☞ " #014/ Fim .', ও
Franco apareceu poucos minutos depois, a expressão preocupada estampada no rosto. Ele olhou para Lexie com uma inquietação que logo se transformou em um semblante mais suave quando viu que ela estava bem, embora visivelmente cansada.
— Você está melhor? — ele perguntou, aproximando-se, ainda desconfiado.
Ela deu um leve sorriso, tentando disfarçar a tempestade interna que estava começando a formar.
— Sim, só estava um pouco tonta... — disse, tentando parecer mais calma do que realmente estava.
Franco a observou por mais um momento, antes de suspirar e se sentar ao seu lado.
— Você me preocupa, Lex. Eu sei que você não tem falado muito sobre o que está acontecendo... mas se quiser conversar, eu estou aqui.
Lexie olhou para ele, sentindo a dor de tudo o que estava em sua mente. Mas havia algo que ela ainda não podia compartilhar, uma confusão que era só dela. Ela não queria magoar seu irmão, nem queria falar sobre Ollie, sobre o que ele significava ou sobre os sentimentos que estavam nascendo dentro dela, sentimentos que ela nem sabia como lidar.
— Eu sei, Franco. Obrigada — ela respondeu, a voz falhando um pouco. — Eu só... preciso de um tempo, ok?
Ele assentiu, aparentemente satisfeito com sua resposta, embora ainda preocupado.
— Claro. Só me avise se precisar de alguma coisa.
Quando ele se levantou para sair, Lexie sentiu uma estranha sensação de vazio. Ela estava dividida entre os cuidados do irmão, que a amava e se preocupava, e a presença de Ollie, que parecia fazer com que tudo se acalmasse, mesmo sem dizer uma palavra a mais.
A noite foi passando lentamente. Lexie, ainda pensativa, não conseguia mais afastar a imagem de Ollie de sua mente. Algo nele a fazia sentir-se segura, algo que ela não conseguia descrever. E, mais do que isso, havia uma atração silenciosa que começava a crescer, como uma chama incerta, mas intensa, que ela não sabia como controlar.
Mas como poderia lidar com isso? E, mais importante, como Franco reagiria se soubesse do que estava começando a acontecer entre eles?
{...}
Na manhã seguinte, Lexie acordou com um peso no coração, mas também com uma clareza que não tinha antes. A festa tinha ficado para trás, mas os sentimentos estavam se tornando cada vez mais reais. Ela sabia que precisava fazer algo a respeito, ou continuaria presa nesse limbo de confusão.
Ollie a havia deixado com uma promessa silenciosa, e, por mais que soubesse que não poderia ir atrás dele agora, uma parte de si queria vê-lo novamente. Mas havia a dúvida, o receio do que isso poderia significar para os dois, para sua amizade e para o vínculo com seu irmão.
Logo quando acordou olhou seu celular. Era de Ollie.
"Oi, Lexie. Só queria saber se você está bem. Se precisar de qualquer coisa, me avise."
As palavras simples, mas carregadas de significado, fizeram seu peito apertar. Ela olhou para a tela por um longo momento, pensando. Talvez fosse hora de começar a dar passos mais concretos, enfrentar o que sentia.
Com um suspiro, ela começou a digitar.
"Oi, Ollie. Eu estou bem. Obrigada por ontem... por
estar lá."
Assim que enviou a mensagem, sentiu um alívio imediato.
O celular de Lexie vibrou quase imediatamente. Ela quase não se atreveu a olhar, mas quando fez, viu a resposta de Ollie. As palavras estavam simples, mas havia algo nelas que a fez sentir um calor inesperado no peito.
"Claro. Eu sabia que precisava de mais tempo. Quando você estiver pronta, me avise, vou te levar para um lugar."
Ela ficou olhando para a tela por um tempo, os dedos trêmulos sobre o teclado. O convite silencioso estava lá, mas não era apenas uma questão de prontidão. Era sobre coragem, sobre decidir dar um passo no escuro e enfrentar o que vinha pela frente.
Com um suspiro profundo, digitou de volta, mais firme desta vez.
"Eu estou pronta. Podemos conversar."
Rapidamente se levantou do sofá. Era a hora de escolher a roupa.
Abriu o armário, tentando decidir o que vestir. Não queria parecer desleixada, mas também não queria parecer excessivamente arrumada. Queria algo que fosse confortável, mas que ao mesmo tempo fosse adequado para a conversa que estava prestes a ter.
Primeiro, ela pegou uma blusa de manga longa preta, simples, mas elegante. Sentiu que a cor passava uma sensação de seriedade, mas ainda assim mantinha um toque de suavidade. Combinou a blusa com um jeans escuro de cintura alta que sempre a fazia se sentir confiante. Não.
Analisando as escolhas, pegou um vestido preto solto, ele ia até a metade de suas coxas, acompanhado por um leve detalhe de renda em seus seios, mas não invasivo. Colocou um papete de apenas uma tira de brilho.
A morena meio loira então se olhou no espelho e ajeitou o cabelo. O que ela tinha, na verdade, era apenas o suficiente para deixar as ondas naturais mais suaves e controladas. Com alguns movimentos rápidos, ela arrumou as pontas e jogou uma mecha para o lado, deixando o cabelo solto e natural, colocando um clip de brilho preto, quase inaparente.
Na maquiagem, ela foi cuidadosa. Não exagerou. Optou por um toque leve de corretivo e rímel. Quando aplicou o gloss, escolheu um tom rosinha, discreto, que não chamaria muita atenção, mas que ainda a fazia se sentir mais preparada para o encontro.
{...}
O tempo até o encontro parecia se arrastar, mas Lexie fez o possível para ocupar a mente. Quando o relógio finalmente marcou 15h50, ela sentiu o estômago revirar. E, ao mesmo tempo, uma sensação de alívio, como se finalmente estivesse prestes a dar um passo em direção ao desconhecido.
"Você pode vir, estou pronta" — encaminhou a mensagem.
Em pouco tempo recebeu a mensagem.
"Indo, pode descendo!"
Olhou uma última vez para o espelho, ajustando a alça da regata que parecia um pouco torta, e passou a mão pela roupa, mais para se acalmar do que por necessidade real. Quando sentiu que estava o mais confortável possível, pegou a bolsa e se dirigiu à porta.
Ollie não havia dormido em casa, lembrava absolutamente de tudo, isso era mais constrangedor.
O som da campainha a fez saltar ligeiramente, e quando ela abriu a porta, Ollie estava ali, de pé, com um sorriso suave nos lábios. Ele estava vestido de maneira simples também, com uma camiseta escura e uma jaqueta de couro que lhe dava um ar tranquilo. Seus olhos se encontraram, e por um momento, nada mais parecia importar.
— Oi, Lexie — ele disse, a voz calma, mas com uma leve tensão, como se estivesse esperando algo dela.
Ela sorriu, tentando parecer mais à vontade do que realmente estava.
— Oi, Bearman. — A palavra saiu mais suave do que o
esperado. — Obrigada por vir.
Ele acenou com a cabeça, os olhos ainda focados nela, como se tentasse decifrar cada expressão dela. Não parecia ser o tipo de pessoa que gostasse de pressa, e ela sentiu um conforto nisso. Ao invés de perguntar o que ela estava sentindo ou pressioná-la com mais palavras, ele apenas estendeu a mão.
— Vamos? — ele perguntou, com um tom leve, quase como uma sugestão
Ela respirou fundo e colocou a mão na dele, sentindo uma leveza se espalhar por seu corpo. Era um simples gesto, mas parecia que ele a estava ancorando, de alguma forma.
Eles saíram juntos, caminhando até o carro de Ollie, que estava estacionado na rua. Ele abriu a porta para ela e, assim que entrou, ele deu a volta e se acomodou no banco do motorista.
O silêncio entre eles era confortável, mas carregado de significado. Enquanto ele ligava o carro e começava a dirigir, Lexie olhou pela janela, sentindo uma mistura de nervosismo e antecipação.
Sabia que precisava conversar, precisava colocar para fora o que estava se formando dentro de si, mas o que exatamente ela deveria dizer ainda estava nebuloso.
A cidade passava lentamente pela janela, as luzes da tarde se misturando com as sombras do início da noite. O carro seguia em um ritmo calmo, quase meditativo, e Lexie sentiu a tensão em seu corpo começar a diminuir.
Quando Ollie finalmente quebrou o silêncio, sua voz suave a fez se sentir ainda mais centrada.
— Você está bem? — Ele perguntou, mantendo os olhos na estrada, mas com um tom que indicava que estava prestando atenção em cada palavra dela.
Ela levou um momento para responder,
— Eu estou... — ela começou, tentando organizar os pensamentos que estavam se atropelando. — Eu estou confusa, Ollie. Não sei exatamente o que estou sentindo, mas sei que preciso conversar com você. Eu não posso continuar ignorando o que está acontecendo, o que eu estou sentindo.
Ollie a olhou rapidamente, e ela viu a compreensão em seus olhos. Não havia julgamento, apenas paciência. Ele acenou levemente com a cabeça e falou com uma serenidade que a fez sentir mais calma.
— Eu não quero que você se sinta pressionada, Lexie. Eu só quero que você saiba que, independentemente do que você decidir, eu estou aqui. Eu só quero que você seja honesta consigo mesma.
Eles continuaram a dirigir, o silêncio entre eles agora mais confortável, com a certeza de que não precisavam de pressa. O que quer que fosse acontecer, aconteceriam juntos. E, por mais assustador que fosse, isso parecia certo.
A paciência de Ollie, a forma como ele a tratava, sem pressa, sem pressões, fazia com que ela se sentisse segura, mas também mais consciente da responsabilidade de dar um passo à frente.
O silêncio se estendeu até que o carro virou em uma rua menos movimentada e Ollie estacionou em frente a um pequeno café à beira de um lago.
Era um lugar tranquilo, onde as luzes suaves refletiam na água, criando um ambiente sereno e acolhedor. Ele olhou para ela antes de sair do carro.
— Aqui parece bom, não é? — disse ele, um sorriso discreto nos lábios.
Lexie assentiu, tentando deixar a ansiedade de lado.
Eles saíram do carro e caminharam até a entrada do café. Era um lugar simples, mas cheio de charme. As mesas estavam espalhadas ao redor, algumas delas à beira do lago, com uma vista maravilhosa da água tranquila e das luzes da cidade ao longe.
Quando chegaram à mesa, Ollie puxou a cadeira para ela, e Lexie sentiu seu coração bater mais forte, não por medo, mas pela consciência da proximidade entre eles.
Sentaram-se, e Ollie olhou para ela com um sorriso suave, esperando que fosse ela a quebrar o silêncio.
— O que você quer saber, Lexie? — ele perguntou, as palavras tranquilas, como se já soubesse que ela tinha algo a dizer, mas queria dar a ela o espaço necessário para falar.
Ela olhou para as mãos, tentando organizar os pensamentos. Era difícil falar sobre o que estava sentindo. Afinal, como explicar algo que nem ela mesma compreendia completamente?
— Eu... — ela começou, a voz tremendo um pouco. — Eu sinto que estou começando a me perder em tudo isso. Em você, em mim, em tudo que está acontecendo. Eu não sei se é certo, mas o que eu sei é que não posso mais ignorar. Não posso mais fingir que nada mudou.
Ollie a observou em silêncio, os olhos atentos, mas sem pressa de preencher o vazio que havia se formado entre suas palavras. Ele deu tempo para que ela se expressasse.
— Você... você significa algo para mim, Ollie. Algo mais do que eu estava disposta a admitir, mais do que eu queria entender. E eu estou com medo disso, porque... porque isso envolve mais do que apenas nós dois. Eu tenho meu irmão, e não sei como isso tudo se encaixa, ou se vai encaixar.
Ele a ouviu atentamente, sem interromper, e, por um momento, o peso de sua dúvida parecia alívio.
— Lexie — disse ele, sua voz calma, mas carregada de sinceridade. — Eu não estou pedindo para você resolver tudo agora. Eu já aceitei que tudo tem seu tempo.
Ela respirou fundo, sentindo-se mais leve, como se parte do peso tivesse sido retirado de seus ombros.
— Eu... eu quero tentar. Quero entender o que está acontecendo aqui. Quero dar esse passo, mas preciso de tempo.
Ollie sorriu, uma expressão genuína que iluminou seu rosto. Ele estendeu a mão sobre a mesa, tocando a dela com delicadeza.
— Eu estou aqui, Lexie. Para o que você precisar. Você pode ir no seu ritmo, sem pressa. E, quando estiver pronta, vamos ver aonde isso nos leva. Juntos.
— Obrigada, Ollie. Por... por não me pressionar. Isso significa muito para mim.
Ele respondeu com um sorriso suave, os olhos refletindo a mesma sinceridade de sempre.
— Eu vou esperar, Lexie. No tempo certo, você vai saber o que fazer.
{...}
Quando o garçom trouxe as bebidas, o silêncio caiu novamente entre eles, mas não era desconfortável.
Ele parecia tão calmo, tão seguro, e ela não pôde evitar a sensação de que, talvez, ela pudesse ser o mesmo, se conseguisse simplesmente deixar de lado o medo.
Foi então que ela percebeu que, de certa forma, já havia dado o primeiro passo. Ao falar sobre seus sentimentos, ao admitir para si mesma o que estava acontecendo, ela já havia começado a quebrar as barreiras que a prendiam. Não era mais uma questão de esperar pelo momento perfeito, mas de aceitar que ele estava ali, e que ela estava disposta a fazer parte disso.
— Ollie — ela disse, a voz mais suave agora, como se estivesse decidindo algo, — eu... preciso de você, sabia?
Ele a olhou com uma suavidade que fez seu coração acelerar. Não era uma palavra de desespero, mas de uma sinceridade crua, e de um desejo genuíno de estar ali, ao lado dele.
Seus olhos estavam fixos nos dela, e Lexie sentiu seu estômago revirar. Era uma tensão sutil, mas palpável. Ela podia ver a luta dentro dele também, mas não parecia ser uma luta de resistência.
Era mais como uma espera, por ela, por aquele momento em que ambos sentiriam que o que estava prestes a acontecer era inevitável.
Ele a observou por mais um momento, e então, com a mesma suavidade, aproximou-se ainda mais, o rosto perto do dela, mas sem ultrapassar a linha entre o conforto e o desejo.
Lexie fechou os olhos por um segundo, sentindo o calor de seu corpo refletido no dele. Quando ela abriu os olhos novamente, ele estava ali, a poucos centímetros de distância, esperando.
E foi assim, com o coração batendo forte, que ela deu o passo final.
Ela se inclinou para frente, seus lábios encontrando os dele com uma suavidade que a surpreendeu, mas que também a preencheu de uma sensação de pertencimento, como se todo o resto do mundo tivesse se afastado, e só os dois importassem.
O beijo foi devagar, sem pressa. Era mais como uma confirmação silenciosa do que ambos sabiam, mas não haviam dito em voz alta.
Era o primeiro beijo, mas também o começo de algo novo. As suas unhas contornavam seu pescoço, já as mãos do menino apertavam levemente sua cintura.
Quando se separaram, o mundo parecia ter parado. Lexie olhou nos olhos dele e viu ali, algo que ela não conseguia descrever, mas que a fez se sentir mais viva do que nunca. Era como se, finalmente, ela estivesse se permitindo, se entregando ao que estava ao seu redor, e ao que estava dentro de si mesma.
Ollie sorriu, uma expressão suave, como se tudo ali fosse a resposta que ele esperava. Ele esperava isso a muito tempo. Antes do que pode se imaginar.
— Eu sabia que você também estava esperando
por isso. — Ele disse, a voz baixa e tranquila.
Lexie sorriu, um sorriso mais verdadeiro do que ela imaginava
ser capaz de dar.
— Acho que podemos esquecer esse tal de "tempo" - fez aspas com as mãos.
E, ali, naquela pequena mesa à beira do lago, com a luz suave do final da tarde iluminando seus rostos, Lexie soube, com toda a certeza que seu coração podia oferecer, que aquele passo, aquele beijo, era só o começo de algo que valia a pena ser vivido. Juntos.
Fim.
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