𝘈𝘭𝘸𝘢𝘺𝘴 𝘺𝘰𝘶𝘳𝘴, 𝘚.𝘉.
Sirius sentou na mesa de sua casa.
Casa no qual herdou de sua prima, Andrômeda Black, que acabou por tirar sua vida após um assassinato que tirou a vida de sua filha e seu marido. Sirius odiava aquele lugar, mas por hora, era tudo o que tinha.
Após se formar em Hogwarts, Sirius jamais poderia voltar para a casa de seus pais. Os Potter ofereceram um quarto para o garoto, mas não poderia se esconder para sempre atrás de James e seus pais. Não, Sirius precisava apenas passar os bens que herdou para Regulos, e então tudo estaria bem.
O Black não contou a nenhum de seus amigos que estava indo para a mansão dos Black. Seria algo rápido, apenas mais uma reunião de família idiota que logo passaria, e ele então conseguiria seguir sua vida em paz, com seu namorado e seus amigos.
Então ele decidiu escrever uma carta para Remus, explicando porque ficaria uma semana fora. Seria melhor escrever do que o contar pessoalmente, porque assim ele saberia o quão assustado Sirius estava.
“Querido Remus,
Remus J. Lupin tinha suas peculiaridades, como comer uma única fatia de torrada com quatro tipos de cobertura diferentes: manteiga, pasta de amendoim, chocolate e geleia de frutas vermelhas. E você pode até me perguntar a razão, mas eu nunca soube. Talvez a incapacidade de escolher apenas uma entre todas as opções, ou ele apenas gostava da explosão de sabores que sua língua captava sempre que comia esse café da manhã tão inusitado.
Ele adora chocolates doces, daqueles que você se questiona da qualidade. Eu jamais o julgaria, passando por tantas coisas amargas em sua vida, não o deixar ter um momento doce seria covardia. E por isso eu sempre deixo um chocolate embaixo de seu travesseiro.
Ele detesta o silêncio, porque isso significa que está sozinho. James poderia fazer o mesmo barulho inúmeras vezes e Remus nunca o pediria para parar, mesmo se estivesse na melhor parte de seu livro e tudo o que mais quisesse fosse um pouco de paz.
E falando de literatura, seus livros favoritos são aqueles de romance épico. Aqueles, onde os personagens fazem até o impossível apenas para estarem juntos; aqueles que juram amor eterno e que se sacrificam. E falando de eternidade, Remus nunca acreditou que algo pudesse ser eterno, afinal, a eternidade não existe, em tese. Como algo poderia durar mais tempo que sua própria existência? Como tudo poderia permanecer igual por tanto tempo?
Tempo que ele não entendia, pois não possuía números ou previsão para acabar. Mas apenas naquelas horinhas onde se perdia no mundo da fantasia, ele acreditava. Mesmo que fosse insignificante, sempre que posso eu juro que irei o amar e o encontrar em todas as próximas vidas que viveremos, porque eu acredito em reencarnação e não existe um pedaço de minha alma que não o ame.
Lupin costuma guardar muita raiva em seu coração, e vez ou outra desconta em si mesmo. Quando a lua cheia se aproxima, uma onda de sentimentos o atravessa e em todas as vezes eu gostaria que eu pudesse passar essa dor dele para mim. Queria poder aliviar e tirar essa dor que ele carrega a anos, mas tudo que posso fazer é mostrar que eu sempre estarei lá, mesmo quando tudo estiver ruim e não haver ninguém em que possa confiar.
Penso no seu cheiro de canela todos os dias, no seu cabelo loiro escuro e nas cicatrizes que desenham o seu rosto, porque tudo em você me fascina. O tempo parece parar quando tenho você dormindo ao meu lado pela manhã, com os cachos espalhados pelo meu travesseiro e a pele bronzeada exposta. Talvez você não saiba, mas eu já decorei quantas sardas você tem em seu rosto. Já tracei suas cicatrizes com a ponta dos dedos e tudo o que eu podia sentir era resistência, porque você é a pessoa mais forte que eu conheço.
Remus, eu te amo mais do que palavras conseguem explicar. Posso escrever em mil pergaminhos os motivos pelos quais o amo e ainda sim teria mais o que falar, porque nunca é demais quando se trata de você.
Peço desculpas por não ser o príncipe encantado que talvez um dia você sonhou, mas agora tenho que partir. Prometo voltar, e quando isso acontecer, espero nunca mais sair do seu lado.
Sempre seu,
S.B”
Eu gostaria de dizer que Sirius Black voltou uma semana depois, com um sorriso no rosto e uma sacola cheia de chocolates para seu moony, mas estaria mentindo. Sirius Black foi assassinado por sua prima Bellatrix, logo após que a reunião chegou ao fim. Quem comunicou os amigos do mais velho foi Regulos, que tentava ao máximo parecer não ligar.
Nesse universo, Sirius nunca conheceu Harry. Os Potter tiveram o garotinho, e o acusado de traição foi Remus Lupin, que logo após ter seu segredo revelado, foi morto pelo ministério da magia. Os Potter faleceram, e o menino que sobreviveu não teve força para combater Voldemort.
Harry foi morto, e Voldemort tomou conta de Hogwarts. E o que aprendemos com essa história? Aprendemos que em todos os universos Sirius Black e Remus Lupin se encontram, se amam, porém nunca possuem um final feliz.
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