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A caneta girava em torno dos dedos pequenos, antes de cair a folha já usada. Suspirou cansado, mais uma vez tinha que aguentar dois turnos seguidos de Filosofia. Claro, são frases interessantes, mas não o que gostaria de ouvir agora.
Gostava de estudar, gostava mesmo, mas dois turnos com um senhor que já tem idade suficiente para se aposentar a anos é estressante. Oa fones tocavam alguma música de sua playlist - colocada no aleatório, claro - escondidos pelo cardigan que cobria o uniforme escolar.
Tinha o roubado de seu melhor amigo á alguns dias, este que não reclamou (por mais que sentisse falta) adorava as roupas que roubava dele pelo perfume que sempre era empreguinado nos fios.
Olhou para o melhor amigo ao lado, não estava muito diferente de si. A lapiseira escorria pelo papel como se estivesse em um rio, os traços vagos se formavam em uma linda rosa, tatuada no branco de algum maromba que desenhava. Hyunjin tinha esse hábito de em todas as aulas desenhar algo diferente, odiava estudar e nunca escondeu o fato.
— Usando essas porcarias denovo, Lee? — O senhor barrigudo disse, se referindo as bolinhas pretas que cobriam as orelhas de Felix. O fio fora bem escondido, como este velho cego conseguiu ver? — Pra detenção. Agora.
Lee sorriu sarcástico, querendo cometer um ato de ódio por dentro. Como era o último horário, aproveitou para guardar seu material.
— Desenhando na mesa, Hwang? Limpe isto. Já. — O senhor disse, se referindo a pichação que Hyunjin fazia na mesa. Era de propósito claro, não queria estar naquela sala mais nem um segundo.
— Ahn.. Acredita que eu não tô afim? Uma pena!
Desafiou com um sorriso, agora tinha atenção de toda a sala para si. Viu o rosto do senhor se ruborizar, não de maneira boa.
— Saia da minha sala.
Não foi preciso de muito para que Hwang estivesse com sua mochila e um grande sorrio entre lábios. Explicaria para suas mães depois, se isso chegasse aos ouvidos delas.
O certo seria ir até a diretoria dizendo que foi tecnicamente expulso de sala, mas suas pernas não se conduziram de acordo com seus pensamentos, que pena! Agora estava atrás de Lee, se preparando para dar um susto no amigo.
— Boo! — Disse quando apertou o arredor do garoto, tirando um pulo e um gritinho abafado do mencionado.
— Que quê cê tá fazendo aqui, maluco?
— Não vou ficar escutando aquele velho gagá falar sem parar, oh chatice! — O mais novo riu, com Hwang agora andando ao seu lado.
Viraram alguns corredores falando besteiras até ultrapassarem a porta se madeira branca, podendo ver dois alunos e a carrancuda monitora Hyeon-ji. Conseguiram passar de água para water, incríveis gênios. Se sentaram um ao lado do outro, já sabendo não poder falar nada pelo silêncio perturbador que corria pela sala.
Um papelzinho voou para a mesa de Felix em seguida, um post it roxo em formato de avião. Olhou para o amigo com um sorriso, enquanto os dedos curiosos abriam o bilhetinho.
"A cara dela é feia, né? ;)"
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Os minutos passaram lentos e torturantes, os bilhetinhos não tinham mais assunto e Felix brincava com seus anéis entediado. Faltando apenas alguns minutos para o sinal tocar e finalmente poderem ir para casa, Hyunjin se encostou em uma das mesas enquanto conversava com um dos alunos que estavam ali. Não se importava se receberia mais uma reclamação vindo da monitora, mas agora estava adomercida na mesa, que diferença faz.
— Vocês estão juntos? — Yeji perguntou se sentando a cima de uma das mesas, ajeitando os fios de seu cabelo moreno. Hyunjin riu baixinho e olhou para o amigo, que agora dormia recostado a mesa. Mordeu o canto inferior de seu lábio, bem que ele queria.
— Não, não.. Ele é meu melhor amigo, não somos um casal. — Disse.
— E você gosta dele. - A Hwang disse simples, levando um olhar confuso do maior. — Qual é, todo mundo já percebeu!
— Você fala como se eu fosse famoso. - Pegou a alça da mochila, mechendo-a entre dedos. — Se conheço mais de quatro pessoas é muito..
— Mas as pessoas vêem vocês. Parecem namoradinhos boiolinhas. - A mais velha disse, com um sorriso brincalhão e travesso entre lábios. — Ele também gosta de você, poxa.
— Uhum, claro. — Confirmou irônico, revirando os olhos e mudando seu olhar para qualquer canto da sala vazia. Muitas cadeiras e mesas eram postas no fundo, principalmente as quebradas que não tem mais serventia e as novas que não ganharam espaço. — Eu sou gostoso e ele é lerdo. Então..
Nunca escondeu de fato seus sentimentos pelo mais novo, e nunca achou que Felix seria tão cego de não os perceber. Justo ele, o esquentadinho que julga tudo & todos. Não que fosse um defeito..
Mas o que Hwang realmente não esperava era que Lee escutava toda a conversa sorrateiramente. Se esforçava para não esboçar nenhuma reação, já que sentia seu rosto queimando sob o olhar de alguém, esse que provavelmente é seu melhor amigo, e consequentemente, seu amor secreto.
Saber que o moreno sentia atração romântica por si não é das coisas mais fácies de se acreditar de primeira. Ainda mais quando se conhecem a tantos anos e têm somente um ao outro de companhia. Não seria nada legal perder um melhor amigo, também sua única amizade e quase morador da sua casa de tanto que a frequentava. Então, sim, Lee tinha muito medo de o perder por quê confundiu as coisas e seu coração falou mais do que a razão.
O sinal tocou, alto e claro, o fazendo abrir os olhinhos simulando um leve susto pelo sono cortado. Ainda fingiu estar com sono, se levantando e pegando sua mochila em mãos.
— Bom dia, bela adormecida. — Foi a única coisa que escutou ao sair da sala, não se surpreendendo ao ver o amigo ao seu lado, caminhando normalmente.
— Eu nem dormi tanto assim! — Emburrou o rosto, tentando não se perder na multidão de alunos que se formou nos corredores, bloqueando as passagem. Era sempre assim, o sinal tocava e os babuínos vinham em bando, correndo como cavalos sem freio. Detestável.
Quando finalmente atravessaram aquela multidão, foram recebidos pela grande luminosidade do sol que cobria o campus com seus raios. Suspiraram fundo, aliviados pelo ar fresco que ali corria. Não demoraram muito até que estivessem nas calçadas acinzentadas, voltando para suas devidas casas.
Os passeios eram milimetricamente pensados, sendo acompanhados por cercas que os empediam de entrar nas gramas bem aparadas e verdinhas das casas. O mais novo sorriu ao ver um poodle brincar entre algumas flores, provavelmente estragando o mini jardim que seu dono fazia.
— Quer ir na sorveteria? — O mais alto perguntou. Geralmente preenchiam esse tempo juntos com assuntos variados, na maior parte reclamações do dia vindas de Felix, mas por agora o silêncio predominava, o que era raro quando estavam juntos ao outro. — Tenho um pouquinho de dinheiro aqui.
— Hm.. tudo bem. — Lee respondeu, ainda olhando para seus sapatos se movimentando no cimento. — Só vou avisar minha mãe antes.
E assim tirou o celular do bolso, digitando uma mensagem rápida para sua mãe, avisando que chegaria mais tarde por que estaria com Hwang. Pela amizade proxima, a mais velha não reclamou, apenas desejou que tivessem juízo e que ficassem bem.
O rumo foi mudado e enfim algum assunto surgiu entre os dois, que agora discutiam qual sabor de sorvete era melhor. E, claro, flocos sempre foi o melhor e maior, mas Hwang não tinha QI o suficiente para entender.
— Não! Pistache é muito melhor! — Exclamou, fazendo seu draminha de sempre. Como alguém prefere Flocos? Coisa de maluco!
O mais novo revirou suas orbes, dizendo a si mesmo que não valia o estresse, mesmo que já estivesse estressado. O sininho dourado a cima da porta tocou assim que os amigos entraram na lojinha.
Seus tijolos tinham uma coloração pastel, cores que remetem a um algodão doce & fofinho. Tudo ali era muito reconfortante para si, e por isso era um de seus lugares favoritos do mundo.
Suspirou, sentindo o ar frio do ar condicionado bater contra seu corpo, aliviado. O sol estava deveras quente e seu corpo também, definitivamente um sorvete cairia muito bem. Um ponto para você, Hwang!
Não era a primeira, e nem segunda vez que iam ali juntos. A pequena sorveteria havia sido aberta a pouco tempo, mas certa que seria a melhor da região, pela qualidade de seus produtos e o preço acessível.
Pararam a frente do balcão colorido, expodo várias massas e pacotinhos com picolés. Não demorou muito para que uma jovem moça aparecesse.
— Boa tarde! Em que posso ajudá-los? — Perguntou gentil, apoiando uma de suas mãos no balcão. Hwang chutou ser uma funcionária nova, já que nunca tinha á visto aqui e aparentava ter sua idade.
— Vamos querer duas casquinhas!
— Qual o sabor?
Perguntou, já abrindo a vitrine com cuidado. O cheiro adocicado misto subiu, juntamente ao vapor gelido.
— Flocos!
— Pistache!
Exclamaram ao mesmo tempo, se virando um ao outro logo em seguida, ambos rindo baixinho alguns segundos depois. Nem sabiam o porquê das risadas.
Se sentaram á uma mesinha no fundo do estabelecimento, ficando em silêncio para aproveitarem o doce da maneira correta. Felix não pensava em muita coisa além de como aquele sorvete era bom, e como nunca deixaria de amar aquele lugar, até o momento em que levantou seu olhar para o maior, que se sujava com o sorvete, assim como uma criança faria.
Sorriu bobo, levando uma de suas mãos até o nariz do garoto, que tinha um pouco da massa verde. O moreno foi rápido e esperto em sujar o rosto do outro logo em seguida, rindo da indignação do mais novo.
E só pararam quando um se deu por vencido, e os sorvetes já acabavam na casquinha. A ponta dos narizes, e boa parte das bochechas estavam colando pelo açúcar do doce, mas não se importavam quando a isso.
Felix tinha se esquecido do ocorrido mais cedo, estava sempre sorrindo com um brilho no olhar enquanto o olhava fazer gracinhas apenas para o seu desgosto. Mas, nesse momento em particular, se lembrou do diálogo que tinha
— Aconteceu alguma coisa? — Já se passavam das seis da tarde quando saíram pelo estabelecimento; O sol se punha em raios alaranjados, refletindo nas peles branquinhas. O ar era mais fresco agora, algumas árvores faziam barulhos quando o vento batia ali, deixando que algumas folhas se fossem junto á ele.
— Não, porque?
O mais novo perguntou, deixando de observar seus pés caminharem pelo asfalto recém pintado e olhar ao mais alto, que já o observava.
— Tsc. Você não reclamou do seu dia, não me zoou por ter pagado a conta e 'tá quietinho. — Ergueu uma de suas sombrancelhas, dizendo aquilo como se fosse o mesmo que avisar que um tsunami categoria 4 estava chegando e todos nós iríamos morrer. E realmente era.
O Lee riu baixinho, levando uma de suas mãos até a correntinha de prata que tinha ganhado de Hyunjin quando estavam no fundamental. Era uma correntinha folheada á prata com uma plaquinha em seu final, a onde o nome "Hyunjin-ah" tinha sido gravado. Ele dissera que era para lembrar-te dele se caso tivesse que voltar para a Austrália algum dia. Alguns anos depois, recebeu uma igual do mais novo, com o nome "sunshine" gravado.
— Yongbokkie! — Chamou arrastado, empurrando o cotovelo do moreno levemente com um leve sorriso entre lábios.
— Hyunjinnie! — Se fez de bobo, parando a frente da bela casa feita de madeira. Os raios alaranjados já tomavam uma cor mais escura, as nuvens sumiam do céu sendo substituídas pelas brilhantes estrelas. — Não quero que vá embora. Pode ficar mais um pouquinho?
O mais velho franziu o cenho, agora sim sabia que algo tinha ocorrido. Se sentaram aos degraus a frente da casa, olhando o céu se escurecer em completo silêncio.
— Eu.. Ouvi sua conversa com Yeji. — Agora brincando com os anéis que usava com o maior; Parecia até ridículo, falando assim. Agora de fato entendia o que a Hwang mais velha tido. Definitivamente pareciam um casal.
Usavam anéis de casal, os colares com o nome um do outro, trocavam objetos e roupas, sempre estavam trocando carícias em público, e nunca, nunca mesmo estavam separados. E mesmo fora da escola, estavam juntos. Desde um jantar com a família do outro, uma tarde no parque, noite de filmes, trabalho em grupo ou quaisquer outra desculpa para ver o outro.
E por mais que parecessem cão & gato, sabiam administrar bem o tempo. Quando um precisasse, o outro estaria ali em um piscar de olhos.
— Você me chamou de lerdo.. — Riu baixinho, suspirando. — Quando o lerdo de verdade é você! Ou melhor, os dois.
Deu de ombros, encarando o céu brilhante a cima de vós, não querendo o encarar enquanto dizia, mesmo sabendo que o outro estava atento a cada palavra. Desesperador.
— Ya! Idiota! Eu te odeio! — Esbravejou, batendo as mãozinhas no próprio colo. — Pare de me olhar! Está me deixando nervoso!
— Eu te deixo nervoso? — O maior sorriu largo, não deixando de desafiar o pequeno até agora. Não sabia a onde essa conversa iria, tinha até um pouco de medo, aliás. Fez o que lhe foi dito, e passou a observar o céu também, um pouco ansioso, mas controlado.
— Cala a boca! Eu 'tô tentando! — Respirou fundo, buscando se acalmar e se alguma forma organizar palavras sensatas e conseguir dizer o que queria. — Eu te odiei no começo. Quando eu entrei naquela sala, totalmente deslocado, eu botei na minha cabeçinha que eu nunca iria ser seu amigo. Você tinha uma cara de mimado, chato, estranho. Não que você não seja assim hoje em dia, mas você me entendeu.
Hwang soltou um som indignado, mas não se atreveu impedir o garoto de falar.
— Passei a te odiar ainda mais quando derrubou meu lanche na cantina. Ah, mas quando eu cheguei em casa eu te xinguei! Mamãe escutou longas sete semanas de xingamentos e maldições contra você. Tenho até um pouco de pena dela. — Pausa. — Mas, na outra semana você apareceu com dois lanches novos, não que eu tivesse te adorado por isso, era o mínimo. Você começou a me perturbar, eu quis te matar todo santo dia e em algum dia nós nos perdemos no caminho.
— Eu achei que você me perturbava por perturbar, sabe? Mas alguma coisa mudou em mim quando você mostrou ser minimamente sensato quando eu estava mal. Geralmente as pessoas não fazem isso, esse lance de ajudar. — Observou, temendo sair do rumo que estava tentando traçar. — Tá tá, o ponto é que mesmo eu te odiando, eu te amo. É, eu te amo, idiota.
Hyunjin sorriu grande, fazendo com que seus olhinhos quase sumissem. Seu peito se encheu de alegria, suspirou aliviado, puxando o menor para um abraço por trás. Escondeu seu rosto na curva do pescoço branquinho e meio frio.
— Eu te amo também, briguento. — Disse baixinho, abrigando o menor em seus braços.
— Eu não sou briguento! — O mais novo contestou com um bico entre lábios, tal região que foi desfeita com leve selar de Hwang, que o fez corar imediatamente.
— Olha, você 'tá vermelho! — Hyunjin riu, apontando para o rosto vermelhinho que se ruborizou mais ainda com a fala.
— Vai se foder, Hyunjin!
© 𝗲𝗰𝗹𝗶𝗽𝘀𝘇𝗲𝗽𝗮𝘄𝘀, 𝟮𝟬𝟮𝟯
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Sky - Playboi Carti
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“She my best friend (what? What?)
Yeah, we not a couple (what? What?)
She a rockstar (what? What? What?)
She a sex symbol (what? What? What? Let's go)”
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