²²|Tequila e morango
— Por que eu não posso ficar no seu apartamento? Lá é legal
— Aqui também.
— Não conheço eles.
— Você me conhece há dois dias.
Isso faz Dean se calar enquanto abro a porta da casa dos meus pais. Empurro Dean para dentro, que está hesitante e tenso. É compreensível, eu acho, depois que acordei ele e disse para se arrumar porque ficaria com meus pais hoje.
Ainda não sei como prosseguir com essa situação envolvendo o Dean, mas deixar ele sozinho no meu apartamento o dia todo parece errado. Claro que ele não vê desse jeito, mas meu instinto diz que ele estará melhor aqui.
Enquanto Dean tira os sapatos na entrada, eu sigo para dentro da casa. Não há ninguém na sala, mas ouço vozes na cozinha e não fico surpreso ao encontrar meus pais aqui quando entro.
— Khalil! Que surpresa. — Minha mãe sorri para mim da bancada, onde está preparando alguma massa. Parece que sempre que venho aqui, eles estão cozinhando. — Veio tomar café com a gente?
— Não. Meu pai está? — Assim que faço a pergunta, a porta da cozinha que dá para a área externa é aberta e meu pai entra carregando uma cesta com o que acho ser tomates. Lembro de ele e Freya comentando sobre plantar verduras.
— Bom dia. Você aqui tão cedo, o que houve? — Meu pai arqueia a sobrancelha para mim, trocando um olhar com a esposa. — Você não apareceu para o jantar ontem. Anthony disse que você estava resolvendo algumas coisas na empresa.
— Como Kate não apareceu também, imaginamos que ela estava ajudando você…? — O tom de Carlota está cheio de insinuações.
Felizmente, antes que eu fale alguma coisa que eles considerariam grosseria, a atenção dos dois desvia para a entrada da cozinha.
— E quem é esse? — Fico aliviado quando a pergunta da minha mãe vem acompanhada de um sorriso caloroso.
— Esse é Dean, um amigo. Dean, esses são meus pais, Carlota e Enrico.
— Prazer em conhecê-lo, Dean. — Ao falar, minha mãe limpa as mãos antes de se aproximar de Dean para cumprimentá-lo.
Encaro meu pai e faço um sinal para área externa.
— Já volto — digo a Dean, que agora está sorrindo para algo que minha mãe disse.
Saio da cozinha e espero meu pai na área externa enquanto acendo um cigarro. Carlota com certeza vai me dar um sermão quando eu entrar e ela sentir o cheiro do cigarro, mas posso lidar com isso.
— Você não tem um amigo de dez anos desde que você tinha dez anos — Enrico fala ao me encontrar.
— Ele tem treze.
— Quem é ele?
Posso ter omitido a história de Dean quando Kathryn questionou, mas não é a mesma coisa com meus pais, principalmente com o que vou pedir a eles.
Então conto um resumo de tudo o que Dean me contou, incluindo como nos conhecemos e que ele está dormindo no meu sofá desde então.
— Acho que deixá-lo sozinho no meu apartamento não é muito melhor do que o que a mãe dele fazia — termino dizendo.
— E você quer que ele fique com a gente — meu pai completa, lendo minha mente.
Desvio meus olhos para o quintal, para as árvores e toda a grama aqui. Há até um pequeno jardim e uma fonte. Muito melhor do que paredes pretas.
— Ele estaria melhor aqui.
— Eu concordo. — Olho para ele, esperando o "mas" que eu sei que está vindo. Meu pai cruza os braços, me encarando com uma expressão pensativa. Mais uma vez, me pego pensando se ficarei igual ele quando for mais velho e viver o suficiente até ter a idade dele, já que somos parecidos. — Mas você não pode pegar uma criança na rua e decidir que quer cuidar dela. Dean tem família…
— A mãe dele não se importa com ele. Você ouviu tudo o que eu contei. Dean está melhor aqui.
Meu pai faz uma pausa, olhando para mim como se estivesse me vendo pela primeira vez.
— Você se vê no Dean.
— Não banque o psicólogo comigo. Você faria a mesma coisa se estivesse no meu lugar.
Quando seus olhos castanhos-esverdeados continuam sobre mim, olho para outro canto, cansado disso.
— Vou resolver essa situação — digo. — Só preciso de tempo e, enquanto isso, Dean precisa de um lugar seguro. — Meu pai sabe que não estou falando apenas de segurança domiciliar. Meu apartamento é seguro, mas é frio e impessoal demais para um garoto de treze anos que saiu de um lar conturbado.
— Ok. Cuidaremos dele. Mas precisa resolver isso logo. E não digo por nós, mas pelo Dean. Ele pode acabar se machucando.
Eu sei.
— Não diga nada a ele — peço quando meu pai faz menção de voltar para dentro. — Apenas deixe-o ver como vocês são e eu falarei com ele à noite.
— Tudo bem. Vou conversar com sua mãe.
Depois que ele entra, termino de fumar meu cigarro. São 08h e eu já deveria estar na empresa, mas não teria vantagens em ser o CEO se eu não pudesse chegar a hora que eu quiser.
— Você já tá indo? — Dean me para quando entro. Ele está sentado à mesa, comendo bolo.
— A não ser que você queira trabalhar por mim, sim.
— Eu teria que usar essas roupas? — Aponta para o meu terno e o sobretudo.
— Infelizmente.
— Então, não.
Garoto esperto.
— Vou voltar à noite. Não faça nada que eu não faria.
— Ok! Tchau!
☠️
Quando chego na empresa, Kathryn já está me esperando na minha sala, onde ela está colocando alguns documentos na minha mesa.
Ela está de costas, mas deve ter me ouvido chegar. Aproveito a oportunidade para analisá-la. Mesmo sem ver seu rosto, noto sua tensão. Não sei se tem a ver com a minha presença ou o que aconteceu ontem. Com certeza não vale a pena perguntar depois da sua reação quando a deixei em casa.
— Bom dia — Kathryn cumprimenta quando passo por ela para ocupar minha cadeira. — Você tem uma reunião com o Sr Jameson em uma hora. Os documentos estão todos aqui.
Caso eu não estivesse naquela sala de jantar ontem, não teria imaginado que há algo errado com Kathryn pois ela está se mostrando ser muito boa em fingir. Foi mais uma das coisas que Alexander ensinou a ela: não mostrar sua fraqueza? Antes eu achava que ela era fácil de ler, mas talvez ela só quisesse que eu pensasse assim.
— Mais alguma coisa? — Kathryn olha para mim, esperando. Eu, no entanto, estudo seu rosto em busca de algo, qualquer coisa. Mas é como se ela tivesse grudado uma máscara em seu rosto. Sua maquiagem e seu cabelo estão impecáveis, assim como suas roupas. Aquela tensão que notei quando cheguei desapareceu e até o seu olhar está um pouco zombeteiro, como se estivéssemos seguindo nossa rotina de mais uma manhã normal.
Faço que não.
— Ok. — Ela hesita. — Gostaria que não falasse sobre o que aconteceu ontem com ninguém.
Anuo. Kathryn semicerra os olhos, mas depois suspira e deixa o escritório.
Tento focar no meu trabalho depois disso, me preparando para a reunião, mas não consigo. Minha mente sempre fica voltando para Kathryn.
Eu estava certo todos esses dias quando estranhei o seu comportamento. Após ouvir tudo o que ela e Alexander discutiram, faz sentido, apesar de eu ter perdido algumas coisas. Como, por exemplo, o que desencadeou toda essa confusão. Pelo que entendi, Kathryn não via Alexander desde os dezenove anos, mas foi atrás dele porque ele sabia sobre os pais dela. Kathryn disse que teve um flashback da morte da mãe biológica, o que significa que ela não lembrava?
Tento preencher as lacunas e enquanto isso, não consigo esquecer como ela ficou ao ouvir tudo o que Alexander disse. A última vez que vi Kathryn tão abalada foi quando meu pai ficou doente, e mesmo naquela ocasião, ela ainda conseguiu se conter bem, apesar de ter desmaiado em meus braços praticamente.
Se eu fosse um cara esperto, deixaria isso de lado, afinal, a própria Kathryn me pediu para deixá-la em paz. Ela só esqueceu que não gosto muito de seguir ordens, apenas aquelas que me convém.
Na hora do almoço, recebo uma mensagem de Anthony me convidando para almoçar. Geralmente gosto de almoçar sozinho porque uso esse tempo para ficar no estúdio e como alguma coisa no caminho de volta para a empresa. Mas na mensagem do meu irmão também diz que Kathryn irá almoçar com ele. Duvido que ela saiba que ele está me convidando, mas isso não me impede de aceitar.
Visto minhas luvas e meu sobretudo, então deixo meu escritório. Bem a tempo de ver Kethelyn entrando no elevador.
Em passos largos, adentro a caixa de metal antes que ela se feche, para a infelicidade de Kathryn quando ela tenta disfarçar a careta.
Claro que não nos falamos, mas eu a observo descaradamente enquanto ela procura alguma coisa dentro da sua bolsa. Seu cabelo cai na frente do seu rosto e eu escondo minhas mãos nos bolsos do sobretudo quando a vontade de afastar a mecha me domina.
Kathryn finalmente acha o que estava procurando: um batom.
Devo ter feito algum barulho porque ela me olha pelo espelho do elevador e arqueia a sobrancelha.
— O quê?
Encolho meus ombros, fingindo inocência.
Ela revira os olhos e começa a passar seu batom enquanto se olha em um pequeno espelho que ela também tirou da sua bolsa.
— Por que você está olhando? Quer passar também? — pergunta, sua voz pingando sarcasmo.
— Não. Só estou imaginando como sua boca ficará em volta do meu pau. Com certeza deixará uma marca de batom. — Afasto-me da parede quando as portas abrem. Kathryn ainda está me olhando pelo espelho, um pouco de incredulidade em seu olhar. Sussurro em seu ouvido ao passar por ela: — Sorte a sua que eu gosto de vermelho.
Saio do elevador, então, encontrando meu irmão esperando já no saguão.
— Vai almoçar com a gente? — Anthony ergue as sobrancelhas, lembrando-me que não respondi sua mensagem.
— Não pareça tão chocado.
— Você nunca almoça com a gente, claro que estou chocado.
Reviro os olhos, mas guardo qualquer comentário para mim quando Kathryn nos alcança. Seu rosto está corado, o que me dá um pouco de satisfação.
Fica melhor, porém, quando nós três deixamos a empresa e ela percebe que eu os estou acompanhando.
— Por que você está nos seguindo? — questiona com uma careta.
— Fui convidado.
Sua cabeça gira e ela encara Anthony.
— Você o chamou?
Anthony encolhe os ombros.
— O que posso fazer? Sou um bom irmão.
— Ah, pelo amor de Deus! Eu não vou almoçar com ele. — Kathryn para de andar, começando a dar meia volta, mas Anthony passa o braço por seus ombros e a força a continuar andando na calçada conosco.
— Vai, sim. Eu pago a conta.
Kathryn cruza os braços.
— Você sempre paga.
— Sim, porque sou um cavalheiro.
O sorriso de Kathryn é puro deboche quando ela me encara.
— Aposto que você não conhece o significado dessa palavra.
— Não, esse daí é todo bad boy e trevas — Anthony diz. — As garotas gostam do tipo dele nos livros e na TV, mas são caras como eu que elas preferem na vida real.
Arqueio a sobrancelha para Kathryn enquanto paramos para esperar o semáforo.
— Isso é verdade? — Eu sei que não, assim como ela. Não me esqueci do que vi no seu histórico de navegação.
— Sim. Anthony é o cara dos meus sonhos.
— Wow. Calma, aí, querida. Assim eu me apaixono. — Meu irmão dá risada. Ele ainda está com o braço em volta dos ombros dela e agora Kathryn entrelaça as mãos dos dois, como se fossem a porra de um casal.
— Você irá me mandar flores e chocolate?
— Tudo o que você tiver direito, amor.
Reviro os olhos e começo a andar quando o sinal fecha. O idiota do meu irmão e Kathryn seguem atrás de mim, cochichando e rindo entre eles. É por isso que almoço sozinho.
Quando chegamos ao restaurante, Kathryn escolhe uma mesa na janela e Anthony senta ao seu lado e eu acabo ficando de frente para os dois. Isso me dá a oportunidade de analisar a dinâmica deles mais de perto. Kathryn fica bem mais relaxada na presença de Anthony do que na minha, rindo e fazendo piadas com ele. Bem, foda-se, eu não me importo. Ela pode mentir para ele sobre como é o seu homem dos sonhos, mas sou eu quem faz ela gemer e está apto a realizar suas fantasias.
Depois que o garçom vem até nós e fazemos nossos pedidos, Kathryn suspira e apoia a cabeça no ombro de Anthony.
— Eu preciso de uma folga.
Ambos olham para mim.
— Você tem folga nos fins de semana — digo e Kathryn revira os olhos ao mesmo tempo que cruza os braços.
— Não conta. Quando é o próximo feriado?
— 4 de julho? — meu irmão sugere.
— Isso é quase em dois meses! Tenho certeza que tem algum outro antes disso.
— Tanto faz. Você não precisa esperar um feriado para ter uma folga. Tenho certeza que Khalil pode te liberar algum dia da semana. — Olhos castanhos me encaram. — Certo?
— Não.
— Viu? Ele é mau. Por isso você é o meu preferido. — Kathryn se aconchega ainda mais ao lado de Anthony, que não vê problema nenhum nisso. Muito pelo contrário, ele começa a fazer carinho no cabelo dela.
— Não posso sentir muito, então, porque se meu irmão não for um idiota, eu não serei mais seu preferido.
— Você sempre será o meu preferido, só não conte ao Eros. Eu conheci ele primeiro, pegaria mal, você sabe.
Enquanto meu irmão ri, Kathryn percebe o que disse e me encara. Nós dois sabemos que não foi o Eros que ela conheceu primeiro. Pela leve tensão em seus ombros, eu diria que ela espera que eu revele a verdade agora, mas não faço isso. Nunca entendi porque ela mantém isso em segredo, mas terei tempo para confrontá-la outra hora. Por enquanto, esse pode ser mais um dos nossos segredinhos sujos.
— Tudo bem? Você ficou tensa — Anthony pergunta a Kathryn. Não gosto que ele esteja tão ciente do corpo dela.
— Só estou cansada. Se continuar fazendo isso, irei dormir aqui mesmo.
Anthony não para de fazer carinho no cabelo dela, no entanto. Ele apenas tira seu celular do bolso e começa a mexer, enquanto Kathryn fecha os olhos e relaxa. Ela nunca relaxa quando está comigo. Claro, estamos sempre brigando ou nos provocando, mas mesmo no elevador antes que eu falasse aquilo, ela não estava tão relaxada como está com meu irmão.
Tensiono minha mandíbula, incomodado em quanto isso me incomoda. Os dois não parecem perceber, no entanto, e não sei se isso é pior.
Quando nossos pedidos chegam, Kathryn se endireita para poder almoçar então ela e Anthony mantêm uma conversa entre si durante todo o almoço. Eu fico calado, mesmo quando meu irmão me faz perguntas, às quais eu respondo apenas com acenos. Depois da terceira, ele me deixa em paz, o que só piora meu mau humor.
Como Anthony quer bancar o cavalheiro, deixo que ele pague a conta enquanto Kathryn pede licença para ir ao banheiro.
— Você já quis foder ela?
Anthony engasga com o café que ele está bebendo e me lança um olhar cheio de interrogações.
— Quem?
— Kathryn.
— Deus, não. — Sua careta parece verdadeira. — Ela é, tipo, como uma irmã para mim.
— Mas ela não é sua irmã. Não há nada impedindo vocês dois.
Anthony abre a boca para dizer alguma coisa, porém se cala na mesma hora, semicerrando os olhos.
— Você está com ciúmes.
Reviro os olhos.
— Não estou com ciúmes, apenas intrigado. — Não adianta dizer isso a Anthony porque o sorriso já começou a crescer em seu rosto.
— Puta merda, você está mesmo com ciúmes!
— Tire esse sorriso do seu rosto ou eu mesmo tiro.
Claro que ele não faz, e só me deixa mais irritado, por isso levanto e faço meu caminho para fora do restaurante.
Irmãos mais novos, sempre tão irritantes…
☠️
No fim do dia, passo na casa dos meus pais para pegar Dean e acabo sendo obrigado a ficar para o jantar. Eu reclamo e passo o jantar inteiro em silêncio enquanto meus pais e Dean conversam. No fundo, porém, admito que foi uma boa escolha ter ficado, pois a comida que Carlota fez estava muito boa. Com certeza poupou Dean e eu de comermos besteira no jantar.
— Seus pais são legais — ele comenta quando chegamos no apartamento.
— Eu disse que eram.
— Sua mãe faz uma comida dos deuses. — Pela olhar sonhador dele quando se joga no sofá, ainda está pensando no jantar. — Ela disse que você sabe cozinhar tão bem quanto. É verdade?
— Sim.
— Você só fez o jantar uma vez.
— Faz três dias que você está aqui.
— E comemos comida de delivery quase sempre.
— Eu tenho preguiça de cozinhar — confesso para que ele me deixe em paz sobre isso. Não é uma mentira. Cozinhar apenas para um sempre pareceu um desperdício de tempo.
Dean balança a cabeça.
— Onde esse mundo vai parar…
Jogo uma almofada nele e digo para ir tomar banho, então vou para o meu quarto, onde tiro minhas roupas e depois sigo para o banheiro.
Quando termino, volto para a sala e espero Dean para que possamos conversar. Ainda não toquei no assunto sobre ele ficar com meus pais enquanto resolvo essa situação.
— Ei, você gosta de Piratas do Caribe? — Dean pula no sofá, tendo saído do banho.
— É um dos meus filmes preferidos.
— Quer assistir?
— Depois. Precisamos conversar antes.
Isso o faz olhar para mim e sentar depois que percebe que é um assunto importante.
— Manda.
— Você disse que gosto dos meus pais, certo? — Dean anue. — E da casa?
— É legal. Seu pai disse que a gente pode jogar futebol, mas que ele tá enferrujado.
Sorrio um pouco, lembrando que meu pai treinava comigo quando podia na época que eu jogava na escola.
— Certo. — Pigarreio. — Você gostou de lá o bastante pra passar um tempo com eles?
Dean franze a testa.
— Como assim?
— Eu quero ajudar você. Não vou deixar que volte a morar com sua mãe, a não ser que você queira. Mas talvez ficar comigo, aqui nesse apartamento, não seja a melhor alternativa no momento.
— Por que não?
— Eu não seria muito melhor que a sua mãe se deixasse você largado aqui, não concorda? Eu sei que você gosta de passar o dia comendo besteira, assistindo TV ou jogando videogame, mas isso não é tão legal quando feito a longo prazo. Além disso, não estou aqui durante o dia para fazer outras coisas com você. Como jogar futebol.
Dean fica pensativo, jogando o controle da TV de uma mão para a outra.
— Acho que você está certo, mas o que eu faria na casa dos seus pais? Não quero incomodar.
— Minha mãe vai ensinar você a cozinhar e fará você ter uma alimentação saudável. Meu pai, por outro lado, vai tentar te convencer a estudar e a deixá-lo te ensinar. E depois ele vai assistir filmes idiotas de super-heróis com você para que não o odeie por pegar no seu pé.
Dean dá risada.
— Super-heróis não são idiotas, cara.
— Salvam o mundo quando metade das pessoas não merecem ser salvas. É idiotice para mim.
— Mas a outra metade é boa. Elas não merecem morrer por causa da metade ruim.
Semicerro os olhos.
— Isso é algo que meu pai acharia interessante discutir.
— Seu pai é mais legal que você.
— Eu sei.
Nós dois ficamos em silêncio. Não vou apressá-lo a tomar uma decisão ou obrigá-lo a ir morar com meus pais. Os últimos dias assistindo filmes antigos e clássicos foi legal, mas preciso escolher o que é melhor para o Dean até que possamos ver o que faremos a longo prazo.
— Se eu for, não vou ver mais você? — pergunta após alguns minutos.
— Prometo passar lá todas as manhãs e sempre que eu puder depois do trabalho.
— Fechado. — Dean estende sua mão e eu aperto. — Agora vamos assistir Piratas do Caribe?
— É claro.
☠️
À meia-noite, pego meu celular. Dean está dormindo desde os primeiros minutos do terceiro filme, mas continuei assistindo sem ele. É meu filme preferido, amigo, sinto muito.
Enquanto o filme passa na TV, abro o aplicativo do Instagram. Navego na tela inicial por algum tempo antes de atualizar. Ao fazer isso, o perfil de Kathryn surge, indicando que ela postou um stories.
Cogito por alguns segundos se devo ou não abrir, mas já estou apertando no círculo com sua foto antes mesmo de terminar de tomar minha decisão.
Música alta explode do meu celular e eu abaixo para não acordar Dean. Pelas pessoas ao redor e por ela estar em um balcão, não demoro para perceber que Kathryn está em um bar. Alguém a está filmando enquanto ela, apenas com a boca, pega um shot, consequentemente bebendo o líquido. Ela faz isso mais quatro vezes com um pequeno intervalo entre eles, antes de se virar para a câmera e soltar um beijo.
Eu assisto o vídeo de novo, dessa vez prestando atenção no que ela está vestindo: um top vermelho de alcinhas que deixa sua barriga exposta e mostra tanto dos seus seios que parece mais um sutiã. Na parte debaixo, pelo menos, ela está usando uma calça, pelo pouco que posso ver. Seu cabelo está solto e um pouco bagunçado, fazendo-me questionar se ela deixou assim propositalmente ou se é consequência de alguma atividade que ela andou fazendo. A ideia não me agrada.
Onde vc está??
Mando a mensagem e espero pela resposta. Não vem imediatamente como eu gostaria, mas cinco minutos depois quando já encarei tanto a tela do celular que comecei a sentir dor de cabeça.
Pq vc quer saber?
Apenas redonda a pergunta.
🙄🙄🙄
Começo a digitar para ela me responder com palavras e não com a porra de emojis, mas então outra mensagem chega. Uma foto dela me mostrando seu dedo do meio.
Muito maduro.
Fds vc. Oq vc quer???
Me deixa em paz.
Não.
Com quem vc está?
Vc tem carona pra casa?
???
Kathryn.
Me responde, porra
QUAL O SEU PROBLEMA????
PARA DE ME MANDAR MENSAGEM, SEU PSOCIOTA
PSICOPATA
Argh. Fds!
Vá para casa.
Você tem trabalho amanhã.
Eu me demito
Vc não pode se demitir
Eu acabei de fazer
N aceito a sua demissão
Ent se fode, babaca
Tchau
Vou dançar com o Adam
Quem é Adam?
Mais uma vez, ela demora para me responder e minha paciência começa a se dissolver. Quem caralhos é Adam? Ela está saindo com alguém? Gregory, Adam, Brody… Ela tem um homem pra cada semana, porra?
Se ela te ouvisse agora, te chamaria de machista.
Que se foda, caralho.
Novamente sua resposta é uma foto, mas ela não está sozinha. Um homem que não conheço está com Kathryn. O braço dele está sobre os ombros dela e ele está lhe dando um beijo na bochecha. A porra de um beijo.
Adam disse q eu sou gostosa
Como se eu n soubesse
Mas ele é bonitinho. Parece ser bom de foda
Tchau agora vou daanfar msm
Dancare
Damxar
FODA-SE ESSA PORRZ
"Parece ser bom de foda"? É assim que ela decide quem vai levar pra cama?
Pensar em Kathryn e esse filho da puta nus em uma cama é o estopim que eu precisava para levantar.
Estou indo aí.
N vá pra casa com o Adam
Estou falando sério, Kathryn
— Porra! — xingo quando termino de trocar de roupa e vejo que ela não me respondeu.
Eu não sei onde ela está, mas lembro que naquele vídeo ela marcou duas pessoas: @fran_kie e @lilah_s15. Eu entro no perfil da primeira, mas é privado, o que quase me faz jogar meu celular na parede, porém, quando entro no terceiro, consigo acessar seus stories. Tem uma sequência deles e Kathryn está quase em todas, ou bebendo ou dançando com elas. Porém, o que mais me importa é o pequeno ícone marcando a localização.
Obrigado, porra.
☠️
Achar o bar não foi difícil, já que é perto da Black Drink, uma boate que meus irmãos costumam frequentar. Entrar também foi fácil, pois o bar não está tão lotado por ser uma quinta-feira.
A parte realmente complicada é achar Kathryn. Procuro por seus olhos puxados e seu cabelo longo, mas ela não está absolutamente em lugar nenhum. É possível que ela tenha ido embora com aquele tal de Adam? Talvez ela tenha visto minha mensagem e resolveu ser mais rápida que eu pois sabia que eu não estava blefando.
Continuo procurando, apesar dessa possibilidade e finalmente encontro alguém familiar. Não Kathryn, mas uma mulher de cabelos loiros cacheados que vi nos stories. Ela está dançando com a outra mulher que estava completando o trio.
Me aproximo delas.
— Cadê a Kathryn?
Ambas param de dançar e me olham estranho.
— Desculpe, não conhecemos nenhuma Kathryn…
— Kate — a interrompo. — O apelido dela é Kate.
— Aaaah — as duas falam em uníssono, mas suas caras feias não melhoram. Pelo contrário.
— Quem é você e por que você está atrás da nossa amiga? — a loira questiona. Porra, eu não tenho tempo pra isso.
— Sou o namorado dela.
Betty e Verônica olham para mim e dão risada.
— Kate não namora.
— É melhor você ir embora, cara.
Que Deus me dê paciência.
— Ela me ligou. Pediu que eu viesse buscá-la. Disse que tinha um cara incomodando ela. Um tal de Adam.
Pela primeira vez, as duas mulheres parecem começar a levar a sério o que eu estou falando. A loira ainda está hesitante, mas a outra suspira e aponta uma direção.
— Ela foi para os fundos com ele.
— Se ela está com problemas, por que não veio falar com a gente?
— É melhor irmos com você…
— Não precisa. — Já estou me afastando das duas.
A porta dos fundos abre com facilidade e a primeira coisa que vejo, como Betty e Verônica disseram, é Kathryn com o homem da foto. Pelo menos acho que é ele. Está de costas para mim com as pernas de Kathryn entrelaçadas a sua cintura. As mãos dele agarram as coxas dela conforme eles se beijam.
Eu bato a porta com força, fazendo o barulho ecoar pelo beco escuro. Adam desgruda sua boca da de Kathryn e olha por cima do ombro.
— Qual foi, amigo?
Não estou olhando para ele, no entanto, mas para Kathryn que lentamente para de sorrir quando me vê.
— Me desobedecendo mais uma vez, Kathryn?
Adam olha para ela e depois para mim.
— Vocês se conhecem? — Nenhum de nós responde. — Você não disse que tinha namorado, gata. — Sabiamente, Adam a coloca no chão e dá um passo para trás.
— Eu não tenho.
— Esse cara parece ter a fúria de um namorado traído.
Kathryn revira os olhos.
— Ele não é meu namorado.
Adam olha mais uma vez para mim e toma sua decisão, dando outro passo para trás.
— Eu prefiro não arriscar. Eu disse a você que sou modelo, o que significa que dependo do meu rosto para ganhar dinh…
— Sai logo, Adam. — Kathryn e eu nos encaramos quando dizemos ao mesmo tempo. Enquanto seu rosto fica vermelho e ela cruza os braços, eu me afasto da porta para que Adam vá embora. Eu quero dar um soco nele? Sim, mas foi Kathryn quem me desobedeceu. Ela quem merece uma punição.
Quando a porta é fechada, sobra apenas nós dois no beco.
Ela realmente está de calça, mas parece ser de couro. Só posso imaginar quantos olhares ela não atraiu essa noite. E um deles foi obviamente o babaca do Adam, com quem ela estava fazendo uma performance de desentupir uma pia.
— Entre. Vou levá-la para casa — digo calmamente.
— Você não man…
Ela fecha a boca quando dou passos na sua direção, obrigando-a a recuar até a parede. O cheiro de tequila e morango inundam meus sentidos quando estou perto o suficiente dela para notar o seu batom levemente borrado.
Seguro seu rosto, apertando um tanto rudemente suas bochechas enquanto encaro sua boca que até outro momento estava sendo beijada por outro homem.
— Eu deveria lavar sua boca com água sanitária.
Kathryn grunhe, batendo no meu braço.
— Eu vou beijar quem eu quiser!
— Não, você não vai. — Então eu a solto e giro seu corpo, fazendo com que sua frente fique pressionada contra a parede. Kathryn arfa e depois tenta virar de volta, mas eu a seguro. — Se sabe por quê?
— Me solta!
Seguro seus braços em suas costas com uma mão e com a outra eu puxo seus cabelos até que seu rosto esteja inclinado para trás e eu possa ver a expressão raivosa nele.
— Porque você é minha. Sua boca, sua boceta, toda a porra do seu corpo é meu. E eu decido o que fazer com ele.
— Eu não sou sua propriedade!
— Ah, querida. Você é o meu brinquedo. E eu vou usar, foder e então quebrar você quando eu ficar cansado. — Sorrio levemente. — Ou não. Talvez eu fique com você para sempre. Não me decidi ainda.
— Você é doente!
— Mas sabe qual a melhor parte? — sussurro em seu ouvido, ignorando-a. — É que você vai adorar cada momento.
— Eu te odeio. Eu te odeio mais que qualquer coisa no mundo.
Faço um estalo com a língua, soltando seus braços e seu cabelo, mas ainda não acabamos. Kathryn volta a se rebelar, mas não usa nenhuma das habilidades que agora eu sei que ela tem. Sou maior e mais forte que ela, mas tenho que assumir que Kathryn recebeu um treinamento justamente para derrubar homens do meu tamanho e maiores que eu.
Mas ela não usa nada disso, reforçando ainda mais o que eu já sabia: ela gosta de jogar, gosta de me ter no controle e de fingir odiar isso também.
— Uma garota má precisa da sua punição, não é? — murmuro quando começo a desabotoar sua calça.
— O que você está fazendo? Pare com isso! — Suas mãos tentam impedir as minhas, mas eu a seguro, parando momentaneamente minha tarefa.
— Use a palavra e eu irei parar.
Mas ela não usa. Durante os cinco segundos que espero, Kathryn fica calada e não diz sua palavra de segurança.
Com sua permissão – mesmo que ela não vá admitir – abaixo sua calça e sua calcinha o suficiente para revelar sua bunda. Meu pau endurece. Tenho vontade de me ajoelhar e provar sua boceta, mas preciso puni-la primeiro.
Faço-a dar dois passos para trás e inclino seu corpo para frente.
— Ponhas as mãos na parede e não se mexa.
— Alguém pode aparecer — murmura, fazendo o que eu mandei.
— Ótimo. Assim verão o que acontece com garotas desobedientes como você.
Acho que ouço-a soluçar.
Tiro meu cinto e dou um passo largo para trás. Notando minha distância, Kathryn olha por cima do ombro. Seus olhos descem para o cinto na minha mão.
— Khalil, por favor…
Dou o primeiro golpe.
Kathryn fecha os olhos, mordendo o lábio.
— Conte.
Quando ela demora de dizer, lhe dou outro golpe.
— Dois!
— Não. Do início. A primeira não contou por causa da sua demora.
O olhar mortal que ela me lança sobre o ombro me faz sorrir.
— Um.
Muito bem, Kathryn. Muito bem…
Golpe.
— Dois.
De novo.
— Três.
De novo.
— Quatro.
De novo.
— Chega!
— Eu digo quando parar. Continue. — Quando Kathryn não conta, meu cinto colide com a bunda de novo.
— C-cinco. — Sua voz treme e eu não perco a forma como ela está esfregando suas coxas juntas. Ela já está molhada? Quando excitante é ter sua bunda sendo surrada em um beco onde qualquer pessoas pode aparecer e ver?
Só há uma maneira de saber.
— Toque-se — ordeno.
— O-o quê?
— Eu sei que você está molhada. Dê prazer a si mesma.
Kathryn hesita apenas por um momento, mas me obedece. Não estou sendo caridoso e ela sabe. Deixar que ela se dê prazer é apenas mais uma forma de mostrar o quanto ela gosta disso. E mesmo odiando que eu esteja lhe dando a dor e o prazer que ela quer, ela não consegue resistir.
Quando sua mão some entre suas pernas, Kathryn deixa um gemido escapar e eu posso imaginar seus olhos fechados e os lábios entreabertos enquanto ela esfrega seu clitóris.
Puxo minha mão para trás e bato na sua bunda com o cinto outra vez.
— S-seis…Oh!
A iluminação do beco é ruim, mas há luz o suficiente para eu ver não só as marcas do meu cinto na sua bunda, como seus dedos entrando e saindo da sua boceta.
Lhe dou outro golpe, segurando fortemente o cinto em minhas mãos como se fosse meu autocontrole. Se eu deixá-lo cair, não posso prometer que não irei foder Kathryn aqui mesmo nesse beco.
— Sete!
Repito o movimento.
— Porra… Oito… — Seus dedos se movem mais rápido dentro dela e Kathryn começa a ofegar.
Outro golpe.
— N-no… — A contagem é interrompida por um gemido que ecoa diretamente para o meu pau quase estourando minha calça.
— Kathryn.
— Nove! Nove…
Dou o último e o mais forte golpe em sua bunda, agora completamente coberta pelas marcas que fiz.
— Dez… Oh, meu Deus… Khalil…
Vou até Kathryn e passo meu braço ao seu redor, estabilizando-o quando seu corpo estremece com o orgasmo.
— Sim, querida, eu sou o seu Deus — sussurro em seu ouvido antes de virar seu rosto e beijá-la.
Kathryn geme contra meus lábios e o gosto de tequila e sal enchem minha boca com um leve frescor de morango. Combina com ela, penso. Kathryn tem a acidez e a transparência da tequila, mas a doçura e a beleza do morango.
— Vamos, vou levá-la para casa.
☠️
Tudo oq eu tenho a dizer sobre esse capítulo: KWKSIWI448T8FUHFBFHDIXXBBCCNDMSKJDBDIDJDBDJSKWIDBDJEIEIIDIDI!
E é isso, gente🤭🤭🤭.
Será q é pedir muito pra q o Khalil
me castigue tmb🤭😩.
O próximo promete, viu...👀🤫
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2bjs, môres♥
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