⁵⁰|Não julgue os filhos pelos erros dos pais
Gavin Sutton é um homem bem desinteressante. Ele acorda todos os dias às seis da manhã, corre alguns quilômetros pelo Central Park, depois, para numa cafeteria e pede o mesmo café descafeinado. Todos os dias. Então ele volta para o seu apartamento com vista para o Central Park, passa algumas horas lá, e depois sai para fazer coisas como ir à biblioteca ou almoçar com algum dos quatro amigos.
Após uma semana seguindo todos os seus passos, eu estou mais que entediada. Felizmente chegou a hora de acabar com isso.
— Tudo certo? — Lucio pergunta. Estamos terminando de nos arrumar no quarto de hotel barato que estamos hospedados durante todos esses dias.
Anuo. Não estou muito para palavras ultimamente.
— Ok. Vou buscar o carro.
Sozinha, verifico todas as minhas armas e facas. É apenas um hábito, contar cada uma. Eu limpei minhas armas durante o amanhecer, então sei que estou pronta.
Enquanto Lucio não manda o aviso, sento na cama e pego o dossiê que eu estava olhando ontem. Alex finalmente me deu os nomes dos homens que estavam me vigiando. No entanto, não encontrei meu perseguidor entre eles. Você deve se perguntar como eu tenho tanta certeza se nunca vi o rosto dele, mas eu apenas sei. Além disso, todos esses homens são velhos demais. Com base em todas as nossas intenções, eu estimei que meu perseguidor tem entre trinta e trinta e cinco anos. Talvez um pouco mais, mas não está na casa dos quarenta. Poucos dos homens de Alexander se encaixam nesse perfil, e os que combinam não fizeram meu coração bater mais forte, nem atiçaram meu sexto sentido.
E isso me traz a outra teoria de que esse homem misterioso e psicopata é alguém sob o comando de Cedric. Essa possibilidade – e provavelmente a verdade – me dá vontade de vomitar. Eu deixei aquele homem me tocar, e ele pode ser um dos comparsas do homem que matou os meus pais. Eles devem estar se revirando no túmulo enquanto observam o que a filha deles se tornou.
Guardando de volta a pasta, respiro fundo e me dou alguns minutos. Lucio pode esperar. Eu preciso fazer isso agora para não me desconcentrar durante a missão.
Então, eu deixo tudo vir. Todos os sentimentos que estou tentando repelir desde que deixei aquele apartamento. Desde que eu o deixei. Eu sinto sua falta. Faz onze dias que eu não o vejo. Onze dias que eu declarei o meu amor por ele, então fui embora como uma covarde. Seu rosto permanece gravado na minha memória, a dor e a angústia. O homem que eu amo está sofrendo, e eu estou aqui, buscando por uma vingança que eu não tenho mais tanta certeza se faz sentido.
Genevieve me contou o que aconteceu. Pobre Dean. Ele está bem agora, mas eu sei que Khalil se culpará pelo resto da vida. Eu deveria estar lá com ele. Com a nossa família. Os Blackburn me acolheram, me deram amor, e quando tudo está um caos, eu não estou lá com eles. E se eu estivesse, caso não houvesse abandonado Khalil, nada disso teria acontecido. Eu repassei aquele dia na minha cabeça durante todas as horas vagas que eu tive, pensando em tudo o que eu poderia ter dito de diferente. Mas sempre que eu pensava nisso, eu não conseguia me arrepender de contar que o amo. Mesmo agora, eu sou incapaz disso. Khalil precisava saber. E assim que eu voltar, direi a ele novamente.
Abro os olhos. Chegou a hora.
☠️
Ele tem um segurança. É um homem alto, mas não o suficiente para chamar atenção, e forte, porém não do tipo que dá medo. Por isso, eu acho que Gavin desconhece a presença do segurança. Eles nunca se falam e o guarda-costas sempre se mantém há distância. Mesmo assim, ainda foi um pouco difícil de fazer o meu trabalho.
Lucio e eu precisamos fingir que somos um casal para não chamar a atenção de nenhum dos homens. De qualquer forma, não era Gavin que me preocupava. Ele mal olha por cima do ombro ou se preocupa com qualquer coisa além do caminho à sua frente. Como Cedric pode ter criado um filho tão descuidado, eu não faço ideia. Bom, tirando a parte que Gavin não foi criado por Cedric. Pelas informações que eu consegui, Gavin estudou no exterior a maior parte da vida, longe do pai. Quando veio para a América alguns anos atrás, foi para estudar no MIT. Em todo esse tempo que estou seguindo-o, não o vi com o pai uma só vez. Talvez tenha sido melhor. Eu não sei o que teria feito se ficasse cara a cara com aquele homem antes da hora. Provavelmente colocaria todo o plano em risco.
Verifico meu relógio. São quase cinco. O Central Park ainda está relativamente tranquilo a essa hora, mas ainda há alguns poucos madrugadores. Minha equipe está se camuflando entre eles, todos nós observando Gavin de longe e garantindo que ele siga sua rotina usual de caminhada.
Quando Gavin se afasta dos caminhos principais e adentra uma área mais arborizada e menos frequentada, eu sei que essa é a minha deixa para agir.
— Neutralizem o segurança — aviso pelo minúsculo microfone em meu pulso enquanto continuo minha "corrida matinal".
— Entendido — a voz de Arthur, um dos homens sob o meu comando, chega ao meu ouvido pelo ponto.
Ele sabe o que fazer. Mesmo assim, olho por cima do ombro para ver Arthur e Lídia – outra das nossas – se aproximando do guarda-costas. Lídia esbarra propositalmente nele, mas faz parecer que foi o homem que a empurrou. Fazendo o papel de namorado ciumento, Arthur empurra o cara para longe, começando uma discussão. Isso mobiliza outras pessoas ao redor. A distração perfeita. Ninguém está olhando. Sem testemunhas.
Encontro o olhar de Lucio, que está se aproximando pelo outro lado. Nós assentimos e começamos a agir.
Silenciosamente, nos aproximamos do alvo. Gavin, como eu disse, é descuidado e distraído, e não se preocupa nem um pouco que está passando por um local afastado e silencioso. Ele está com fones de ouvido, o que só serve a nosso favor. Aproveitamos as árvores e os arbustos como cobertura.
Eu o alcanço. Pela sua visão periférica, ele me vê e vira a cabeça para me encarar. Eu movo meus lábios e aponto para seu fone de ouvido. Gavin franze as sobrancelhas loiras, parando lentamente sua caminhada enquanto tira um fone.
— Você disse al… — começa, mas não chega a terminar porque Lúcio o surpreende por trás, pressionando o taser contra seu pescoço.
Gavin cai no chão, seu corpo ainda tendo espasmos.
— Patético — murmuro. Para o microfone, aviso: — Equipe de Remoção. Agora.
Menos de trinta segundos depois, quatro homens nos encontram. Enquanto eles pegam Gavin para levá-lo para a nossa van estacionada num lugar estratégico e de fácil acesso, eu pego o celular dele.
— Esperem — peço. Eles pararam e eu contorno todos para segurar o rosto de Gavin e desbloquear seu celular. Com isso feito, os homens seguem com o plano.
Já eu, espero mais alguns segundos. Depois de achar o que eu estava procurando, mando a mensagem:
O passado sempre volta para te pegar.
Se quiser seu filho de volta, sabe onde encontrá-lo.
E se quiser ele vivo, manterá a boca fechada.
Satisfeita, envio a mensagem para Cedric.
☠️
A viagem de volta para Chicago foi cansativa. Nós trocamos de carro duas vezes para não deixar rastros. Tudo isso me deixou com uma forte dor de cabeça. Tirei alguns cochilos, mas sempre acordava suando depois de ter breves sonhos confusos. Todos eles envolviam Khalil.
Mesmo quando estou tentando não pensar nele, o mesmo me encontra no meu subconsciente. É um pequeno conforto considerando minha situação atual.
Gavin também acordou durante a viagem, mas lhe demos clorofórmio. Ele ainda está desacordado quando chegamos ao Complexo.
— Coloquem-o na sala cinco — oriento. A equipe assente, pegando Gavin e levando-o para dentro.
Meu celular vibra em meu bolso. Ao pegá-lo, vejo que Genevieve está me ligando. Hesito em atender. Mais uma vez, todos estão preocupados com o meu sumiço, apesar de entenderem que Khalil e eu brigamos, então preciso de um tempo. Não é totalmente mentira, mas também não é toda a verdade.
— Pode atender. Eu lido com Alex — Lúcio diz ao meu lado. Não digo a ele que não estou preocupada com Alex, apenas anuo e me afasto, atendendo o celular.
— Ei — digo, tentando fazer minha voz soar normal.
— Oi, estranha. Como está você?
Acabei de sequestrar o filho do meu maior inimigo e preciso desesperadamente de vinte e quatro horas de sono.
— Bem. Você sabe, apesar de tudo — falo, no entanto, chutando algumas pedrinhas. — E você?
— Com saudades da minha melhor amiga. Estava pensando… Quer jantar aqui hoje? Eros não está convidado. Será uma noite das garotas: eu, você e a Lola. Freya ficará com o pai.
Fecho meus olhos, reprimindo um suspiro. Eu quero aceitar. De verdade, mas tenho coisas para fazer aqui, como, por exemplo, torturar o homem que eu acabei de raptar.
Novamente, não posso explicar isso para minha melhor amiga.
— Queria mesmo, eu juro. Mas não vai dar. Podemos marcar outro dia, certo?
— O dia não é importante, Kate, mas sim o que está acontecendo com você. Eu sei que o término ou sei lá como vocês estão chamando isso, entre você e Khalil não foi bem, mas você está há dias sem aparecer… Estou ficando preocupada.
— Eu só preciso de um tempo. Todos precisamos às vezes, não é? — Odeio mentir, principalmente enquanto ouço a preocupação na sua voz.
— Sim, bem, mas… Você me contaria se algo estivesse acontecendo, certo? Algo mais sério, eu quero dizer.
— Claro — fiquei tão boa em mentir que até sorriria se ela estivesse olhando para mim agora. — Não há nada com o que se preocupar.
— Se você está dizendo… — Suspira. Apesar da situação, dou um leve sorriso, apreciando sua preocupação.
Depois de um minuto em silêncio, pigarreio.
— Eros foi vê-lo recentemente? — Ela sabe de quem estou falando.
— Sim. Eros disse que ele está bem, considerando tudo. Ele também perguntou por você.
Engulo em seco, parando por um momento para respirar e afrouxar esse aperto em meu peito. Mas não vai embora. Mesmo que me tranquilize ouvir que Khalil está bem, essa mão ao redor do meu coração não me deixa respirar direito. Eu preciso vê-lo. Preciso ver por conta própria que ele está bem. Abraçá-lo e pedir desculpas por ter ido embora. Apenas… só quero estar com ele. E isso dói tanto que traz lágrimas aos meus olhos, que eu luto para não derramar.
— Eu o amo — conto baixinho.
— Oh, querida, eu sei.
— Muito óbvio? — Tento colocar humor na minha voz. Genevieve ri um pouco também.
— Lembra daquele lance dos olhares? Toda vez que vocês olham um para o outro, estão dizendo com seus olhos que se amam.
Com essas palavras, vêm em minha memória todas as vezes que vi aquele olhar que eu não sabia decifrar nos olhos de Khalil. E eu tenho certeza que olhei para ele muitas vezes assim também. Mas é claro, escolhi o pior momento para contar a ele e reagi da pior forma possível quando ele abriu seu coração para mim.
— Nós dois fizemos besteira. As coisas estão meio confusas, mas irei consertar — prometo em voz alta. — Eu não desisti dele.
— Como uma leitora de romance, vou te dar um spoiler: o amor sempre vence no final.
Rezo para ela estar certa.
Não cochilei. Não comi. Apenas tomei banho e bebi uma garrafa de água. Como estou em pé depois de quinze horas em um carro e uma dor de cabeça de estourar o crânio, eu não sei. Mas quero acabar logo com isso.
Estou do lado de fora da sala cinco, esperando por Lúcio. Já lideramos muitos interrogatórios e sessões de tortura, juntos. Se estivéssemos em C.S.I, por exemplo, seríamos como Sarah Sidle e Nick Stokes.
Mas acontece que o meu "Nick" está atrasado. Estou quase indo ao seu quarto, na ala oeste do Complexo, quando Alex vira o corredor. Sozinho.
— Cadê o Lúcio? — pergunto, impaciente.
— Ele está resolvendo outras coisas para mim. Acha que pode lidar com a situação sozinha? — Alex responde, sua voz autoritária.
— Que coisas? — Sim, eu ignoro sua pergunta estúpida.
— Negócios. Agora entre lá e dê uma lição naquele merdinha. — Com sua ordem dada, ele vai para a sala ao lado.
Mentalmente, reviro os olhos. Depois, respiro fundo e adentro o cômodo.
De imediato, meus olhos encontram os de Gavin. Os dele são cinzas, muito parecidos com os do seu pai. Ele todo, na verdade, é a cópia de Cedric. Ambos têm o mesmo nariz e sobrancelhas escuras. Mas onde Cedric tem o olhar cruel, seu filho tem o semblante apavorado. Ele parece um ratinho assustado.
— Olá — cumprimento tranquilamente, fechando a porta atrás de mim. Meus olhos desviam rapidamente para o espelho na parede, que na verdade é uma tela, de onde Alex está nos assistindo do outro lado.
— Você — Gavin diz, chamando de volta minha atenção. Um pouco de raiva se acende em seus olhos, mas ainda há muito medo. — Foi você que me abordou no parque.
— Ótima observação — ironizo e observo seu rosto ficar vermelho. Ele parece um adolescente, apesar de ter vinte anos.
— Já pediram resgate? É para isso que vocês me sequestraram, não é? Vocês querem dinheiro.
— As algemas estão muito apertadas? — Me aproximo dele, ignorando suas perguntas idiotas. Ele mexe suas mãos que estão algemadas atrás das suas costas.
— Como se você se importasse com isso.
Sorrio, encontrando seu olhar através da tela espelhada.
— Você está certo, eu não me importo. — Então torço seu polegar em um ângulo contrário, quebrando o osso.
O grito de dor dele ecoa pela sala. Eu me encosto na mesa, bem ao seu lado, e observo enquanto seu peito sobe e desce com respirações profundas e um forte tom de vermelho toma seu rosto.
— Nós não pedimos resgate — conto calmamente. — Porque você não vai sair daqui vivo.
O medo e o horror tomam por completo o rosto de Gavin.
— Eu não sei o que você acha que eu fiz para você, mas pegou o cara errado. — Lambe os lábios, e eu posso ver as engrenagens do seu cérebro trabalhando. — No entanto, podemos negociar. Eu sou rico. Quer dizer, meu pai é. Ele vai pagar o valor que você exigir, eu prometo…
Puxo-o pelo cabelo, trazendo sua cabeça para trás.
— Você acha que eu quero o dinheiro sujo do seu pai? Dinheiro que ele conseguiu matando vidas inocentes? — questiono, puxando tão forte seu cabelo que eu não me surpreenderia se houvesse tufos na minha mão depois. — Tudo o que eu quero, Gavin, é devolver ao seu pai toda a dor que ele me causou. E eu vou usar você para isso.
Ele tenta balançar a cabeça, mas meu aperto não permite.
— Olha, eu entendo sua raiva, mas eu juro, não tenho nada a ver com o passado dele.
— Você entende? — Bato sua cabeça na mesa de metal, fazendo-o gritar outra vez. — Me diga: ele também matou sua mãe biológica na sua frente e depois a sua mãe adotiva?
— N-não…
— Então como você pode me entender?
— Sinto muito. — Ele está chorando. Jesus, eu nem comecei e ele já está se borrando. — Eu não sei das coisas que o meu pai fez. Fui criado a parte desse mundo.
— Não importa. — Afasto-me dele, indo até a prateleira de instrumentos. — Você ainda é filho dele. E qual a melhor forma de se vingar de alguém senão tirando aquilo que ela mais ama? Eu aprendi isso com seu pai, na verdade, quando ele tentou matar o homem que eu amo. Como se já não bastasse tirar minhas duas mães e o meu pai.
— Não julgue os filhos pelos erros dos pais — Gavin sussurra. — Eu entendo que está com raiva dele, mas me matar não mudará em nada.
— Não, não mudará. — Pego o maçarico de gás e volto-me para Gavin. Seus olhos dobram de tamanho quando ele vê o que tem nas minhas mãos. — Mas fará Cedric sofrer. Ele sentirá um pouco da dor que me causou.
Gavin balança a cabeça, tentando se afastar, mas ele está algemado, indefeso e sem para onde ir. Tudo o que ele pode fazer é gritar quando eu começar.
☠️
Eu fiquei tentada a abri-lo e extrair seu coração, então entregar ao seu pai em uma caixinha de presente. Mas não é esse o plano. Então, me contentei em apenas queimá-lo um pouco e quebrar mais alguns ossos.
— Você acha… acha que é melhor que ele… por estar fazendo isso comigo? — o sussurro fraco de Gavin me alcança. Encaro seu rosto desconfigurado. Seus olhos estão inchados e o sangue do seu nariz quebrado se mistura com o sangue seco dos seus lábios inchados.
— O que estou fazendo com você não é nada comparado a tudo o que ele já fez — garanto-lhe, limpando minhas mãos.
Gavin tosse, mas acho que ele queria rir.
— Sim? Dizer isso repetidamente te conforta? Você nem consegue olhar para mim direito porque sabe que é tão horrível quanto ele.
Paro, então lentamente encontro seu olhar de novo.
— Isso. Veja. Olhe para mim e veja o que a sua vingança doentia fez — rosna, então. Acho que ele já não está mais com medo. Gavin finalmente percebeu que não sairá vivo daqui hoje.
— Ele matou os meus…
— Seus pais. Eu já entendi. — Faz uma pausa para cuspir sangue no chão. Seu corpo todo está com rastros de sangue. A maioria são dos cortes que causei em seus braços e barriga. — Estou curioso, seus pais eram pessoas boas?
— Do que isso importa?
Um fraco dar de ombros é a resposta que eu recebo. Olho para o espelho. Alex ainda está lá? Perdi a conta de quanto tempo estamos aqui.
— Eu não sei direito. Não tenho… memórias deles. — Não sei porque estou contando isso a ele. — Mas o pouco que lembro da minha mãe biológica, me diz que ela era sim, uma pessoa boa. — Concentro meus olhos nos dele. — Que o seu pai matou.
— Acha que eles estariam orgulhosos de você?
Não desvio meu olhar porque não quero demonstrar fraqueza, mas confesso que suas palavras atingem alguma coisa dentro de mim. Às vezes queria ser como Alexander e não ter emoções. Mas infelizmente eu as tenho e não consigo ser tão indiferente quanto ele. Eu sei que teoricamente é errado o que estamos fazendo. Gavin está certo numa coisa: não devemos culpar os filhos pelos erros dos pais. No entanto, eu ainda não me sinto arrependida por completo. Não quando meus pais estão enterrados debaixo de sete palmos da terra.
— Provavelmente não — respondo a pergunta de Gavin. — Mas para estarem ou não orgulhosos, eles deveriam estar vivos, então não estaremos aqui.
Ele consegue cerrar os dentes, mas deve doer porque ele desiste.
Nesse momento, ouvimos um som. Eu conheço bem. Não é qualquer som, mas sim um alarme. E está ecoando por todo o Complexo, um aviso de que estamos sendo invadidos.
Estou sacando minha arma no momento que a porta é aberta. Meu coração dispara, mas relaxo minimamente ao ver que é um dos homens de Alex. Seu nome é Jude e ele está com uma metralhadora.
— Estão invadindo o Complexo. Alex mandou você levar o garoto para a sala de segurança — ele explica, olhando de relance por cima do ombro quando ouvimos disparos.
— Nunca fomos invadidos antes. Como isso é possível? — pergunto, já indo até Gavin. Eu abro as algemas em seus pés, mas mantenho aquelas em seus pulsos.
— Sequestramos um membro da família real irlandesa, querida — responde como se fosse óbvio. Eu sei que quando ele diz "família real" está se referindo à máfia.
— Meu nome é Kate — informo, apesar de saber que ele sabe.
Jude apenas ri. Colocando Gavin de pé, empurro seu corpo para fazê-lo andar. O homem tropeça, mas consegue se manter firme. Sorte sua que não cortei seus dedos dos pés.
— Você não vem? — pergunto a Jude quando estamos no corredor. O barulho insuportável do alarme está me dando mais dor de cabeça.
— Estou logo atrás de vocês.
Anuo. Alex deve tê-lo mandado garantir que eu ficasse em segurança.
Como Alex não fez muitas alterações no Complexo desde a época que eu morei aqui, não tenho dificuldade em achar o caminho mesmo em uma situação caótica como essa, pois conheço esse lugar como a palma da minha mão. Uso Gavin como escudo, fazendo-o andar na minha frente enquanto fico atrás, segurando seu ombro e empunhando minha arma contra as suas costas.
Tento a comunicação pelo ponto, mas não tenho respostas. Porém, não preciso que Alex me confirme, eu simplesmente sei: Cedric veio resgatar seu filho. Só espero que Alex não mate o desgraçado sem mim. Eu nunca o perdoaria por isso.
Chegamos na parte do caminho que eu menos gosto: o galpão. Eu peguei uma rota mais segura, então para chegar na sala de segurança, teremos que passar pelo galpão. No momento, está vazio, mas isso não me tranquiliza. O espaço nos deixará em exposição. Os disparos não pararam, mas estão vindo de outra ala do Complexo. Não acredito que Cedric e seus homens tenham chegado aqui tão rápido.
Quando concluo isso, empurro Gavin para fazê-lo andar mais rápido. Com ou sem ameaça agora, temos que ser rápidos.
E porque estou com pressa, quase não ouço. Estou focada na minha tarefa, ao mesmo tempo que monitoro o que acontece na casa. Mas algo à minha direita chama minha atenção. É um flash, como se a luz tivesse refletido em alguma coisa.
Antes que minha mente registre totalmente a ação, meu corpo já está em movimento. Eu viro em direção aquele flash de luz, agarrando Gavin enquanto aponto minha arma para sua cabeça.
E ali, diante de nós, está seu pai. Cedric Kavanagh, o homem que matou a minha família.
☠️
Obrigada pelos 30K aqui e os 100K em Amor Insano. Amo vocês ❤️🤧
Preparadxs para os próximos capítulos????
Como já dizia Galvão Bueno:
Haja coração🤭🤭🤭🤭
Isso é tudo o que tenho a dizer sobre essa reta final.
Quando eu postar capítulo sexta, já vou ter 19 anos, acreditam? (Meu aniversário é quinta 🙃🙃❤️
Enfim, é isso... Até <3
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2bjs, môres♥
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