3ª Cap-Olivaras.
Na extremidade da rua, a última loja se erguia, estreita e desprovida de atrativos. Letras de ouro, há muito descascadas, adornavam a porta proclamando: "Olivaras: Artesão de varinhas de qualidade desde 382 a.C." Uma única varinha repousava sobre almofadas púrpuras desvanecidas, capturada pela poeira que adornava a vitrine empoeirada. Um sininho, em algum lugar oculto, soou discretamente quando eles cruzaram o limiar. A loja revelou-se minúscula, quase vazia, com exceção de uma única cadeira alta e estreita onde Draco prontamente se acomodou.
Para Audrey, uma sensação peculiar tomou conta dela, como se estivesse prestes a adentrar uma biblioteca exclusiva e misteriosa. Ela conteve um turbilhão de perguntas recém-surgidas, permitindo que seus olhos explorassem os corredores da loja, repletos de milhares de caixas estreitas, organizadas com precisão até o teto. De alguma maneira inexplicável, um arrepio percorreu sua nuca, enquanto a poeira e o silêncio impregnavam o local com uma magia secreta.
— Boa-tarde — disse uma voz suave. Audrey se assustou, e Draco também pareceu surpreso, pois ouviu-se um rangido alto quando ele se levantou rapidamente da cadeira alta e estreita.
Um velho estava parado diante deles, os olhos azuis e muito claros brilhando como duas luas na penumbra da loja.
— Olá — disse Audrey sem jeito.
— Ah, sim... — disse ele. — Sim, sim. Achei que ia vê-la em breve, Srta. Snape — não era uma pergunta. — Você tem os olhos de sua mãe. Parece que foi ontem que ela esteve aqui, comprando sua primeira varinha. Vinte e seis centímetros de comprimento, farfalhante, feito de salgueiro. Uma boa varinha para encantamentos.
O Sr. Olivaras chegou mais perto, até que ele e Audrey estavam quase encostando os narizes. Audrey viu-se refletida naqueles olhos profundos.
— Já seu pai deu preferência a uma varinha de teixo, trinta e quatro centímetros. Flexível, com núcleo de pena de fênix. Bom, quando digo que deu preferência, na realidade é a varinha que escolhe o bruxo, é claro.
O Sr. Olivaras desviou o olhar de Audrey e focou no loiro ao seu lado.
— Ah, Sr. Malfoy — exclamou ele. — Lembro-me da varinha de sua mãe, trinta e oito centímetros, ébano escuro, com núcleo de fibra cardíaca de dragão, ligeiramente flexível. E a de seu pai também, quarenta e sete vírgula setenta e dois centímetros, olmo com núcleo de corda do coração do dragão... — ele olhou nos olhos do garoto. — Sr. Malfoy, qual o braço da varinha?
— Braço direito, senhor — respondeu Draco, ainda surpreso.
— E a senhorita?
— Direito, também, senhor.
— Estiquem os braços, por favor. Isso mesmo — ele mediu Draco e Audrey do ombro à cabeça, depois do pulso ao cotovelo, do ombro ao chão, do joelho à axila e ao redor da cabeça. Enquanto media, disse: — Toda varinha Olivaras tem o miolo feito de uma substância mágica, Sr. Malfoy e Srta. Snape. Usamos pelo de cauda de unicórnio, penas de fênix e cordas do coração de dragão. Não há duas varinhas Olivaras iguais, a não ser uma, que é uma rara exceção e só escolherá um bruxo extremamente poderoso. É claro que os senhores jamais conseguirão bons resultados com a varinha de outro bruxo.
De súbito, Audrey percebeu que as fitas, que se deslizavam entre as narinas de Draco e as suas, tomavam vida própria, movendo-se autonomamente. O Sr. Olivaras perambulava velozmente pelos corredores, retirando caixas das prateleiras com agilidade impressionante.
— Já chega — falou o Sr. Olivaras, e as fitas caíram, formando dois montinhos no chão. — Certo, então, Sr. Malfoy. Experimente essa, vinte e sete centímetros, videira com núcleo de corda de coração de dragão, boa para feitiços.
Draco ergueu a varinha no ar, mas o Sr. Olivaras rapidamente a tirou da mão dele.
— Aqui, experimente esta, vinte e cinco centímetros, madeira de pilriteiro, núcleo de unicórnio, razoavelmente flexível.
O garoto pegou a varinha e, com um movimento de pulso, a varinha soltou faíscas verdes e prateadas.
— Perfeita — disse o Sr. Olivaras, com um sorriso satisfeito. — Agora, senhorita Snape, experimente esta. Faia com núcleo de corda de coração de dragão. Vinte e três centímetros, boa e flexível. Apanhe e experimente.
Audrey apanhou a varinha e, sentindo-se um pouco boba, fez alguns movimentos com ela. No entanto, o Sr. Olivaras rapidamente puxou-a de sua mão.
— Não, não... Bordo com pena de fênix. Dezoito centímetros, bem metálica. Experimente esta.
Audrey experimentou, mas mal erguera a varinha quando, mais uma vez, o Sr. Olivaras a pegou de sua mão.
— Não, não... Tente esta: ébano com pelo de unicórnio, vinte e dois centímetros, flexível. Vamos, vamos, experimente.
Audrey continuava a experimentar varinha após varinha, sem ter a menor ideia do que o senhor à sua frente esperava. A pilha de varinhas testadas aumentava a cada tentativa, e a preocupação começava a tomar conta dela. "Será que nenhuma delas vai me escolher?" pensou, enquanto Malfoy encostava-se à parede, parecendo entediado. No entanto, à medida que o Sr. Olivaras pegava mais varinhas, uma expressão de determinação surgia em seu rosto.
— Freguesa difícil, hein? — disse ele, sem perder o entusiasmo. — Não se preocupe, vamos achar a varinha perfeita para a senhorita em algum lugar. Estou em dúvida agora... e, por que não? Uma combinação estranha... perigosa... nunca aceita por ninguém.
Audrey pegou a varinha. Era talhada em preto e adornada com uma esmeralda brilhante incrustada na base, sua ponta verde brilhando de forma sutil. Assim que a segurou, sentiu um calor repentino percorrer sua mão. Com um movimento decidido, ergueu a varinha acima da cabeça, cortando o ar empoeirado com um suave zunido. Uma torrente de faíscas douradas e roxas jorrou da ponta, como fogos de artifício, atirando fagulhas luminosas que dançavam nas paredes.
Draco, animado, bateu palmas, o som ecoando pela loja silenciosa. O Sr. Olivaras, com os olhos brilhando de satisfação, exclamou:
— Bravo! Mesmo, ah, muito bom. Ora, ora... que curioso... curioso.
Ele cuidadosamente colocou a varinha de Audrey na caixa e embrulhou-a em papel de parede, ainda resmungando.
— Curioso... curioso...
— O senhor me perdoe – disse Audrey -, mas o que é curioso?
O Sr. Olivaras encarou Audrey com aqueles olhos claros, quase hipnotizantes.
— Cada varinha vendida por mim é lembrada distintamente, senhorita. Todas possuem apenas um núcleo, exceto uma, o que é verdadeiramente curioso, já que esta varinha contém seis núcleos... é feita de madeira do salgueiro lutador, mede trinta e oito centímetros. Seu primeiro núcleo é composto pelo pelo da cauda de um testrálio, uma substância que apenas bruxos que dominam a morte podem controlar, como vocês aprenderão em Hogwarts. O segundo núcleo é uma pena da cauda de uma fênix, o terceiro é a fibra do coração de um dragão, o quarto é pelo de unicórnio, o quinto é o cabelo de uma veela, e o último é o veneno de basilisco.
Ele concluiu, estendendo o pacote que continha a varinha.
— Uau... ela é...
— Raríssima, poderosa, incrível, maravilhosa, genial, magicamente espetacular? – perguntou Malfoy retoricamente -, com certeza ela é.
— Com certeza ela é – Audrey concordou, maravilhada.
O Sr. Olivaras sorriu, um sorriso enigmático que parecia conter segredos dos quais Audrey e Draco só poderiam sonhar.
— Bem, crianças, é melhor vocês irem. Grandes aventuras os aguardam.
— Adeus, senhor Olivaras, muito obrigada – despediu-se Audrey.
— Tchau, senhor – despediu-se Malfoy.
Audrey parou na porta, olhando de volta para o Sr. Olivaras.
— Senhor Olivaras, por que essa varinha me escolheu?
O Sr. Olivaras inclinou a cabeça, seus olhos brilhando ainda mais intensamente.
— Ah, senhorita Snape, as varinhas são tão misteriosas quanto os próprios bruxos. Elas enxergam qualidades que nós mesmos às vezes não conseguimos ver. Esta varinha viu em você uma força única, uma combinação de coragem, compaixão e um grande potencial para realizar feitos extraordinários. A varinha e o bruxo sempre se complementam, e acredito que ela percebeu algo em você que a fez escolhê-la. Confie nela e, mais importante, confie em si mesma.
Audrey assentiu, sentindo um misto de orgulho e responsabilidade.
— Obrigada, senhor Olivaras.
— De nada, minha querida. Lembre-se, grandes feitos podem ser esperados de quem possui uma varinha tão especial.
Antes que Audrey saísse, ela se virou uma última vez, a curiosidade ainda fervendo em sua mente.
— Senhor Olivaras, como o senhor teve a ideia de criar essa varinha com seis núcleos?
O Sr. Olivaras sorriu novamente, desta vez um sorriso nostálgico.
— Ah, essa é uma história interessante. Muitos anos atrás, tive um sonho muito vívido. Nesse sonho, uma figura misteriosa me guiou até uma árvore antiga e poderosa, o Salgueiro Lutador, e me mostrou os ingredientes mais raros e potentes do nosso mundo mágico. A figura disse que uma varinha feita com esses seis núcleos teria um poder imenso, mas que só escolheria alguém verdadeiramente especial, alguém destinado a grandes feitos. Passei anos coletando cada um desses materiais, esperando pelo bruxo ou bruxa certa. E hoje, senhorita Snape, parece que essa espera chegou ao fim.
Audrey sorriu, sentindo-se ainda mais conectada à sua nova varinha.
— Eu farei o meu melhor para estar à altura dela, senhor.
— Tenho certeza que você conseguirá, minha querida. Agora, vão, aproveitem seu dia.
Enquanto Audrey e Draco saíam da loja, o sol brilhava intensamente, refletindo-se nas pedras do Beco Diagonal. Eles se preparavam para os próximos passos em sua jornada mágica, cada um segurando firmemente sua varinha recém-adquirida, sentindo-se mais preparados e ansiosos do que nunca para a aventura que os aguardava em Hogwarts.
Assim como a lua guia a noite, a magia conduz esta jornada. 'Palavras são, na minha não tão humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia', como disse Alvo Dumbledore. obrigado por explorar esses caminhos desconhecidos comigo. Se a magia desta história ressoou em você, vote, comente e compartilhe. Não seja apenas um espectador silencioso.
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