2º Cap- A toca.

Os primeiros raios de sol filtravam-se pelas cortinas pesadas, lançando uma luz dourada suave pelo quarto no rosto de Audrey. Ela se espreguiçou preguiçosamente, os dedos se estenderam em direção ao teto enquanto lutavam contra o sono persistente. Com um suspiro, ela finalmente abriu os olhos, piscando contra a clareza que inundava o quarto.

Sentando-se na cama, Audrey esfregou os olhos cansados ​​e olhou ao redor do aposento. Seu olhar pousou em Draco, que dormia profundamente com metade do corpo pendurado para fora da cama. Um sorriso suave se formou em seus lábios ao vê-lo tão sereno em seu sono. Com cuidado para não acordá-lo, ela se levantou silenciosamente e saiu do quarto.

Caminhando pelos corredores de pedra da mansão, Audrey sentiu o calor do sol em seu rosto enquanto os raios atravessavam as janelas altas. O silêncio da manhã era reconfortante, interrompido apenas pelo som suave de seus passos ecoando pelo corredor vazio.

Chegando ao seu próprio quarto, Audrey entrou e foi direto para o banheiro. Ela ligou o chuveiro e deixou a água quente lavar o sono de seus membros. Enquanto o vapor encheu o banheiro, ela se deixou relaxar, deixando que os pensamentos da tal profecia e das advertências de Dobby se dissipassem temporariamente.

Depois de terminar seu banho, Audrey fez suas higienes matinais e vestiu um roupão . Ela caminhou até o quarto. Audrey estava de pé diante do espelho do seu quarto, imersa em um ritual matinal que misturava concentração e elegância. Seu guarda-roupa se estendia em frente a ela, uma paleta de cores e tecidos, uma sinfonia de possibilidades. Ela percorreu os cabides com olhar crítico, analisando cada peça como se fosse uma obra de arte a ser apreciada.

Finalmente, ela selecionou um vestido preto clássico, que caía elegantemente em suas curvas, combinando perfeitamente com sua pele clara e seus cabelos ruivos. O vestido tinha um decote discreto nas costas, mas que realçava sua feminilidade de maneira sutil e refinada. Ela deslizou a peça sobre o corpo com a graça de uma bailarina, ajustando cada dobra e cada detalhe até que estivesse impecável.

Em seguida, Audrey passou a se concentrar na maquiagem, um ritual que ela dominava com maestria. Começou aplicando um gloss suave, realçando os lábios naturalmente carnudos. Com uma precisão impressionante, ela desenhou um delineado gatinho, conferindo um toque de mistério e sedução ao olhar. O rímel veio em seguida, alongando e separando os cílios de forma impecável, como se cada um fosse pintado à mão.

Com a maquiagem completa, Audrey voltou sua atenção para os sapatos, a peça final que completaria o conjunto. Ela examinou sua coleção com um olhar crítico, buscando o par perfeito para complementar o vestido. Após alguns instantes de contemplação, seus olhos se fixaram em um par de scarpins de salto alto, negros como a meia-noite e adornados com detalhes sutis que acrescentavam um toque de sofisticação. Muitas vezes ela mesma se esquecia que tinha apenas doze anos, talvez pelo fato de crescer sozinha, ou um traço de personalidade.

Descendo as escadas da mansão, Audrey foi à sala de jantar, onde encontrou Dobby e a Sra. Malfoy terminando de colocar a mesa para o café da manhã. Ela os cumprimentou com um sorriso caloroso.

— Bom dia, Dobby. Bom dia, Sra. Malfoy — disse Audrey, sua voz suave ecoando pela sala.

Dobby respondeu com uma reverência profunda, seus grandes olhos verdes brilhando com alegria. A Sra. Malfoy sorriu e beijou a bochecha de Audrey.

— Bom dia, minha querida. Espero que tenha dormido bem — disse a Sra. Malfoy, seu tom suave e maternal.

Audrey assentiu, agradecendo pelo carinho. Enquanto ela e Narcissa conversavam animadamente, ouviram passos rápidos se aproximando. Draco apareceu na sala de jantar, vestindo uma camisa branca e uma calça jeans preta, com os cabelos loiros ainda molhados e desalinhados, exibindo uma expressão sonolenta.

— Bom dia, família! — disse Draco, bocejando enquanto se aproximava da mesa.

— Bom dia, filho — cumprimentou Narcissa com um sorriso gentil. — Parece que você está se levantando tarde hoje. Espero que não tenha ido dormir tarde.

Draco deu de ombros, esfregando os olhos.

— Fui sim. Audrey e eu ficamos conversando até tarde ontem; nem vi ela acordando — admitiu ele, piscando para Audrey.

Audrey riu suavemente.

— Bem, com o jeito que você dorme, seria estranho se me visse — brincou, provocando-o levemente.

Os três compartilharam uma risada enquanto Draco se juntava a eles à mesa. Narcissa olhou para os dois com um olhar curioso.

— Por que vocês dois dormiram juntos? — perguntou ela, inclinando a cabeça levemente.

Audrey sentiu um rubor subir pelas bochechas enquanto buscava uma resposta.

— Eu tive um pesadelo — confessou ela, sua voz um pouco hesitante. — Fiquei com medo de dormir sozinha.

Narcissa concordou compreensivamente, colocando a mão gentilmente sobre a de Audrey.

— Entendo, querida — disse ela, transmitindo conforto com seu toque. — É bom saber que vocês estão cuidando um do outro.

Draco sorriu às duas mulheres em sua vida, sentindo-se grato por tê-las.

— Sempre estaremos aqui um para o outro — disse ele, sua voz suave com uma pitada de emoção. — Audrey sabe que por ela, eu espantaria todos os monstros debaixo da cama!

Audrey sorriu para ele, agradecida por seu gesto reconfortante.

— Eu sei que você teria, Draco — disse ela, dando um pequeno empurrão brincalhão no ombro dele.

Narcissa abriu um grande sorriso para os dois, sua expressão suave e brilhante.

— Bem, é bom que vocês se tenham um ao outro — disse ela, sua voz refletindo o carinho que sentia por eles.

Draco e Audrey concordaram balançando as cabeças, confirmando silenciosamente o vínculo especial que compartilhavam. Eles sabiam que, mesmo nos momentos mais sombrios, podiam contar um com o outro para conforto e apoio.

O silêncio se instalou na sala de jantar quando os passos pesados ​​indicaram a chegada iminente de Lúcio. O homem se sentou na ponta da mesa com uma expressão austera, sem proferir uma única palavra. O restante da família Malfoy seguiu seu exemplo e começou a se servir, tomando o sinal como permissão para iniciar o desjejum.

O tempo passou lentamente enquanto todos desfrutavam de suas refeições. Foi apenas quando Lúcio deu sua atenção para Audrey que a tensão na sala aumentou. Sua voz era gélida quando ele falou:

— As suas malas estão prontas, Audrey? Arthur virá lhe buscar às nove.

Audrey concordou com um aceno breve, sua resposta seca e curta.

— Sim, estão prontas.

— Ainda não consegui entender o porque de você querer passar uma semana com aqueles Weasley.

O tom arrogante de Lúcio ecoou na sala quando ele questionou sua escolha de passar a última semana de férias com os Weasley, em vez de permanecer na Mansão Malfoy. Audrey, não se deixando intimidar, respondeu com firmeza:

— Quero passar a última semana com meus amigos, pessoas de quem eu também gosto — retrucou. — Você não tem o direito de julgar com quem escolho passar meu tempo. Mas, claro, você provavelmente nem sabe o que é gostar de alguém ou ter amigos.

Os olhos de Lúcio estreitaram-se em desaprovação diante da resposta ousada de Audrey.

— Você deveria considerar as consequências de suas ações, Audrey — disse ele com frieza. — Os Weasley são uma companhia inferior, traidores do sangue, envergonham nossa sociedade mágica e não têm lugar em minha casa.

Audrey ergueu o queixo com determinação, desafiando-o com o olhar.

— Temos uma visão muito diferente sobre o que é trair seu sangue e envergonhar a sociedade. Você não tem o direito de ditar minhas amizades ou minhas escolhas pessoais. Você não é meu pai, nem é nada além do pai do meu melhor amigo.

Lúcio permaneceu em silêncio, sem saber como responder. Narcissa esboçou um sorriso por trás da xícara de chá enquanto a levava à boca, ocultando suas emoções. Draco, por sua vez, exibiu um olhar temeroso, antecipando uma possível reprimenda de Lúcio para Audrey, tal como costumava fazer consigo quando mencionava os Weasley ou se ousasse responder-lhe da mesma forma. Apesar disso, admirava a coragem dela por desafiá-lo e afirmar suas convicções, algo que ele próprio não podia fazer sem sofrer consequências.

— Como desejar — respondeu secamente, engolindo o próprio orgulho.

— Bem, querida, termine seu café e vá buscar suas coisas, está bem? — Narcissa piscou para Audrey, sorrindo.

— Claro, tia Cissa — respondeu Audrey com doçura, contrastando com o tom usado com Lúcio, o que fez o homem lançar-lhe um olhar incrédulo.

Após o café da manhã, Audrey e Draco subiram a grande escadaria e dirigiram-se ao quarto dela para pegar suas malas.

— Você é corajosa — disse Draco assim que fecharam a porta. — Pensei que ele iria gritar com você! Que iria...

— Seu pai deve me odiar — interrompeu Audrey, jogando-se na cama. — Mas é difícil ficar calada. Ele diz coisas terríveis!

— Talvez — concordou Draco, sentando-se numa poltrona. — Mas mamãe adora você e acha que é incrível. Ela diz que você será uma mulher poderosa e que eu fiz uma ótima escolha em ser seu amigo.

— Que bom. Também adoro sua mãe! A considero muito... — Audrey sorriu fracamente.

— O que foi? — perguntou Draco, preocupado.

— Ah, nada... — murmurou Audrey.

— Audrey Snape, eu te conheço muito bem. Pode me contar o que está passando por essa cabecinha de salamandra.

— E se seu pai proibir você de ser meu amigo, assim como proibiu de ser amigo de Harry? — disse Audrey, expressando sua preocupação que a atormentava há dias. — Você provavelmente vai obedecê-lo... e eu vou te perder.

Draco ficou em silêncio por alguns minutos, observando Audrey deitada na cama, encarando o teto, refletindo sobre o que dizer. Aquilo já havia passado por sua mente, pois Lúcio adorava controlar sua vida e suas relações sociais. Veio à sua mente a noite anterior à ida para Hogwarts no seu primeiro ano. Ele estava animado para conhecer o famoso Harry Potter e fazer amizade, sorrindo e comentando com sua mãe enquanto arrumava suas malas no quarto, quando Lúcio passou pelo corredor e surtou, dizendo que ele nunca poderia ser amigo de Harry...

— Bem... então eu vou enfrentar punições e castigos, porque não vou deixar de ser seu amigo só porque ele quer. Ele até pode me afastar de outras pessoas, mas não de você, ruivinha. — Ele afirmou com convicção, fazendo Audrey sorrir.

Audrey e Draco desceram as imponentes escadas da mansão Malfoy, carregando as malas dela. Na sala de estar, encontraram Lucio Malfoy lendo o Profeta Diário, enquanto Narcisa bordava no sofá. Um sorriso caloroso surgiu no rosto de Narcisa ao vê-los, e ela os convidou a deixar as malas no canto e se juntar a ela enquanto esperavam Arthur Weasley.

Sentados no sofá, Draco e Audrey começaram uma partida de xadrez de bruxo. O tempo parecia correr, e exatamente às nove horas, a campainha ecoou pela casa. Dobby correu para atender a porta, anunciando a chegada de Arthur Weasley com uma reverência exagerada.

Audrey se levantou apressada e correu em direção à porta, seguida por Narcisa e Draco, que caminhavam mais lentamente.

— Bom dia, Arthur! Como vai? — cumprimentou Narcisa com um sorriso.

— Bom dia, Narcisa! Estou bem, e você? — respondeu Arthur, enquanto Rony saía de trás dele e abraçava Audrey com entusiasmo.

— Que saudade, Drey! Vamos logo, tenho muitas coisas para te mostrar! Fred e Jorge também estão ansiosos pela sua chegada — disse Rony animado.

— Também estava com saudade, seu bobo! — Audrey retribuiu o abraço, rindo.

Draco, com um tom enciumado, interrompeu a cena, arrancando uma risada suave de Narcisa.

— Bom dia.

Lucio Malfoy permaneceu em segundo plano, trocando cumprimentos secos com Arthur. Um silêncio constrangedor se instalou na sala, quebrado apenas pelos sussurros animados das crianças.

— Bem, Audrey, estamos prontos para ir? Pegou suas coisas? — perguntou Arthur, tentando dissipar a tensão.

Antes que Audrey pudesse responder, Dobby apareceu com as malas flutuando sobre sua cabeça.

— Onde Dobby coloca as malas da Senhorita Audrey, senhor Weasley? — perguntou o elfo com sua voz esganiçada.

— Venha, vamos colocá-las no carro... — respondeu Arthur, um pouco sem jeito.

Audrey olhou para o carro azul claro estacionado na frente da mansão, seus olhos brilhando de empolgação.

— Rony, isso é incrível! Um carro... Uau! — exclamou ela, admirada.

As bochechas de Rony ficaram vermelhas como seu cabelo, e ele sorriu timidamente.

— Você gostou mesmo? — perguntou, visivelmente feliz com a reação dela.

— Sim, achei brilhante! — Audrey sorriu de volta.

Ao chegar o momento da despedida, Audrey sentiu um aperto no coração ao se despedir de Draco. Sabiam que era apenas temporário, mas a separação ainda doía. Draco puxou a cintura de Audrey com delicadeza, seus olhos refletindo tristeza e esperança, enquanto a abraçava.

— Vou sentir sua falta, Audrey — disse ele suavemente.

— Eu também vou sentir sua falta, Draco — admitiu ela, apertando o abraço.

Narcisa se aproximou, colocando uma mão reconfortante no ombro de Audrey.

— Não se preocupem, queridos. Uma semana passa voando, logo estarão juntos novamente em Hogwarts — disse ela, tentando animá-los.

Arthur se juntou ao grupo, sorrindo gentilmente.

— Está na hora de partirmos, Audrey. Até breve, Draco.

Com um último olhar de despedida, Audrey se desvencilhou do abraço de Draco e entrou no carro ao lado de Arthur. O Ford Anglia azul claro ergueu voo suavemente da frente da mansão Malfoy, desaparecendo no ar. Audrey observou maravilhada enquanto a paisagem se transformava em pequenos pontos e linhas.

O carro sobrevoava campos verdejantes, aldeias e florestas, enquanto Audrey sentia uma sensação de liberdade. A beleza da paisagem passando rapidamente abaixo a encantava.

Depois de um tempo, o Ford Anglia começou a descer, revelando a silhueta familiar da Casa dos Weasley se aproximando. A casa era uma construção pitoresca, feita de tijolos vermelhos, com uma chaminé fumegante.

Ao pousar suavemente no gramado, Audrey viu a agitação ao redor. Os gnomos de jardim corriam freneticamente, enquanto os membros da família Weasley se reuniam para recebê-los.

Arthur desligou o motor, e Molly Weasley os recebeu calorosamente.

— Bem-vindos, queridos! Audrey, é um prazer conhecê-la! Rony, Fred e Jorge falam muito de você. Estávamos ansiosos para tê-la conosco! — exclamou ela, sorrindo radiante.

— Espero que só tenham dito coisas boas! — brincou Audrey.

— Só coisa boa — riu Molly. — Pode me chamar de Molly, ou Tia Molly. Senhora me faz parecer velha.

— Pode deixar, Tia Molly! — Audrey riu, sentindo-se acolhida.

Fred e Jorge apareceram correndo pela porta da cozinha para receber Audrey. Fred a abraçou e a ergueu no ar, girando-a animadamente.

— Audrey! Finalmente você chegou! Os Malfoy te trataram bem? — perguntou Fred rapidamente.

— Simmm! — respondeu Audrey, rindo enquanto era girada.

— Drey! Temos muitas pegadinhas para ensinar a você essa semana — disse Jorge, brincalhão.

Audrey começou a contar as pegadinhas que fez com Draco, lembrando-se do Troll Perseguidor e do Globo de Cristal Assustado.

Os gêmeos Weasley ficaram pasmos antes de trocarem olhares brilhantes e pularem sobre ela, derrubando-a na grama verde.

— That's our girl! — gritaram, rindo.

Molly riu, mas brigou com os dois, ajudando Audrey a se levantar.

— Parem vocês dois, tenham modos. Venha, querida, vou lhe mostrar seu quarto — disse Molly, liderando o caminho.

— Falei para mamãe que você poderia ficar no meu quarto, mas ela não quis. Disse que se você dormisse conosco, era perigoso acordar verde florescente! — riu Jorge.

— Óbvio que se fossemos pintar você, ia ser de vermelho, porque na minha cabeça você é Grifinória — acrescentou Fred, provocando risos enquanto seguiam para dentro da Casa dos Weasley.

Por dentro, a Casa dos Weasley refletia a personalidade acolhedora e caótica da família. A sala de estar era aconchegante, com poltronas desgastadas e uma lareira crepitante. A cozinha era o coração da casa, com uma mesa grande rodeada por cadeiras desiguais. O cheiro delicioso de comida caseira pairava no ar.

Subindo as escadas estreitas, Audrey passou por retratos animados que a cumprimentavam. O quarto que Molly mostrou a Audrey era simples, mas aconchegante, com uma cama de dossel e cortinas floridas.

— Este é o quarto de Gina, querida. Ela está na horta colhendo beterrabas. Tem problema vocês dividirem? — perguntou Molly, meio inquieta.

Audrey sorriu, encantada com o ambiente acolhedor, tão diferente da mansão Malfoy. Enquanto observava o quarto, ela refletiu sobre as diferenças entre as duas famílias, encontrando conforto nas características únicas de cada uma.

— Obrigada, Tia Molly. Estou muito feliz por estar aqui.

Molly sorriu e a abraçou com força.

— Nós também estamos felizes por tê-la conosco, querida. Você faz parte da família agora.

Audrey sentiu o calor das palavras de Molly, contrastando com a frieza que muitas vezes sentia na mansão Malfoy. Era como se um peso invisível fosse retirado de seus ombros, e ela se permitiu relaxar, sentindo-se verdadeiramente em casa.

— Vou descer e ajudar a mamãe a preparar o almoço — disse Rony, enquanto começava a descer as escadas. — Vem com a gente quando estiver pronta, Audrey!

— Pode deixar! Vou só me ajeitar um pouco — respondeu Audrey, observando Rony desaparecer escada abaixo.

Ela se virou para a pequena janela do quarto, que oferecia uma vista pitoresca do jardim dos Weasley. Os gnomos corriam entre os canteiros de flores, enquanto as galinhas ciscavam no terreiro. Um leve sorriso surgiu em seus lábios. Ali, tudo parecia tão simples e autêntico, muito diferente do mundo sofisticado e cheio de formalidades da família Malfoy.

Audrey arrumou suas coisas rapidamente, colocando suas roupas em uma pequena cômoda de madeira e deixando o restante na mala ao pé da cama. Sentou-se na cama de dossel, sentindo o colchão macio ceder levemente sob seu peso. Olhando ao redor do quarto decorado com simplicidade e carinho, ela se sentiu em paz, como se estivesse finalmente onde deveria estar.

O som de risadas e conversas animadas vinha da cozinha. Audrey podia ouvir Fred e Jorge brincando sobre suas novas invenções, e a voz de Rony tentando explicar algo a Arthur, que parecia fascinado com o funcionamento de um objeto trouxa. O calor familiar que preenchia a casa dos Weasley era reconfortante, quase tangível.

Sentindo-se renovada, Audrey desceu as escadas, sendo recebida por um coro de boas-vindas e a visão de uma mesa farta, repleta de pratos coloridos e apetitosos. Molly Weasley, com seu avental manchado de farinha, estava supervisionando tudo com eficiência, enquanto Gina, que acabara de entrar pela porta dos fundos com as bochechas rosadas e as mãos sujas de terra, ajudava a colocar a mesa.

— Pronta para o banquete, Audrey? — perguntou Fred, puxando uma cadeira para ela.

— Estou pronta! — Audrey riu, aceitando o convite.

Sentada entre Rony e Gina, Audrey se viu envolvida pela conversa animada e o calor do ambiente. Era um tipo de união que ela nunca tinha experimentado antes. Os Weasleys riam e provocavam uns aos outros de forma afetuosa, criando uma atmosfera de camaradagem que a deixava à vontade.

— Mamãe faz a melhor torta de carne que você vai comer na vida, pode acreditar — disse Jorge, enchendo o prato de Audrey.

— E não deixe de provar o pudim de caramelo — acrescentou Fred, com um sorriso travesso. — Fizemos ele especialmente para você.

Audrey não pôde deixar de sorrir. Pela primeira vez em muito tempo, sentia-se parte de algo maior, algo que ia além das aparências e das expectativas da sociedade bruxa. Era como se o espírito acolhedor dos Weasleys estivesse começando a derreter as camadas de gelo que ela carregava.

Depois do almoço, enquanto Fred e Jorge se empenhavam em mostrar a Audrey seus últimos truques e invenções, ela não pôde deixar de pensar em Draco e na solidão que ele devia estar sentindo na Mansão Malfoy. Ela prometeu a si mesma que escreveria para ele mais tarde, compartilhando todas as aventuras e o calor que estava vivenciando com os Weasleys. Afinal, Draco precisava saber que existiam outros tipos de família, outros tipos de amor e de companheirismo.

Enquanto o sol começava a se pôr, Audrey, Fred e Jorge estavam no quintal, testando algumas das poções e truques dos gêmeos. Gina e Rony se juntaram a eles, e a tarde passou em uma mistura de gargalhadas, explosões controladas e a constante sensação de que ali, entre os Weasleys, ela poderia ser quem quisesse ser, sem medo de julgamentos ou expectativas.

Quando a noite caiu e a família se reuniu na sala de estar para uma última conversa antes de dormir, Audrey se sentiu plena. Sentada ao lado de Rony, com Gina aconchegada ao seu lado, ela percebeu que, pela primeira vez, não estava ansiosa para voltar à escola. Hogwarts logo estaria de volta às suas vidas, mas até lá, ela iria aproveitar ao máximo cada momento ao lado dos Weasleys.

E naquela noite, enquanto o som suave dos roncos de Gina preenchia o quarto escuro, Audrey dormiu profundamente, sabendo que tinha encontrado um lugar onde pertencia, um lugar que sempre levaria consigo, não importa onde estivesse.

A pequena garota acordou no meio da noite, o corpo esparramado pelo colchão, estranhando a escuridão silenciosa da casa. A boca estava seca, e ela piscou algumas vezes enquanto tirava uma mecha de cabelo do rosto. Sentindo o frescor da noite em sua pele, ela se levantou, os pés tocando o chão de madeira fria. Ao atravessar o corredor, acertou a coxa em um móvel, soltando um murmúrio de dor seguido por uma risada suave.

— Ai — sussurrou, tentando não acordar ninguém.

Descendo as escadas com cuidado para não fazer barulho, Audrey caminhou até a cozinha. O silêncio da casa Weasley era estranho, quase reconfortante em sua tranquilidade, mas também lhe dava uma sensação de vulnerabilidade. Ao chegar à cozinha, ela pegou um copo do armário e serviu-se de água do filtro de barro que descansava na pia. A água gelada a refrescou, acalmando o calor que sentia por dentro.

— Acordada, Drey? — A voz de Rony quebrou o silêncio, fazendo Audrey se sobressaltar.

— Que susto, Rony! — exclamou ela, os olhos arregalados.

Ele deu uma risada abafada, pegando um copo para si.

— Desculpe, não queria te assustar. — Rony encheu o copo com água e se recostou no balcão. — Está tudo bem por aqui? Sei que a casa é pequena... não é como a Mansão Malfoy.

Rony parecia desconfortável, como se estivesse preocupado com a opinião dela sobre a casa de sua família. Audrey sentiu uma onda de carinho por ele.

— Pequena? — Audrey sorriu, olhando ao redor da cozinha aconchegante. — Eu acho brilhante! Sua casa tem uma energia tão boa, sabe? Conforto, animação, alegria! Vocês são tão unidos e felizes. Me sinto extremamente acolhida aqui.

Rony sorriu, as bochechas corando levemente. Ele parecia aliviado com as palavras dela, e o ambiente entre eles ficou mais descontraído.

— Que bom que você se sente assim — disse ele, se aproximando da janela e olhando para fora, onde a noite se estendia escura e silenciosa. — Mas, a propósito... Você teve notícias do Harry?

O tom de Rony mudou, ficando mais sombrio e preocupado. Audrey franziu a testa, sentindo o mesmo peso que ela já carregava há dias.

— Não, ele não respondeu minhas cartas. Estou muito preocupada. — Audrey mordeu o lábio inferior, seus pensamentos voltando para Harry e o que poderia estar acontecendo com ele. — Será que os tios dele fizeram algo?

Rony suspirou, parecendo pensativo.

— Pensei nisso... Será que ele vai voltar para Hogwarts?

A pergunta pairou no ar, trazendo uma sensação de incerteza que fez Audrey se sentir ainda mais ansiosa.

— Estou com um mau pressentimento — confessou Audrey, sentindo um aperto no peito. A ideia de Harry estar sozinho, sofrendo nas mãos dos tios, era insuportável.

Rony virou-se para ela, seus olhos refletindo a mesma preocupação.

— O que vamos fazer?

Audrey hesitou por um momento, considerando as possibilidades. Então, uma ideia começou a tomar forma em sua mente, trazendo consigo uma pequena centelha de esperança.

— Bem... Eu pensei em algo. — Ela se aproximou de Rony, falando em um tom mais baixo, como se estivesse compartilhando um segredo.



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