013
~ Perseguição ~
—— Eu tentei rastrear a moto dele, mas ela é...
A frase morreu para Gu-won quando um novo policial saiu de uma das salas, tendo uma figura conhecida o seguindo, o terno sem blazer, e rosto magoado.
Sua esposa estava sem o responder a horas, ele já havia até ameaçado o celular de não funcionar, gritando para que alguém arrumasse o aparelho. Kiki nunca o deixaria preocupado sem motivos, seu coração, que ainda aprendia a sentir, se apertou.
—— Então vou ter que servir de isca...
O demônio virou a cabeça na mesma velocidade de antes, sua mente tentando raciocinar os dois alarmes tocando contra seu cérebro. E Do-hee também levantou o olhar, ao ouvir a voz, geralmente calma, de Si-young, pedindo para que agissem rapidamente em algum caso.
—— Muito obrigada pela ajuda —— comentou se curvando brevemente, em respeito, conseguindo sentir seus protegidos próximos.
Eles estavam na delegacia, Gu-won e Do-hee haviam ido para saber mais do homem que a atacou dias antes, e acabaram encontrando Si-young que estava denunciando o que aconteceu a sua galeria.
A guardiã nunca se sentiu tão magoada e irritada. Gu-won soube, ainda longe da esposa, para seu desespero já que movia a perna contra o chão várias vezes seguidas, que Kiki estava prestes a chorar.
Do-hee se sentiu tão mal quanto, acostumada a ver Kiki sorridente e calma, flertando de forma discreta e sendo amorosa.
Quando Si-young se despediu, seus olhos castanhos foram levados a encontrar sua dupla de protegidos. Ela indicou a folha de desenho, que marcava o atacante de Do-hee, indicando ser ele o culpado.
O trio suspirou se sentindo fracos, abatidos diante a realidade que estavam sendo atacados de todos os lados. Saindo juntos por aquelas portas de vidro escuro, que deveria demarcar uma área segura da polícia, mas que não os protegia.
Seus olhos se encheram de lágrimas, e Gu-won a abraçou imediatamente. Do-hee afagou suas costas também, acariciando seus cabelos curtos, enquanto suas próprias mãos tremiam levemente de raiva e impotência.
—— Vamos resolver isso juntos, Kiki —— Gu-won sussurrou, tentando confortá-la, a voz carregada de determinação e carinho.
—— Não vamos deixar que ele saia impune —— Do-hee acrescentou, a voz firme, mas com um toque de ternura. —— Isso não vai ficar assim.
O coração dos três batendo suavemente, com uma resolução de que tinham que parar aquilo. No entanto, seus ideais e dias estavam correndo de forma distintas.
Do-hee ainda era uma humana de bom coração, que se sentia pressionada a se casar com alguém. Os dois não. Eles passaram anos sendo implacáveis e impiedosos.
Queriam vingança, não se sentar e ir a restaurantes, esperando por uma ação policial e investigação.
—— Quer ir almoçar comigo?
Kiki balançou a cabeça, ainda apoiada ao peito do demônio. Não se sentia disposta a enfrentar mais tempo com humanos, especialmente interesseiros.
—— Vou para fundação —— suspirou cansada, mas sorriu para a humana em seguida —— liberei meus funcionários mas ainda preciso assinar uns documentos.
—— Posso te deixar lá —— sugeriu Gu-won, sem nem mesmo perguntar a Do-hee —— depois te busco para jantar... não pode ficar sozinha.
Kiki acenou. E Do-hee uniu seus braços, daquela vez sem fazer a mulher se sentar no banco da frente, as duas sentadas no banco de trás.
Si-young conseguia sentir os dois olhares preocupados em cima dela, durante todo o percurso, tão silencioso quanto o da manhã, porém mais melancólico.
Cada olhar trocado entre Gu-won e Do-hee mostrava a preocupação e a raiva contida por ver Kiki tão abalada. Eles não se falavam direito desde a noite anterior, mas parecia que aquilo, os unia de certa forma.
•••
—— Cuida bem dela para mim, —— Gu-won disse com uma seriedade, sabendo que poderia confiar aquele pedido. —— Não a deixem sozinha.
Ga-young assentiu, compreendendo a gravidade da situação. Seus olhos gentis encarando as costas da guardiã que se afastava devagar.
—— Pode deixar, vamos cuidar dela.
Gu-won sorriu, ou ao menos tentou. Um suspiro audível sendo emitido ao se dar conta de que deveria seguir trabalhando.
O demônio entrou no carro em silêncio, e Do-hee, por mais que desejasse saber da Ki, também se manteve na quietude. Os dois tinham mais coisas a fazer, deixando que Kiki encontrasse consolo em uma garrafa de vinho antigo e uma amiga boa.
Assinava páginas de novas contratações de arte, desenhava prateleiras para exibir as obras e pensava em novos quadros que poderiam adornar sua galeria. Uma garrafa de vinho pela metade repousava ao seu lado, e ela comia um macarrão que o Senhor Park a obrigara a comer, preocupado com sua alimentação.
Enquanto isso, Ga-young dançava no palco do teatro, movendo-se com uma graça que encantava Kiki. A jovem artista era uma presença constante e reconfortante, sempre pronta para alegrar o dia das criaturas que tanto idolatrava.
—— Você é incrível, Ga-young —— Kiki disse, sorrindo enquanto observava a dança. —— Acho que uma das roupas que desenhei ficaria linda em você.
Ga-young parou por um momento, surpresa e lisonjeada, a espada parada ao lado do corpo e um sorriso surgindo.
—— Você acha mesmo, Kiki? —— o apelido fez a guardiã sorrir —— Eu adoraria experimentar uma de suas criações.
Kiki riu suavemente, sentindo uma onda de carinho pela amiga.
—— Com certeza. Vou separá-la para você. Você merece.
Eram próximas, compartilhando não apenas o amor pela arte, mas também uma amizade que as fortalecia nos momentos difíceis. A guardiã não se importava com a diferença de idade ou com as ações da garota a sua frente, só com seu coração bom.
•••
Do outro lado da cidade, Do-hee estava planejando marcar um casamento com um cara que conhecera em um encontro às cegas. Gu-won, embora tentasse manter a mente focada em Kiki, não podia deixar de se sentir incomodado com a ideia.
A situação estava criando uma tensão adicional, mas ambos mantinham suas mentes preocupadas principalmente com o bem-estar de Kiki.
Gu-won, incapaz de suportar a visão de sua esposa tão abalada, decidiu que não podia esperar mais. Ele agiria imediatamente para pegar o bandido que havia causado tanto sofrimento. Sua determinação era palpável, e ele estava disposto a fazer o que fosse necessário para proteger Kiki e restaurar a paz em suas vidas.
Mas as vezes, o amor nos faz agir de maneira assustadora.
•••
De volta ao teatro, Kiki e Ga-young continuavam a compartilhar momentos de descontração. Ambas haviam terminado toda a bebida de uva, quando liberadas dos olhos fofoqueiros do Park.
—— Lembra daquela vez em que você tropeçou no palco? —— Kiki perguntou, rindo. —— Quando decidiu usar uma roupa maior do que deveria?
Ga-young corou, mas riu junto. Revirando os olhos para a amiga.
—— Não me lembre disso! —— estendeu a mão para dar um tapinha no braço da guardiã —— Foi tão embaraçoso!
—— Foi adorável —— Kiki retrucou, sorrindo com carinho. —— Você sempre sabe como me fazer rir.
—— Obrigada, Kiki —— Ga-young disse, sua voz suave. —— Você também me ajuda tanto, é muito importante para mim.
Kiki segurou a mão de Ga-young por um momento, os olhos encontrando os da amiga com gratidão.
—— Para mim, você é também —— ela respondeu, sincera.
Kiki estava no sofá, folheando uma revista de moda, quando ouviu a porta do banheiro se abrir. Gu-won saiu, ainda secando o cabelo com uma toalha, e vestindo uma camisa creme que combinava perfeitamente com a saia longa que Kiki usava. Ela não pôde deixar de sorrir ao notar a coincidência.
—— Olha só, estamos combinando hoje —— ela brincou, levantando-se para encontrá-lo.
Gu-won riu, puxando-a para um abraço apertado. Ele não havia a visto quando chegou, mas havia recebido uma mensagem de Ga-young afirmando que ela estava bem, então acabou decidindo tirar um tempo para si primeiro.
—— Parece que estamos em sintonia até nas roupas.
Kiki deitou a cabeça contra o peito dele, sentindo o calor reconfortante de seu corpo. Os braços dele apertando sua cintura, até erguer seu corpo.
—— Você está bem? —— ele perguntou, a voz suave e preocupada.
Havia falhado em sua ideia de ação, quando arrastou Do-hee para seu plano, e continuava com raiva da ideia de ver sua guardiã em perigo.
—— Estou melhor agora —— ela respondeu, levantando o rosto para olhar nos olhos dele. —— Só precisava de um momento com você.
Gu-won sorriu e inclinou-se para beijá-la, um gesto cheio de carinho e amor.
Ainda era estranho para os dois compartilhar momentos como aquele, mas parecia natural, como ela suspirou de imediato e acariciou os cabelos escuros dele.
—— Sempre estarei aqui para você, Kiki.
Eles ficaram ali, abraçados, por alguns minutos, aproveitando a tranquilidade do momento. Mas a paz foi interrompida pelo som simultâneo de seus celulares recebendo uma mensagem. Kiki e Gu-won se separaram, pegando os aparelhos ao mesmo tempo.
—— É da Do-hee —— Kiki disse, sentindo uma pressão estranha no coração.
Gu-won franziu a testa, sentindo a mesma sensação sufocante.
—— Algo está errado. Vamos.
Sem perder tempo, eles correram até o carro e dirigiram rapidamente até onde Do-hee estava. A preocupação e o medo se misturavam em seus corações.
Si-young sentiu que era o início de suas perseguições.
Até Breve
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