3ª Cap - O Sequestro do famoso Potter.

Na aconchegante cozinha da casa dos Weasley, a atmosfera estava envolta em uma tranquilidade matinal. O ambiente, decorado com um estilo rústico e acolhedor, irradiava calor e familiaridade. As paredes, adornadas com azulejos coloridos e utensílios pendurados, estavam suavemente iluminadas pela luz suave do amanhecer.

Audrey e Rony estavam encostados na janela de madeira envelhecida, a qual tinha uma vista pitoresca do exterior. O sol estava começando a erguer-se no horizonte, lançando seus primeiros raios e pintando o céu com uma paleta deslumbrante de azuis e laranjas. O azul profundo do céu noturno estava se dissipando gradualmente, sendo substituído por tons quentes e vibrantes que se misturavam suavemente, criando uma sensação de renovação e calma.

A luz do sol, filtrada através da janela, tocava suavemente os rostos de Audrey e Rony, destacando os sorrisos tranquilos e a expressão serena de contemplação. A janela, com suas molduras de madeira desgastada pelo tempo, parecia emoldurar perfeitamente o quadro natural que se desenrolava lá fora.,

Rony encarava Audrey ansioso. Ele passara praticamente todas as férias preocupado com Harry. Pelas descrições do amigo, os tios eram pessoas terríveis, capazes de qualquer maluquice. O pensamento fez Rony estremecer involuntariamente. A brisa suave da noite entrava pela janela aberta, trazendo o perfume das flores do jardim, enquanto eles arquitetavam um plano para resgatar Harry dos perigos que enfrentava na casa dos Dursley.

- Bem, eu pensei em irmos até a casa dos tios de Harry à noite - sugeriu Audrey, sua voz baixa e cautelosa, os olhos voltados para a porta, para que ninguém os ouvisse. - Podemos dar uma olhada nele, ver se está tudo bem, perguntar por que ele não responde nossas cartas.

- É uma boa ideia... afinal, temos o endereço dele... mas como vamos chegar até lá? - Rony coçou a cabeça, as orelhas ficando vermelhas. - Nós temos vassouras aqui... mas... elas não são tão boas.

- Não tem problema, Rony! Se elas voarem, já é meio caminho andado! - Audrey disse com firmeza. Ela realmente não se importava se a vassoura era velha ou não.

- Está bem, então. Vamos depois do jantar, quando todos estiverem dormindo. Papai sai às dez para o turno da noite; podemos ir às onze - Rony sugeriu, assumindo um tom mais sério. - Sairemos pela porta dos fundos e vamos para a garagem pegar as vassouras. De lá mesmo, nós voamos.

- Fechado. Acredito que chegamos de volta aqui bem cedinho, assim não teremos problema.

Rony assentiu, os olhos fixos no horizonte, como se já estivesse visualizando a missão.

- Você está certa.... Mas como vamos fazer isso sem chamar a atenção?

Audrey pensou por um momento, observando as sombras alongadas que se estendiam pelo gramado da Toca.

- Talvez possamos pedir ajuda aos gêmeos. Eles são bons em criar distrações. Enquanto isso, podemos entrar sorrateiramente e tirar Harry de lá.

Um sorriso surgiu no rosto de Rony.

- Ótima ideia! Os gêmeos adoram uma boa confusão. Com certeza vão nos ajudar. Vamos jantar, depois subimos para nossos quartos e às dez para as onze nos encontramos na porta dos fundos. Vou falar para os dois já nos esperarem na garagem.

- Está combinado!

......

O

dia na casa dos Weasley avançava com uma rapidez vibrante e cheia de vida. Audrey e Rony estavam mergulhados em uma série de aventuras e brincadeiras que tornaram a jornada animada e inesquecível.

Logo pela manhã, o dia começou com risadas e travessuras. Fred e Jorge, sempre cheios de energia e ideias geniais, estavam correndo pela casa, seguidos de perto por Percy, que estava em uma perseguição frenética. O caos se desenrolava quando Fred e Jorge, com sorrisos travessos, haviam conseguido roubar o crachá de monitor de Percy, provocando uma perseguição desenfreada e risadas ecoantes pelos corredores.

Mais tarde, o grupo se divertiu em uma animada partida de esconde-esconde. As crianças se espreitaram e se esconderam atrás de móveis, cortinas e até dentro de armários, enquanto as risadas e os gritos de "aqui está você!" ressoavam pela casa. A alegria era palpável enquanto cada um tentava se esconder melhor e encontrar os outros em uma divertida competição de criatividade e agilidade.

O sol começou a se inclinar para o meio da tarde, e uma nova diversão se apresentou: a caça aos gnômios. O quintal da casa dos Weasley se transformou em um campo de batalha amistoso, com Audrey e Rony, junto com Fred e Jorge, tentando capturar esses pequenos e travessos seres. A corrida atrás dos gnômios, que se escondiam em cada canto e fresta, trouxe uma sensação de aventura e camaradagem.

Quando a noite começou a se aproximar, a energia da tarde deu lugar a um momento mais tranquilo e acolhedor. A família se reuniu para um jantar descontraído. A mesa estava repleta de pratos deliciosos, com a comida preparada com carinho e os aromas deliciosos que preenchiam a cozinha. As conversas fluíam facilmente, e a atmosfera estava cheia de risos e histórias compartilhadas.

No jantar, a Toca vibrava com sua atmosfera acolhedora. A longa mesa estava repleta de pratos deliciosos, preparados com carinho por Sra. Weasley. O aroma tentador da comida pairava no ar, convidando todos a se deliciarem. As conversas fluíam animadas entre os membros da família, risadas ecoavam pela sala, preenchendo o espaço com uma sensação de calor e união. O crepitar do fogo na lareira proporcionava uma luz suave e acolhedora, iluminando os rostos sorridentes ao redor da mesa. Copos brilhavam à luz das velas, refletindo a atmosfera aconchegante daquele momento de convívio familiar.

Após se fartarem com os pratos deliciosos, um a um, os membros da família foram se retirando para seus quartos, deixando para trás a mesa repleta de lembranças felizes e momentos compartilhados. Audrey, embora participasse das conversas com um sorriso nos lábios, mal podia conter a ansiedade que crescia dentro dela. Cada segundo que passava a aproximava do momento crucial de partir em sua missão.

Com passos leves e silenciosos, Audrey saiu do quarto, deixando para trás a segurança e o calor do ambiente familiar. No corredor escuro, cada som parecia amplificado, fazendo seu coração bater ainda mais rápido. Ao chegar aos fundos da casa, encontrou Rony esperando por ela, uma sombra na escuridão da noite. Juntos, avançaram pela grama úmida, cada ruído ecoando como um sussurro ameaçador. A tensão no ar era quase palpável, enquanto se aproximavam da garagem. Então, foram surpreendidos pela presença dos gêmeos Weasley, Fred e Jorge, que surgiram das sombras com um brilho travesso nos olhos. O coração de Audrey saltou no peito, mas ela sabia que não podia recuar. Eles precisavam da ajuda dos gêmeos para o plano dar certo.

- Muito bem, achamos que não viriam mais - brincou Fred.

- Então querem ir resgatar a Rapunzel Potter? - caçoou Jorge. - Vocês não se cansam de limpar a barra dele não?

- Não temos tempo para brincadeiras, meninos. Precisamos ir rápido. Vão nos ajudar ou não? - perguntou Audrey, séria.

- Claro que vamos. Já nos viram recusar uma bagunça? - respondeu Jorge, com um sorriso.

- Mas vem cá, vocês não planejam ir de vassoura mesmo, não é? - questionou Fred, levantando uma sobrancelha.

- Bem, espertões, não temos outra opção - disse Rony, nervoso.

- Como você pensa pequeno, cenourinha - debochou Jorge. - Podemos ir de carro. - Ele exibiu a chave, balançando-a no ar com um brilho nos olhos.

- Estão loucos?! Mamãe vai nos matar se descobrir! - exclamou Rony, os olhos arregalados.

- Sabem dirigir isso? - questionou Audrey, as sobrancelhas arqueadas. - Se me matarem, eu mato vocês.

- Claro que sabemos, ruivinha! - sorriu Jorge. - Não sugeriamos uma coisa dessa se não soubessemos.... Andem, entrem.

- Confia! - brincou Fred. - Eu vou na frente.

Audrey e Rony trocaram um olhar rápido, reconhecendo silenciosamente a gravidade da situação. Com um gesto de resignação, ambos deram de ombros, aceitando que não havia outra opção a não ser seguir em frente com o plano arriscado. Eles se acomodaram no banco de trás do carro, sentindo a tensão no ar enquanto Jorge dava partida no motor.

O som dos faróis cortando a escuridão do quintal ecoou no silêncio da noite, iluminando o caminho à frente enquanto o veículo se elevava lentamente no ar. Audrey sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao contemplar a vastidão do céu noturno se estendendo diante deles. A luz das estrelas cintilava acima, pontilhando o firmamento como joias celestiais, enquanto a lua derramava sua luz prateada sobre a paisagem abaixo.

Enquanto o carro avançava pela noite, Audrey desviou o olhar das estrelas para observar as casas e ruas que se desdobravam lá embaixo. As luzes das residências formavam um mosaico cintilante, uma tapeçaria urbana de vida noturna que se estendia até onde a vista alcançava. Ela se perguntou sobre as vidas das pessoas que viviam ali embaixo, alheias à missão secreta que estava em curso acima de suas cabeças.

Enquanto isso, Fred e Jorge, no banco da frente, não perdiam tempo em mergulhar na euforia do momento. Eles cantavam em voz alta, acompanhando as músicas do rádio com entusiasmo contagiante, ignorando qualquer indício de perigo iminente. Seus risos e brincadeiras criavam uma atmosfera de camaradagem e leveza, contrastando com a tensão que envolvia os ocupantes de trás do carro.

Audrey se perguntava o que os aguardava na casa dos Dursley, enquanto Rony mantinha-se alerta, pronto para enfrentar qualquer obstáculo que surgisse em seu caminho. Juntos, eles avançavam, impulsionados pela determinação de trazer seu amigo de volta para casa, não importando os desafios que encontrassem pelo caminho.

- Por que está com essa cara? Está com medo? Quer segurar minha mão? - perguntou Rony, preocupado.

- Não, não estou. Só estou pensando... Na verdade, estou me culpando por meter vocês nisso. Se a tia Molly pegar vocês, a culpa será minha... - suspirou Audrey.

- Audrey, eu moro com esses dois bocós - riu Rony. - Já me meti em encrencas piores, acredite, isso não é nada.

- Ele tem razão! - gritou Fred por cima do som alto.

- Se vocês dizem, me sinto mais aliviada - sorriu ela.

À medida que o tempo avançava rapidamente, o trio percebeu que os gêmeos estavam certos. Optar pelo carro foi uma escolha sábia, muito mais eficiente do que voar em vassouras. Logo, eles se encontravam na Rua dos Alfeneiros, próximo à meia-noite, o silêncio da noite envolvendo-os enquanto avançavam sorrateiramente.

Com o carro voando rente ao solo, Audrey, Rony e os gêmeos observavam atentamente cada casa, procurando o número que indicaria o paradeiro de Harry. A rua estava mergulhada na penumbra, as luzes das casas apagadas, como se o próprio bairro estivesse adormecido. O coração de Audrey batia acelerado, a antecipação e o nervosismo correndo por suas veias. Eles sabiam que estavam se aproximando da casa certa, e a tensão no ar era palpável.

Quando finalmente avistaram o número 4, a tensão alcançou seu ápice. Audrey sentiu um frio na barriga ao perceber que estavam prestes a enfrentar um dos maiores desafios de suas vidas. O plano estava prestes a ser colocado em prática, e não havia espaço para erros. A mente de Audrey estava afiada, cada detalhe gravado em sua memória, pronta para agir.

- Olha, é aquela ali! - sussurrou Rony, apontando para a casa dos Dursley. Seus olhos brilhavam de excitação e preocupação ao mesmo tempo.

- Parece uma casa comum... mas temos que ser rápidos e cuidadosos - disse Audrey, seus olhos fixos na residência.

- Será que é o quarto do Harry? - perguntou Fred, enfiando a cabeça para fora e olhando, enquanto Jorge estacionava o carro no ar em frente à janela.

- É sim, ele está ali deitado na cama - sorriu Audrey. - Vamos chamá-lo.

Rony baixou o vidro do carro e se inclinou para fora, estendendo-se ao máximo para bater na janela, que estava protegida por grades de metal. O som suave das batidas ecoou na noite silenciosa. Dentro do quarto, Harry se remexeu na cama, seus sonhos sendo interrompidos. Ele abriu os olhos lentamente, piscando várias vezes enquanto tentava focar a visão embaçada. Com um movimento preguiçoso, ele se esticou para alcançar seus óculos na cômoda ao lado, sentindo o frio do ar noturno que entrava pela janela entreaberta.

- Rony! - murmurou Harry, deslizando furtivamente até a janela e abrindo-a o suficiente para que pudessem conversar através das grades. - Rony, como foi que você... o que...?

O queixo de Harry caiu, e ele ficou momentaneamente sem palavras, paralisado pelo impacto do que via. Rony estava debruçado na janela de um carro turquesa, que pairava magicamente no ar. O brilho suave das estrelas refletia na lataria do carro, dando-lhe um ar ainda mais surreal. Ao lado de Rony, Audrey sorria e acenava entusiasmada, enquanto Fred e Jorge, sentados no banco dianteiro, exibiam sorrisos travessos, claramente se divertindo com a reação de Harry.

- Harry, por que você não responde nossas cartas? Por que não nos enviou cartas? Por que não atendeu as ligações, hum?! - perguntou Audrey, com um tom de nervosismo na voz.

- Calma, Dreey - zombou Jorge, rindo. - Tudo bem, Harry?

- O que está acontecendo? Por que essa grade? - questionou Fred, com curiosidade.

- Estou bem, sim, e senti falta da sua forma passivo-agressiva de falar, Dreey - respondeu Harry, rindo. - Isso? - Apontou para as grades e deu de ombros. - Coisa dos Dursley.

- Por que não responde nossas cartas? - insistiu Rony, interrompendo-o. - Convidei você umas doze vezes para passar as férias na minha casa, e então papai chegou em casa dizendo que você recebeu uma advertência por ter usado magia fora da escola! Na frente de trouxas! - concluiu, com indignação na voz.

- Seu idiota! - exclamou Audrey, irritada, inclinando-se sobre Rony para ver Harry melhor. - Escrevi um berrador de quase doze minutos esculachando você! Sorte sua que Rony o escondeu!

- Não fui eu... - defendeu-se Harry, assustado e se perguntando o que ela teria dito no berrador. - E como é que seu pai soube?

- Papai trabalha no Ministério - respondeu Rony, num tom óbvio. - Esqueceu? Você sabe que não temos permissão para usar magia fora da escola!

- Olha só quem fala - replicou Harry secamente, olhando para o carro flutuante.

- Ah, mas isso não conta! - rebateu Audrey, irritada. - Só pegamos emprestado sem pedir, não fomos nós que o enfeitiçamos.

- É do papai - explicou Rony. - Mas, honestamente, fazer magia na frente desses trouxas com quem você mora...

- Eu já disse que não fiz! - retrucou Harry, irritado.

- Então por que está todo bravinho? - zombou Jorge.

- Por que está se enrolando todo na explicação? - provocou Fred.

- Olha, sinceramente, vai dar muito trabalho explicar. Será que vocês podem avisar Hogwarts que os Dursley me trancaram e não querem me deixar voltar para a escola e, obviamente, que eu não posso sair daqui usando magia, senão o Ministério vai achar que usei magia duas vezes em três dias, e aí...

Harry falava com rapidez, sua voz ecoando pela sala enquanto ele se movia de um lado para o outro, suas mãos gesticulando com uma mistura de ansiedade e urgência. Os outros ocupantes do carro observavam em silêncio, seus olhares trocados revelando uma mescla de perplexidade e preocupação. Era como se estivessem testemunhando não apenas uma conversa, mas uma cena de um drama inesperado, como as conversas sem sentido de Dumbledore antes do jantar. Rony, com um suspiro resignado, finalmente balançou a cabeça antes de responder:

- Para de dizer essas coisas sem sentido, seu maluco. Viemos te levar para casa conosco.

- Mas vocês não podem me tirar daqui usando magia! - protestou Harry.

- Deixe isso conosco! Está achando que a vida é só feitiços e poções? - disse Audrey sarcasticamente, com um sorriso travesso nos lábios. - Quem pensa que somos?

- Exato -, Rony concordou, balançando a cabeça. - E você não viu quem trouxemos conosco?

Fred e Jorge Weasley sorriram travessos, como se estivessem prestes a revelar um truque especialmente elaborado. Jorge abriu o porta-luvas do carro e tirou uma longa e grossa corda, que brilhou à luz da lua. Ele atirou uma ponta para Harry enquanto seu irmão virava o carro com precisão.

- Amarre isso nas grades -, instruiu Jorge, a confiança em sua voz fazendo Harry se sentir um pouco mais seguro.

- Se os Dursley acordarem, estou morto -, comentou Harry enquanto amarrava a corda bem firme em volta das grades da janela, seus dedos tremendo ligeiramente.

- Não se preocupe -, falou Fred, dando uma piscadela. - É de distância.

Harry recuou para as sombras próximas a Edwiges, que, percebendo a importância da situação, ficou parada em sua gaiola, silenciosa e alerta. O carro roncou cada vez mais alto, vibrando com o esforço. De repente, com um ruído de trituração, as grades foram arrancadas da janela, as barras de metal se curvando e cedendo à força do carro voador. Fred continuou a subir o carro no ar. Harry correu até a janela e viu as grades balançando um pouco mais de um metro do chão. Rony, ofegante, soltou lentamente a corda, fazendo as grades caírem suavemente sobre uma grande roseira.

Harry escutava ansioso, mas não vinha o menor ruído do quarto dos Dursley. Fred deu marcha a ré até chegar o mais próximo possível da janela de Harry.

- Entre -, convidou Rony, abrindo a porta e estendendo a mão.

- Mas todo meu material... minha varinha... minha vassoura... meu uniforme... - Harry hesitou, olhando preocupado para dentro do quarto.

- Onde estão? - perguntou Jorge, já pensando na solução.

- Trancados no armário debaixo da escada, e não podemos abrir a porta usando magia! -, Harry respondeu, sua frustração evidente.

- Não tem problema -, disse Audrey, passando por cima de Rony. Ela se pendurou na janela com agilidade surpreendente. - Saia da frente, Harry. Fred, Jorge, venham comigo.

Obedientes, os gêmeos entraram no quarto de Harry pela janela, logo atrás de Audrey, com a graça de gatos. Harry os observava, impressionado com a destreza deles. Audrey tirou um grampo do coque perfeito que usava e começou a arrombar a fechadura.

- Tem muitos bruxos que acham que é uma perda de tempo aprender truques trouxas como esse -, disse ela, concentrada, seus dedos trabalhando com habilidade na fechadura.

- Mas nós achamos que vale a pena aprender essas habilidades -, disse Jorge, dando um tapinha nas costas de Harry para tranquilizá-lo.

- Mesmo que elas sejam demoradas, podem salvar sua vida -, Fred completou, sorrindo confiante. - Por isso as ensinamos a Dreey -, ele piscou para Audrey, que continuava focada.

A porta fez um clique e se abriu.

- Pronto -, murmurou Audrey, colocando o grampo de volta no cabelo. Ela se levantou, empurrando a porta suavemente para não fazer barulho. - Vamos apanhar suas coisas lá embaixo. Você pegue suas coisas aqui do seu quarto e passe para o Rony.

- Cuidado com o último degrau, ele range -, murmurou Harry para eles, que desapareceram no corredor escuro.

Os três caminharam em silêncio pelo corredor estreito da casa dos Dursley. Quando seus olhos se acostumaram ao breu, Audrey pôde reparar nas diversas fotos de família penduradas nas paredes. Cada uma delas mostrava cenas dos Dursley em férias, festas e eventos, mas nenhuma delas tinha Harry. As fotos, imóveis como qualquer foto trouxa, pareciam observá-los friamente, um lembrete silencioso de como Harry era excluído daquela família. As imagens de Dudley sorrindo em aniversários, os Dursley posando orgulhosos em frente a monumentos famosos, todas ignoravam a presença de Harry, como se ele fosse invisível.

- Audrey, vamos, ruivinha - Jorge a chamou em um sussurro.

A ruiva desviou o olhar dos quadros e deu uma corridinha para alcançá-los. Logo, chegaram ao topo das escadas e desceram devagar, pulando o último degrau que rangia. A madeira antiga da casa dos Dursley gemia sob seus pés, e os três jovens mal respiravam, temendo fazer qualquer som que pudesse acordar os tios de Harry. Audrey apanhou seu grampo do bolso novamente e se abaixou para abrir a fechadura da portinha do armário. Fred e Jorge ficaram ao seu lado como se fossem seus guarda-costas, atentos ao menor sinal de movimento.

O silêncio era quase ensurdecedor. Eles ouviram o clique da porta antes de Audrey entrar por completo no armário debaixo da escada. O espaço apertado estava cheio de caixas e objetos esquecidos, criando sombras ameaçadoras nas paredes. Quando Audrey deu um pulo para trás, chacoalhando e tentando não gritar, Fred e Jorge se viraram imediatamente.

- Dreey, o que foi? - Fred perguntou, tentando não rir, mas ainda demonstrando uma preocupação genuína.

- Uma aranha pulou em mim - ela disse, ofegante. - Grande... pernuda... e peluda! Não gosto de aranhas...

- Calminha, Drey, respira, inspira e não pira - Jorge riu baixinho. - Nós pegamos as coisas, você fica aí.

- Ela me lembrou o Rony - Fred sussurrou ao irmão, rindo, enquanto entrava no armário logo atrás dele.

Audrey ficou sozinha no meio do corredor, sentindo seu coração bater acelerado. Torcia para que os tios de Harry não acordassem e a apanhassem ali. A casa estava em um silêncio constrangedor; as paredes pareciam sussurrar "O perigo se aproxima." Ela balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos sombrios, e logo viu os gêmeos saindo do armário. Fred e Jorge emergiram carregando o baú pesado de Harry e a vassoura Nimbus 2000.

- Vamos - sussurrou Fred, seus olhos brilhando de excitação.

Audrey ajudou Fred a puxar o malão, sentindo o peso do objeto, e apanhou a vassoura. Eles caminharam rapidamente para as escadas novamente, seus passos silenciosos como felinos.

Quando chegaram ao pé da escada, Audrey olhou para os gêmeos e acenou com a cabeça. Eles subiram as escadas com cuidado, pulando o degrau que rangia, e voltaram pelo corredor escuro até o quarto de Harry. Lá, Rony esperava ansiosamente, os olhos arregalados de expectativa.

- Conseguimos - murmurou Fred, com um sorriso de triunfo. - Vamos embora daqui. Essa casa me arrepia até os pelos da bunda.

Harry, que já havia passado suas coisas pela janela, olhou para seus amigos com gratidão. Com tudo pronto, eles escalaram pela janela de volta ao carro voador. O coração de Harry batia acelerado com a adrenalina e a excitação de finalmente estar escapando.

- Vamos, Harry - chamou Fred. - Está na hora de ir.

Harry subiu no parapeito da janela, seu coração batendo acelerado. Ele estava quase dentro do carro quando ouviu um guincho alto e quase desesperado atrás dele, seguido imediatamente pela voz trovejante de Tio Valter.

- ESSA CORUJA DESGRAÇADA!

O sangue gelou nas veias de Harry. Ele girou a cabeça e viu, através da escuridão, a forma volumosa de Tio Valter na porta do quarto. A luz do corredor brilhava atrás dele, lançando uma sombra assustadora no chão. Edwiges, agitada pela repentina perturbação, deu outro guincho desesperado em sua gaiola.

- Eu esqueci a Edwiges! - exclamou Harry, a urgência em sua voz fazendo seu coração disparar ainda mais rápido.

Sem perder tempo, ele precipitou-se de volta ao quarto, suas mãos tremendo de ansiedade. Ele agarrou a gaiola de Edwiges com força, os dedos quase perdendo a aderência devido ao suor frio que escorria de suas palmas. Com um movimento rápido, ele correu de volta para a janela, ignorando os passos pesados de Tio Valter que ecoavam cada vez mais perto. Harry passou a gaiola para Rony, que estava pendurado para fora do carro, esperando para pegar a coruja.

- Rápido, Harry! - gritou Rony, estendendo a mão para ajudar.

Harry estava subindo de volta na cômoda, seus pés escorregando ligeiramente na madeira polida, quando a porta do quarto foi violentamente aberta com um estrondo que ecoou pela casa. Tio Valter, com o rosto vermelho de fúria, se lançou para dentro do quarto. Por uma fração de segundo, ele parou, emoldurado pelo portal, a respiração pesada e furiosa.

Então, deixando escapar um urro como o de um touro enfurecido, Tio Valter atirou-se contra Harry, agarrando-o pelo tornozelo com uma força surpreendente. Harry sentiu a mão de ferro de seu tio apertando sua perna, puxando-o para trás com uma força brutal.

- Petúnia! - berrou Valter, sua voz se espalhando pelos corredores da casa. - Ele está fugindo! ELE ESTÁ FUGINDO!

Harry sentiu um momento de puro pânico. Ele olhou para baixo, vendo a figura aterrorizada de Edwiges na gaiola, e depois olhou para os olhos preocupados de Rony. Os Weasley, percebendo a gravidade da situação, deram um puxão gigantesco no corpo de Harry, usando toda a força que tinham. Harry sentiu a pressão em sua perna aumentar antes de, finalmente, a mão de Tio Valter soltar-se de seu tornozelo.

Ele caiu de volta no carro, seu corpo aterrissando desajeitadamente nos assentos de couro, e rapidamente bateu a porta. O motor do carro rugiu com um som de pura liberdade.

- Adeus, Sr. e Sra. Dursley, vamos cuidar do Harry, viu. Obrigada! - Audrey se pendurou na janela, dando tchauzinho com a mão e sorrindo de forma doce.

Petúnia piscou diversas vezes, olhando a menina.

- Lily? - ela sussurrou, pasmada com a semelhança das duas, levando a mão à boca.

- Não senhora, meu nome é Audrey!

Harry não conseguia acreditar - estava livre. Ele baixou a janela, o ar da noite chicoteando seus cabelos, e virou a cabeça para contemplar os telhados da Rua dos Alfeneiros que desapareciam ao longe. O Sr. Valter e a Sra. Petúnia estavam debruçados, estupefatos, na janela de Harry.

- Vejo vocês no próximo verão! - gritou Harry.

Os Weasley e Audrey soltaram gargalhadas, e Harry se acomodou no banco, sorrindo de orelha a orelha.

- Solte a Edwiges - pediu ele a Jorge. - Ela pode voar atrás do carro. Há séculos que ela não tem a chance de esticar as asas.

Audrey passou o grampo a Jorge e, um momento depois, Edwiges voou feliz pela janela, deslizando ao lado do carro como um fantasma. A sensação de liberdade preenchia Harry enquanto ele observava a coruja branca deslizando pelo céu noturno. Ele se acomodou no assento, sentindo-se verdadeiramente feliz e ansioso pelo que viria a seguir.

- Poxa vida! - exclamou Audrey, sua voz carregada de um misto de incredulidade e excitação. - Nós sequestramos o Harry Potter!

Por um momento, todos no carro ficaram em silêncio, absorvendo o absurdo da situação. Então, como se tivessem recebido uma ordem silenciosa, começaram a rir. A risada de Fred foi a primeira a romper o silêncio, uma risada profunda e vibrante que logo foi acompanhada pela risada estridente de Jorge. Rony não conseguiu se conter e explodiu em gargalhadas, seu riso nervoso contagiando os outros. Harry, embora ainda se sentisse atônito, começou a rir também, sentindo uma sensação de alívio misturada com a adrenalina da fuga.

Audrey balançou a cabeça, um sorriso largo no rosto enquanto olhava para os outros.

- Sério, pessoal, pensem nisso! Estamos aqui, no meio da noite, resgatando Harry Potter como se fôssemos parte de um filme trouxa de ação.

Fred, ainda rindo, olhou para Audrey por cima do ombro dando uma piscadela e disse:

- Bem, se é para sequestrar alguém, que seja o famoso Harry Potter, não é?

Jorge assentiu, limpando uma lágrima de riso dos olhos.

- Só faltava a gente ser pegos em flagrante e virar notícia no Profeta Diário: 'Weasleys e cúmplice audaciosa resgatam o Menino-Que-Sobreviveu, das garras de seus tios trouxas'.

Rony, ainda tentando recuperar o fôlego, olhou para Harry e perguntou:

- Como você está se sentindo, Harry? Pronto para mais aventuras?

Harry, ainda sorrindo, olhou para seus amigos e respondeu:

- Mais do que nunca, Rony. Mais do que nunca.

E assim, com risos e conversas animadas, o carro voador continuou sua jornada pelo céu noturno, levando Harry Potter e seus amigos rumo ao desconhecido, mas agora com a certeza de que juntos poderiam enfrentar qualquer coisa.

꧁༒☬É 𝖕𝖗𝖊𝖈𝖎𝖘𝖔 𝖒𝖚𝖎𝖙𝖆 𝖆𝖚𝖉á𝖈𝖎𝖆 𝖕𝖆𝖗𝖆 𝖊𝖓𝖋𝖗𝖊𝖓𝖙𝖆𝖗 𝖓𝖔𝖘𝖘𝖔𝖘 𝖎𝖓𝖎𝖒𝖎𝖌𝖔𝖘, 𝖒𝖆𝖘 𝖎𝖌𝖚𝖆𝖑 𝖆𝖚𝖉á𝖈𝖎𝖆 𝖕𝖆𝖗𝖆 𝖉𝖊𝖋𝖊𝖓𝖉𝖊𝖗 𝖓𝖔𝖘𝖘𝖔𝖘 𝖆𝖒𝖎𝖌𝖔𝖘☬༒꧂

꧁༒☬𝕽𝖎𝖉𝖉𝖑𝖊☬༒꧂

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top