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Bom, agora eu estou tecnicamente morando com o meu pai de novo, minha mãe não deixou eu ficar em casa. O pior de tudo era que teria que dividir meu quarto com Robby, já que a mãe dele também tinha metido o pé durante o verão.
Mas é estranho, estar aqui na casa do meu pai sem nem estar falando com ele, sinto que eu devia tentar resolver as coisas entre a gente, mas não sei o que fazer.
Jhonny tinha pedido, ou melhor, mandando eu e Robby não sair do quarto, já que ele ia preparar uma surpresa.
Robby estava sentado no chão encostado na parede com seu fone de ouvido e eu estava deitada na cama vendo uma série que tinha acabado de lançar.
Enquanto estava lá, presa em cativeiro estava ouvindo barulhos estranhos, mas prefiro não ligar já que meu pai não batia muito bem da cabeça.
Me levantei da cama para ir ao banheiro, tentei abrir a porta o mais lentamente possível para não fazer barulho, mas assim que Jhonny me viu saindo ele veio correndo.
— Não, não sai. — Jhonny disse alto e bateu a porta na minha cara, posso jurar que senti a porta batendo no meu nariz.
— Que merda ele tá aprontando? — Me virei para Robby que me olhou com a sobrancelha arqueada.
— Sei lá, você conviveu mais com ele do que eu.
Se passou alguns minutos e Jhonny bateu na porta e avisou que podíamos sair.
Robby foi o primeiro a sair e logo deu de cara com Miguel, eu pude perceber que ele não estava com uma cara nada boa quando abaixou seus fones.
— Você acabou de dizer que ele não tava aqui. — Miguel diz a Jhonny.
— Menti de novo. — Meu pai deu de ombros. — Não é culpa minha você cair duas vezes. Vocês tem razão, aquele lance do almoço não foi a melhor jogada, então dei uma internetada.
— É, amigos, coisa boa não vai ser. — Comentei dando uma olhada ao redor e vendo uma placa escrito "cadeia"
— Procurei estratégias para construir confiança e trabalho de equipe por meio de exercícios cooperativos. O menos chato é scape room. Funciona assim: — Jhonny começaria a explicar, mas Robby o cortou.
— Eu sei o que é uma scape room e eu não vou fazer isso.
— É, eu também não vou fazer isso. — Miguel concordou com Robby e se direcionou para a porta de saída, mas não consegui abrir a porta.
— Eu inverti a maçaneta ta trancada por dentro. E essa é a única chave. — Disse Jhonny, tacando a chave no ralo da pia e a triturando. — Eu também colei a janela, então ninguém vai sair daqui a não ser que trabalhem juntos.
— Eu não entendendo o por que de eu ter que participar disso, eu me do bem com o Miguel e com Robby.
— Olívia, você tá aqui pra me ajudar a juntar os dois... como eu tava dizendo, funciona desse jeito: vocês começam com um tema, beleza? Nosso tema é a guerra do condado de Lincoln. — Jhonny clicou no rádio e começou a tocar uma música estranha. — Território do Novo México, 1878. Os reguladores do condado de Lincoln José Chavez y Chavez e Josiah "Doutor" Scurolock.
— Que porra ta acontecendo? — Perguntei logo recebendo um olhar furioso de Jhonny.
— Shh! Eles foram presos e serão enforcados. Você é o Chavez, óbvio. — Apontou para Miguel.
— É a história de jovens de mais pra morrer. — Miguel disse sem ânimo.
— Merda, voce viu?
— Vi! Com você. — Miguel aumentou o tom de voz.
— Quem liga! — Robby entrou na conversa. — Pai você não tá entendendo. Pode trancar a gente aqui pra sempre que a gente nunca vai ser amigos.
— É, por que de repente você começou a forçar essa barra?
— Porque eu e sua mãe... A gente tá meio que prestes a virar uma família.
— Uma família? — Miguel disse indignado. — Nós dois? Tá de sacanagem?
— Talvez não do modo tradicional.
— Não, de nenhum modo. Vocês tem o lance de vocês aí, ok. Mas forçar isso só vai fazer eu socar a cara dele.
— Robby estava começando a se estressar.
— Ai seu otario, tenta a sorte.
— Pode falar a hora e o lugar. — Robby disse meio que desafiando Miguel.
— calma gente. Vocês não precisam se matar só porque não vão com a cara um do outro. — Disse entrando no meio dos dois e tentando acalma-los, mas todos nos viramos assim que ouvimos batidas na porta.
De repente a avó do Miguel entra vestida de cowboy ou seja lá o que for aquilo.
— Eu sou Billy, the kid, e tenho uma charada para vocês. — A mais velha disse lendo tudo na mão. Ninguém deu atenção a ela e ficou um clima estranho.
Miguel saiu pela porta que por sorte ficou aberta e Robby colocou seus fones e se direcionou para o quarto.
— Eu acho que vou meter meu pé também. — Disse saindo de lá, deixando apenas meu pai e a avó de Miguel.
Entrei no meu quarto e dei de cara com Robby socando o saco de pancadas que eu tinha colocado quando comecei a treinar caratê, mas quase nunca usei.
— Finalmente isso aí tá servindo pra alguma coisa. — Disse me sentando na cama.
— Olha, eu só não entendendo por que ele quer resolver tudo isso. — Robby parou de socar, tirou os fones e me encarou.
— Eu acho que ele só quer melhoras as coisas pra ele, mesmo que não seja o melhor pra você. Mas cá entre nós, não te traria uma paz você se resolver com o Miguel de vez?
— Eu não sei... Cara, ele roubou minha namorada.
— Tecnicamente, você namorou ela depois dele. — Dei de ombros e ele me lançou um olhar furioso.
— Eles já tinham terminado, então eu comecei a namorar ela, fui preso... e quando voltei eles estavam lá de gracinha.
— Te entendo Robby.
— Não entende não, você vive sofrendo por aquele feio careca.
— Ele só tá careca por sua casa e na real nem careca ele é mais, o cabelo tá crescendo, tá fofo? Você tá com a Tory não tá? Por que ainda fica pensando na Samantha? Deixa eles serem felizes e você fica feliz com a Tory.
— Eu sou um péssimo irmão né? — Robby se sentou ao meu lado.
— É, você é mesmo. — Deitei minha cabeça em seu ombro enquanto pensava no que falar. — Você acredita que aquele dia no parque aquático e vi o Falcão e a Moon se beijarem? Foi bem na minha frente. Sabe o pior? Foi o Falcão quem tomou iniciativa, ele nem se importou de eu estar lá.
— Ele é uma babaca, não sei como você gosta dele.
— Voce tem razão. Quer saber. — Me levantei da cama e fiquei de frente a ele. — Vamos sair pra beber, só eu e você. Anda, levanta!
— Como a gente vai sair? A porta tá trancada e a janela tá colada. — Robby disse sem nenhuma animação.
— Eu resolvo isso.
Sai do quarto indo em direção a janela, encarei o vidro pensando se era melhor quebrar com a mão ou com o pé. Depois de alguns segundos pesando, disferi um soco na janela que se quebrou. Cortou um pouco da minha mão, mas nada de mais.
— Pronto, Robby. — Disse voltando para o quarto.
— Tá tudo bem? O que aconteceu? Escutei o vidro quebrando. — Jhonny saiu do quarto dele aparentemente preocupado, apenas lancei um olhar para Robby que logo se levantou e saiu correndo.
Fui atrás dele e pulamos a janela indo em direção ao meu carro.
— Olívia, mas que porra... — Jhonny viu a janela quebrada e logo reparou que minha mão estava sangrando.
Eu e Robby entramos no carro sem dar explicações e saímos só nós dois.
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