³|É sempre um prazer
Tem uma mulher nua no meu escritório.
O conhecimento disso bate em mim depois que fecho a porta da minha sala e paro a meio caminho da minha mesa quando noto toda a pele em exposição.
— Você demorou — Sophie ronrona, mudando sua postura antes deitada, para sentada.
— Eu aconselho que vista suas roupas, senhorita Mayes — digo inexpressivamente, indo para minha mesa, onde me sento na poltrona de couro que um dia foi de meu pai.
— Farei isso quando acabarmos — de novo, aquele tom de sedução.
Aperto a ponta do meu nariz e respiro fundo antes de voltar minha atenção para Sophie, que ainda está nua, mas agora caminhando na minha direção. Desfilando, na verdade. Ela seriamente acha que isso faz parte do código de conduta nesse trabalho? Pelo que me lembre, não há nenhuma cláusula de trabalhar sem roupas no seu contrato para ser minha assistente pessoal.
— Você tem um minuto para pôr suas roupas ou chamarei os seguranças — informo, mas a mulher parece estar com algo nos ouvidos.
Seu sorriso pintado de rosa pinga malícia e talvez – provavelmente – em outra época eu teria apreciado o que ela está oferecendo tão veementemente, mas não é o caso agora. Para ser sincero, meu pau nem faz sinal de acordar mesmo com os seios de Sophie agora quase na minha cara.
— Eu notei que você está sempre tenso… Achei que eu poderia… — Sua mão se estende, provavelmente para tocar meu peito ou seja lá qual for sua tática de sedução, mas minha paciência estoura.
Seus olhos se arregalam quando eu seguro seu pulso ao mesmo tempo que fico de pé.
— Você achou errado, senhorita Mayes. — O tom frio da minha voz a faz se encolher, mas não recuo. — Agora vista suas roupas, saia da minha sala e vá direto para o RH. Vou te dar a chance de se demitir, porque acredito que você estava equivocada ao meu respeito, mas se você não fizer e eu tiver que fazer, irei garantir que tenha uma nota de conduta imprópria e assédio no seu histórico. Você compreende?
Sophie assente com rapidez, uma lágrima deslizando pela sua bochecha. Ela está visivelmente arrependida e até cobriu os seios com o outro braço quando percebeu que eu estava falando sério.
Solto seu pulso, então, e volto para minha cadeira.
— E-eu sinto muito. — Ignoro seu sussurro porque para mim essa conversa já acabou.
Depois de se vestir em tempo recorde, Sophie finalmente deixa minha sala.
Largo a caneta e o documento que tinha pegado para ler e assinar, porque não estou realmente prestando atenção e tudo o que menos preciso agora é assinar um documento errado e fazer merda com apenas três meses sendo presidente da Blackburn Empire, vulgo uma das maiores empresas de linha de joias do mundo.
Descanso na cadeira, suspirando e apreciando o silêncio por um momento enquanto encaro a vista que meu escritório tem para a cidade de Chicago.
Meu escritório. Deus. Parece que foi ontem que eu evitava a todo custo vir à empresa e me envolver com… tudo isso. Mas desde que eu tenho um diploma de administração e o fato do meu pai não estar mais em condições de comandar essa empresa, chegou a minha vez de tomar as rédeas de algo. E por que não começar por um cargo com grande responsabilidade?
Meu irmão, Eros, está muito mais familiarizado com a empresa do que eu, mas essa não é sua área. Felizmente ou infelizmente, meu irmão descobriu desde cedo que queria ser aquele que seria conhecido por desenvolver os designs das joias pelos quais somos conhecidos hoje, então ele e sua noiva cuidam dessa parte. Nosso irmão mais novo, Anthony, também estava fora de questão para a linha de sucessão da empresa pelo mesmo motivo: não foi para isso que ele estudou, além de nunca ter mostrado interesse. Ele, Lorelei e outras dezenas de pessoas cuidam da nossa imagem.
Meu pai sugeriu que contratássemos alguém, um CEO experiente para coordenar tudo até eu estar pronto para assumir, mas essa ideia foi descartada desde que fomos traídos no verão passado e isso quase custou tudo pelo o que meu pai trabalhou.
Então, sim, eu estou arcando com isso agora.
Acabo de voltar a ler o contrato que larguei minutos antes, quando a porta do meu escritório é aberta. Não houve batida e há apenas uma pessoa que entra sem bater todas as vezes.
— Eu descobri o que darei de presente de aniversário a você: um álbum, então assim você pode colar as fotos de todas as assistentes que você já dispensou — Kathryn tagarela enquanto anda até a minha mesa.
— Há um real motivo para você ter invadido a minha sala, Kathryn, ou você só estava com saudades? — Minha voz é entediada, mas não é realmente como eu me sinto enquanto luto para não olhar para ela.
— O inferno congelaria primeiro — o tom seco da sua resposta quase me faz sorrir. — Como você espantou Sophie, estou mais uma vez responsável pela sua agenda e só queria lembrar que seus pais estão voltando de viagem hoje.
— Mmhumm. — A verdade é que eu me lembro disso e da pequena reunião de família que estamos fazendo também, mas é interessante ver como o quão estúpido Kathryn acha que eu sou.
— Certo. Bom, não se atrase. Eu sei que é meio impossível para você, mesmo com aquela moto super veloz, mas faz um esforço dessa vez.
— Mas alguma coisa, Kathryn?
Descanso minhas costas no encosto da poltrona e a encaro.
Lá está aquele fogo em seu olhar apenas porque disse seu nome de batismo. Toda maldita vez que eu pronuncio seu nome todo, o mesmo olhar é dirigido para mim. É divertido, tirando a parte que ela provavelmente está imaginando tirar minhas bolas. Eu gosto delas onde estão.
— Não me chame assim.
— Kathryn.
Ok, chame-me de infantil, mas ela desperta esse lado meu.
Kathryn balança a cabeça, chamando minha atenção para seus longos cabelos. Sempre me intrigou o fato de eles serem tão escuros. Como faz algum tempo que ela não corta, está quase batendo na sua bunda agora. Apesar de eu não tê-la visto de pé, sei que esse vestido cor de vinho que ela está usando lhe cai muito bem, apertando a bunda em questão.
Processe-me também, mas eu convivi oito anos com essa mulher, não vou dar uma de puritano e dizer que não presto atenção nela. Eu presto e muito. Eu sei que ela está sempre de cabelo solto no trabalho. Eu sei que ela tem incontáveis blusas brancas de botão que combina com diferentes saias lápis, de uma forma que a faz parecer uma bibliotecaria muito gostosa, principalmente nas raras ocasiões que ela usa óculos. E o que falar da sua coleção de salto alto? Cara, essa mulher tem uma obsessão por eles.
Mas essas coisas eu notei porque gosto de observar. É o que eu faço. O fato de eu ter notado como seus seios são do tamanho perfeito para minhas mãos se deve apenas ao fato de eu ser homem. Também notei como seus lábios são pequenos, mas carnudos e estão quase sempre pintados de vermelho. E há seus olhos, notavelmente puxados e escuros, como seu cabelo. Ela é pequena, e não faz realmente meu tipo, mas foda-se isso. Se meu irmão não tivesse dito para eu ficar longe dela todos aqueles anos atrás, talvez eu não prestasse tanta atenção nela agora.
— Você é impossível. Não é de admirar que não pare ninguém aqui — a mulher que tomou conta dos meus pensamentos está dizendo enquanto fica de pé, ajustando seu vestido. Cola em seu corpo e vai até os joelhos, com um decote modesto de mais. Mas apesar de não parecer exatamente sexy, ainda é.
— É sempre um prazer. — Faço uma saudação e a observo, o que me rende um revirar de olhos antes de ela me dar as costas e sair andando.
Dou uma olhada na sua bunda e sorrio um pouco. Eu estava certo sobre o vestido.
☠️
Passei em casa antes de ir para a casa dos meus pais. Troquei o terno caro e feito sob medida pela minha calça jeans surrada, uma confortável camisa preta e minha jaqueta de couro também preta, além de substituir os mocassim pelo meu par de botas.
A minha R1 está me esperando na garagem e eu ponho o capacete antes de deixarmos a garagem.
Meu interesse pela melhor coisa inventada sobre duas rodas surgiu quando eu achei a moto antiga de meu pai na garagem da nossa casa quando eu era adolescente. Foi definitivamente a melhor coisa que já me aconteceu porque não há nada melhor do "correr" por aí com a minha moto – ok, talvez sexo, mas ainda sim.
Bessie é rápida e desliza pela pista como foi construída para fazer. A adrenalina corre por minhas veias e eu acelero até que tudo não passe de um borrão e meu coração bate rápido demais para ser normal. Mas, de alguma forma ou talvez por causa disso, eu me sinto em paz aqui, sendo apenas Bessie e eu contra o mundo.
— SURPRESA!
O olhar surpreso nos rostos dos meus pais me faz querer rir porque me lembra das vezes que eu ajudava meus irmãos a lhe darem sustos. Anthony sempre achava uma maneira de criar uma armadilha nova e algumas vezes até levei a culpa por ele, como um bom irmão mais velho.
— Vocês demoraram! A gente tá aqui há um tempão! — A voz de Freya se sobressai a todas as outras, apesar do seu tamanho pequeno.
Meu pai ri, olhando abobalhado para sua neta.
— A culpa é da sua avó, querida. Ela quis passar no mercado para comprar suprimentos.
Eu acredito totalmente nisso porque Carlota adora cozinhar. Aposto que, apesar de estar cansada, seus planos eram chegar e ir fazer o jantar.
Depois de todos darem boas-vindas a ambos, é minha vez, e eu arqueio a sobrancelha para o bronzeado de meu pai e a camisa havaiana que ele está usando. Nada parecido com o homem de negócios que nos criou.
— Parece que a aposentadoria vai bem — digo. Eu não o vejo a meses, desde que ele e a esposa saíram de férias. Foram longas semanas recebendo fotos de cada lugar com sol e praias que eles visitaram.
— Mais do que bem, filho. Não sei por que demorei tanto para fazer isso. — Ri novamente. Desde que ele esteve doente ano passado, é bom vê-lo rindo e saudável outra vez.
— Claro, porque todos nós acreditamos que você teria feito essa viagem se não tivesse ficado doente, querido — minha mãe diz com uma pitada de repreensão antes de abrir um sorriso brilhante ao me encarar. — Você deixou a barba crescer. Você nunca usou barba.
— Quis experimentar. — Dou de ombros.
— Sei. — Ela não parece acreditar muito em mim. — Agora venha aqui e me dê um abraço.
Eu não faço nenhum movimento, mas minha mãe de consideração não se intimida por isso, me abraçando. Eu lhe dou um tapinha desajeitado nas costas. Ao invés de ficar chateada, Carlota sorri levemente quando se afasta, dando-me um olhar entendedor.
Desconfortável, eu me afasto e sento em uma poltrona enquanto os outros mantêm uma conversa. Eros e Genevieve foram colocar a mesa, tendo os dois feito o jantar.
Meus pais estão descansando em um sofá enquanto conversam com Kathryn – que como esperado, está me ignorando. Quero perguntar se ela também irá me ignorar no casamento de Eros, onde seremos padrinhos. Confesso que isso me pegou de surpresa, mas será divertido, tenho certeza.
— Voltei! — Freya, de fato, volta para a sala, segurando uma pilha de papéis e interrompendo meus pensamentos. Ela para na frente dos meus pais. — Mamãe disse que quando eu sentisse saudade, eu podia desenhar pra vocês, então eu desenhei um montão.
Depois do seu pequeno discurso, ela separa as pilhas de papéis – que na verdade são duas – e entrega uma para meu pai e outra para Carlota. Mas ainda restam alguns nas suas mãos.
— Eu também fiz um desenho pra tia Kate. — A garota entrega um papel a Kathryn, que lhe agradece com um sorriso e um beijo na bochecha. — Pro tio Anthony. — O mesmo acontece com meu irmão. — E pro tio Khalil. Pra vocês não se sentirem abandonados.
Minha mão congela ao redor do papel que ela me entrega e eu inclino minha cabeça para o lado.
— Quem te ensinou essa palavra? — questiono. Ninguém está prestando atenção na nossa conversa agora, todos muito ocupados com seus desenhos.
Freya franze as sobrancelhas ruivas.
— Que palavra?
— "Abandonados".
— Ah! Meu papai. Ele disse que o Hércules foi abandonado, por isso ele tava triste e não queria comer a comida que a gente dava a ele. Mas ele não tá mais triste e se sentindo abandonado, mas eu fiz um desenho pra todo mundo que eu amo pra eles não se sentirem abandonados igual ao Hércules. — Ela sorri. — Você gostou do seu desenho, tio Khalil?
Pela primeira vez desde que essa garotinha invadiu nossas vidas, eu não a acho totalmente irritante.
Desvio meus olhos para o desenho em minhas mãos.
Um pequeno sorriso se forma em meus lábios.
O desenho que Freya fez para mim é de um gato preto com olhos amarelos. Ela marcou bastante as sobrancelhas dele para parecer que o animal está com raiva.
Eu diria que ela não gosta muito de mim por conta desse desenho se não fosse pelos corações rosas espalhados no papel.
— Nada mal, peste. Obrigado.
Ela acha graça do apelido, muito diferente do seu pai, que tenho certeza que qualquer dia desses vai me dar um soco se eu continuar chamando-a desse jeito. Felizmente sua filha tem mais senso de humor.
Freya saltita para longe, indo tagarelar com seus avós.
Minha atenção é roubada pela mulher que de repente ficou quieta no outro sofá. Kathryn está olhando para o desenho que ganhou de Freya, um olhar indecifrável no rosto.
Isso é novo. Kathryn não sabe esconder suas emoções. Tudo está sempre no seu rosto, basta apenas saber onde procurar.
Então o que quer que seja esse olhar, me deixa intrigado.
☠️
Uma das coisas que mais amo nesse livro é o fato do Khalil chamar a Kate de Kathryn até no pensamento dele🙃
Gostaram do capítulo?? Qual a parte preferida de vocês?
Tava com saudade da Freya e suas fofuras🤧💖. Ela e o Khalil juntos então---😭💖✨
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2bjs, môres♥
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