𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝘁𝘄𝗼 | primeiros dias em Forks.
CAPÍTULO DOIS
── ❝primeiros dias em Forks.❞
Já fazia uma semana desde que Elliot havia chegado a Forks. O tempo parecia passar de forma arrastada, preenchido por uma monotonia que ele não estava acostumado. Sua rotina era tediosa: Charlie saía cedo para trabalhar na delegacia, deixando a casa silenciosa, enquanto Bella ia para a escola. Quando voltava, ela se trancava no quarto e mal dizia uma palavra a ele.
A tensão na casa era palpável, e Elliot sabia exatamente o motivo. Bella estava furiosa com Charlie por tê-la colocado de castigo assim que ela voltou da misteriosa viagem à Itália. Ele ainda não tinha todos os detalhes sobre o que havia acontecido, mas era óbvio que o clima entre pai e filha estava longe de ser amigável.
Elliot, por sua vez, não tinha muito o que fazer. Ele ainda não conhecia ninguém em Forks e, para ser honesto, não estava muito interessado em fazer amigos. Passava boa parte do tempo na sala, ouvindo música, folheando livros que encontrava na estante de Charlie ou simplesmente olhando pela janela a chuva incessante que parecia ser uma constante naquele lugar.
Ele começou a decorar cada som da casa: o ranger leve da porta do quarto de Bella quando ela a fechava com força, os passos firmes de Charlie quando voltava do trabalho, exausto, e até o som das gotas de água batendo contra o telhado. Forks parecia um lugar onde nada acontecia, e isso estava começando a irritá-lo.
Certo dia, enquanto estava jogado no sofá, ouvindo música, Elliot ouviu a porta do quarto de Bella abrir. Ele abaixou o volume discretamente e esperou, curioso para ver se ela finalmente quebraria o silêncio.
Bella desceu as escadas com passos firmes, o olhar fixo no chão. Ela passou direto pela sala, indo em direção à cozinha, sem nem mesmo reconhecer a presença de Elliot. Ele decidiu que estava na hora de tentar uma abordagem, mesmo que fosse só para espantar o tédio.
── Você sempre ignora as pessoas assim ou é algo pessoal? ── ele perguntou, tirando os fones de ouvido.
Bella parou no meio do caminho e olhou para ele, claramente irritada.
── Você quer alguma coisa? ── perguntou ela, a voz carregada de cansaço e desdém.
Elliot deu de ombros.
── Só achei que seria educado pelo menos falar com seu irmão.
── Meio-irmão ── corrigiu Bella, estreitando os olhos antes de virar as costas e continuar para a cozinha.
Elliot suspirou, recostando-se no sofá. “Isso vai ser mais difícil do que eu pensava” ele pensou, enquanto ouvia o som de uma gaveta sendo aberta na cozinha. Forks, ao que parecia, tinha mais drama do que ele esperava.
Elliot deixou os pensamentos vaguearem, voltando ao dia em que Bella havia chegado da Itália. A cena estava fresca em sua memória, especialmente porque fora o momento em que ele percebeu que sua nova casa estava longe de ser tranquila.
Charlie tinha perdido completamente a paciência quando Bella entrou pela porta com Alice ao lado. O rosto dela estava pálido, os olhos cansados, mas a expressão desafiadora deixava claro que não se arrependia da viagem que havia feito sem avisar ninguém.
── Bella Swan! ── a voz de Charlie ecoou pela sala. Ele estava vermelho de raiva, apontando para ela como se quisesse garantir que ela não escapasse. ── O que você estava pensando? Indo para a Itália sem me dizer nada? Você tem ideia do perigo que correu?
── Não começa, Charlie! ── Bella rebateu, jogando a mochila no chão com força. ── Eu sabia o que estava fazendo.
── Sabia?! ── Charlie praticamente gritou, gesticulando furiosamente. ── Você sabia o que estava fazendo? Fugir para outro país com Alice e sem me dizer nada? Eu tive que descobrir por um bilhete idiota grudado na geladeira!
Elliot, que havia ficado encostado na entrada da cozinha, observava a discussão em silêncio, cruzando os braços enquanto analisava a dinâmica entre pai e filha. Ele não sabia exatamente o que motivara Bella a fugir para a Itália, mas o assunto parecia carregar mais peso emocional do que qualquer um ali estava disposto a admitir.
── Você não entende, Charlie! ── Bella continuou, os olhos brilhando de frustração. ── Eu precisei ir! Não tinha escolha!
── Não tinha escolha? ── Charlie riu amargamente, passando a mão pelos cabelos. ── Isso não é desculpa, Bella! Você é uma adolescente, e o que fez foi irresponsável e perigoso! A partir de agora, você está de castigo! Sem sair de casa, sem visitas, sem nada, até eu decidir que você pode ser confiável novamente!
Bella arregalou os olhos, incrédula.
── Você não pode fazer isso!
── Posso e vou! ── respondeu Charlie, firme.
Ela soltou uma risada curta, cheia de sarcasmo.
── Claro. Porque controlar minha vida é o que você faz de melhor.
Elliot se manteve calado, mas não pôde deixar de reparar como as palavras dela feriram Charlie. O xerife parecia lutar para manter a postura autoritária, mas havia algo de vulnerável em seus olhos, algo que indicava que a briga era mais do que apenas sobre a viagem.
Desde aquele dia, Bella havia se trancado em seu quarto, saindo apenas para o essencial e ignorando qualquer tentativa de conversa. Elliot até pensou em perguntar diretamente o que a motivara a ir para a Itália, mas a forma como ela evitava qualquer contato deixava claro que isso não era uma possibilidade no momento.
Agora, uma semana depois, as coisas ainda estavam tensas. Charlie tentava agir como se estivesse tudo sob controle, mas Elliot sabia que a situação estava longe disso. Ele só se perguntava quanto tempo essa atmosfera explosiva iria durar antes que algo acontecesse novamente.
Elliot suspirou ao lembrar que, daqui a três dias, começaria sua vida na nova escola. A ideia não era exatamente animadora. Ele já não tinha boas lembranças de seu último colégio, e agora, em Forks, onde tudo parecia tão pequeno e tedioso, a perspectiva de enfrentar novos colegas e professores o fazia revirar os olhos.
── Mais uma obrigação pra minha lista ── murmurou para si mesmo, enquanto olhava pela janela da sala a chuva que parecia nunca parar.
Se havia algo positivo nesses primeiros dias em Forks, era o fato de que ele teve tempo de sobra para personalizar o quarto. Charlie havia lhe dado carta branca para fazer as mudanças que quisesse, o que era bom, porque o ambiente inicialmente parecia tão impessoal que era quase deprimente.
Agora, o quarto de Elliot refletia bem mais sua personalidade. Ele pintou as paredes de um azul escuro, que dava um ar aconchegante e sóbrio ao espaço. A cama e o guarda-roupa pretos combinavam perfeitamente com o tom das paredes, criando uma estética simples, mas elegante. Ele tinha uma escrivaninha de estudo, onde já havia colocado seu laptop e algumas anotações, mesmo que ainda não tivesse usado para nada produtivo.
Nas paredes, espalhou pôsteres de super-heróis que ele colecionava desde pequeno. Capitão América, Homem de Ferro, Thor — todos estavam ali, como velhos amigos que trouxeram um pouco de familiaridade para aquele lugar estranho.
Nas estantes, cuidadosamente organizadas, estavam sua coleção de carrinhos e figuras de ação de super-heróis, que ele fazia questão de manter desde a infância. Algumas eram verdadeiras relíquias, como um carrinho vermelho que ele ganhou no aniversário de cinco anos.
Ao lado da cama, colocou um abajur de design simples, que emitia uma luz amarelada e confortável, perfeita para suas noites lendo ou ouvindo música.
Elliot se jogou na cama e encarou o teto, se sentindo dividido. O quarto estava exatamente como ele queria, mas ainda não era o suficiente para espantar o tédio que vinha crescendo dentro dele. Ele sabia que a escola seria inevitável, e com ela, as interações sociais que ele tanto evitava.
── Pelo menos vai ser algo diferente disso ── disse para si mesmo, olhando para os pôsteres na parede.
Mesmo que a ideia de começar em uma nova escola não o empolgasse, ele sabia que precisava fazer algo para sair daquela rotina entediante. Talvez, com sorte, algo interessante finalmente acontecesse.
Elliot tinha uma rotina que seguia religiosamente desde que chegara a Forks: todas as noites, ele ligava para sua mãe. Mesmo que o dia tivesse sido tedioso e ele não tivesse absolutamente nada de interessante para contar, a ligação era sagrada. Kara sempre atendia com aquele tom doce e acolhedor que ele conhecia tão bem, e os dois passavam pelo menos meia hora conversando.
── O que você fez hoje, meu amor? ── ela perguntava, mesmo sabendo que a resposta seria sempre a mesma.
── Nada demais, mãe. Fiquei em casa, organizei umas coisas no quarto, ouvi música. Ah, e o Charlie ainda está pegando no pé da Bella ── ele dizia, rindo baixinho ao final.
Do outro lado da linha, Kara suspirava, mas tentava manter o tom leve.
── Você deveria sair um pouco, explorar a cidade. Não pode ficar trancado aí pra sempre, Elliot.
Ele sabia que ela estava certa, mas a ideia de explorar Forks não parecia muito atraente. Ainda assim, ele gostava dessas conversas. Faziam-no se sentir mais próximo dela, mesmo com a distância.
── Eu sei, mãe. Vou tentar ── respondia, mesmo sem intenção de cumprir a promessa.
A verdade é que ele sentia falta dela mais do que estava disposto a admitir. Kara sempre fora sua âncora, a pessoa que acreditava nele quando ninguém mais parecia fazê-lo. Agora, sem sua presença, a casa em Forks parecia ainda mais vazia.
Ele sentia falta da risada fácil dela, da forma como ela sempre tinha algo reconfortante para dizer, mesmo nos dias mais difíceis. A ausência dela deixava um vazio difícil de preencher.
── Eu só queria que você estivesse aqui ── murmurou uma noite, quase sem querer.
── Eu também, meu amor. Mas sei que você vai se sair bem aí. E se precisar, é só me ligar, ok? ── respondeu Kara, a voz cheia de carinho.
Elliot sempre terminava as ligações com um aperto no peito. Desligar significava encarar o silêncio da casa novamente, e ele ainda não sabia como lidar com isso.
Elliot olhou para o relógio na parede e viu que já estava na hora de começar a preparar o jantar. Charlie logo chegaria da delegacia, exausto como sempre, e alguém precisava garantir que houvesse algo na mesa. Desde que Isabella fora colocada de castigo, ela simplesmente parou de cozinhar, como se fosse uma forma de punição ao pai por tê-la restringido.
Era quase cômico, na verdade. Bella parecia acreditar que, ao se recusar a fazer o jantar, a casa inteira desmoronaria, mas ela claramente não contava com o fato de que Elliot sabia cozinhar. Não era nenhum chef profissional, mas o básico ele dominava. O suficiente para que Charlie não reclamasse.
Ele se levantou da cama e desceu para a cozinha, abrindo a geladeira para ver o que tinha disponível. Algumas sobras de frango, vegetais meio esquecidos no fundo da gaveta e um pacote de macarrão no armário. Nada espetacular, mas suficiente para improvisar algo decente.
Enquanto cortava os vegetais, ele pensava no quanto sua chegada parecia ter mudado a dinâmica da casa. Bella estava claramente irritada com sua presença, mas não era como se ele tivesse pedido para estar ali. Charlie, por outro lado, parecia genuinamente grato por tê-lo por perto, mesmo que ainda estivesse tentando se ajustar à ideia de ter um filho adolescente sob o mesmo teto.
── Pelo menos o jantar aqui não vai ser uma pizza congelada ── murmurou para si mesmo, jogando os pedaços de frango na frigideira.
O cheiro de comida começou a preencher a cozinha, e Elliot sentiu uma pequena onda de satisfação. Cozinhar era uma das poucas coisas que realmente o ajudavam a se distrair. Não era exatamente algo que ele amava, mas era melhor do que ficar de braços cruzados, afundado no tédio.
Ele terminou de preparar o macarrão com frango e vegetais e colocou a comida em travessas na mesa, deixando tudo pronto antes de ouvir o som do carro de Charlie estacionando na garagem.
── Hora do show ── disse baixinho, enquanto tirava o avental e o pendurava na cadeira.
O som da porta da frente se abrindo anunciou a chegada de Charlie, que entrou com passos firmes, ainda vestindo o uniforme de xerife. Ele parecia exausto, mas seus olhos se iluminaram ligeiramente ao sentir o cheiro de comida vindo da cozinha.
── O que temos hoje? ── ele perguntou, colocando o chapéu no cabide próximo à entrada.
── Macarrão com frango e vegetais ── respondeu Elliot, casualmente, enquanto terminava de ajeitar os talheres na mesa.
Charlie deu um sorriso, visivelmente aliviado.
── Você está me salvando aqui, garoto. Achei que ia acabar pedindo outra pizza congelada.
Elliot deu de ombros, como se não fosse grande coisa, mas secretamente apreciava o reconhecimento. Charlie se aproximou da escada, parou no primeiro degrau e gritou para o andar de cima:
── Bella! Desça já! É hora do jantar!
O silêncio que seguiu foi tão pesado quanto esperado. Elliot cruzou os braços, encostando-se ao batente da cozinha, e esperou pela próxima parte, que ele já sabia de cor.
── Isabella Swan, você ouviu o que eu disse? ── insistiu Charlie, agora com mais firmeza. ── Ou você desce, ou eu vou até aí e te trago à força!
Um som abafado de algo sendo jogado contra uma parede veio do quarto de Bella, seguido de passos pesados no corredor. Momentos depois, ela apareceu no topo da escada, o olhar cheio de irritação.
── Estou de castigo, lembra? ── disse ela, com sarcasmo. ── Achei que isso incluía não jantar com vocês.
Charlie suspirou, esfregando as têmporas, visivelmente cansado do drama.
── Não. Inclui você cumprir regras, e uma delas é jantar com a família. Agora, venha comer.
Bella desceu as escadas de má vontade, cada passo carregado de protesto silencioso. Ela entrou na cozinha e parou ao lado da mesa, encarando o prato servido.
── Quem fez isso? ── perguntou, olhando para Charlie e depois para Elliot.
── Eu. Algum problema? ── respondeu Elliot, arqueando uma sobrancelha.
Bella balançou a cabeça, puxando a cadeira e se sentando sem dizer mais nada. Elliot também se sentou, enquanto Charlie ocupava a cabeceira da mesa.
O jantar começou em um silêncio tenso, apenas o som dos talheres e das cadeiras se mexendo preenchendo o ambiente. Bella parecia estar tentando encontrar algo para reclamar, mas depois de algumas mordidas, soltou um murmúrio quase imperceptível:
── Está bom.
Elliot sorriu de canto, satisfeito. Talvez, aos poucos, ele conseguisse quebrar aquela barreira que Bella tanto insistia em manter.
Enquanto o jantar seguia em silêncio, Charlie observava os dois jovens à sua frente. Elliot, com seus cabelos castanhos claros e olhos azuis intensos, comia tranquilamente, parecendo alheio à tensão no ar. Bella, por outro lado, estava claramente desconfortável, empurrando a comida no prato como se fosse uma tarefa árdua.
Charlie se pegou pensando na diferença entre os dois. Apesar de serem irmãos e terem apenas um ano de diferença — Elliot com dezoito e Bella com dezessete —, eles eram opostos em quase tudo. Elliot era direto, muitas vezes rude, mas havia uma sinceridade desarmante nele. Bella, por outro lado, era mais reservada, escondendo seus sentimentos atrás de uma fachada teimosa e, ultimamente, irritadiça.
Ele suspirou, lembrando de como Bella era antes de tudo mudar. Antes de Edward Cullen entrar em cena.
No início, Charlie não tinha nada contra o garoto Cullen. Ele parecia educado, respeitoso e até um pouco tímido. Era o tipo de namorado que qualquer pai deveria aprovar, ou pelo menos não se preocupar. Mas algo no relacionamento dos dois mudou Bella de um jeito que ele ainda não entendia.
Ela se tornou mais distante, mais fechada. Depois que Edward terminou com ela e foi embora, as coisas ficaram ainda piores. Bella não era mais a garota sorridente e cheia de energia que ele conhecia. Agora, ela parecia viver em um constante estado de melancolia, como se estivesse carregando o peso do mundo nos ombros.
Charlie olhou para Elliot, que ainda estava comendo calmamente. Ele não sabia muito sobre o filho, afinal, essa era a primeira vez que conviviam de verdade. Mas havia algo nele que Charlie respeitava. Elliot não parecia se importar em agradar ninguém, o que era um contraste gritante com Bella, que parecia viver para satisfazer os outros — especialmente aquele garoto Cullen.
Ele não conseguia entender o que havia de tão especial em Edward que fazia Bella se agarrar tanto ao passado. Para Charlie, ele era apenas um adolescente normal, talvez um pouco misterioso, mas ainda assim, nada que justificasse o impacto que tinha tido na vida de sua filha.
Enquanto essas reflexões ocupavam sua mente, Charlie percebeu que precisava encontrar uma forma de se conectar melhor com seus filhos. Eles eram diferentes, mas isso não significava que ele não podia tentar criar algum tipo de harmonia naquela casa. Afinal, já havia drama suficiente para durar uma vida inteira.
Quando o jantar terminou, Elliot empurrou o prato vazio para o lado e olhou diretamente para Bella, com um meio sorriso no rosto.
── Bom, como fui eu quem cozinhou, acho justo que você limpe tudo, não acha?
Bella levantou os olhos para ele, com uma expressão de desgosto evidente.
── Claro que acha ── respondeu ela com sarcasmo, mas sem se levantar da cadeira.
Elliot cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha.
── Regras básicas de convivência, Isabella. Eu fiz minha parte. Agora é sua vez.
Charlie, que já havia se levantado e estava pegando uma cerveja na geladeira, olhou para Bella antes de se dirigir à sala.
── Ele está certo, Bella. Vai lá, limpa tudo.
Bella bufou, levantando-se com má vontade.
── Vocês dois são ridículos ── murmurou enquanto começava a recolher os pratos e talheres.
Charlie ignorou o comentário dela e seguiu para a sala com sua cerveja em mãos. Ele se jogou no sofá com um suspiro de alívio, ligando a TV em um jogo de beisebol que já estava na metade. Era sua maneira de desligar do dia longo e, honestamente, do drama constante na casa.
Enquanto Bella lavava a louça, resmungando baixinho, Elliot encostou no batente da cozinha, observando-a com os braços cruzados.
── Você pode resmungar o quanto quiser, mas não vai mudar nada. Amanhã é sua vez de cozinhar, então já se prepara.
Bella parou por um momento, virou-se para ele e lhe lançou um olhar mortal.
── Nem sonhe.
Elliot apenas deu de ombros com um sorriso provocador e saiu da cozinha, indo até a sala. Ele se sentou na poltrona ao lado do sofá, sem dizer nada, apenas observando o jogo que Charlie assistia.
── Como tá a comida aí, pai? ── perguntou, quebrando o silêncio.
Charlie deu um gole na cerveja e fez um gesto de aprovação com a cabeça.
── Muito boa, garoto. A Bella pode aprender umas coisas com você.
Do fundo da cozinha, veio o som de algo batendo na pia, provavelmente um prato que Bella jogou com mais força do que o necessário. Elliot apenas riu, satisfeito. Era bom, pelo menos por um momento, sentir que tinha uma pequena vantagem naquele ambiente novo e caótico.
Com o som da louça sendo lavada ao fundo e o jogo de beisebol rolando na TV, Elliot sentiu um momento raro de calmaria. Charlie parecia imerso no jogo, dando pequenos goles na cerveja, e Bella finalmente parou de resmungar, concentrando-se em terminar o trabalho na cozinha.
Elliot olhou para o teto, pensando em como a vida em Forks era tão diferente de tudo o que ele estava acostumado. Não havia festas barulhentas, nem confusões explosivas ou multidões de pessoas ao redor. Apenas uma cidade pequena, com dias lentos e noites ainda mais silenciosas.
Mas, de certa forma, ele não se importava. Era estranho, mas ele sentia que aquele lugar, por mais entediante e claustrofóbico que fosse, poderia ser uma oportunidade para algo novo. Talvez, aqui, ele pudesse finalmente descobrir quem era além da raiva e da má fama que sempre o definiram.
── Amanhã vou explorar a cidade ── murmurou para si mesmo, quase como uma promessa.
Ele levantou-se da poltrona, deu boa noite a Charlie e subiu as escadas para o quarto. Ao fechar a porta, olhou ao redor, satisfeito com o espaço que agora parecia mais como seu.
Deitou-se na cama e pegou o celular, enviando uma mensagem rápida para sua mãe.
"Boa noite, mãe. Estou bem. Espero que você também esteja."
Elliot ficou olhando para o teto por alguns minutos, enquanto a escuridão do quarto o envolvia. O som abafado da TV na sala e os passos de Bella subindo as escadas foram os últimos sinais de vida na casa antes de tudo ficar completamente silencioso.
Ele fechou os olhos, deixando o cansaço do dia finalmente vencê-lo. Amanhã seria um novo dia, e talvez, só talvez, ele começasse a se sentir um pouco mais em casa.
3431 palavras.
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