⁵²|Nunca confie em ninguém
— O quê? — sussurro, mal me dando conta quando um dos seus homens me desarma. Ele não tem dificuldade em fazer isso porque estou totalmente paralisada.
No chão, Cedric tenta se erguer, mas meus olhos estão em Alex. O último ainda está sorrindo. Suas palavras estão ecoando na minha cabeça. Ele não pode estar falando sério. Isso…. Não.
— Você estava tão cega, que não fez as perguntas certas. Não insistiu — Alex conta, fazendo um sinal para que seus homens peguem Cedric. — Você não achou estranho que eu tenha esperado tanto tempo para me vingar de Cedric? Ele matou o meu irmão e você acreditou que eu não me vinguei porque estava esperando por você, a minha suposta sobrinha?
Olho de relance para Cedric. Dois homens o colocaram de joelhos e prenderam seus pulsos atrás das suas costas. Ele ergue o rosto para mim. A dor está estampada lá, mas há arrependimento também. Posso jurar que vejo a palavra "desculpe" se formar em seus lábios.
— Isso não faz sentido — sussurro, voltando meus olhos para Alex. Não faz, certo?
— O que eu ensinei a você, Kate? Nunca confie em ninguém. Você deveria ter me ouvido. — Quando nos alcança, Alex para na frente de Cedric. Ele puxa o cabelo do outro homem, obrigando Cedric a encará-lo. Sua raiva está tão nítida que posso senti-la como algo físico. — Olá, velho amigo.
— Seu filho da puta desgraçado. Vou matar você como fiz com o seu irmão desprezível — Cedric cospe as palavras. Mesmo estando desarmado e sem vantagem alguma, ele não demonstra ter medo de Alex.
Mas Alexander não gosta disso, porque dá um soco em Cedric. Então ele se abaixa para poder sussurrar. Apesar da sua voz estar mais baixa, eu ainda posso ouvi-lo quando diz:
— E eu vou matar a sua querida filha, como fiz com a sua adorável esposa.
Desde que Alex entrou nesse galpão, ele admitiu ser um mentiroso manipulador. Ele disse que eu deveria ter acreditado em Cedric e Cedric disse que Alex matou minha mãe. Eu ouvi e não acreditei. Depois, não liguei os pontos porque estava confusa. Mas agora tudo está claro enquanto olho para as costas de Alex.
Ele matou a minha mãe. Esse mesmo homem que achei que havia me estendido a mão. Quem me ensinou a lutar e a me defender. O homem por quem eu matei. O homem que eu vi como figura paterna depois que Yuna morreu… E que provavelmente a matou também.
A raiva me domina. É mais forte que qualquer coisa que eu já senti. Odiar Cedric – odiar meu pai –, não foi assim. De alguma forma, o ódio que eu sentia por ele havia sido platônico. Mas por Alex… Confiei nele. Por quatro anos, eu vivi e respirei às suas ordens, sem fazer ideia que ele era o homem que destruiu a minha família tantos anos atrás. Eu servi ao assassino da minha mãe. O nojo e o ódio por mim mesma quase se igualam ao que sinto por Alexander.
Guiada pelo ódio, eu não penso ao puxar uma faca curta da minha bota e avançar para cima de Alex, mirando na sua jugular.
Apenas para ser impedida por um dos seus homens, aquele que havia me desarmado.
— NÃO! — grito, mesmo sabendo que é inútil. Perdi minha chance. Com um único movimento, ele me desarma novamente e depois me agarra, segurando meus pulsos atrás das minhas costas.
Eu grito e me debato, mas não consigo me soltar. Não consigo pensar direito em uma estratégia para me livrar dele.
— Pelas costas, Kate? — Alex está me encarando. Parece decepcionado. — Te ensinei melhor do que isso.
— Vou matar você — prometo, minha respiração ofegante. — Vou cortar a porra da sua garganta e assistir enquanto você sufoca com o seu próprio sangue.
— Você tem o temperamento do seu pai. Que fofo.
Algo estranho acontece. Minha visão começa a ficar vermelha nos cantos. Não sei se é a minha raiva de alguma forma me fazendo delirar, ou sou eu simplesmente perdendo o controle. Mas isso me domina. Cada respiração, cada batida do meu coração, está sendo guiada por essa raiva. É como uma besta dentro de mim que está enjaulada e implorando para se libertar.
Então eu me liberto. Porque Alex pode se achar o fodão, mas o seu maior erro foi me transformar em um soldado. Mesmo agora, quando apenas o ódio e a raiva estão me guiando, eu ainda me mexo com a experiência de todos os anos que fiquei sob seu controle. O homem me segurando não tem chance. Eu piso no seu pé forte o suficiente para vacilar ligeiramente. É o bastante para mim.
Ao libertar um braço e girar, não dou tempo para ele registrar minha mão já puxando sua arma do coldre. E quando ele percebe, já é tarde demais, eu já estou puxando o gatilho. A queima roupa, atinjo bem entre os seus olhos. Seu corpo mal terminou de cair e eu já em posição novamente. A ação durou cinco segundos, no máximo, mas nesse tempo três homens conseguiram se aproximar de mim. Um deles está na frente de Alex, protegendo-o.
— Não a matem — Alex ordena. Claro que ele iria me querer viva.
Os outros dois homens avançam, seus olhares confiantes contrastando com minha determinação. Estou ciente da desvantagem de altura, mas confio no meu treinamento. Com a arma firme em minhas mãos e outra faca na bota, me preparo. Matarei esses dois se for preciso. Matarei todos os outros que avançarem depois que eu derrubá-los, mas chegarei a Alex.
O primeiro se lança em minha direção, tentando me pegar desprevenida. Com um rápido movimento lateral, desfiro um gancho de direita, atingindo seu maxilar e fazendo-o recuar momentaneamente, surpreso. Aproveito a brecha para desferir um chute alto em sua direção, atingindo-o no peito e deixando-o ofegante. É patético como homens maiores ainda ficam chocados quando alguém do meu tamanho, principalmente mulheres, conseguem atingi-los.
O segundo homem não perde tempo e avança, aproveitando o momento de desequilíbrio do primeiro. Mantenho a calma, concentrada em cada movimento. Desvio de seus ataques, usando minha agilidade para me manter na defensiva. Quando ele investe com um golpe de soco, respondo com uma rápida defesa de bloqueio, desviando o ataque para o lado.
Encontro uma brecha e contra-ataco, lhe dando um chute alto, que atinge sua mão, derrubando sua arma. Eu puxo minha faca da bota nesse momento e atinjo seu abdômen. Ele recua praguejando e eu volto a atenção para o primeiro.
Com minha determinação renovada. Ele retorna com fúria, mas estou preparada. Utilizo a arma com maestria, bloqueando seus golpes e encontrando os momentos certos para contra-atacar. Mas seus golpes estão mais forte agora e ele consegue me antingir com um gancho de direita. Cambaleio, sentindo a dor correr pelo meu maxilar.
— Seu filho da puta — cuspo sangue no chão e volto meu olhar para o desgraçado sorridente.
Sabendo que ele não está esperando um avanço tão rápido porque acha que sou fraca, pego-o de surpresa, de fato, avançando. Quando ele tenta repetir seu golpe, eu me esquivo, já tendo memorizado a forma como ele se move. Meu movimento me permite agarrar seu pulso e torcer seu braço para trás em suas costas. Dou um tiro na sua cabeça.
Eu vejo pelo canto do olho quando o outro, aquele que eu deixei com uma faca no abdômen, aproveita para avançar. Eu me jogo no chão, minha arma em posição e atiro. Três vezes. Choque e fúria brilham em seus olhos enquanto ele cai.
Eu rolo para o lado, então e me coloco de pé com rapidez.
Como imaginei, mais homens estão me cercando. Meu maxilar dói para caralho e eu sinto que aquele filho da puta pode ter me causado a porra de uma concussão, mas a arma não treme nem por um segundo na minha mão.
— Veja, Cedric. Veja no que eu a transformei — Alex diz, saindo de trás do homem que o estava protegendo. — Uma assassina a sangue frio.
Olho para Cedric. Ele já está me encarando, mas não sei o que se passa em seus olhos. Horror? Não o culparia se estivesse horrorizado, porque Alex está correto, eu matei esses homens a sangue frio, com uma destreza e habilidade assustadoras. E não, não estou orgulhosa, eu apenas sei que sou boa. Apenas sei que infelizmente Alex conseguiu exatamente o que queria.
— Vou me entregar se você os deixar ir. — Volto meus olhos para Alex.
— Não — Cedric interrompe. — Não. Isso é entre eu e você, Alex. Deixe os meus filhos fora disso. É a mim que você quer.
Filhos. Ele disse…
Volto meus olhos para Gavin. Havia esquecido dele. Mais do que isso, havia esquecido onde ele se encaixa em toda a situação. Gavin é filho de Cedric… E Cedric é meu pai, o que faz de Gavin…
Você torturou seu próprio irmão.
Encontro os olhos de Gavin. Ele também está me encarando. E definitivamente há horror ali. Quero pedir desculpas, mas Alex está falando. Eu digo a mim mesma que me desculpo depois. Que nós três sairemos daqui, vivos, então poderei implorar pelo seu perdão.
— Isso não é uma negociação. Eu tenho planos para todos vocês — Alex diz.
— Se não soltá-los, atiro em você — aviso. Meu dedo já está no gatilho.
— E se você atirar em mim, meus homens matam todos vocês. Sei que você tende a deixar suas emoções atrapalharem seu julgamento, mas vai pensar melhor agora. — Ele sorri. E eu confesso… Que tenho medo desse sorriso. — Principalmente quando ver a surpresa que eu tenho para você.
Sentindo um aperto no estômago, assisto com o coração acelerado quando ele manda um dos seus homens irem buscar algo. Meu sangue gela ao perceber que esse "algo" é alguém. Seu rosto está coberto por um capuz.
Foram oitos anos. Oito anos convivendo com ele. Oito anos observando mesmo quando tudo o que eu queria era fingir que ele não existia. Em oito anos, eu percebi coisas. Como por exemplo, que ele põe mais força no pé esquerdo quando está andando. Eu nunca entendi e nunca percebi que havia notado isso até dois homens trazê-lo e obrigá-lo a se ajoelhar ao lado de Cedric.
— Dê "olá" ao nosso convidado, Kate — Alex diz, fazendo sinal para tirar o capuz.
Quando o rosto de Khalil aparece, eu sei que não tenho mais chances contra Alex.
☠️
Gente desculpa por ficar parcelando os capítulos, ta KKKKKKKKKK, mas o próximo vai ser maior, eu juro
Tô com um leve bloqueio criativo que eu espero que passe logo, mas vou fazer de tudo pra postar sexta. (Mandem energias positivas!!!!!!!!!!!
Quem tá pedindo maratona, acredito que vai ser impossível, mas ainda há esperanças. Tmb espero voltar logo com as postagens no IG.
Enfim, espero que tenham gostado do capítulo💗💘
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2bjs, môres♥
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