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Ainda estava deitada na minha cama, depois que eu cheguei em casa ontem a noite não sai dela. Tinha tomado uma decisão, talvez deixasse muitas pessoas desapontadas, mas seria o melhor para mim.

Sou interrompida dos meus pensamentos com alguém abrindo a porta de meu quarto bruscamente. Abri os olhos em pude perceber que a pessoa tinha acendido a luz, tentei ver com um certa dificuldade e era Demetri.

—O que foi?—Perguntei enfiando a cara nos travesseiros de novo.

—Por que não respondeu minhas mensagens. —Demetri parecia desesperado.

—Nem sei aonde tá o meu celular. —respondi sem nenhum ânimo.

—Mandei mensagem para o Miguel e ele disse que você não apareceu no dojô.

—Ah, eu não vou mais lutar.

—O que?—Demetri praticamente gritou.

—Fala mais baixo ainda são nove da manhã.

—Na verdade são duas da tarde.—Demetri se jogou na cama ao meu lado e ficamos em silêncio. —Por que não? Você é meio que a única esperança do seu pai.

—Ele tem o Miguel.

—Você não ficou sabendo? No caratê agora vai ter divisões de gênero.

—Meu pai acha outra garota.

—Você tá chapada?

—Talvez

—Porque a Olivia que eu conheço nunca falaria uma coisa dessas... espera, você não disse que tinha parado?

—Foi só dessa vez.

—Ta, isso não importa. Mas de qualquer forma você tem que participar.

—Demetri, eu não vou. Eu não aguento mais. O Miguel foi jogado da escada, quebraram o seu braço, o Falcão perdeu o moicano... o que vai acontecer depois? Eu tô fora desse negócio de caratê.

Demetri não disse mais nada apenas ficou lá parado olhando pro teto por alguns minutos. Quando eu estava quase pegando no sono novamente Demetri voltou a falar.

—Levanta. Você vai me ajudar a achar o Eli. —Demetri puxou o edredom me fazendo resmungar.—Aí meu Deus. Vai vestir uma roupa.—Eu meio que me esqueci que estava só de calcinha e sutiã.

—Demetri!—Disse puxando o edredom de volta.

—Eu vou me virar, você vai levantar e vai vestir alguma coisa pra gente ir procurar o Eli. Anda logo.

Suspirei antes de me levantar e ir até o guarda roupa. Peguei apenas uma calça de moletom e um casaco para vestir por cima da regata. Entrei no banheiro escovei os dentes e só dei uma arrumada no cabelo que estava horrível.

—Você vai assim?—Demetri me olhou de cima a baixo assim que eu saí do banheiro. —Tá parecendo uma pobre.

—Cala a boca, Nerd.—Disse saindo do quarto. Ao mesmo tempo Bryan saiu do quarto dele que ficava em frente ao meu. O mínimo sorriso que eu estava no rosto desapareceu.

🥋

—Como pretende entrar?—Perguntei me escorando na porta já que tínhamos apertado a campainha e ninguém atendeu.

—Assim.—Ele pegou o duende e tinha uma chave em baixo dele.

Demetri destrancou a porta e entrou dentro da casa o mais rápido possível enquanto eu tentava descer as escadas com calma.

—Onde é que você tava, cara?—Demetri perguntou assim que viu Eli sentando no sofá mexendo no computador.

—E aí?—Fiz um sinal com as mãos e logo fui me sentar do lado dele.

—Como é que vocês entraram aqui?—Perguntou Eli sem ânimo nenhum e confesso que aquilo me deixou triste.

—Sua mãe deixa a chave debaixo do duende desde sempre!—Demetri jogou a chave de volta para Eli.—Vocês tem que melhorar a segurança agora, por causa da guerra de caratê! Mas isso não é o importante!

—O que é o importante?

—Você não soube? O torneio de caratê agora tem divisões de gênero!

—De novo com esse papo não!—Disse revirando os olhos.

—Acha que eu sou a melhor esperança do Miyagi-Do pra derrotar Robby Keene? O Sr. LaRusso fala que qualquer um pode ser um herói, mas eu não sou o Batman. Eu tô mais pro Alfred. Você é o Batman. Ah! Eu esqueci que você não curte muito DC. Mas esquece o Batman, você é o Falcão do moicano!

—É, eu não sou mais. Então...—Falcão tirou o boné.

—Pelo menos tá melhor do que da última vez que eu vi.

—Todo mundo sabe o que aconteceu. É uma vergonha.

—Eli, não liga pra isso. Daqui a pouco eles esquecem.

—É, quem liga pra o que eles pensam? Isso daí vai crescer de novo!

—Não importa. Arruinei minhas reputação, falei muita besteira e provei que sou um babaca. Com a Moon, com o Miguel, com você—Ele direcionou o olhar para mim pela primeira vez no dia.—E ainda mais com você.—Se voltou para Demetri. —Eu mereci isso.

—Ai, eu te perdoei, lembra?

—É, Eli, eu também.

—Eu não tô nem aí se você usa moicano, mullet ou rabo de cavalo. Vem ajudar o Miyagi-Do!
ah
—Eu não vou voltar pro Miyagi-Do.—Demetri parecia chocado com a reposta do melhor amigo.

—A beleza! Vai escolher o Presas de Águia a seu melhor amigo.

—Também não vou voltar pro Presas de Águia.—Dessa vez quem estava em choque era eu.—Eu... eu cansei do caratê. Tô fora.

—Ótimo! Mais um desistente. —Demetri bateu na perna e se sentou no sofá.

—Mais um? —Eli parecia confuso.

—Ah, não ficou sabendo? Olívia desistiu também.

—O que? Por que?

—Porque eu não aguento mais, Eli.—Suspirei e fitei o teto.

Nos três ficamos sentados no sofá em silêncio enquanto Eli ficava jogando no computador. Não imploraria para o Eli voltar era a decisão dele e eu o entendia completamente, mas Demetri continuaria insistindo.

—Você não pode desistir!—Demetri quebrou o silêncio estranho que estava entre nós.

—Eu já disse. Já tomei minha decisão.

—Ai! Foi você que me levou pro caratê, tá lembrado? Eu tava feliz da vida jogando Dungeon Lord depois da aula, mas aí você me colocou em uma situação em que eu tinha que entrar em um dojô! E sabe de uma coisa? Foi a melhor coisa que aconteceu comigo. Eu fiquei mais forte, ganhei confiança, peguei a garota dos meus sonhos. Mesmo que ela acabe me trocando por um australiano bonitão que ela conheça por lá. Caramba, eu tô empolgado com o torneio de caratê! Eu nunca pensei que iria falar isso. Mas não vai ser tão legal se você não tive lá! —Eli não disse nada apenas deu uma olhada para Demetri e voltou a mexer no computador.

—Larga esse computador. —Disse puxando da mão dele, me levantei e coloquei em um lugar fora do alcance de Eli.

—Tá legal, vai me obrigar a isso.—Demetri estava se contorcendo no sofá para conseguir pegar o celular no bolso. —Olivia, da licença. —Ele deu tapinhas nas minhas costas para que eu me levantasse, assim que me levantei ele foi para o lado de Eli e eu me sentei novamente, só que do outro lado.

—Não falou que tinha deletado?—Eli perguntou e eu não fazia a mínima ideia do que eles estavam falando.

—Ah eu falo muito. Esse é o meu lado bom e meu lado ruim.

Demetri deu início ao vídeo que logo apareceu ele com um roupa estranha. Eli tampou meu olhos com as mãos me impedindo de ver.

—Ei! Tira a mão.

—Você não pode ver isso. —Ele respondeu.

Tentei tirar mas depois de um tempo acabei me rendendo, consegui ver algumas coisas mas não entendi nada. No vídeo eles cantavam e Demetri cantarolava algumas partes o que me fez rir mesmo sem entender.

—Por que tá me mostrando isso?—Eli perguntou e finalmente tirou a mão de meus olhos.

—Porque esse é quem você é.

—Um nerd?

—Para de ser idiota.—Disse dando um tapa no braço dele.

—O meu melhor amigo! Eu sei que você acha que aquele moicano defina quem você era, mas não. Não pra mim. Eli, Falcão... caramba, pode até se chamar de Cornélio. Nada disso muda o fato de você ser o meu Irmão Binário. Seja o número um, ou o zero.

—Eu vou pensar.

—Isso!—Eu e Demetri fizemos um toque que tínhamos inventado ao um tempo atrás.

Depois de mais um tempo conversando Demetri disse que precisava ir embora e como eu estava de carona com ele, precisava ir também.

—Te espero no carro.—Demetri disse subindo as escadas.

—Então... você vai voltar?

—E você? Vai voltar pra ajudar o seu pai?

—O que? Claro que não. Mas o foco aqui é você. Pensa em tudo que o Demetri falou. As pessoas não gostam de você por causa do seu cabelo.

—Disse a pessoa que me beijou só porque eu pintei o moicano.—Fiquei em silêncio por alguns segundos racionando o que ele tinha acabado de falar.

—Acha que foi por isso? Porra... Eu não te beijei só por causa do seu cabelo, te beijei porque eu te amo. Será que muito difícil pra você entender isso? Eu preciso ir, tchau.

—Eu só vou se você for amanhã...

—Ta bom—Subi as escadas e sai dali logo em seguida.









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Acabei de postar um videozinho no TKK
Vão lá ver

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