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Meu pai acendeu aquela mini churrasqueira e mandou eu ir chamar o Miguel. Bati na porta e logo ele atendeu.

—O que foi?—Ele perguntou desanimado.

—O sensei está te chamando.—Respondi.

Ele saiu e foi que onde o meu pai estava, fechei a porta que ele tinha deixado aberta e me juntei a eles.

—Sabe por que chama isso de hibachi? —Perguntou o Jhonny.

—Não chama. Isso é uma churrasqueira.—Respondeu o Miguel.

—Há uns cem anos, na China antiga, havia um vilarejo de produtores de leite, que viviam de boa com seu leite e queijo.—Eu e o Miguel olhamos para o Jhonny sem entender.—Mas veio a seca, e precisavam pegar água no rio. Mas nenhum China queira fazer esse trabalho.

—Não seria chinês?—perguntei.

—Ta bom chinês, tanto faz. A questão é que eles ficavam nas redes esperando a chuva. Então um cara sábio juntou um monte de gravetos e enfiou em baixo de cada um deles enquanto dormiam. Sabe o que ele fez?

—Tacou fogo neles?—Eu e o Miguel perguntamos.

—Exatamente. É daí que vem a expressão. Sabe qual era o nome do cara sábio?

—Hibachi?—Perguntou Miguel.

—Exatamente.

—Mas os hibachis não são do Japão?—Perguntei.

—E não Japão não havia muitos produtores de leite ou rendes.—Completou o Miguel olhando para o Jhonny. —Achou que iríamos cair nessa?

—Não, mas sabia que você ia me corrigir e não notar o que eu tava aprontando.

—E o que você tá fazendo?

—Colocando fogo no seu tênis.—Meu pai disse como se isso fosse normal.

—Que merda é essa?—Perguntou o Miguel olhando para o tênis que realmente estava pegando fogo.—O que você fez?—Meu pai segurou os braços do Miguel.—Você tá louco?

—Depende de quem pergunta. Vamos lá, Diaz! Olivia não se mecha.

—Eu não consigo!—Disse o Miguel.

—Vai mexe a perna. Você consegue.

—Isso é tudo que eu quero.

—Então fala pro seu cérebro mandar suas pernas se mexerem.

—tá bom...

—Gente é... o fogo está subindo pela perna já, não é melhor apagar?—Eu disse.

—Sensei, tá subindo pela minha perna!

Meu pai foi correndo pegar um extintor e apagou o fogo.

—Achei que ia dar certo.—Meu disse meu pai.

—E por que não deu?—Miguel perguntou irritado.—O meu pé pegou fogo e eu não senti. Por que não tá dando certo? É melhor limpar isso tudo antes que a minha mãe chegue.

—A gente se vê.—Disse meu pai.

—Até mais.—Disse acenando com a mão.

Comecei a limpar tudo aquilo juntamente com o meu pai.

—Acha que ele... você sabe... vai voltar a andar?—Perguntei.

—É claro que ele vai.—disse meu pai confiante.—Hoje a noite vamos em um lugar, me encontre aqui às oito. Tem identidade falsa?

Se eu dissesse que sim seria estranho, mas ele não iria brigar... iria?

—Sim...

—Eu esperava que você dissesse não, mas já que tem traz ela.

Terminamos de arrumar tudo e eu fui para a minha casa, ainda faltava um bom tempo então decidi ligar para o Demetri. Ele não demorou muito para atender, graças a Deus.

—Oi.—Eu disse.

—Oi, por que faltou a escola hoje?

—Estava ajudando meu pai. Eu perdi muita coisa?

—A professora de história passou um trabalho em dupla. Eu pensei que podíamos fazer juntos.

—Pode ser sim. É sobre o que?

—Escravidão.

—Ótimo não é tão difícil, eu acho.

—Podemos fazer uma maquete, já estou com várias ideias.—Demetri disse animado.

—Você se lembra do que aconteceu da última vez?

—Não teria acontecido nada se aquela bola não tivesse "escapado"—Fez sinal de aspas com a mão.

—Nós decidimos isso depois.

—Olívia, que música você está escutando?—Ele perguntou com uma cara confusa e eu abaixei o volume rapidamente.

Tinha começado uma música super pesada.

—Louvor.—Respondi fazendo sinal de amém com as mãos. —Sabia que o meu pai tacou fogo no pé do Miguel? Ele achou que faria as pernas do Miguel se mexerem pelo menos um pouco.

—Merda.—Disse o Demetri olhando algo no celular.—Vou ter que ir, depois nos falamos. Tchau, Olivia—nem deu tempo de eu responder ele desligou na minha cara.

—Tchau...

Suspirei me jogando na cama, logo daria a hora para eu começar a me arrumar para ir nesse lugar que meu pai falou.

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