#004



☞ " #004/ Premio duplo .',

— aurotra' pov. Narrador na terceira.


O sentimento de orgulho era imenso, mas havia algo mais, uma estranha mistura de emoções que ela não conseguia identificar completamente.

Ela observava Franco sendo ovacionado, mas sua mente estava em outro lugar, vagando até o piloto britânico, Ollie Bearman, em muitas ocasiões, seus olhares se cruzavam de maneira que fazia o coração de Lexie bater mais rápido. Mas algo a impedia de dar o próximo passo. Ela não sabia ao certo o que era. Talvez o fato de que Ollie e Franco eram amigos, ou talvez o medo de que um simples beijo pudesse mudar tudo, até mesmo a amizade que eles construíram ao longo dos anos.

— Lexie! — Uma voz familiar a chamou, e ela virou para encontrar seu irmão se aproximando, um sorriso imenso no rosto, ainda ofegante da corrida. — Você viu aquilo? Foi incrível, não foi? Quase tirei o primeiro lugar!

— Foi incrível, sim — Lexie respondeu, abraçando Franco. — Você estava incrível, parabéns!

— Eu só queria ter vencido. Sabe como é... mas o importante é que estamos aqui. — Franco olhou ao redor e, por um momento, seus olhos se detiveram em Ollie, que estava a uma distância, conversando com alguns outros pilotos.

Lexie seguiu o olhar de seu irmão e encontrou Ollie, que estava rindo, visivelmente feliz. O que ela não percebeu é que ele também estava observando-a, os olhos azuis brilhando enquanto ele a via de longe, em meio à multidão.

Franco percebeu a tensão no olhar de sua irmã, algo que ele sabia que não era normal. Desde que Ollie havia surgido no cenário da Fórmula 2, algo estava acontecendo entre os dois. Eles nunca haviam se beijado, nunca haviam dito nada explicitamente sobre seus sentimentos, mas havia uma dinâmica no ar, algo que sempre estava ali, mas nunca se concretizava.

Enquanto observava Ollie de longe, Franco sentiu um aperto no peito. Claro, ele não tinha nada contra o piloto britânico. Ollie era, sem dúvida, um dos seus melhores amigos, e seu comportamento com Lexie sempre havia sido respeitoso. Mas havia algo sobre aquela conexão que ele não conseguia engolir.

Talvez fosse o fato de simplesmente o medo de perder sua irmã para ele.

Quando o sorriso de Lexie brilhou ao ver Ollie, Franco franziu a testa. "Não sei se você sabe, mas ela é minha irmã, não sua", pensou. Sentiu uma pontada de ciúmes, algo que nunca imaginara que sentiria em relação a um amigo. Mas Ollie não era apenas um amigo. Ele era ele, o piloto que tinha algo que Franco não podia controlar.

— Ei, Lexie. — Franco tocou o braço da irmã com um sorriso forçado, tentando manter a calma. — Eu vou dar uma volta, talvez dar uma respirada depois dessa corrida tensa. Você vai ficar aqui com o... com o Ollie?"

Lexie olhou para ele, confusa.

— Mas você acabou de ganhar o segundo lugar, Franco. Não vai ficar para comemorar um pouco mais? — Lexie olhou para ele, confusa.

— Ah, não. Acho que já fiz isso o suficiente.— Franco passou a mão nos cabelos, desviando o olhar.

Ele não queria que ela percebesse o desconforto evidente em sua expressão.

De volta ao ponto onde Lexie estava, ela já conversava com Ollie, um sorriso ainda estampado no rosto. Mas, para Franco, era como se tudo estivesse se acelerando em sua cabeça. Ele imaginava o que seria se Lexie e Ollie se aproximassem mais, se esse jogo de olhares se tornasse algo mais. O que aconteceria com o relacionamento deles? Com sua amizade com Ollie? Será que ele perderia a conexão que sempre tivera com Lexie? O medo começou a engolir a confiança que ele sentia.

Enquanto isso, Ollie se aproximou mais de Lexie. Ele parecia relaxado, ainda sorrindo por causa da corrida. Mas havia algo diferente em seu olhar, algo mais intimista. Ele se inclinou ligeiramente para falar com ela, mas não foi o que Lexie esperava. Em vez disso, ele disse:

— Franco não parece muito feliz, não é? Ta tudo bem — Pergunta, com um sorriso gentil de sempre.

Lexie levantou as sobrancelhas.

— Ele estava apenas cansado da corrida. Você sabe como ele é. Mas você também parecia... meio distante dele. Está tudo bem entre vocês?

O menino apenas morde o lábio, olhando para tudo menos Lexie.

— O assunto é sobre você.

O coração de Lexie deu uma batida mais forte. Ela sentiu que Ollie estava se abrindo de uma maneira diferente pelo olhar, mais pessoal, mais intensa. Mas antes que ela pudesse responder, seu irmão apareceu de novo, se aproximando rapidamente.

— Ollie, vamos dar uma voltinha, não? Acho que você vai gostar da companhia, eu preciso falar sobre algumas coisas do circuito.— Franco disse, com um tom mais firme do que o normal.

Ollie olhou para ele, uma expressão de surpresa no rosto. Mas logo se recompôs, com um sorriso mais cauteloso.

— Claro, vamos lá. — respondeu Ollie, ainda olhando para Lexie com um leve sorriso.

Franco, agora ao lado de Ollie, lançou um último olhar para sua irmã, como se estivesse medindo cada gesto. Lexie, por sua vez, ficou ali, quieta, com um sentimento misto de confusão e algo que ela não sabia nomear. Mas havia um buraco no peito dela.

Ela observou os dois se afastando, mas, antes que pudesse dar mais um passo, sentiu algo dentro de si se mover. Não era só sobre a corrida ou sobre quem ganharia.

[...]

Lexie e Franco chegaram em casa, a porta batendo suavemente atrás deles. O clima na casa estava silencioso, sem o burburinho das comemorações ou dos outros pilotos. Franco foi direto para o sofá e se jogou ali, parecendo mais exausto do que o normal. Lexie, com os braços cruzados, ficou em pé, observando-o por um momento.

— Você realmente vai ficar assim? — perguntou Lexie, sem conseguir esconder a frustração na voz. — Nem vai falar sobre o que aconteceu?

Franco levantou o olhar, os olhos carregados de um peso que ela sabia que ele estava tentando esconder.

— Não tem muito o que dizer. A corrida acabou. E, por favor, não comece com essa história de sempre, Lexie. Não é sobre a corrida, é sobre outras coisas. Você sabe o que estou falando.

Ela suspirou, olhando para o irmão, tentando encontrar um jeito de chegar a ele.

— O que realmente está acontecendo, Franco? Você está distante, e eu não sei mais como lidar com isso, ontem estava tudo normal, hoje você some! — Lexie deu um passo à frente, os dedos se apertando no braço do sofá.

Franco olhou para ela, seus olhos suaves, mas havia uma intensidade neles, como se ele estivesse carregando um peso que não sabia como colocar para fora.

Ele balançou a cabeça, desanimado.

— É sobre... nossa família. Não sei como você consegue ser tão... você. Tão normal. Tão... tranquila. Como você pode sorrir sabendo que nossos pais nunca estão aqui? Que eles nunca estão presentes para a gente? Isso não te afeta? Você não se sente sozinha?

Lexie se afastou dele, a respiração ficando mais rápida, uma mistura de raiva e tristeza surgindo em seu peito.

— O que você quer dizer com isso? — Sua voz ficou mais baixa, mas com uma dureza que ela não costumava usar. — Você acha que eu sou insensível? Você acha que eu não sinto a ausência deles todos os dias? Você acha que eu não sei o quanto isso pesa em nós dois?

Franco ficou em silêncio por um momento, a mão no rosto, como se tentasse segurar algo.

Ele sempre foi mais fechado sobre seus sentimentos, mais tenso quando se tratava dos pais. Mas, agora, algo dentro dele parecia estar quebrando.

— Eu só... — ele começou, mas se interrompeu, olhando para o vazio. — Eu só não sei como lidar com isso, Lexie. Não sei como lidar com o fato de que estamos aqui, nós dois, tentando seguir em frente enquanto nossos pais estão em algum lugar, sem nem olhar para nós.

Lexie sentou-se ao lado dele, olhando para as mãos dele, que estavam tremendo levemente. Ela nunca havia visto seu irmão tão vulnerável.

— Eu sei que você sente isso. Eu também sinto, Franco. Mas eu tento seguir em frente, porque, o que mais a gente pode fazer? Se ficarmos presos no que eles não fizeram, a gente vai acabar se afundando. Não podemos mudar o que aconteceu, mas podemos tentar fazer o nosso melhor, mesmo sem eles aqui.

Franco a olhou por um momento, seus olhos buscando alguma resposta que ele ainda não tinha encontrado.

Ele não queria mais carregar esse peso sozinho.

— Eu só não quero te perder — ele disse, a voz baixa. — Você é tudo o que tenho. E não quero que o que está acontecendo com a gente afete isso. Não quero que algo... ou alguém, como o Ollie, acabe nos afastando mais do que já estamos.

Lexie respirou fundo, sentindo uma dor crescer dentro de si. Ela sabia que o medo de Franco não era apenas sobre ela e Ollie, mas sobre tudo o que eles estavam enfrentando, sobre tudo o que eles estavam perdendo com a ausência dos pais.

— Franco, você não vai me perder. Eu estou aqui, sempre estive. Eu sei que não sou a pessoa mais fácil de lidar, mas... nós dois somos a única coisa que temos agora. E, por mais que as coisas mudem lá fora, nós temos que estar juntos nisso. Só nós dois. Não importa quem mais apareça, você é meu irmão, e nada vai mudar isso. Eu e ollie não temos nada, eu te juro.

Eles ficaram em silêncio por um momento, cada um absorvendo as palavras do outro. O peso da ausência dos pais ainda estava ali, mas havia algo mais agora, uma sensação de que talvez, só talvez, eles pudessem começar a lidar com isso juntos, como sempre fizeram.

— Vamos dar um tempo, então. Vamos ver onde isso nos leva, sem pressa — disse Franco, finalmente dando um sorriso fraco.

Lexie assentiu, sentindo um alívio momentâneo. Ela sabia que os desafios ainda estavam por vir, mas, ao menos por agora, ela e Franco tinham se encontrado novamente

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