𝒗𝒊𝒏𝒕𝒆 𝒆 𝒖𝒎. theo & evie

VINTE E UM.   theo & evie

A terra na qual a Mansão Malfoy foi construída pertencia a outro proprietário. Após a conquista da Inglaterra, o rei Guilherme I apreendeu esta propriedade e deu-a a Armand Malfoy em troca de alguns serviços sombrios, e quase certamente mágicos. As gerações posteriores iriam expandir as terras da propriedade da família, anexando-as dos seus vizinhos trouxas.

No verão de 1997, Lúcio Malfoy e muitos outros Comensais da Morte tinham escapado de Azkaban e o Lorde das Trevas tinha tornado a Mansão dos Malfoy sua sede, substituindo a casa dos Riddle em Little Hangleton. Enquanto os Malfoys estavam muito desconfortáveis com isso, Bellatrix Lestrange, que também residia lá, alegou que poderia não haver "nenhum prazer maior" do que ter Lorde Voldemort com eles, para grande desconforto de Lúcio, Narcisa e Draco Malfoy.

Evie estava em um dos quartos da mansão, sozinha, tentando descobrir como usar as relíquias dos Vaillant a favor de Voldemort. O ambiente ao seu redor era gélido, e a escuridão parecia sussurrar seus piores medos. As paredes cobertas por um papel de parede preto pareciam frias e refletiam a pouca luz dos abajures em cada lado da cama, lançando sombras que dançavam de maneira sinistra ao seu redor. A Marca Negra em seu braço latejava, uma lembrança constante da escolha que fizera.

"Que merda," Evie murmurava repetidamente, sua voz ecoando fracamente no quarto. As visões de sofrimento e escuridão assombravam suas noites, transformando seus sonhos em pesadelos. Via rostos familiares distorcidos pelo medo e pela dor, seus próprios gritos de angústia ecoando em sua mente.

Cada instante com a Marca Negra gravada em sua pele era um lembrete cruel de suas escolhas passadas, uma cicatriz viva de arrependimento que latejava como uma ferida aberta. Mas, paradoxalmente, também era um farol de determinação. Aquela marca maldita a impulsionava a buscar redenção, a encontrar uma forma de desfazer o mal que permitira entrar em sua vida. Ela se recordava nitidamente das palavras de Voldemort, sussurradas com um magnetismo venenoso: promessas de poder ilimitado, de segurança inabalável. Mas o que encontrara fora o oposto — um abismo de desespero e uma solidão que devorava sua alma.

Ela fechou os olhos, tentando apagar essas memórias sombrias. Foi quando imagens de Theo surgiram em sua mente, como uma lufada de ar fresco: o calor do sorriso dele, a firmeza de seus braços ao envolvê-la, o refúgio que encontrava em sua presença. Esses momentos de puro amor e felicidade eram a âncora que a impedia de se afogar em seu próprio sofrimento, a lembrança de que ainda havia algo pelo qual lutar.

Naquela noite, Hogwarts estava mergulhada em tranquilidade. A luz prateada da lua cheia banhava os terrenos da escola, refletindo-se suavemente no espelho d'água do Lago Negro. Theo e Evie haviam escapado do caos alegre da festa da Lufa-Lufa para buscar um pouco de sossego. Agora, estavam sentados na beira do lago, os pés descalços roçando a água fria.

Theo atirou uma pedra, quebrando a calma da superfície com ondulações delicadas que se espalhavam lentamente. "Eu adoro vir aqui à noite," ele disse com a voz baixa, quase em um sussurro. "É o único lugar onde eu realmente consigo pensar."

Evie sorriu suavemente, encostando a cabeça no ombro dele. "Sério?"

Ele riu, uma risada leve que fazia o coração dela aquecer, e envolveu-a com o braço, puxando-a para mais perto. "Sim. Aqui, parece que o mundo todo fica mais... distante. Como se nada pudesse me atingir."

Evie levantou o olhar para ele, examinando suas feições à luz da lua. Os olhos de Theo, azuis como o céu mais frio do inverno, estavam fixos no horizonte, mas sua expressão era tranquila. Eles permaneceram assim, em um silêncio confortável, apenas apreciando a presença um do outro enquanto a brisa fresca trazia o perfume da grama e das árvores ao redor.

"Se a gente lutasse, tipo, numa briga de verdade, quem você acha que ganharia?" Theo quebrou o silêncio, um sorriso brincando nos lábios.

Evie piscou, surpresa pela pergunta, e logo arqueou as sobrancelhas em desafio. "Eu, obviamente. Você se renderia no momento em que eu te acertasse um soco."

Ele fingiu indignação, colocando a mão no peito como se tivesse sido ofendido. "Ei, eu não sou tão fácil assim!"

"Ah, claro que é," ela respondeu, rindo de verdade agora, as bochechas corando levemente.

Theo a observou enquanto ela ria, o sorriso dele se alargando. Evie sempre fora linda, mas ali, sob a luz suave da lua que iluminava seu rosto com um brilho quase mágico, ela parecia etérea, como se pertencesse a outra dimensão.

"Eu realmente quero te beijar agora mesmo," Theo disse de repente, sua voz baixa, mas carregada de intensidade.

Evie congelou por um momento, surpresa pela franqueza dele, mas logo arqueou uma sobrancelha, desafiando-o. "Então, o que você está esperando?"

Sem hesitar, Theodore aproximou-se e uniu seus lábios aos dela. O toque era suave no início, como uma promessa, mas logo se aprofundou, cheio de paixão e urgência. O sangue deles parecia correr mais rápido, aquecendo seus corpos sob o ar frio da noite. Evie envolveu os braços ao redor do pescoço dele, enquanto Theo a segurava pela cintura, como se quisesse mantê-la o mais perto possível.

Quando finalmente se afastaram, apenas o suficiente para encostar as testas, ambos sorriam. O ar parecia mais leve, como se o mundo tivesse desaparecido ao redor, deixando apenas os dois.

"Você sabe que acabou de perder, não é?" Evie brincou, a voz ligeiramente ofegante.

Theo riu, apertando-a ainda mais contra si. "Se perder significa isso, eu estou bem com isso."

De volta à realidade gélida e opressiva da Mansão Malfoy, Evie sentiu uma lágrima solitária deslizar por seu rosto. O peso da memória de Theo era ao mesmo tempo um consolo e uma tortura. Ele era a âncora que mantinha sua sanidade intacta, mas também um lembrete constante do que ela estava prestes a perder para sempre se não encontrasse uma forma de escapar daquela prisão.

Ela se levantou lentamente, o frio das pedras ásperas sob seus pés descalços enviando arrepios pelo corpo. O quarto era pequeno, sufocante, mas Evie sabia que não podia se render. Seus olhos se fixaram na pequena janela no alto da parede, pela qual a luz prateada da lua infiltrava-se fracamente. Aquele raio de luz parecia ridiculamente frágil, mas era o suficiente. Para Evie, era um símbolo — uma promessa de que ainda havia esperança, de que a liberdade estava ao seu alcance.

Aproximando-se da janela, seus dedos roçaram a pedra fria e rugosa ao redor. Lá fora estava o mundo que ela almejava: um lugar onde poderia ser livre, onde poderia lutar pelo que era certo. Inspirou profundamente, deixando o ar gelado encher seus pulmões, um gesto que lhe trouxe um breve momento de força.

Determinada, Evie começou a examinar o quarto mais uma vez. As sombras dançavam nas paredes iluminadas pela luz da lua, como se estivessem conspirando com ela ou contra ela. Cada detalhe era inspecionado com cuidado: as frestas entre as pedras, os móveis antigos, até mesmo as velas apagadas em um canto escuro. Nada parecia útil, mas ela continuou.

De repente, um som quase imperceptível rompeu o silêncio pesado. Era um sussurro, tão suave quanto o vento, mas carregado de uma força inegável. "Você não pode escapar do destino, Evangeline," a voz murmurou, profunda e ancestral, reverberando por todos os cantos do quarto.

Evie girou sobre os calcanhares, o coração disparado, os olhos arregalados enquanto vasculhava o ambiente. Não havia ninguém ali. Apenas a escuridão e a luz fraca da lua. Apesar disso, as palavras a atingiram como um golpe, trazendo à tona memórias que ela havia enterrado há muito tempo.

"O escolhido deve trilhar um caminho sombrio para encontrar a luz," dissera a profecia. As palavras dançavam na mente de Evie como uma melodia inquietante, repetindo-se em ecos cada vez mais altos, cada vez mais insuportáveis. Ela sentiu os braços tremerem enquanto os envolvia em torno de si, tentando conter o frio gélido que parecia vir de dentro — um frio que não vinha da sala sombria da Mansão Malfoy, mas das próprias sombras de suas escolhas.

Unir-se a Voldemort fora a decisão que dera início a tudo: um passo em direção ao abismo que agora ameaçava engoli-la por completo. À sua volta, a escuridão parecia ganhar vida, como se sussurrasse que era tarde demais, que a luz era apenas um sonho distante. Mas então, no meio daquele desespero crescente, algo dentro dela se inflamou, uma chama pequena, mas resiliente. Esperança.

Evie ergueu o rosto, os olhos fixos no pequeno retângulo prateado que a janela formava na parede alta. A lua ainda estava lá, lá fora, brilhando firme em um céu que ela não podia alcançar, mas que existia — provando que o mundo continuava. E naquele mundo, Theo estava lutando. Ela não precisava de provas físicas para saber disso; a certeza pulsava em suas veias com a mesma força da própria vida. Theo jamais desistiria dela. E, por ele, Evie não desistiria de si mesma.

Se Voldemort acreditava que poderia dobrá-la, subjugá-la até que ela se tornasse apenas uma sombra de quem fora, ele estava enganado. Ela não seria mais uma peça em seu jogo.

Sentada no chão frio daquela prisão, Evie fechou os olhos e começou a repassar tudo o que sabia sobre as relíquias de sua família — segredos sussurrados por gerações de Vaillant, lendas que até ela julgara serem apenas histórias até aquele momento. Eram artefatos antigos, objetos que não carregavam apenas lembranças, mas magia pura, selvagem, e profundamente conectada à linhagem dos Vaillant.

"O poder das relíquias reside na intenção de quem as utiliza," murmurou ela, ecoando as palavras do livro de Corvino, uma relíquia em si. Evie podia quase ouvir a voz do autor, grave e cheia de mistério, como se estivesse falando diretamente com ela através das páginas amareladas e desgastadas.

A intenção. Era essa a chave. Voldemort buscava as relíquias como busca tudo: com a fome insaciável pelo controle absoluto, acreditando que poderia subjugar sua magia à força de sua vontade. Mas a verdadeira força das relíquias não estava no poder bruto; estava em quem as possuía e na pureza do propósito. Voldemort jamais entenderia isso. Mas ela entendia.

Evie levantou-se de um salto, sentindo a adrenalina percorrer seu corpo. Sua mente agora funcionava com uma clareza afiada. Talvez ela não pudesse derrotá-lo em um confronto direto, mas poderia usar o próprio jogo dele contra ele. Ela precisava convencê-lo de que ainda compartilhava seus objetivos, que a sua lealdade fora restaurada — mesmo que fosse uma mentira. Se ela conseguisse ganhar tempo suficiente, poderia encontrar as relíquias e usá-las contra ele.

Vasculhou o quarto com determinação renovada. Cada centímetro, cada objeto era analisado sob uma nova perspectiva. Uma lasca de metal no canto da sala chamou sua atenção; pequena, enferrujada, mas ainda afiada o suficiente para servir como ferramenta improvisada. Ela a pegou, sentindo o peso frio nas mãos e sabendo que aquilo não era apenas um pedaço de metal — era uma oportunidade.

Enquanto suas mãos trabalhavam, raspando a lasca contra as frestas entre as pedras, Evie permitiu que sua mente começasse a formular o plano. Não seria simples. Voldemort era perspicaz, e os Comensais que o serviam eram implacáveis. Ela precisaria ser cuidadosa, quase perfeita, mas não podia se permitir o luxo do medo.

Theo estava lá fora, lutando por ela. Ela podia imaginar a determinação dele, os olhos frios e resolutos, a varinha em punho, vasculhando todos os cantos do mundo para encontrá-la. Essa imagem fez seu coração pulsar mais forte. Theo acreditava nela, mesmo quando ela mesma não acreditava.

Fechando os olhos por um momento, Evie sentiu uma mudança dentro de si, algo profundo e antigo, como se finalmente estivesse compreendendo as palavras da profecia. Talvez a luz não fosse algo que ela precisava encontrar ou um destino distante que precisava alcançar. Talvez a luz estivesse ali, dentro dela, desde o começo — uma força silenciosa esperando para ser reivindicada.

Quando abriu os olhos novamente, seu olhar estava firme, seus ombros erguidos. Ela não era apenas uma prisioneira. Ela não era apenas uma garota marcada pelo erro. Ela era uma Vaillant. E se o destino exigia que ela trilharia um caminho sombrio, então ela o faria, mas não como vítima. Ela o faria como alguém que carregava a luz dentro de si, pronta para transformá-la em arma.

"Eu vou sair daqui," sussurrou, as palavras carregadas com uma força que parecia ecoar pelo quarto vazio. "Eu vou proteger aqueles que amo. Eu vou lutar."

A chama dentro dela, a esperança, crescia. Não era mais um pequeno ponto frágil, mas um incêndio que consumia as sombras ao seu redor. Voldemort não sabia o que tinha despertado ao subestimar Evie Vaillant.

E quando o momento chegasse, ele descobriria.

Enquanto isso, Theo, Pansy e Draco se preparavam para a perigosa missão de invadir a Mansão Malfoy. Aparatando para um ponto seguro nas proximidades, eles se agacharam sob a cobertura das árvores retorcidas que cercavam os limites da propriedade. O céu acima estava escuro, sem estrelas, como se até mesmo a noite sentisse a aura sombria que pairava sobre aquele lugar.

"Tem certeza que estamos prontos para isso?" Pansy sussurrou, seu tom carregado de apreensão. Ela abraçava os próprios braços, o olhar passando de Theo para Draco com uma mistura de preocupação e determinação.

Draco, pálido e sério como nunca, assentiu. Seus olhos cinzentos estavam fixos na silhueta imponente da mansão. "As defesas não serão fáceis de contornar. Meu pai reforçou tudo desde a última... visita indesejada." Ele desviou o olhar, claramente evitando mencionar os membros da Ordem da Fênix em tempos passados. "Mas há falhas. Sempre há falhas."

Theo respirou fundo, sentindo o peso esmagador da responsabilidade pousar ainda mais pesado sobre seus ombros. Cada batida de seu coração era um tambor retumbante em seus ouvidos, um som que parecia se sincronizar com o passar inexorável do tempo — um relógio invisível, cada segundo perdido custando mais caro do que ele podia suportar. Evie estava lá dentro. Ele podia sentir isso, como se um fio invisível e indestrutível os conectasse através das sombras que envolviam a mansão. A conexão era quase palpável, uma mistura de esperança e desespero, uma âncora que o mantinha de pé.

"Precisamos agir rápido," Theo murmurou, o tom de sua voz firme e baixo, mas carregado de urgência. Seu olhar estava decidido, frio como gelo, e ainda assim seus olhos queimavam com uma determinação incandescente.

"Espera, Theo," Pansy sussurrou, agarrando seu braço, os dedos dela apertando com força. O rosto dela estava sério, o tom firme, mas havia uma nota de preocupação nas entrelinhas. "Não sabemos quantos deles estão aí dentro. Temos que ser cuidadosos."

Theo parou por um instante, o peito subindo e descendo enquanto tentava conter a raiva e a frustração que queimavam em seu peito. Ele sabia que Pansy estava certa — invadir a Mansão Malfoy sem pensar poderia ser um erro fatal, mas a imagem de Evie, assustada e sozinha, não o deixava hesitar. Ele olhou para ela, a voz mais controlada agora, mas ainda dura.

"Eu sei, Pansy. Mas Evie não tem tempo para que sejamos perfeitos. Não vou deixá-la sozinha nem por mais um segundo do que o necessário."

Draco, que até então observava a mansão com um olhar calculista, falou baixo, quebrando o pequeno silêncio. "A mansão está mais protegida do que nunca, mas há maneiras de entrar. Se formos rápidos e silenciosos, talvez possamos evitar o pior."

"E se não conseguirmos evitar?" Pansy rebateu, o olhar dela agora alternando entre os dois. "E se nos encontrarem? Você sabe tão bem quanto eu que eles não vão hesitar em... em matar."

Draco desviou o olhar, o rosto pálido como mármore, mas ele não respondeu. Não precisava. Todos sabiam o que poderia acontecer se fossem pegos ali.

Theo soltou um suspiro pesado, passando uma mão pelos cabelos escuros. Ele precisava mantê-los focados. "Então não seremos pegos. Nós já discutimos isso. Draco, você nos guia pelos feitiços de proteção. Pansy, você cuida dos nossos rastros. Sem erros."

Pansy hesitou por um momento, mas assentiu. Theo não precisou de mais confirmação. Ele puxou a varinha e a segurou com força, sentindo o peso familiar do objeto em sua mão — uma extensão de sua vontade, de sua determinação. Ele fechou os olhos por um segundo, apenas para encontrar a calma necessária antes de avançar. Quando abriu novamente, seu olhar estava decidido.

"Evie precisa de mim. Não vou falhar com ela... Não de novo."

Draco, que já estava estudando as proteções ao redor da mansão, apontou discretamente para uma área mais afastada. "Ali, perto da ala leste. Existe uma entrada antiga, usada pelos elfos domésticos. É pequena, mas leva direto às escadas que descem para os porões. Se eles estiverem mantendo Evie em algum lugar, será lá."

Theo assentiu e começou a avançar, movendo-se com precisão pelas sombras. Cada passo era calculado, e o silêncio deles parecia amplificado pelo ambiente sombrio ao redor. A mansão, mesmo do lado de fora, emanava uma energia pesada e opressiva, como se a própria estrutura estivesse viva, vigiando cada movimento deles.

Pansy seguiu logo atrás, a varinha em punho, murmurando feitiços suaves para mascarar seus rastros. Ela era mais cuidadosa do que deixava transparecer, e mesmo que seu rosto ainda estivesse pálido, sua expressão agora era firme. Draco ia à frente, desativando pequenos feitiços de alarme com precisão.

A silhueta imponente da mansão crescia à medida que se aproximavam da entrada indicada por Draco. Era uma pequena porta de madeira velha, quase invisível no meio da vegetação que a cobria. Theo se agachou, os dedos tocando a superfície da porta enquanto examinava-a cuidadosamente.

"Protegida?" Pansy perguntou, a voz tensa.

"Sim," Draco respondeu, aproximando-se para inspecionar. "Mas nada que eu não possa lidar. Me deem um minuto."

Theo assentiu, mas sua mente estava distante. Ele não conseguia evitar a imagem de Evie, trancada em algum canto escuro da mansão, esperando por ele. Cada segundo que passava parecia se esticar como uma eternidade, e a raiva dentro dele crescia junto com o medo.

Finalmente, Draco murmurou um último feitiço, e a porta rangeu suavemente quando se abriu. O ar frio que saiu de dentro parecia carregado de sombras, denso demais para ser apenas ar.

Theo foi o primeiro a avançar. O interior da mansão estava mergulhado em uma penumbra sinistra, as paredes de pedra geladas abafando qualquer som. Cada corredor parecia zumbir com uma energia malévola que fazia os pelos de sua nuca se arrepiarem. Theo segurou a varinha mais firme, os olhos atentos a qualquer movimento.

"Se separarmos, vai ser mais difícil para eles nos pegarem," ele sussurrou. "Mas não percam o contato. Nós encontramos Evie e saímos daqui o mais rápido possível."

Draco e Pansy assentiram, e os três começaram a avançar, cada passo calculado, cada sombra encarada com desconfiança. O tempo estava se esgotando.

E Theo sabia, no fundo de seu coração, que falhar não era uma opção. Evie estava esperando por ele, e ele não deixaria que as sombras daquele lugar a engolissem.

Theodore foi o primeiro a avançar, a tensão tomando conta de seus músculos enquanto ele se movia com precisão. O interior da mansão estava mergulhado em uma penumbra sinistra, as paredes de pedra geladas que pareciam exalar uma energia opressiva. O silêncio era absoluto, quebrado apenas pelo som de seus passos ecoando nos corredores vazios, e até mesmo isso parecia absorvido pela escuridão, como se a mansão estivesse engolindo qualquer vestígio de vida. Cada corredor parecia mais estreito que o anterior, e uma sensação de claustrofobia os envolvia, como se estivessem sendo observados. Theo apertou a varinha com mais força, os dedos brancos, os olhos alertas para qualquer movimento nas sombras.

"Se separarmos, vai ser mais difícil para eles nos pegarem," ele murmurou em um tom baixo, mas determinado, como se quisesse que suas palavras não quebrassem o feitiço de silêncio que envolvia o lugar. "Mas não percam o contato. Encontramos Evie e saímos daqui o mais rápido possível."

Draco e Pansy assentiram, a seriedade em seus rostos revelando que, embora estivessem acostumados com o perigo, jamais haviam se aventurado em um lugar tão imerso em maldade como aquela mansão. A ideia de dividir-se não era ideal, mas a situação não dava outra opção.

Theo avançou, os outros dois seguindo-o de perto. O piso de mármore rangia sob seus pés, em contraste com o silêncio absoluto que os cercava. Cada passo parecia mais pesado que o anterior, como se o próprio ar estivesse carregado de uma energia densa e maligna. O que quer que fosse que habitasse aquela mansão, sua presença estava impregnada em cada pedra, em cada sombra. O ar estava frio, mais gelado do que o inverno mais rigoroso, e a sensação de desconforto aumentava à medida que avançavam pelos corredores largos e vazios. As velas nas paredes lançavam uma luz tênue, que não parecia iluminar, mas sim distorcer, como se a luz fosse sufocada pela própria escuridão que pairava ali.

"Aqui estamos," Draco sussurrou, parando diante de uma bifurcação. Ele olhou para os dois com os olhos penetrantes, a expressão fechada. Sua mente funcionava rapidamente, analisando todas as opções e possibilidades.

Pansy agarrou sua varinha com mais força, os dedos brancos de tanto apertar. Sua expressão estava tensa, os olhos vagando pelas sombras com desconfiança. O rosto pálido de Pansy contrastava com a escuridão que a cercava, e a sensação de vulnerabilidade a incomodava, algo que ela raramente demonstrava. "Tem certeza que não há patrulhas?" Ela perguntou, a voz baixa e cautelosa, mas com um tom de urgência que não podia ser ignorado.

Draco respirou fundo, seus olhos lançando um olhar gélido e pragmático para a bifurcação à sua frente. "Certeza? Não," ele respondeu, a frieza em sua voz quase desdenhosa.

Theo não teve paciência para mais discussões. Ele estava com pressa, com o coração acelerado pela necessidade de encontrar Evie. A preocupação com ela apertava seu peito como uma lâmina, e sabia que cada segundo que passavam naquela mansão aumentava as chances de algo dar errado. "Vamos," ele disse, já tomando a direção da esquerda, sem hesitar.

Os outros seguiram, mas o medo parecia crescer a cada passo que davam. O ar ficou mais pesado, mais denso, e Theo podia sentir o calor de seu próprio corpo sendo consumido pela frieza que os envolvia. A mansão parecia viva, como se soubesse que eles estavam ali e os observasse com uma malícia imensa. O espaço se estendia à frente, com portas que se abriam em salas vazias ou apenas mais corredores escuros.

"Estamos perto," Theo murmurou, mais para si mesmo do que para os outros. Ele sentia a presença de Evie, sentia a conexão entre eles vibrar em seu peito, como uma corda tensa prestes a quebrar. Ela estava lá, e ele não descansaria até encontrá-la.

A cada esquina, o silêncio parecia ser quebrado por sons inexplicáveis — um leve arranhar de algo contra as pedras, um sussurro baixo que se perdia no vento frio que atravessava a mansão. Theo sabia que estava sendo observado, mas não deixaria que o medo o dominasse. Ele já havia enfrentado coisas piores, e nada comparava ao peso da perda que sentiria se falhasse em encontrar Evie a tempo.

Eles se moveram em uníssono, como sombras, a tensão de cada movimento evidente em seus corpos. Cada passo era cuidadosamente calculado, cada sombra encarada com desconfiança. O caminho até o andar inferior parecia interminável. O ar estava mais denso a cada corredor, os espaços estreitos e opressivos fechando-se ao redor deles como se a própria mansão estivesse viva, tentando engoli-los.

Finalmente, pararam diante de uma grande porta de ferro. Era maciça e antiga, com inscrições de runas de proteção que pareciam pulsar com uma energia sombria. O ar ao redor da porta estava saturado com uma magia escura, uma pressão que fazia o estômago de Theo se revirar e suas mãos suarem. Ele sentiu um calafrio correr pela espinha, mas não recuou. Não agora, não depois de tudo o que havia passado para chegar até ali. Ele sabia o que estava em jogo. A cada batida de seu coração, a única coisa que importava era Evie.

"É aqui," Draco disse baixinho, sua voz carregada de uma tensão palpável, quase como se ele mesmo estivesse sentindo o peso da porta que os separava de Evie.

Theo não respondeu. Ele sabia que estava pronto. Evie estava lá, e ele não permitiria que mais nada os separasse. Ele ergueu a varinha com firmeza, o olhar determinado. "Evie... eu estou chegando," ele murmurou para si mesmo, quase como um juramento silencioso.

Com um gesto firme e rápido, ele apontou a varinha para a porta. A magia contida nas runas a fez tremer, mas a resistência não durou muito. Com um estrondo abafado, a porta se abriu com um rangido alto, revelando um corredor mais escuro e ainda mais opressor do que os anteriores.

Antes que pudessem avançar, um som de passos firmes ecoou nas sombras à frente, fazendo-os parar abruptamente. Theo levantou a varinha em alerta, seus olhos se estreitando à medida que as sombras se moviam. Algo, ou alguém, estava ali.

E então, ele apareceu.

Corvino, um homem que Theo conhecia muito bem, se materializou na escuridão. Seus olhos estavam fixos em Theo com uma intensidade fria, uma calma perturbadora que fazia o ar ao redor deles parecer ainda mais gélido. Seu rosto estava impassível, mas havia uma tensão visível em seus ombros, como se ele tivesse estado esperando por aquele momento.

"Você não deveria estar aqui, Theo," Corvino disse com uma voz que parecia carregar uma risada seca e sombria, como se ele já soubesse o que estava prestes a acontecer. Seus olhos brilharam na escuridão, refletindo a luz tênue das velas nas paredes, e havia algo nos seus olhos que fez Theo sentir um calafrio percorrer sua espinha. Corvino estava mais uma vez do lado de Voldemort, e sua lealdade ao Mestre das Trevas estava tão enraizada quanto sempre fora. O manto negro que ele usava se movia lentamente, como se fosse uma extensão da escuridão ao seu redor, o que só aumentava a sensação de ameaça que ele emanava.

Theo não conseguiu evitar o arrepio que percorreu sua espinha ao ver o homem diante de si. Corvino tinha a mesma postura de antes: rígido, controlado, seus passos imperturbáveis. Seu sorriso era frio e sem humor, os lábios ligeiramente curvados para cima, mas sem qualquer traço de genuína diversão. Era um sorriso de quem tinha certeza de que o jogo já estava decidido, de quem já sabia o que aconteceria. Ele não era apenas um aliado de Voldemort; ele era um dos mais fiéis, e a ideia de traição ou falha nunca passava pela sua mente.

"Você está perseguindo um fantasma, Theo," Corvino continuou, a voz agora mais suave, quase como um sussurro, mas com um tom de advertência. "Evie... ela fez a escolha dela. E, no final, todos sabemos o que acontece com aqueles que se metem nas coisas de Voldemort."

Theo sentiu a raiva se acumular dentro dele, mas manteve o olhar firme. Corvino deu um passo à frente, suas mãos cruzadas atrás das costas, com uma postura que exalava uma confiança quase irritante.

Theo sentiu um gosto amargo na boca, mas não se deixou abalar. Aquelas palavras de Corvino eram apenas mais uma tentativa de amedrontá-lo. Ele sabia muito bem que, para Corvino, lealdade ao lado das trevas significava mais do que qualquer outra coisa. Mas, ao contrário do que Corvino pensava, Theo não tinha medo. Não mais.

Corvino observou-o por um momento, seu olhar calculista, avaliando as palavras de Theo, como se procurasse algo, talvez alguma fraqueza. Mas Theo sabia que ele não encontraria. Ele não era mais o jovem que acreditava nas promessas de poder e segurança feitas por Voldemort. Ele estava ali para salvar Evie, não importa o custo.

Com um suspiro, Corvino deu um passo para trás, mas a expressão em seu rosto não mudou. "Então, faça o que precisar fazer. Mas não pense que vai conseguir. O destino de todos nós já está selado."

Antes que Theo pudesse responder, Corvino se afastou, desaparecendo nas sombras, deixando para trás a sensação de que aquele confronto era apenas o começo. O peso das palavras de Corvino ainda pairava no ar, mas Theo não estava mais disposto a ceder. Ele sabia quem ele era, e sabia o que tinha que fazer.

E isso, ele faria, custe o que custasse.

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