Capítulo 1. Escola
-ˋˏ ༻✿༺ ˎˊ-
Eu deixaria
o mundo
queimar
por
você.
┈୨♡୧┈
📍 CASA ZENIN, 07:58 AM.
ℰu fui uma garota inocente demais para a vida em que vivia. Desde muito cedo, meus pais travavam guerras entre clãs disputando poder, e ser a filha única me tornava seu objeto de aprimoramento principal. O clã Zenin estava perdendo feio para o clã Gojo, e como uma adolescente em fase de rebeldia, eu estava adorando cada momento, até receber a notícia de que teria irmãs. Gêmeas.
— Você vai servir ao clã Zenin até que cumpra com suas obrigações e se torne representante da nossa família. — Meu pai dizia seriamente, não movi um músculo. Por fora estava parada feito uma estátua, mas por dentro, queria transformar todos em cinzas.
— O senhor não vai ditar meu caminho, eu já me decidi, não quero me tornar representante do clã Zenin. — Expliquei paciente e respeitosamente. Ele se levantou e caminhou na minha direção, baixei a cabeça. Um estalo ecoou pelas paredes, um tapa, ele havia me acertado tão forte que senti meu rosto virar.
— Você é a minha primogênita. Vai se tornar representante quer queira ou não. — Ele virou as costas, senti meu corpo ferver. — Estudou desde o berço para este momento, nem pense em deixar suas obrigações de lado. Pretende fazer o quê sem o seu clã?
— Eu quero estudar matemática e quero ter uma vida normal.
— Estudar matemática? Quer se tornar uma pessoa medíocre como um civil comum? — Ele gargalhou tão alto, que ficou sem fôlego. — Não pode estar falando sério.
— Eu estou falando sério, o senhor não vai me prender aqui. Eu não tenho medo de nada. — Bati o pé, ele se virou seriamente e caminhou de volta até mim.
— Você vai deixar que civis comuns se machuquem todos os dias para estudar matemática? — Ele disse num tom rouco, engoli em seco. Meu pai sabia exatamente o que dizer para me afetar, era como uma adaga enfiada em meu estômago na qual ele sabia torcer.
Não disse nada, apenas desviei o olhar deixando-o entender que havia vencido a discussão ali mesmo. Enquanto deixava a minha casa naquele mesmo dia, senti meu corpo fervendo em raiva, deferi toda a minha energia em uma árvore à caminho da escola. Jujutsu podia não ser o melhor lugar, mas era o mais seguro para mim, e principalmente onde meus amigos estavam.
— Isso aí é injusto, ela nem pode revidar. — Sua voz irritante me pegou desprevenida, olhei para trás e me deparei com Gojo segurando a alça da própria mochila.
— Não enche Gojo. — Continuei andando pisoteando forte o chão, ele correu e me alcançou.
— Qual é, o que foi? Brigou com o papai outra vez? — Sua voz num tom provocativo, me fez arremessar minha mochila na sua direção, ele desviou fazendo-a cair direto no chão. — Nossa, você ta mesmo irritada.
— Nossas famílias são inimigas, não falta muito para uma guerra entre casas. — Expliquei, ele encarou-me apenas prestando atenção em cada palavra. — Mas mesmo assim você insiste em ficar e ser meu amigo. Por que tem que ser tão certinho?
— O que quer dizer com isso? Eu não sou "certinho". — Ele pegou minha mochila e me ofereceu de volta, recebi.
— Ah você é sim. — A voz de Geto veio de trás, me virei dando espaço para ele entrar na conversa. — É o príncipezinho.
O apelido me fez rir feito um porco, os dois viraram-se para mim com os olhos arregalados.
— Isso não tem graça. — Gojo disse, ele tirou os óculos e jogou algumas madeixas para trás. — Quer saber, eu sou um príncipe mesmo, já viu alguém com uma beleza tão irresistível?
Brincou, arremessei a mochila no seu rosto outra vez, ele a agarrou antes de atingi-lo. Continuei rindo e passei por eles.
— Seus idiotas.
— Por que eu sou idiota? É ele quem é o certinho aqui. — Geto disse, os ignorei e continuei andando. Entramos no ginásio, de longe já consegui ver Shoko sentada na arquibancada. Parei, atraindo olhares curiosos dos dois.
— Escutem. — Cerrei os punhos, me virei para eles. — Eu quero as próximas missões, não preciso que venham comigo, farei isso sozinha.
— Por que isso agora? — Gojo perguntou, meus olhos foram ao chão.
— Eu odeio esse lugar, odeio os planos que meu pai tem para mim. Vou fazer as coisas do meu jeito agora. — Expliquei, apesar de Gojo não entender no primeiro momento, consegui notar nos olhos de Geto que ele sabia o que eu queria dizer. — Não se preocupem comigo.
— Vocês estão aí. — Shoko levantou e acenou, corri até ela.
— Eai Shoko. — Cumprimentei, os meninos chegaram logo depois. Me sentei ao seu lado, logo Gojo e Geto pegaram uma bola e começaram a jogar basquete longe de nós.
— Sua aparência não está das melhores, o que aconteceu?
— Meu pai está no meu pé. — Me inclinei para frente, observando Gojo jogar com Geto. — Eu não sei mais o que fazer. Vou ser irmã mais velha em breve, mas não sei que exemplo quero dar às minhas irmãs.
— Você se preocupa demais com isso. Ser líder não deve ser tão ruim, olha só pro Satoru, ele é filho único da casa Gojo e não parece tão ruim.
— Gojo é... diferente. Ele quer isso, ele quer ser feiticeiro. Nunca o ouvi hesitar sobre isso, ele faz tudo que sua família pede. — Respondi, ele pulou no pescoço de Geto e os dois começaram a discutir.
— Isso tudo é uma merda. — Ela se levantou e suspirou. — Mas tenta não se deixar afetar demais ta bem? Você é incrível, mostra pro seu pai que ele não vai conseguir colocar uma coleira em você tão fácil.
— C-como assim?
— Tenta usar o Gojo ao seu favor, já que as famílias se detestam. — Ela brincou, olhei diretamente para ele.
Éramos amigos desde sempre, eu me lembro da primeira vez que nos conhecemos. Foi quando tudo começou. Um enterro acabou juntando as duas famílias, e então os adultos se uniram para conversar sobre negócios. O dia não era dos melhores, o céu estava cinza e uma brisa fria soprava meus cabelos. Eu estava sentada em um banco de madeira ao lado da entrada da casa funerária, a construção era antiquada e ornamental, como tudo naquela época.
— Fique aqui, não cause problemas. — Ouvi uma mulher dizer para o garotinho bem na sua frente, ele parou no mesmo lugar e não saiu mesmo depois dela entrar na casa e fechar a porta atrás dela.
Quando ele olhou para mim, senti meu corpo todo vibrar. Seus olhos eram azuis como uma onda do mar se quebrando, e seus cabelos eram brancos feito a neve no dia mais frio do inverno. Mas apesar dos aspectos divergentes, quando ele olhou para mim, senti como se aquele dia nublado houvesse se tornado um dia ensolarado. Sorri de orelha a orelha, ele hesitou, sem entender minha reação.
— Oi! — Acenei, desci do banco e me aproximei. Ele colocou os braços para trás e manteve a postura. Toquei seu cabelo, curiosa por nunca ter visto algo semelhante. — Que legal, é tão macio.
— N-não encosta. — Ele se afastou, me aproximei mais uma vez e o encarei no fundo dos seus olhos.
— Seus olhos são brilhantes. — Afirmei, ele piscou repetidas vezes, desconcertado. Nunca havia visto alguém o encará-lo com tanta facilidade.
— Você também vai estudar na escola Jujutsu?
— Eu estudo em casa. — Explicou, torci os lábios.
— Não bobinho, a escola Jujutsu é para feiticeiros. Assim, podemos ser mais fortes e podemos lutar contra as maldições no mundo todo. Não parece legal? — Afirmei, ele me ignorou. Analisei suas roupas, eram mais sofisticadas, ele definitivamente era de uma família rica. — Qual é o seu nome? Eu me chamo Kaori, sou do clã Zenin.
— Não fala isso. — Ele disse seriamente, franzi o cenho. — Não fala como se lutar fosse a coisa mais fácil e divertida no mundo. É sério. Por isso nossas famílias estão conversando agora.
— Mas é que... se não for divertido... então vai parecer que estamos apenas sendo usados como objetos, só para cumprir com as obrigações das nossas famílias.
Ele parou e analisou cada palavra com surpresa, como quem diz "ela sabe demais para a sua idade" ou "É triste alguém como ela pensar nisso."
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