≀ ꒰ TE ꒱ ៹ ﹫unidos pela sobrevivência ⋆ ◝🧟‍♀️﹆

Presos naquele tanque, a incerteza de que sairiam vivos dominava as mentes de Rick e Leah. O som abafado dos caminhantes do lado de fora misturava-se com o zumbido persistente em seus ouvidos após o disparo. Ambos estavam tensos, sem saber o que fazer, até que o rádio em uma mesa próxima começou a chiar novamente.

Rick e Leah se entreolharam, surpresos, e então uma voz masculina jovem irrompeu pelo silêncio metálico:

── Ei, idiotas presos aí no tanque, estão confortáveis?

Rick franziu o cenho, sua expressão alternando entre confusão e irritação. Leah deu uma risada curta e irônica, quase como se não acreditasse no tom casual daquela voz.

Sem perder tempo, Rick pegou o rádio e apertou o botão para falar. ── Não importa o quão confortável estamos aqui, se puder nos ajudar a sair dessa, estamos ouvindo.

A voz do outro lado riu baixinho, como se estivesse se divertindo. ── Ah, isso é interessante... Mas, sério, vocês deveriam ver isso de onde eu estou. Ficariam assustados.

Rick sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele olhou para Leah, que ergueu uma sobrancelha, visivelmente intrigada, mas ainda segurando o fôlego.

── Do que você está falando? Onde você está? ── Rick perguntou, a tensão evidente em sua voz.

A resposta foi acompanhada de uma breve pausa, como se o estranho estivesse escolhendo suas palavras com cuidado. O silêncio que se seguiu só fez com que o ar dentro do tanque ficasse ainda mais pesado.

A voz do homem no rádio voltou, mais séria agora:

── Vocês não têm muito tempo. Aproveitem enquanto os caminhantes estão distraídos com o cavalo. Eles vão terminar logo, e quando perceberem que não tem mais nada lá fora, vocês serão o próximo banquete.

Rick apertou o botão do rádio novamente, sua voz carregada de ironia. ── Então qual é o seu grande plano, gênio? Correr?

O estranho soltou uma risada curta.
── Não sou tão idiota assim. Vocês vão sair pela escotilha de cima do tanque, correr o mais rápido que puderem e virar à esquerda na próxima esquina. Estou em um beco esperando por vocês. Dá para chegar antes que eles percebam.

Rick respirou fundo, seu tom ainda cético. ── Isso soa mais como uma sentença de morte do que um plano.

── Então fique aí e vire comida para zumbis. Sua escolha ── o estranho respondeu, impaciente.

Leah, que até então estava em silêncio, decidiu intervir. "Ele tem razão, Rick. Se ficarmos aqui, é questão de tempo até sermos cercados."

Rick bufou, mas apertou o rádio de novo. ── Antes de fazermos qualquer coisa, qual é o seu nome? Quero saber com quem estou arriscando minha vida.

Houve uma pausa do outro lado, e então o estranho respondeu com irritação. ── A gente não tem tempo para isso agora.

Antes que Rick pudesse rebater, Leah colocou uma mão em seu ombro. ── O nome dele não importa agora, Rick. O que importa é que ele parece ser nossa única chance.

Rick olhou para ela, a determinação nos olhos de Leah o desarmando por um instante. Ele suspirou, então respondeu pelo rádio. ──Tudo bem. Vamos fazer isso.

A voz do estranho voltou, firme e direta.  ── Ótimo. Não parem por nada. Vejo vocês no beco.

Rick respirou fundo, tentando controlar a adrenalina que pulsava em suas veias. Ele olhou para Leah, que assentiu firmemente, e então abriu a escotilha de cima do tanque. O som dos caminhantes lá fora ficou mais alto assim que a tampa se abriu. Sem hesitar, Leah foi a primeira a sair, escalando rapidamente para o topo. Rick logo a seguiu, segurando sua arma com firmeza.

Eles começaram a correr, como o estranho havia instruído, com Rick atirando em qualquer caminhante que chegasse perto demais. O som dos tiros ecoava pela rua, atraindo ainda mais mortos-vivos, mas isso não os impediu. Leah corria à frente, seu foco na próxima curva, enquanto Rick dava cobertura.

── Vira agora! ── Leah gritou, e ambos dobraram à esquerda na esquina. Assim que entraram no beco, Rick ergueu sua arma instintivamente ao avistar uma figura à frente. Ele quase apertou o gatilho, mas a figura levantou as mãos e gritou:

── Ei, calma! Não sou um caminhante!

── Vamos, rápido! ── o garoto disse, apontando para uma escada metálica que levava ao topo de um prédio próximo.

Sem questionar, eles continuaram correndo até o meio do beco, onde a escada começava. O garoto subiu primeiro, com movimentos rápidos e precisos. Leah foi logo atrás, subindo com agilidade. Rick ficou por último, cobrindo a retaguarda enquanto os caminhantes começavam a se aproximar perigosamente.

Quando Rick finalmente alcançou a escada, ele subiu tão rápido quanto pôde, sentindo o peso dos mortos-vivos bem atrás dele. Assim que seus pés deixaram o chão, ele olhou para baixo e viu as mãos podres dos caminhantes tentando agarrar o vazio onde ele estava segundos antes.

Com um último impulso, Rick alcançou o topo, onde Leah e o garoto já esperavam. Eles estavam seguros, pelo menos por enquanto. O barulho dos caminhantes ecoava ao longe, mas o trio estava fora de alcance. Ofegantes, Rick se jogou contra a parede do telhado, tentando recuperar o fôlego, enquanto Leah e o garoto o observavam em silêncio.

── Bem-vindos ao meu mundo ── o garoto disse com um sorriso cansado.

Leah observou melhor o estranho que acabara de salvar suas vidas. Ele era jovem, talvez em seus vinte e poucos anos, com pele morena clara e traços asiáticos marcantes. Seus olhos eram pequenos e vivos, demonstrando uma mistura de nervosismo e inteligência. O cabelo escuro estava levemente bagunçado, e ele usava uma camiseta surrada e calças jeans, com tênis desgastados que claramente haviam percorrido muitas milhas. Apesar de magro, Glenn Rhee tinha uma postura alerta, como alguém que sabia se virar em situações difíceis.

── Eu sou Glenn Rhee ── ele disse, respirando fundo para se acalmar. ── E antes que perguntem, sim, eu sou bom em tirar pessoas de enrascadas como essa.

Rick assentiu, ainda recuperando o fôlego. Ele estendeu a mão em cumprimento. ── Rick Grimes. E, Glenn, você acabou de salvar nossas vidas.

Glenn apertou a mão de Rick rapidamente, mas seus olhos curiosos já estavam analisando Leah. Ela cruzou os braços e levantou o queixo levemente, percebendo o olhar dele.

── Leah ── ela disse de forma direta, apresentando-se.

Por um momento, Glenn desviou o olhar, mas não antes de seus olhos passarem brevemente pela cicatriz que atravessava o rosto de Leah, do canto da sobrancelha até a bochecha, e pelo olho esquerdo cego. Ele tentou não ser óbvio, mas Leah percebeu o relance.

── Algum problema, Glenn? ── ela perguntou, sua voz carregada de sarcasmo.

Glenn levantou as mãos defensivamente. ── Não! Claro que não. Só... vocês dois não parecem ser exatamente novos nesse caos.

Rick riu baixinho, quebrando o clima tenso. ── Ninguém que sobrevive até aqui é novato, Glenn.

Leah deu um sorriso de lado, mas manteve o olhar fixo no jovem. ── E você, garoto esperto? Parece que sabe se virar bem. Como alguém como você ainda está vivo?

Glenn sorriu de volta, com um misto de orgulho e humildade. ── Digamos que eu sou bom em entrar e sair de lugares perigosos. E agora que trouxe vocês pra cá, acho que já fiz meu trabalho do dia.

Leah manteve o sorriso, mas continuou o encarando com intensidade, como se tentasse decifrar o garoto que, em poucos minutos, se tornara essencial para sua sobrevivência.

Glenn fez um gesto com a mão, indicando que eles o seguissem. ── Vamos terminar de subir. O telhado é seguro e leva direto a um ponto de acesso. Não dá pra ficar aqui parado por muito tempo."

Rick e Leah assentiram, ainda respirando pesadamente, mas prontos para continuar. Eles subiram os últimos degraus da escada metálica e seguiram Glenn pelo telhado. O jovem se movia com confiança e agilidade, parecendo conhecer bem o terreno.

O trio atravessou o telhado de um prédio baixo, com passos cuidadosos para não chamar atenção desnecessária. Lá de cima, Leah olhou para o caos de Atlanta: carros abandonados, ruas repletas de caminhantes e um silêncio opressor quebrado apenas pelos ocasionais gemidos dos mortos.

── Ali ── Glenn disse, apontando para uma abertura em outro telhado. Ele saltou agilmente e ajudou Leah e Rick a atravessarem. ── Essa entrada dá para uma loja. É segura, pelo menos por enquanto.

Eles desceram por uma escada estreita e entraram em um pequeno depósito empoeirado. O cheiro de mofo e metal enferrujado dominava o ambiente, mas não havia sinais de caminhantes. Glenn verificou o local rapidamente antes de relaxar os ombros.

── Bem-vindos ao meu refúgio temporário ── ele disse, apontando para o ambiente modesto. ── É uma loja. Ainda tem alguns suprimentos aqui, e o prédio está isolado, então é seguro o bastante pra gente se reagrup... por enquanto.

Rick e Leah se entreolharam, exaustos, mas aliviados por finalmente estarem longe do perigo iminente.

Rick, Leah e Glenn se sentaram no chão do pequeno depósito. Leah encostou as costas na parede, respirando fundo, enquanto Rick esfregava a testa com a mão, tentando organizar seus pensamentos.

Depois de alguns instantes de silêncio, Rick olhou para Glenn e perguntou: ── Você está sozinho? Não tem ninguém com você?

Glenn deu de ombros, apoiando os cotovelos nos joelhos enquanto olhava para o chão. ── Sempre estive sozinho, desde que tudo isso começou. Tinha um grupo no começo, mas... sabe como é. Pessoas vão embora, morrem, ou simplesmente desistem. ── Ele fez uma pausa, olhando para Leah e Rick.  ── Então, sim, estou sozinho. Vivo me esgueirando pela cidade, tentando pegar o que consigo e sair antes que as coisas fiquem feias.

Rick assentiu, processando as palavras do jovem. ── Você mora aqui na cidade?

── Vivendo seria exagero ── Glenn respondeu com um sorriso cansado. ── Eu estava me escondendo por aqui. Mas a verdade é que está ficando muito perigoso. O número de caminhantes aumenta a cada dia. Parecem surgir do nada. E, depois daquele tiro que você deu no tanque, Rick... ── Ele ergueu as sobrancelhas em um olhar preocupado.  ── Você provavelmente atraiu centenas deles.

Rick abaixou a cabeça, passando a mão pela nuca, claramente incomodado com a consequência de suas ações. ── Eu não tinha escolha. Era nós ou aquele caminhante lá dentro.

── Eu sei ── Glenn respondeu rapidamente, erguendo as mãos.  ── Mas a questão agora é: precisamos sair daqui antes que eles fechem o cerco. Este prédio é seguro, mas não vai ser por muito tempo se eles continuarem se acumulando lá fora.

Leah, que ouvia em silêncio, finalmente se pronunciou, sua voz calma, mas firme:  ── Então, qual é o plano? Porque ficar aqui não é uma opção.

Glenn olhou para os dois, a determinação em seus olhos. ── Eu conheço alguns caminhos que podem nos tirar da cidade. Mas se quisermos sobreviver, vamos ter que nos mover rápido.

Glenn puxou um mapa dobrado do bolso, desdobrando-o cuidadosamente no chão. Ele o estendeu à frente deles, e os três se aproximaram para examinar. O papel estava um pouco amassado e marcado com anotações feitas à mão, mas ainda era legível.

Leah observou o mapa com atenção, os olhos se estreitando enquanto seguia as linhas e marcações que indicavam estradas, prédios e áreas abertas. Após alguns segundos, ela apontou para um ponto específico.

── Aqui ── disse ela, tocando a área com o dedo. ── Parece uma clareira. Tem um rio descendo por essa direção, e o terreno é elevado. Se for como o mapa sugere, demoraria muito para os caminhantes subirem. Nós teríamos uma boa visão do entorno, poderíamos monitorar qualquer ameaça.

Rick inclinou-se, examinando o local que Leah havia indicado.  ── Um rio significa água para beber e, se tivermos sorte, peixe. Também dá pra lavar roupas e nos manter limpos, o que não é pouca coisa nesse mundo.

Glenn acenou lentamente com a cabeça, considerando as palavras dela. ── É uma boa ideia. Mas é uma caminhada longa. Vai levar pelo menos um dia inteiro, talvez mais, dependendo de como as coisas estão no caminho.

Leah deu de ombros. ── É melhor do que ficar aqui esperando sermos cercados. E você mesmo disse que essa cidade não é mais segura.

Rick olhou para os dois, assentindo. ── Concordo. Quanto mais longe da cidade, melhor. Vamos precisar ser rápidos e cautelosos.

Glenn guardou o mapa novamente e levantou-se, estendendo a mão para ajudar Leah a se levantar. ── Então está decidido. Vamos para a clareira. Mas precisamos sair daqui antes do amanhecer. Quanto menos luz, menos chances de sermos vistos.

Leah e Rick concordaram, e o trio começou a se preparar para a jornada que os aguardava.

Infelizmente, o plano não saiu como o esperado. Quando o trio subiu ao telhado para ter uma visão melhor da área antes de sair, perceberam que as ruas abaixo estavam completamente tomadas por caminhantes. Os mortos-vivos se amontoavam entre os carros abandonados, suas cabeças oscilando de um lado para o outro enquanto gemiam, como se pudessem sentir a presença de algo vivo nas proximidades.

Glenn franziu o cenho, visivelmente preocupado. ── Isso é pior do que eu esperava. Parece que todos os tiros e barulhos atraíram praticamente todos os caminhantes da área para cá.

Rick apertou os olhos, analisando o cenário abaixo. Não havia nenhuma rota óbvia que pudessem usar para escapar sem serem notados. ── Mesmo se corrermos, não vamos chegar muito longe. Eles estão por toda parte.

Leah cruzou os braços, observando os mortos com atenção. ── A clareira ainda é o nosso destino, mas sair daqui agora seria suicídio. Precisamos de um novo plano.

Glenn suspirou e se sentou no parapeito do telhado. ── Talvez precisemos esperar até a noite. O escuro pode nos dar alguma vantagem, mas... isso também pode ser arriscado. Eles se tornam menos previsíveis quando não conseguimos vê-los bem.

Rick olhou para os dois, sua expressão firme, mas preocupada. ── Não temos muita escolha. Ficar aqui só vai nos prender ainda mais. Vamos precisar encontrar uma distração ou uma forma de criar um caminho seguro.

Leah assentiu lentamente. ── Concordo. Mas precisamos ser inteligentes. Não podemos desperdiçar mais munição ou atrair ainda mais deles pra cá.

O trio permaneceu em silêncio por um momento, cada um ponderando sobre suas opções limitadas. O relógio estava correndo, e quanto mais tempo eles ficassem ali, mais perigosa se tornava a situação.

Após perceberem que sair naquele momento seria impossível, o trio voltou para dentro do depósito. O ambiente parecia ainda mais abafado e opressor depois de ver o caos lá fora. Glenn se sentou num canto, abrindo sua mochila e começando a mexer em algo. Ele parecia focado, quase absorto, talvez tentando encontrar algo útil ou apenas ocupar sua mente diante da situação desesperadora.

Rick, por outro lado, ficou encostado na parede, observando Leah enquanto ela limpava sua faca com um pedaço de pano. Apesar de sua postura firme e aparência destemida, ele notou o cansaço evidente nos ombros dela e o olhar distante, como se sua mente estivesse vagando para algum lugar doloroso.

Sem dizer nada, Rick se aproximou e se agachou ao lado dela. Ele estendeu a mão, tocando de leve o braço dela para chamar sua atenção.

── Você está bem? ── ele perguntou, sua voz baixa e suave, mas cheia de preocupação genuína.

Leah levantou os olhos para ele, surpresa pela pergunta. ── Estou. Por que a pergunta?

Rick deu um pequeno sorriso, um raro vislumbre de ternura em meio ao caos.  ── Porque sei que isso tudo está sendo um peso pra você, tanto quanto pra mim. E porque você está carregando muita coisa nos ombros, Leah. Só quero garantir que você está se cuidando.

Leah ficou em silêncio por um momento, o olho verde encarando os dele. Havia algo reconfortante na forma como ele falava, algo que fazia com que ela sentisse que, por um instante, não precisava carregar tudo sozinha.

── Eu estou bem, Rick ── ela disse finalmente, mas sua voz carregava menos rigidez e mais sinceridade. ── Obrigada por perguntar.

Ele assentiu, ainda olhando para ela por mais alguns segundos antes de se levantar. ── Se precisar de algo, qualquer coisa, me avise, certo?

Leah deu um pequeno sorriso, quase imperceptível, mas sincero. ── Certo.

Do outro lado do depósito, Glenn olhou rapidamente para os dois, segurando algo que acabara de tirar da mochila. Ele ergueu as sobrancelhas, mas preferiu não dizer nada, voltando a se concentrar em seu trabalho.

Rick voltou a se levantar, mas antes que pudesse se afastar, Leah o chamou novamente. ── Rick.

Ele se virou para ela, atento.

── Eu... só queria dizer que, apesar de tudo, você tem sido uma boa companhia. Não só você, mas o Glenn também. Eu... já estive sozinha por tanto tempo que, bem, isso é diferente." Ela sorriu ligeiramente, tentando esconder a vulnerabilidade nas palavras. "Agradeço por se preocupar.

Rick ficou em silêncio por um momento, absorvendo o que ela disse. Havia algo tão genuíno em sua voz, algo que tocava mais fundo do que ele esperava. ── Eu... também estou agradecendo ── ele disse, finalmente, a voz suave, quase hesitante. ── Pelo menos não estamos sozinhos nessa.

Leah observou-o por mais alguns segundos, seus olhos suaves e sem o peso da armadura emocional que costumava carregar. Ela acenou lentamente com a cabeça, um reconhecimento silencioso.

Glenn, interrompendo o momento com sua voz animada, chamou a atenção deles: ── Ei, acho que encontrei algo que pode nos ajudar. ── Ele estava segurando o que parecia ser uma bomba de fumaça. ── Isso pode criar uma boa distração, caso a gente precise de uma saída rápida. Não é perfeito, mas é uma chance.

Rick e Leah se aproximaram de Glenn, aliviados por finalmente ter algo que poderia ajudar. ── Isso pode funcionar ── Rick disse, pegando a bomba das mãos de Glenn para examiná-la com mais cuidado. ── Se usarmos isso com sabedoria, podemos criar uma cortina de fumaça e correr para um lugar mais seguro.

Leah olhou para eles, a expressão mais focada agora, como se a ideia de uma saída fosse, finalmente, possível. ── Vamos nos preparar. Se isso for nossa chance, não podemos perder.

O trio se preparou para o que poderia ser sua única oportunidade de escapar. Eles não sabiam o que o futuro reservava, mas, por aquele momento, a colaboração entre eles trouxe uma sensação de união. Mesmo diante da incerteza, havia algo mais forte os mantendo juntos — a esperança, ou pelo menos o desejo de continuar lutando.

Enquanto Glenn, Rick e Leah se preparavam para o que estava por vir, um silêncio pesado tomou conta do pequeno depósito. Eles estavam longe de serem uma equipe perfeita, ou de se conhecerem de verdade. Eram, essencialmente, estranhos. Cada um com seu passado sombrio, suas cicatrizes, e o peso das escolhas feitas para sobreviver. Mas, à medida que o plano tomava forma, havia algo mais acontecendo ali, algo que nenhum deles havia antecipado.

Eles estavam unidos não por laços de sangue, mas pela necessidade desesperada de continuar, de encontrar algum tipo de propósito em meio ao caos que consumia o mundo. Rick pensava em Carl, Leah em sua dor silenciosa, e Glenn, embora tivesse passado tanto tempo sozinho, agora sentia o peso de estar ao lado de pessoas que, de alguma forma, compreendiam o que significava estar perdido, mas ainda assim, se levantando.

Ali, em meio ao desespero, parecia que algo mais começava a se formar. Uma pequena chama de esperança. Uma sensação de que, apesar das ruínas do mundo, ainda havia algo a ser resgatado — talvez não um futuro, mas um agora. E esse agora, por mais disfuncional que fosse, estava sendo vivido entre eles.

── Vamos fazer isso ── disse Rick, sua voz mais firme do que antes, refletindo a confiança que, lentamente, estava se estabelecendo entre eles.

Leah olhou para os dois, um leve sorriso nos lábios, o olhar um pouco mais suave. ── Sim, vamos.

Glenn, sempre pragmático, olhou para o caminho à frente e, sem mais palavras, fez um gesto afirmativo. ── A gente vai sair disso.

Naquele instante, Rick, Leah e Glenn, três almas quebradas por um mundo destruído, eram mais do que apenas sobreviventes. Eram, talvez, a versão mais simples e real de uma família, formada não pelo sangue, mas pela dor compartilhada, pela luta e pela esperança, por mais tênue que fosse.

E, por um breve momento, a sensação de pertencimento se fez presente. Mesmo que disfuncional, aquela era a única família que o apocalipse permitira que tivessem.

Eles se levantaram, preparados para enfrentar o desconhecido juntos, cientes de que, apesar de tudo, tinham uns aos outros. E isso, talvez, fosse o suficiente.

○⃘ 𝆬 ͚⃝🧟‍♀️ 𝆺 o que acharam do encontro com Glenn?

○⃘ 𝆬 ͚⃝🧟‍♀️ 𝆺 3395 palavras.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top