no melhor para o bebê que estava dentro de mim, o bebê que ele não sabia da existência. Me senti culpada por enrolar tanto tempo, por não ser capaz de contar.
Implorei para que pudesse ter outra oportunidade, para que ele soubesse da existência da criança o quanto antes. Mesmo que Nanami o contasse, não seria eu quem faria isso... portando a sensação de culpa continuava a mesma.
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