10
———— " Maria Carolina "
A brisa suave da noite balança meus cabelos enquanto observo Hector. Ele está com aquele sorriso maroto no rosto, o tipo de sorriso que já sei que significa confusão. A praia está quase deserta, só o som das ondas e o farol distante quebrando o silêncio.
———— Quer ir na praia? — perguntou, apontando para a costa. As estrelas começam a brilhar acima de nós, e a lua cheia reflete nas águas, criando uma sensação de calmaria no ar.
Hector olha para mim com um brilho de desafio nos olhos. Ele sabe que eu não sou do tipo que se recusa a um bom desafio.
———— Eu aposto corrida — ele diz com aquele tom provocador, dando um passo à frente, como se estivesse me desafiando de verdade. Eu já posso sentir a provocação em sua voz. Só pode ser para me irritar.
Eu faço uma careta e rio baixinho. Sei que ele está apenas tentando me tirar do sério, mas não vou deixar barato.
———— Aposta feita — respondo, minha voz cheia de confiança. Coloco as mãos na cintura e dou um sorriso de lado. — 1, 2, 3 e já!
A corrida começa. Minhas pernas se movem rápido, a areia fria e macia parece flutuar sob meus pés enquanto tento me manter à frente dele. Hector, como sempre, tem aquela energia imbatível, mas me sinto determinada a ganhar.
Quando alcançamos a praia, meu coração dispara. Chegamos na areia fina e gelada, e eu dou o último impulso, sentindo a adrenalina subir. Sorrio, exausta, mas vitoriosa.
———— Venci! — grito, sem olhar para trás. Dou uma risada cheia de diversão, sabendo que ele ainda está tentando se recuperar da corrida.
———— Ah, você venceu... por enquanto. — Hector responde, ainda tentando pegar o fôlego, mas logo seu tom provocador volta. — Agora, vou te fazer pagar essa vitória.
Antes que eu tenha tempo de reagir, me jogo na areia, sentindo a brisa do mar batendo no meu rosto. Fecho os olhos por um momento, aproveitando a sensação de liberdade que vem com a noite tranquila.
———— Vem, Hector. — O convido, olhando para ele enquanto me deito de costas na areia. As estrelas brilham intensamente no céu, como se estivessem observando tudo. — Não quer se sujar, né? Nenenzinho.
Ele franze as sobrancelhas e me lança um olhar de desprezo, mas não se move. Está claramente tentando manter a pose de quem não se importa, mas eu sei que ele está se divertindo também.
———— Não quero, chata — ele diz, mas é impossível esconder o sorriso que escapa dos seus lábios. Ele se senta na areia, claramente em conflito, mas não se atreve a deitar.
Eu me viro para ele, sentindo a brisa gelada acariciar minha pele. Me apoio em seu ombro, sem pensar nas consequências. Hector é a pessoa mais irritante do mundo, mas, ao mesmo tempo, não consigo imaginar estar com mais ninguém naquele momento. Eu nem percebo o quanto a proximidade entre nós cria uma sensação de calor, uma sensação que vai muito além da brisa fria.
———— Eu tô feliz por estar com você, Hector... bobinho. — Minhas palavras saem de forma suave, como se fosse algo que eu tivesse que dizer. Eu não estava esperando me sentir assim, mas o momento é perfeito demais para ignorar.
Hector me olha, surpreso, antes de desviar o olhar, aparentemente tentando esconder alguma coisa. Ele revira os olhos, mas seu sorriso é visível.
———— Você ama me xingar, né? — ele diz com aquele tom de zombaria que sempre me deixa desconcertada.
Eu rio, balançando a cabeça.
———— Sabe o que eu amo mais? — digo, encarando-o com um brilho nos olhos.
Hector me observa, seu olhar curioso e ao mesmo tempo cínico. Ele não sabe se deve brincar ou ficar sério.
———— Eu, né? — ele responde, com aquele sorriso de quem já se sente vitorioso.
Eu solto uma gargalhada alta e quase impossível de conter.
———— Você é a última coisa que amo, tá? — digo, com um sorriso sacana no rosto. — Eu amo a praia.
Hector olha para o horizonte com uma expressão que tenta parecer indiferente, mas sua boca se curva para um sorriso.
———— É bonito até... — ele responde, a palavra "bonito" saindo de sua boca com um tom de desdém.
———— Chato — brinco, rindo baixinho.
Eu me viro novamente para ele, e algo no jeito como ele está me olhando me faz sentir um arrepio. Não sei se é o brilho da lua ou o calor inesperado que ele sempre consegue transmitir, mas algo está diferente. Coloco minha mão suavemente no seu pescoço, e imediatamente ele foca em mim, seus olhos me observando com intensidade.
A brisa balança meus cabelos, e uma onda de eletricidade parece passar entre nós. O momento parece suspenso no tempo, e de repente, estou mais perto dele do que imaginava. E então, sem mais palavras, nossos lábios se encontram em um beijo leve e suave, mas carregado de toda a tensão que se acumulou entre nós ao longo da noite.
———— Parece que você ganhou. — Hector sussurra, sua voz grave e vibrante. Ele me puxa para mais perto, os corpos colados, e o beijo se intensifica. Seu toque nas minhas costas me faz arrepiar de desejo.
Ele me segura pela cintura, e eu sinto seus dedos se apertando, como se ele quisesse me manter ali, naquele momento, para sempre. Eu o puxo para mais perto, sentindo o calor do seu corpo contra o meu, enquanto a brisa fria do mar continua a nos envolver.
———— Venci na vida. — Hector sussurra, seus lábios roçando sobre os meus antes de me dar um selinho rápido.
Em pouco tempo aprofundo o beijo, com a brisa levando meus cabelos ao ar, minha mãos em seu pescoço, e suas em minha cintura, revezando ao cabelo.
Nossas línguas se cruzam com uma intensidade louca, dando ondas de calor por meu corpo.
Sem ar nos afastamos, porém deixo 2 selinhos rápidos.
Eu sorrio, mas não posso deixar de perguntar, quase em tom de brincadeira:
———— A gente ainda é inimigo, né?
Ele me olha, com um olhar profundo e provocador, e responde sem hesitação:
———— Na frente dos outros, sim. Agora, na cama, não. — Ele sorri com malícia, como se soubesse exatamente como me fazer perder o controle.
Eu olho para ele, tentando manter a compostura, mas não consigo evitar o sorriso que surge nos meus lábios. Tento desviar o olhar, mas ele é irresistível. Bato em seu ombro.
———— Bobo — falo, tentando manter a seriedade, mas uma gargalhada escapa de mim. — Agora vem, eu vou entrar no mar.
Sem esperar por uma resposta, corro em direção ao mar, sentindo a areia fria sob meus pés. Tirei meu casaco durante o caminho, e quando chego à água gelada, me viro e puxo Hector para dentro comigo.
———— Vou te dar um caldinho. — Faço a ameaça, com um sorriso travesso, e puxo um de seus pés para baixo da água.
Ele tenta resistir, mas me olha com um sorriso de escárnio.
———— Vai nada. — Ele responde, e antes que eu possa fazer algo, ele joga um monte de água na minha direção.
———— Não acredito! — digo, fazendo uma cara emburrada. — Meu cabelo, filho da puta!
———— Opa. — Ele solta uma risada, jogando mais água em mim. — Sem querer. Igual o caldinho que vou te dar.
Em um movimento rápido, ele me empurra na água, e, como resposta, puxo-o para o fundo também. A onda que vem em seguida nos pega de surpresa e nos joga de volta para a areia.
———— Tudo culpa sua, agora estamos encharcados de areia! — digo, tentando, inutilmente, tirar a areia do meu cabelo.
Ele ri, divertido com a situação.
———— Não gostou de tomar um caldinho comigo? — diz, gargalhando.
Eu dou um empurrão em seu peitoral, tentando não rir, mas ele consegue me desarmar com a sua risada contagiando tudo ao nosso redor.
———— Eu vou te dar um tapa. — falo, brincando, mas meu sorriso diz o contrário.
Ele me puxa para perto e me rouba um beijo, quente e inesperado, como a maré que nos envolvia. Eu tento disfarçar, mas é impossível não sorrir.
———— Para com isso. — Tento empurrá-lo levemente, mas é claro que ele sabe exatamente o que está fazendo.
Ele acaricia minha bochecha com a ponta dos dedos e, em um tom provocador, diz:
———— Sabia que tinha gostado.
Rio, aceitando o beijo.
Nesse momento, meu celular toca, interrompendo o que poderia ter sido mais um beijo. Suspiro de frustração, mas atendo rapidamente.
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