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Recebi a mensagem que o Miguel tinha acordado. Fui correndo para o hospital, quase bati o carro de tanta animação. A Sra. Diaz me mandou mensagem logo que ele acordou já que eu ia lá todos os dias ver como ele estava.

Cheguei na recepção e a moça que estava mexendo nos papéis nem olhou na minha cara.

—Com licença.—disse chamando a atenção dela.—Vim visitar Miguel Diaz

--Só um momento.—ela começou a digitar no computador, ela apertava as teclas com tanta força que fazia um barulho insuportável.

Depois de mais alguns minutos ela me liberou pra entrar no quarto.
Quando cheguei a Sra. Diaz estava dando comida para o Miguel.

—Eu sabia que você viria, mas não tão rápido.—disse o Miguel assim que me viu.

—Oi... eu saí de casa assim que sua mãe me avisou que você havia acordado. Eu senti saudades.—disse indo até a cama dele e dando um abraço rápido.—Essas duas semanas foram uma mer... um saco sem você.—Mudei minha fala pois a Carmen estava na sala.

—Que bom que você veio, Olívia.

Logo um médico entrou na sala.

—Com licença, eu preciso examina-lo, mas podem continuar o que estavam fazendo.

Ele começou a mexer na mão de Miguel.

—Você esta progredido muito. Senti isso?

—Sim.—disse o Miguel meio desanimado.

—Bom. E isso?—Ele mexeu nos dedos de Miguel.

—Normal.

—Ótimo.

—A Yaya tá toda empolgada. Ta em casa cozinhando um monte de coisa. Os potes estão lotados de Doce de leite.—Disse a Carmen enquanto o médico mexia nas pernas de Miguel.

—Legal, mãe.

—Sente isso?—O médico perguntou mexendo no pé.

—Não.—Disse o Miguel enquanto eu e a Dona Carmen trocamos olhares de  preocupação

—E isso?—ele mexeu nos dedos.

—Nada.

—Ta. Tudo bem.

—Não disse que as imagens estavam boas?—A Carmen perguntou.

—Disse. Verdade.

—Vou poder lutar karatê de novo?—perguntou o Miguel.

—Um dia de cada vez. —O Médico desviou do assunto.—Eu vou falar com a sua mãe rapidinho, tá?

—Ta só um minuto. Olivia, querida, se importa?—Dona Carmen estendeu o pote de comida.

—Claro que não.—disse pegando o pote e sorrindo.

Fui para o lado do Miguel.

—Você não precisa fazer isso—Disse o Miguel recusando uma colherada.

—Cala a boca e come logo. Olha o aviãozinho.—Levei a colher até a boca dele rindo e dessa vez ele comeu e deu um sorrisinho fofo.

Ele olhou para a janela onde a Dona Carmen e o médico estavam, ela estava chorando chorando.

—Você acha que eu vou poder...—Não deixei ele completar a frase e enfiei uma colherada de comida na boca dele.

—Eu acho que deveríamos falar de como a aulas são chatas sem você pra nos contar fofocas—Mudei totalmente o assunto.

—E o Jhonny, como ele está?—Dei um longo suspiro.

—Eu não vi ele desde de o dia que tudo aconteceu. Tory e Robby também desapareceram.

(...)

Passei a tarde inteira com o Miguel, se a minha mãe descobrisse que eu  faltei a aula ela me mataria.

Como em hospitais eles tem costume de servir a refeição mais cedo do que o horário "normal" o Miguel já estava jantando.

O Miguel estava comendo sem vontade nenhuma, odiava ver ele assim.

—Oi— Disse uma voz muito familiar, me virei para olhar e era o meu pai, ele estava com o rosto todo ferrado.

—Oi.—Disse o Miguel e eu permaneci calada.

—Eu... sempre vinha te ver escondido.

—É claro que vinha—Disse pra mim mesma.

—Guardei da última vez que estive aqui.—meu pai continuo sem ouvir o que eu tinha dito.

—O que aconteceu com  seu rosto?—Perguntou o Miguel.

—É que eu entrei numa briga com o porta papel.—Ele respondeu, eu e o Miguel nos entreolhamos confusos.—E com uns valentões de uma oficina.Você se livrou do colarinho, isso é bom. Sempre achei que aparelho fosse pra Nerd.

—É... O médico falou que eu posso não voltar a andar.

—O que? Não. Como eles sabem? Eles não sabem o quanto você é forte.

Obrigada pai, por perguntar se eu estou bem e não fiquei com nenhuma sequela quando bati a cabeça. É bom ver que se importa.

—Sensei... eu fiz o que você me ensinou. Eu mostrei compaixão. Porque aconteceu isso comigo?

—Eu não sei...

—Não sabe?—Perguntou o Miguel praticamente chorando. —Confiei em você. Fiz exatamente o que você falou.

—Miguel...—meu pai tentou falar algo.

—Olha pra mim! Sai daqui.

—Miguel, você não...

—Sai daqui!—O miguel gritou enquanto chorava.—Por favor!

—Acho melhor você ir embora, Jhonny—Eu disse algo pela primeira vez.

Meu pai se retirou da sala e eu abracei o Miguel na intenção de acalma-lo já que ele estava chorando muito.

Depois que ele se acalmou decidi que era a hora de ir embora.

—Miggy, eu tenho que ir, mas eu juro que depois da escola eu venho te ver.

—Tudo bem...

Dei mais um abraço nele e sai, estava saindo da porta frente quando o meu pai entrou na minha frente...

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