005

~ Motivos ~

Comentem nesse capítulo! Não me façam sumir novamente.

Era um tempo onde os céus e a terra dançavam em harmonia, uma era que se perdeu nas sombras da história. Ki Si-young, ainda uma aprendiz de guardiã, carregava o peso da falha em seus ombros. Seu primeiro protegido, uma humana cujo destino ela deveria guiar, encontrou um fim prematuro devido a um erro em sua vigilância. O peso da culpa pesava em seu coração, uma cicatriz eterna na jornada de uma guardiã.

Como você permitiu isso? Aonde estava com a cabeça?

Diante da falha, Si-young foi retirada do convívio dos humanos e submetida a um treinamento intensivo. Aprendeu com guardiãs experientes como Han Moon e Min Saelin, cada uma compartilhando sua sabedoria e experiência.

—— Como vou saber onde errei? —— exclamou irritada, levando mais uma pancada de Moon —— nem me lembro de como ela era.

—— Sabe que errou, é o suficiente —— a mulher rebateu, erguendo seu bastão novamente, em posição de combate —— Não pode errar.

As lições moldaram Si-young, refinando sua habilidade de proteger e orientar aqueles que lhe eram confiados.

—— Eles estavam falando de você —— Saelin contou, ambas observando um pequeno humano que seria protegido da Min —— Parece que estão planejando algo...

—— Me matar —— brincou a Ki, ganhando um tapa da amiga —— Desculpe, não deveria ter dito isso.

A palavra, morte, era odiada para os guardiões. Fora a morte natural, de preferência velhice, nenhuma era bem vista.

—— Si-young —— uma guardiã anciã a chamou, Yua, seu nome —— a BlackTurion quer falar com você. Agora.

Ao emergir desse período de treinamento rigoroso, Si-young descobriu algo que surpreendeu até as guardiãs mais experientes. Em vez de serem concedidos protegidos como era a norma, Si-young foi designada para uma tarefa incomum. Ela seria uma guardiã de um demônio.

A grande chefe dos guardiões, havia acabado de assinar sua nova missão.

A notícia reverberou pelos salões celestiais, provocando murmúrios e olhares surpresos entre as guardiãs. A ligação entre uma guardiã e um demônio era uma exceção, uma situação única que não era vista. Si-young foi envolta por um misto de emoções, desde a surpresa até a apreensão.

—— Me deseje sorte —— pediu as meninas a sua frente, Moon revirou os olhos para o sentimentalismo, e Saelin sorriu contida, ela também estava de partida.

—— Nos veremos em breve —— a Min acalentou, abraçando o corpo de Si-young com força.

—— Duvido —— Moon respondeu, se enfiando no abraço, com um pequeno sorriso —— mas que se foda, quando precisar a gente aparece, chamar.

—— Uma guardiã não deveria usar palavras tão baixas...

Seu protegido demoníaco era Jeong Gu-won, uma entidade que habitava as sombras da escuridão. Ao se encontrar com ele pela primeira vez, Si-young sentiu uma energia complexa que emanava dele, uma mistura de trevas e uma faísca intrigante de humanidade perdida.

Ele era hipnotizante, seus batimentos cardíacos subiram de constância, e suas mãos tremeram.

—— Quem é você?

Disse de forma lenta. A Ki engoliu o nervosismo, sentindo uma magia desconhecida coçar em seu corpo. Como guardiã, elas não tinham tantos poderes quando sentiu naquele momento.

—— Sua guardiã. Ki Si-young.

—— Não preciso de proteção, volte para onde veio e me deixe em paz.

A mulher revirou os olhos, sua recente paciência sumindo, fingindo ser a Moon por um instante.

—— Não lamento a sua aversão. Nem me importo, terá que lidar comigo, goste ou não. E acredite, também não estaria aqui se não fosse uma obrigação.

Os primeiros anos dessa união foram desafiadores. Gu-won testava os limites da paciência de Si-young, enquanto ela tentava entender a criatura que, de muitas maneiras, estava fora de seu entendimento. Os dois viviam em uma dança delicada entre a luz e a escuridão, tentando equilibrar a dualidade de suas existências.

À medida que os séculos passavam, a relação entre Si-young e Gu-won evoluía. Uma ligação que começou como uma sentença tornou-se uma parceria única. Si-young, embora condenada a viver com um demônio, descobriu um propósito renovado em guiar e proteger, não apenas os humanos, mas também aqueles que habitavam as sombras.

Tossindo e tremendo, as mulheres se jogaram a beira do rio, quando conseguiram soltar a humana dos pulsos de Gu-won, que parecia um lunático em busca de seus poderes.

A Ki se deitou na calçada fria. Suas costas retas e olhos fechados, deixando que Do-hee descontasse suas óbvias frustrações em Jeong Gu-won, que merecia uma grande lição se dependesse da guardiã.

Talvez eu chame a Moon... ela adora bater em idiotas. Pensou.

—— Toma. Eu não te devo mais nada.

A humana quase saiu totalmente de perto do homem, quando seus olhos pararam na mulher alta que havia a ajudado minutos antes.

Do-hee suspirou, abraçando seu corpo antes de cutucar o dela. Simpatia e cuidado ao dizer as próximas palavras:

—— Vamos embora Ki —— pediu de forma leve —— deixe esse maluco.

Si-young se levantou acenando, indo em direção ao banco de trás, para buscar a própria bolsa. Ela se odiou por usar um salto naquele momento.

Gu-won observou a melhor amiga, e esposa, com cuidado. Como se ver aquela cena o machucasse. Ela parou, sabendo que não conseguia odiá-lo.

—— Já te encontro, Do-hee —— disse nervosa, seus olhos estudando o estado paralisado do demônio —— menos de dois minutos. Prometo.

Do-hee bufou. Revirando os olhos, mas acenando.

—— Se não vir, te deixo com esse doido. —— ameaçou, ainda tremendo —— Tô avisando.

A guardiã quase sorriu para a humana, que se afastava. Mas não poderia.

—— Eu estava tentando nos salvar —— ele se defendeu, conhecendo a única amiga que tinha —— Achei que fazendo a mesma coisa, poderia ter nossos poderes de volta.

—— E arrastou uma humana para nossos problemas.

A mulher sorria de forma irônica, sem a típica graciosidade que fluía de seu corpo, apenas cansaço.

—— Ela é a causa dos nossos problemas —— se desesperou, tentando segurar as mãos da menor, que se afastou —— Ki?

Ele desejou voltar a dias antes. Quanto poderia beijar suas bochechas e nariz, fazer brincadeiras e prometer doces.

—— Não justifica, nem me avisou o que estava tramando.

Sua mente gritou: Traição.

Eles não tinham segredos. Até aquele momento.

—— Você não deixaria —— justificou novamente, tentando se aproximar novamente —— Precisamos dos poderes, e se tentarem te levar de mim, novamente? O que faremos?

A guardiã fechou os olhos. Lembrando do ano de mil novecentos e setenta e oito, não era a mesma coisa.

—— Não vamos arrastar uma pessoa inocente para isso —— deu de ombros, seguindo o caminho da humana —— falo com você depois, tenho que mantê-la viva e segura.

—— É minha guardiã!

—— Ao que parece, sou dela também!

■■■

Seus olhos supostamente olhavam para o caminho percorrido. Sua mente, no entanto, a conduzia por vastas lembranças e pensamentos incisivos, que não a deixavam calma.

A roupa em seu corpo permanecia molhada. Embora o taxista tenha as deixado entrar, as mulheres ainda recebiam olhares de desgosto do homem, que certamente não pensava boa coisa, de uma dupla que surgia pedindo por um carro tarde da noite, tão próximas ao Rio Han.

No entanto, o homem havia ligado o aquecedor do veículo, permitindo que ambas suspirassem em alívio. Do-hee, assim como ela, permanecia em seu próprio mundo. A Ki agradecia internamente que a humana tivesse a esperado, era como se uma ligação formasse entre elas.

Si-young também pensou que não conseguia estar brava com ele. Os dois estavam agindo de maneira estranha, eram apenas eles a muitos anos, para de repente lidar com outra pessoa, que balançava seus poderes no pulso frágil e perseguido.

—— Pare na próxima quadra, por favor —— pediu a Do, tirando a guardiã dos pensamentos aturdidos —— ela vai continuar o caminho, mas vou pagar para ela.

Algo como uma urgência agitou dentro dela. Não querendo que Do-hee ficasse sozinha, quando havia tantos perigos por perto.

—— Sim, senhorita —— o homem acenou, e a Do retirou um cartão da bolsa, enquanto o carro parava em seu devido lugar.

Si-young poderia seguir dentro do táxi. Ela deveria ter Jin Ga-Yeong ensaiar ainda naquela noite, e também ter uma conversa sincera com Jeong Gu-won.

O veículo amarelo andou uma quadra, quando ela gritou:

—— Pare, por favor.

O homem arregalou os olhos. Mas acatou o pedido. A deixando saltar do carro. Ainda assustado enquanto via a mulher correr entre as pessoas, de salto alto.

O frio a fazia tremer, mas Ki não parou, seus olhos flagraram Do-hee e ela se aproximou. A humana, que observava uma notícia no telão, a encarou confusa, seus lábios se separando para uma pergunta, quando uma moto passou por elas, e seu motorista jogou um vidro em seus corpos.

Si-young cobriu o corpo da menor com o seu, esperando pelo dano que sofreria, quando sentiu seu próprio corpo, e por consequência de Do-hee, ser coberto por um maior.

Jeong Gu-won. Seu protegido. Seu demônio favorito. A salvando novamente.

Seu corpo foi girado, e o homem estudou as duas mulheres a sua frente, em busca de ferimentos. O coração da Ki pulou no peito, e ela franziu o cenho para a própria confusão mental.

—— Você pegou algo precioso de nós. Tem que tomar cuidado.

As duas retribuiram o olhar dele, arregalando seus olhos ao ver suas roupas e pele queimadas. A Ki sabia que aquilo não mataria um demônio, mas ele não estava completamente bem, e aquilo a desesperou, ao ponto de entregar o pulso de Do-hee a ele.

Seu próprio corpo aqueceu. E ela pode sentir a familiar alegria em sua magia compartilhada.

Mas Do Do-hee ofegou. Seus olhos descrentes vendo seus salvadores, e também pecados, quase brilhar diante sua vista. Ele se curando e ela ficando seca no mesmo instante, eles pareciam renovados.

—— Não estou ficando louca, não é? O que... O que são afinal?

A dupla sobrenatural sorriu, muitas histórias e teorias agitando suas mentes e a certeza de que não poderiam voltar atrás.

—— Eu sou um demônio. Vocês humanos me chamam de diabo.

—— E eu sou uma guardiã. Mas não um anjo.

A delegacia ressoava com a tensão do acontecimento recente. Ki Si-young aguardava pacientemente, envolta na atmosfera carregada do local. Ao seu lado, uma policial simpática compartilhava histórias sobre sua filha, uma fervorosa admiradora de suas roupas e desfiles.

—— Posso autografar para ela, e agradecer pelo carinho.

—— Faria isso mesmo?

—— Com toda certeza.

Do Do-hee finalmente emergiu do depoimento, traços de angústia marcando seu rosto. Si-young levantou-se, a expressão calma e determinada enquanto se aproximava de Do-hee e Gu-won.

—— Está tudo bem? —— perguntou Si-young, suas palavras carregadas de preocupação genuína.

Do-hee assentiu, forçando um sorriso. Ela ainda estava muito curiosa.

—— Eu vou ficar bem. Obrigada por estar aqui, Si-young.

Gu-won, ao lado dela, lançou um olhar grato à guardiã. O trio dirigiu-se para fora da delegacia, onde o carro esperava. Si-young escolheu sentar-se no banco de trás, dando espaço para Do-hee e Gu-won na frente. Enquanto dirigiam pelas ruas, a tensão no ar se dissipava, permitindo que a conversa fluísse.

Do-hee quebrou o silêncio, abordando diretamente o tópico que pairava entre eles. O que eles eram, especificamente o homem que dirigia pelas ruas.

Si-young permaneceu em silêncio, permitindo que a conversa se desenrolasse entre Do-hee e Gu-won. O demônio, por sua vez, explicou o que fazia, e como era poderoso.

—— Pokemon —— zombou a guardiã, deixando escapar uma risada involuntária, Do-hee se virou no banco do carona, sorrindo para a mais alta.

A guardiã observava atentamente, sua mente funcionando como uma engrenagem silenciosa enquanto absorvia a conversa. Quando Gu-won mencionou que, em grande parte, não precisava da intervenção de Si-young, ela assentiu, aceitando a verdade que se desenrolava.

—— Na maioria das situações, você é capaz de se proteger. Minha presença é mais uma salvaguarda —— contou, dando de ombros —— invisível a maior parte do tempo.

Do-hee ouvia atentamente, assimilando as complexidades do relacionamento entre Si-young e Gu-won. Eles pareciam ter uma grande conexão, de séculos para ser exatos.

—— Quero dizer, que nós três, agora, estamos compartilhando do mesmo destino.

—— É uma boa maneira de pensar —— acenou a Ki, ganhando outro sorriso.

Então, para a imensa diversão da guardiã, Do-hee sugeriu algo, que para Jeong Gu-won era uma enorme bobagem.

—— Seria como a Si-young é para você e nós três estaríamos bem...

—— Ela tem muitas ideias boas —— Si-young se colocou entre eles, como uma criança em meio à uma viagem de família.

—— Não, não tem —— o demônio empurrou sua cabeça para trás, sem cogitar tal ideia.

Foi quando a guardiã ofereceu-se para ser sua guarda-costas. Fazendo o homem freiar o carro repentinamente, lançando seus corpos para frente.

—— ISSO NÃO!

Ki e Do sorriram irônicas, as duas compartilhando olhares divertidos, ao ouvirem buzinas que os obrigaram a seguir o caminho.

—— Ki, você já faz muito por nós. Não quero colocar você em mais perigo. —— disse calma, mandando uma piscada discreta para a mulher ——  Além disso, Gu-won tem ciúmes.

Gu-won, ao volante, soltou um grunhido em desaprovação, mas Si-young sorriu, compreendendo a dinâmica entre eles.

—— Seu cuidado é apreciado, Do-hee. —— foi sincera, antes de voltar a brincar —— E quanto aos ciúmes, bem, já estou acostumada.

—— Não estou com ciúmes, parem com isso!

O carro seguia seu caminho, os fios invisíveis do destino, entrelaçando-se entre Si-young, Gu-won e Do-hee, eles continuavam a enfrentar os desafios juntos, uma aliança que transcendia as fronteiras entre o sobrenatural e o humano.

Olá! Como estão?

Tô amando escrever esses momentos deles, AAAAAAAAAAAAA

Até amanhã.

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