𝘾𝘼𝙋𝙄́𝙏𝙐𝙇𝙊 𝟰 - Stay away from her!

Quatro dias depois.

Já haviam se passado quatro dias desde o acontecimento envolvendo Liam. Desde então eu o evito nos corredores da escola, mas toda vez que o vejo, sinto vontade de socá-lo até ele desmaiar.

Então, como não posso socá-lo, desconto toda minha raiva em um saco de pancadas durante a aula de karatê. Imagino seu rosto, assim fica mais fácil.

— Melinda.

Ouço a voz de minha tia ao meu lado. Paro de socar o saco de pancadas e viro meu rosto para ela. Sua postura está reta, com os braços cruzados sobre o corpo.

— Está tudo bem?

— Está. Algum problema?

— Não, mas você está socando esse saco com muita força. Como se quisesse estourá-lo. Tem certeza que está bem?

— Não é nada. — Não era verdade, eu queria arrebentar alguém. — Tá tudo bem.

Então, ela assentiu levemente e logo se afastou de mim. Volto a encarar o saco e solto um suspiro.

— Problemas com a raiva?

Me assusto com a voz e me viro para trás. Vejo sensei Kreese.

— Pode enganar Kim, mas a mim não engana. — Ele se apaixonou, segurando seu kimono na parte do peito. — É um garoto?

Fico em silêncio. Já estamos tendo aula com ele há duas semanas, mas ainda não peguei tanta confiança para lhe contar algo assim.

Ele soltou uma risada grossa.

— Seu silêncio já diz tudo, Melinda. E é bom expressar sua raiva através da luta. Liberar toda tensão acumulada. Já tentou usar isso como combustível?

— Como assim?

— Transformar isso — Ele gesticula com a mão. — Em algo maior. Liberar toda essa raiva, tristeza, frustração e a transformar como combustível para continuar lutando. Para continuar de pé e ver até onde sua força realmente vai. Você é boa Melinda, mas acho que com apenas um pequeno empurrãozinho, você vai mais longe.

Então, Kreese se afasta, indo em direção aos outros alunos. Penso nas palavras que ele havia falado, minha tia havia falado como Kreese era experiente em coisas desse tipo. Ainda não sei ao certo se devo dar ouvidos a ele. Sei que ele é meu sensei, mas preciso pegar confiança na pessoa antes que ela possa entrar em minha mente.

(...)

No dia seguinte, Hanna e eu estávamos no refeitório, conversando sobre faculdades. Isso me surpreende porque Hanna não é do tipo de falar sobre faculdades ou coisas escolares, ela é do tipo que gosta de aproveitar sem querer saber sobre o que o futuro lhe reserva.

— E então, onde quer fazer faculdade? — Ela morde um pedaço da maçã em sua mão. — Seul? Yonsei? Não, espera, já sei! Kaist? Você tem cara de quem quer estudar na Kaist.

Solto uma risada curta com suas palavras, mas demorou um pouco para responder. Todas essas faculdades são ótimas, eu adoraria estudar nelas, mas não é o que eu realmente quero.

— Nenhuma delas. Acho que quero tentar algo diferente.

— Tipo o que?

— Tipo estudar fora.

Hanna arregalou os olhos por um momento.

— Uau, isso é… inesperado.

— Eu sei. — Tento forçar um sorriso. — Mas fora da Coreia existem faculdades ótimas também, como por exemplo: Oxford, Harvard, Stanford entre tantas outras.

— É, você combina com essas faculdades.

Solto mais uma risada.

— Você já falou com seus pais sobre isso?

— Ainda não. Mas eu vou falar. Quando for a hora certa. — Murmuro a última frase.

— Melinda.

Ouço uma voz me chamar. Sinto meu sangue ferver, porque esta é a voz de Liam. Viro meu corpo para trás e vejo ele vindo em minha direção.

— Não é possível isso. — Hanna murmurou. — É sério que ele quer falar com você depois de tudo?

Reviro os olhos e me levanto da mesa. Pego meu casaco preto e logo me afasto, antes que ele pudesse se aproximar mais. E antes que ele tentasse se aproximar, Hanna o impediu.

— Você é um babaca mesmo, né? Depois de tudo o que fez pra ela, quer falar com ela? De jeito nenhum!

Então, ultrapasso as portas do refeitório. Sigo até o banheiro das meninas e entro. Não há ninguém, solto um suspiro de alívio.

Meu sangue pulsa em minhas veias. Por que ele insiste nisso? Ele não vê que não quero falar com ele?

Meu punho se fecha. Pronto para socar algo, mas não soco, ao invés disso me apoio contra o balcão da pia. Respiro fundo e olho pra frente.

Tudo parece uma confusão em minha mente. Sinto raiva, mas ao mesmo tempo frustração. Uma parte de mim quer bater nele, mas a outra parte quer gritar e chorar e questioná-lo do porquê ter feito aquilo comigo. Balanço a cabeça tentando afastar esses sentimentos. Não quero sentir tudo isso.

De repente, as palavras de Kreese passam por minha mente como um flash dizendo para transformar tudo o que sinto em combustível para lutar. Então farei isso, mas não para lutar no sentido físico, mas sim mental.

(...)

Pela tarde, depois da escola, Kwon e eu fomos para o dojo do cobra kai treinar, começamos a treinar no dojo pois no deck já estava começando a ficar complicado por conta de alguns donos de barcos que implicavam conosco por simplesmente estar ali.

Agora, estamos no tatame, lutando. Ou tentando pelo menos.

Kwon me deu chute lateral, e eu bloqueei. Tento dar um soco frontal em seu peito, mas ele bloqueia. Kwon segura meu braço e me chuta, me fazendo cair no tatame com tudo.

— Que que cê tem, hein? Tá distraída.

— Não é da sua conta! — Me levanto, giro meu corpo e o chuto.

Me aproximo dele e o antigo com o joelho na parte do abdômen, ele resmunga por conta da dor, mas se recupera rapidamente. E então, no momento de distração por minha parte, ele se recupera e realiza um chute giratório que atinge minha cabeça. Caio no chão.

Me sento no chão, apoiei minhas mãos contra os joelhos e fecho os olhos tentando me concentrar. Mas não adianta, então bati minha mão contra o tatame.

— Você tá legal?

Solto um suspiro longo e logo abro os olhos novamente. Levanto minha cabeça e olho para ele.

— Sinceramente, Kwon? Eu não sei... eu estou com raiva, estou frustrada, e eu não sei lidar com isso.

Kwon ficou em silêncio enquanto me encarava, então ele desviou o olhar e soltou um suspiro.

— Se troca, vamos dar uma volta.

— O que? — Franzi o cenho.

— Você ouviu muito bem, não vou repetir de novo.

Então, sem questionar novamente, me levanto e saio do tatame, pego minha bolsa e vou até o banheiro, tiro o kimono do dojo que estava por cima de minhas roupas e o guardo dentro da bolsa. Saio do banheiro novamente e volto pra sala de treino. Kwon já está com sua roupa clássica, camisa preta, blusa de couro e uma calça preta.

— E aí, pra onde vamos? — Pergunto cruzando os braços.

— Vai ver. — Ele disse passando por mim.

— Aí, — Sigo ele pelo corredor. — por que cê tá fazendo isso?

— Porque você está distraída, e se estiver distraída, não tem como você lutar. — Ele respondeu sem olhar em minha cara. — Dá
Pra ficar quieta agora? Você fala demais.

Revirei os olhos e cruzei os braços
enquanto andava pelo corredor.

Mas aquela não era minha pergunta principal, a pergunta principal era o porquê ele estava fazendo isso, se importando com meu bem estar. Porém, não vou questioná-lo agora, realmente preciso me distrair.

(...)

Depois de um tempo, chegamos a um restaurante de comida japonês. Estranho o local, porque este era o lugar que nossos pais costumavam vir quando éramos crianças. Eu adorava este lugar por conta da comida.

Nos sentamos a uma mesa do lado de fora do lugar e pegamos o cardápio. Escolhemos o que iríamos pedir e assim que o garçom se foi, Kwon desviou seu olhar para as crianças que corriam um pouco à frente do restaurante.

— Aí, Kwon.

— Que? — Ele voltou a olhar para mim.

— Por que que cê me trouxe aqui? — Digo apoiando meus cotovelos na mesa e os cruzando. — No local que nossos pais vinham quando éramos crianças.

— Porque foi o primeiro lugar que me veio à mente. E também é perto do dojo.

Franzi o cenho pensando se foi coincidência ou não, mas logo assenti.

— E então cisnezinho, por que saiu do balé?

Revirei os olhos enquanto ajeitava minha postura no banco, sabia que ele iria me provar com isso.

— Porque eu quis. — Dei uma resposta curta e seca. — Pronto, tem sua resposta.

— “Porque eu quis” não é uma resposta clara, Melinda.

Então, respiro pensando na resposta.

— O balé pode parecer mais fácil que o karatê porque as pessoas vêem ele com algo delicado e fofo, mas não é. Ele exige o mesmo esforço, e te faz ir além dos limites, tanto físicos quanto mentais. E a minha professora era horrível, ela não sabia lidar conosco, quando eu machuquei o tornozelo em uma apresentação, ela me obrigou a fazer uma sequência de saltos por três horas, sem parar, e isso piorou mais ainda meu estado. Então decidi sair por conta própria, minha mãe nunca soube o real motivo de eu querer parar o balé, mas apenas entendeu minha decisão. Alguns meses depois, minha tia me apresentou o karatê e eu me apaixonei pelas artes marciais. Desde então estou no Cobra Kai. Satisfeito?

Ele assentiu, mantendo sua expressão neutra.

— E você, por que entrou no karatê? — Me apoio na mesa novamente. — Acho que nunca te fiz essa pergunta.

— Porque eu quis. — Ele repetiu minha fala no mesmo tom que havia falado.

Reviro os olhos.

— Engraçadinho você, né?

Ele abriu um sorriso sarcástico de lábios fechados. Balancei a cabeça e cruzei meus braços enquanto desviava o olhar para a rua.

Depois de um tempo, nossa comida chegou e começamos a comer. Kwon e eu quase não trocamos palavras enquanto comíamos, mas por um lado aquilo era bom, sabia que se ele falasse algo estúpido, ou fizesse alguma piada, iria me estressar.

Depois que terminamos de comer, Kwon entrou dentro do restaurante para pagar a conta. Enquanto ele paga, pego meu celular do bolso da calça e começo a ler as mensagens que haviam chegado enquanto estava comendo.

De repente, escuto uma voz, uma voz que conheço muito bem. A voz de Liam.

Olho para frente e vejo ele se aproximando do restaurante enquanto conversava com dois amigos seus.

— Droga. — Murmuro sentindo meu sangue ferver.

Será que não posso ter um momento de paz?

Logo, seus olhos cruzaram com os meus. Sua expressão que esboçava um sorriso mostrando os dentes agora esboça uma expressão fechada.

— Melinda.

— Só pode ser piada, né? — Desvio o olhar soltando uma risada sínica. Saio do banco e pego meu casaco que estava pendurado nela.

— Me deixa explicar.

— Explicar?! Definitivamente não.

— Melinda, não era eu, eu..

— Ah não? — Riu. — Então quem era aquele na foto, seu irmão gêmeo? Sinceramente Liam, se afasta, fica longe, não quero contato com você nunca mais.

Me viro para ir embora, mas ele segura meu pulso e me puxa para perto. Tento me soltar, mas ele segura meu pulso firmemente.

— Me solta. — Digo firme.

— Eu estou pedindo pra você me escutar, pelo menos uma vez!

— Eu disse pra você me soltar!

De repente, sou afastada de Liam. Kwon é quem me afasta dele.

— Ai cara, cai fora! — Ele se aproximou de Liam. — Ela não quer papo com você.

— E quem é esse? — Ele riu enquanto olhava pra mim. Mas logo ficou sério. — Por acaso já tá me trocando?!

— Se ela estivesse te trocando seria por alguém bem melhor que você.

Liam soltou uma risada enquanto olhava para a cara de Kwon.

— E esse alguém seria você por acaso?

— Aí você é um babaca mesmo, né? — Me aproximo dos dois. — Vambora, Kwon.

Tento ir em direção ao carro de Kwon, mas mais uma vez Liam me segurou.

— Eu já disse pra você me soltar!

E então, Kwon lhe deu um soco, fazendo Liam ir de encontro ao chão. Arregalo os olhos com seu ato.

— Ela disse pra você soltar ela. Não ouviu da primeira vez?

Liam levantou rapidamente e empurrou Kwon para trás. Merda.

— Quem você pensa que é pra me bater, hein?!

Kwon riu. Conheço essa risada, e ela não é nada boa. Logo, Kwon lhe deu um soco no estômago, Liam revidou lhe atingiu um soco na cara. Os dois começaram a lutar. As pessoas do restaurante que estavam do lado de fora começaram a se levantar das mesas e entrarem dentro do estabelecimento.

— Droga!

Olhei para o lado e vi que um dos garotos se aproximava de Kwon para impedi-lo de bater em Liam, mas sou mais rápida então me aproximo dele e o afasto com um chute em seu abdômen. O garoto se recuperou e me encarou.

— Não vou bater em uma mulher.

— Ah que pena, porque eu vou de bater em você.

Giro meu pé no chão e lhe dou outro chute, agora acertando em sua cabeça, fazendo o cair inconsciente . Olho para o lado procurando pelo outro garoto, mas ele já estava bem longe do local.

Então, volto a olhar para Liam, que já está de pé, com seu rosto machucado. Arregalo os olhos de surpresa, mas por um monte sinto vontade de sorrir.

Balanço a cabeça e me aproximo dele. Lhe dou um chute em seu abdômen e um soco. Ele se curva colocando a mão em seu abdômen.

— Isso é pra você aprender a nunca mais mexer com alguém que luta karatê, seu babaca!

De repente, ouço a voz de um adulto.

— 그만해! 이제 그만하세요! (Ei, parem! Parem já com isso!)

Olho para dentro do estabelecimento e vejo um homem vindo em nossa direção, provavelmente o gerente.

— Vambora. — Pego seu braço.

Fica longe dela! — Ele praticamente gritou enquanto eu o puxava.

— Kwon!

Então, ele se virou e corremos. Assim que chegamos ao carro, ele o abriu e entramos. Fechamos as portas e ficamos em silêncio, apenas tentando recuperar nosso fôlego por conta da corrida e da luta.

Mas então, em meio ao silêncio, começo a rir. Começo a gargalhar praticamente, Kwon me olha sério.

— Por que você tá rindo?

— Porque eu precisava disso. — Digo enquanto ria, mas logo parei e o encarei. — Eu precisava me distrair e dar um soco em alguém, especialmente em Liam. Valeu, Kwon.

Então, Kwon riu. Mas não foi uma risada sínica como ele costumava fazer, foi uma risada com humor. O que é estranho.

— Disponha, cisnezinho. — Ele disse parando de rir.

Sorrio. Até que foi bom extravasar tudo o que estava sentindo.

(...)

NOTAS.

Eu disse que o Kwon ia acabar com esse desgraçado e acabou mesmo 😝😝

O Kwon defendendo a Mei foi tão 🫦🫦

E aí, o que estão achando da fic até agora?

É isso, tchau até o próximo capítulo.

Beijos da autora 😘😘

2,405 palavras.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top