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Minha mãe me proibiu de treinar caratê, mas hoje eu teria que convencê-la de que eu preciso voltar. Ela provavelmente não vai deixar, mas eu vou do mesmo jeito.

Por sorte ela estava em casa hoje, trabalhando como sempre, mas pelo menos estava em casa. Desci até o escritório e ela estava no telefone. Me escorei no batente da porta esperando ela desligar enquanto olhava as minhas unhas, elas estavam curtas, não conseguia parar de roê-las.

—O que foi?—Minha mãe perguntou seca, provavelmente estava sem paciência.

—Posso voltar a treinar? O papai...

—Não.—Ela respondeu seca.

—Mas não é igual o cobra kai. Por favor.

—O seu pai era dono do Cobra Kai também.

—Mas...

—Dona Alisson, com licença, tem alguém te esperando na porta.—Disse charles, não sabia se ele era mordomo ou assistente, só sei que ele fica aqui em casa o tempo todo.

Minha mãe se levantou enquanto tirava os óculos e arrumava o cabelo.

—Você não vai e fim de conversa.—Ela passou por mim e sumiu da minha vista.

Mas é claro que eu vou, nem que eu tenha que pular a janela.

Como ainda faltava uma hora e meia subi para o meu quarto e fiquei enrolando e mexendo no celular, de vez em quando eu descia para ver onde minha mãe estava, ela e o cara estavam conversando na porta, eles deveriam entrar no escritório.

Fiquei esperando e nada. Vou ter que pular pela janela. Troquei de roupa e pensei em uma estratégia mais fácil de pular, mas não tinha um jeito fácil, então eu simplesmente me joguei tentando parar em pé, e por sorte deu certo.

Olhei para trás para ver se não tinha ninguém e vi uma porta. Me aproximei e abri a mesma, era uma porta que levava a cozinha... a porta dos fundos. Como eu me esqueci disso? Poderia ter evitado a janela, mas agora já foi.

Caminhei até o meu carro e comecei a dirigir normalmente, torcendo para que a minha mãe não visse.

E cá estou eu, em um parque. Quando meu pai disse que tinha achado um lugar imaginei que ele tivesse quatro paredes, não que seria um parque.

—Esse é o primeiro dia.—Jhonny começou.—Já passamos por isso. Mas as coisas mudaram. Tentaram nos derrubar. Não funcionou! Disseram que precisávamos de quatro paredes. Que se danem! Este parque... é o nosso dojô. Não é preciso um dojô para ter um dojô. Vocês entenderam?

—Sim, sensei.—Dissemos em uníssono.

—Eu comecei o Cobra Kai com um nerd.—Sensei apontou para o Miguel.—Então já é um avanço. Se queremos ser levados a sério. Precisamos de um novo nome que imponha respeito. Um nome que mostre poder, domínio. As cobras são fortes. Elas podem mandar na selva, mas o mundo é mais que uma selva. E só existe um animal... capaz de matar uma cobra.

—Um suricato?—Perguntou Bert.

—Um animal de verdade, Bert.

Pensei em perguntar se era um Falcão mas achei melhor não.

Meu pai se agachou até uma caixa e pegou um pedaço de tecido vermelho.

—Bem vindos... ao Caratê presas de águia.

—Legal.—Bert murmurou.

—Mas águias não tem presas.—Comentei e como resposta ele jogou a camiseta na minha cara.

—Podem colocar.—Ele jogou camisetas para tudo mundo.

Como eu estava com uma camiseta fina por baixo, coloquei a nova por cima.

—A de mais alguma tá apertada?—Mitch perguntou.

—Abdominal resolve. Muito bem, eu formação!

Do nada atrás de uma árvore deu para ver um moicano vermelho passando. Será que ele mudou de ideia?

—Sensei, olha.—Disse o Miguel.

Meu pai se virou vendo o Falcão e mais dois caras

—Eles me ouviram.—Sensei disse todo feliz. —Beleza pessoal acho que temos mais alunos. Abram espaço.

Mas lógico que era tudo coisa do Kreese, alguns segundos depois Kyler e Tory saíram de trás da mesma árvore.
E logo o próprio Kreese saiu de lá com mais alunos.

—Eu avisei. Cobra Kai pra sempre.—Disse o Falcão e eu revirei os olhos.

O sensei Kreese passou pelos alunos ficando cara a cara com o meu pai.

—Relaxa, Jhonny. Não vim para brigar.

—Então por que está aqui?—Jhonny perguntou.

—Quero fazer uma proposta pra você voltar pro Cobra Kai, que é o seu lugar.

—Enlouqueceu se acha que eu vou trabalhar com você de novo. As besteiras que tá ensinando, as merda que tão fazendo, isso é muito errado. E você é o culpado.

Isso me lembrou de quando eu e o Falcão destruímos o Miyagi-Do, meu pai não sabia que eu estava envolvida, e nem ficaria sabendo se dependesse de mim. Ele me mataria se descobrisse.
Acho que o único que realmente sabia era o Miguel, mas ele também nunca tocou no assunto.

—Eu tenho que discordar de você nessa. Eu me importo com o meus alunos. Eles são fortes, são verdadeiros lutadores. E eles não comentariam o erro de mostrarem compaixão para acabarem e coma!

Miguel se aproximou do sensei Lawrence enquanto o Falcão se aproximou do velhote, para não ficar de fora me aproximei também encarando o Falcão.

—É agora, Jhonny. Não vai ter outra chance.

—Ótimo.

—Fez sua escolha, e vai se arrepender.

O Kreese colocou os óculos escuros de volta e saiu levando junto com ele os alunos.
Falcão deu uma última olhada para mim e saiu ao lado de Tory.

Depois daquilo ficou um clima tenso, mas continuamos a aula normalmente. Fizemos apenas coisas básicas, o Miguel também não podia se esforçar muito, ele ainda não estava 199%, mas logo ficaria. Ele tinha que ficar.

—Então, vejo vocês amanhã, no mesmo horário,—Sensei disse enquanto todos se arrumavam para ir embora.

—Se eu não aparecer amanhã, provavelmente a Alisson me matou.—Disse pegando minha bolsa.

—Ela não deixou você vir?—Miguel perguntou.

—Não, mas eu pulei a janela. Me desejem sorte.

—Olívia!—Bert me abraçou de lado.—Você poderia ir ao zoológico comigo qualquer dia né?

—Fazer o que lá? —Perguntei andando até o carro com ele ainda grudado em mim.

—Roubar um banco. Lógico que é para ver os animais.

—É faz sentido...

—Então você vai?—Bert me chacoalhou.

—Não sei não, depois a gente vê, ok? Agora adeus, tampinha.

—A gente não tem tanta diferença de tamanho.

—Cala a boca.

Entrei em meu carro e dirigi até a minha casa torcendo com todas as minhas forças para que a minha mãe não estivesse em casa. Mas foi em vão, assim que abrir a porta da frente dei de cara com ela fazendo carinho no gato.

—Onde você estava?—Perguntou sem nem tirar os olhos da televisão.

—No parque.—De certa forma isso não era mentira.

—Eu sei que você foi para o dojô.

—Tecnicamente não era um dojô...

—Me da o seu celular.—Ela falou seria e agora me encarava com uma expressão de raiva.

—O que?

—Me da o seu celular, agora!

—Eu não tenho mais treze anos.

Ela continuou me encarando e eu sabia que ela iria me infernizar o suficiente até eu entregar logo, então coloquei na mão dela sem discutir muito e subi para o meu quarto.

Eu sabia que ela não iria mexer, ela nunca fez isso. E se mexesse não encontraria nada de mais, só conversas e fotos com o meu pai, o Demetri, o Miguel e algumas coisas da Aisha, não tinha mais nada de interessante no meu celular.

Poderia estudar para um teste que estava chegando, mas decidi ler, apenas ler e passar o tempo. E foi assim pelo resto da noite, apenas eu e o livro.
























———-avisos
Oioi gente
Desculpa pela demora
Mas eu tava com um fogo no rabo por isso que eu demorei, publiquei outra fic mas já tirei, mas eu quero publicar dnv
Pq essa aqui já tá acabando e eu não quero ficar sem postar nada 🆘

Mas pensando aqui em largar essa carreira de escritora...💭

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