𝗰𝗮𝗽𝗶𝘁𝘂𝗹𝗼 𝗱𝗼𝗶𝘀 | coração confuso
A primeira semana de Barry como professor na pequena cidade de Forks foi um misto de descobertas e desafios. Ele estava acostumado com a correria e a intensidade de sua vida em Central City, mas ali tudo parecia mais lento, quase como se o tempo tivesse um ritmo próprio. No entanto, isso não significava que as coisas fossem menos interessantes. Muito pelo contrário.
Logo no primeiro dia, ele percebeu que seus alunos eram tão variados quanto os mistérios daquela cidade. Alguns eram tímidos e introvertidos, enquanto outros pareciam mais confortáveis em puxar conversa ou fazer piadas. Barry, com seu jeito carismático, rapidamente conseguiu estabelecer uma boa relação com a maioria deles, embora ainda houvesse um grupo que o intrigava profundamente — os Cullens.
Alice Cullen, em particular, chamava sua atenção. Havia algo na maneira como ela o observava, com um brilho peculiar nos olhos dourados e um sorriso sempre presente, que fazia Barry sentir que ela sabia mais do que dizia. Ela parecia diferente de qualquer aluna que ele já tinha conhecido. Não apenas ela, mas toda a família Cullen exalava uma aura que ele não conseguia ignorar.
Entre aulas sobre átomos, reações químicas e ligações covalentes, Barry tentava se adaptar à rotina escolar. Ele descobriu que muitos dos professores e funcionários eram amigáveis, embora vissem nele uma curiosidade por ser alguém de fora. Os alunos, por sua vez, logo descobriram que o "Sr. Allen" era um professor que não só entendia muito bem a matéria, mas também tinha paciência e um senso de humor inesperado.
Fora da escola, Barry começou a se familiarizar com a pequena comunidade de Forks. Sua casa, ao lado da de Charlie Swan, proporcionava algumas conversas casuais com o xerife. Charlie era direto e discreto, mas mencionava com frequência sua filha Bella, que também estudava na escola. Barry notava o quanto Charlie se preocupava com a filha e sua adaptação à cidade.
Mesmo com essa nova rotina, Barry não podia ignorar os motivos que o levaram até ali. Ele passava suas noites investigando silenciosamente a estranha energia de Forks, seus arredores e os mistérios que pareciam estar entrelaçados na comunidade. A conexão que ele sentira com Alice Cullen continuava a pulsar em sua mente, como se fosse um fio invisível que ele precisava seguir.
A primeira semana passou rápido, mas deixou Barry com mais perguntas do que respostas. Ele sabia que algo grande estava para acontecer, e, no fundo, sentia que seu papel naquela cidade seria muito maior do que apenas ensinar química.
Enquanto Barry caminhava pelos corredores da escola ao final da semana, um peso familiar começou a se infiltrar em seus pensamentos. Apesar de estar se adaptando bem à vida em Forks, havia algo que ele não conseguia ignorar: a saudade de seu universo. A ausência das pessoas que ele amava e de sua identidade como Flash começava a se tornar uma dor constante, como uma ferida que nunca cicatrizava.
Ele sentia falta de Cisco e Caitlin, que sempre estavam ao seu lado para ajudá-lo nos momentos difíceis. Cisco, com seu humor e criatividade, sempre tinha uma solução brilhante para qualquer problema. Caitlin, com sua calma e inteligência, era uma força estabilizadora que Barry confiava cegamente. Sem eles, ele se sentia isolado, como se tivesse perdido partes essenciais de quem era.
A saudade de Joe e Iris também pesava. Joe sempre foi como um pai para ele, um pilar de sabedoria e força. E Iris… pensar nela era o mais doloroso de tudo. Ela era o centro do mundo de Barry, sua âncora, e estar longe dela o fazia questionar se havia tomado a decisão certa ao atravessar a linha do tempo. Será que ele deveria ter deixado as coisas como estavam?
Mas o que mais o consumia era a ausência de sua identidade como o Flash. Ele sentia falta da adrenalina de correr pelas ruas de Central City, protegendo as pessoas e combatendo o crime. Sentia falta de ouvir o som do vento enquanto atravessava a cidade em segundos, da sensação de ser uma força imparável. Agora, ele era apenas Barry Allen, um professor de química em uma cidade pequena e estranha.
À noite, quando o silêncio dominava a cidade, Barry costumava sair para correr pelas florestas ao redor de Forks. Ele não usava seu traje, mas corria tão rápido quanto se permitia, tentando sentir, por alguns momentos, a conexão com o que ele era. Contudo, a floresta parecia sussurrar segredos que ele ainda não compreendia, e isso o fazia desacelerar. Ele não era o Flash ali. Era apenas um homem perdido, tentando encontrar um propósito em um mundo que não era o seu.
Barry sabia que não podia se afundar em arrependimentos. Ele havia feito sua escolha ao atravessar a linha do tempo para tentar salvar sua mãe. Agora, ele estava aqui, e Forks parecia ter seus próprios mistérios, seus próprios desafios. Talvez, de alguma forma, ele pudesse usar o que aprendeu como herói para ajudar aquelas pessoas. Talvez ser Barry Allen ali pudesse ser tão significativo quanto ser o Flash em Central City. Mas, no fundo, ele sabia que o vazio permaneceria — até encontrar uma forma de voltar para casa.
Ao longo daquela primeira semana, Barry teve pequenos encontros com Alice Cullen que começaram a se destacar na sua rotina. Ela parecia estar sempre por perto, de forma casual, mas nunca invasiva. Era como se ela estivesse curiosa sobre ele, mas sem cruzar limites — ao menos, não os que ela julgava importantes.
Na segunda-feira, após sua aula, Barry foi ao estacionamento para pegar alguns materiais que havia deixado no carro. Enquanto caminhava, viu Alice sentada no capô de um Volvo prateado, com os olhos dourados fixos nele. Ela acenou alegremente, o sorriso radiante como sempre.
── Está se adaptando bem à Forks, professor Allen? ── ela perguntou, como se já soubesse a resposta.
Barry parou e respondeu com um sorriso. "Estou me adaptando, sim, Alice. É bem diferente de onde eu venho, mas estou gostando."
Ela inclinou a cabeça, como se o estivesse analisando, e então comentou: ── Você tem uma energia interessante, sabia? Algo... único. ── Antes que ele pudesse responder, Emmett apareceu, chamando-a, e ela desapareceu tão rapidamente quanto tinha surgido.
Na quarta-feira, Barry estava na sala de química organizando materiais quando Alice entrou, aparentemente sem motivo algum, exceto para conversar.
── Eu estava passando e pensei em dizer oi ── ela disse, sua voz animada.
Barry riu. ── Bom, oi para você também. Alguma coisa que eu possa ajudar?
Ela olhou ao redor da sala, seus olhos examinando os frascos e instrumentos de química como se eles guardassem algum segredo fascinante. ── Na verdade, não. Só gosto de conhecer melhor as pessoas interessantes.
Barry ergueu uma sobrancelha. ── Interessante, é? E o que te faz pensar isso?
Ela apenas deu de ombros, sorrindo de um jeito enigmático. ── Chame de intuição.
Mais tarde naquela semana, enquanto Barry fazia compras em um pequeno mercado na cidade, ele a encontrou novamente, desta vez acompanhada de Jasper. Alice o viu primeiro e imediatamente acenou, indo até ele com um entusiasmo quase infantil.
── Professor Allen! O mundo é pequeno, não é? ── ela exclamou.
Barry sorriu, embora estivesse começando a se perguntar se essas coincidências eram tão aleatórias quanto pareciam. ── Parece que sim. Mas Forks é pequena, então acho que faz sentido.
Ela riu, e Jasper apenas observou de longe, mantendo uma postura reservada. Antes que Barry pudesse dizer algo mais, Alice puxou um pacote de biscoitos das mãos dele e o examinou.
── Ótima escolha ── ela disse, devolvendo o pacote. ── Você tem bom gosto, professor.
Barry riu e balançou a cabeça, sem saber o que fazer com a espontaneidade dela. ── Bem, obrigado, eu acho.
Na sexta-feira, quando Barry estava saindo da escola, encontrou Alice sentada em um dos bancos do jardim. Desta vez, ela parecia estar esperando por ele.
── Ei ── ela o cumprimentou. ── Você está gostando de ser professor?
Barry parou, surpreso com a pergunta. ── Estou, sim. É... diferente, mas bom. E você, está gostando das minhas aulas?
Alice riu, balançando a cabeça. ── Mas do que você imagina. Você tem uma abordagem interessante, sabe? Acho que todos deveriam aprender química com você.
Ele não pôde evitar sorrir. ── Obrigado, Alice. Eu tento manter as coisas interessantes.
Ela o olhou por um momento, seus olhos dourados brilhando como se ela estivesse lendo algo que ele não conseguia ver. ── Tenho a sensação de que você vai fazer muito mais do que apenas ensinar química aqui, professor Allen.
Barry ficou pensativo com aquelas palavras, mas antes que pudesse perguntar o que ela queria dizer, Alice já havia se levantado e caminhado em direção ao Volvo prateado, onde Jasper a esperava.
Esses pequenos encontros com Alice deixavam Barry intrigado. Havia algo nela — na forma como ela falava, no jeito como ela aparecia nos momentos certos e no brilho enigmático de seus olhos — que o fazia sentir que ela sabia muito mais do que demonstrava. Ele não conseguia explicar por que, mas sempre que estavam próximos, ele sentia uma conexão invisível, algo que fazia Forks parecer menos estranha e mais... importante.
Enquanto a primeira semana chegava ao fim, Barry não conseguia ignorar a confusão que se formava dentro dele. A cada pequeno encontro com Alice Cullen, ele sentia uma conexão que não fazia sentido. Era algo profundo e inexplicável, como se um fio invisível os ligasse de uma forma que desafiava a lógica. Ele nunca havia experimentado algo parecido antes — e isso o deixava extremamente desconfortável.
Barry sempre foi um homem de coração leal. Desde que se lembrava, Iris havia sido o centro de seus sentimentos, sua razão para lutar e perseverar. Ele amava Iris de uma forma que transcendia o tempo, literalmente. Ela era sua âncora, seu lar. Mas agora, havia Alice. Uma jovem brilhante, misteriosa, e incrivelmente fascinante. Ela mal dizia ou fazia algo fora do comum, mas sua presença mexia com ele de um jeito que Barry não entendia.
── Isso é errado ── ele pensava para si mesmo, sentado na sala de estar da sua pequena casa em Forks, encarando a chuva que escorria pela janela. Ele não conseguia afastar a sensação de que estava traindo tudo o que era mais importante para ele. Como poderia sentir isso por alguém que ele mal conhecia? E pior: uma aluna.
Ele se levantou, começando a andar de um lado para o outro pela sala, como se o movimento pudesse ajudá-lo a organizar seus pensamentos. Alice era sua aluna. Ele era seu professor. Essa era a linha que jamais poderia ser cruzada. Mesmo que aquela cidade fosse estranha, mesmo que o mundo ali tivesse suas próprias regras, Barry tinha seus princípios, e ele sabia que jamais poderia trair sua ética — ou seus próprios sentimentos por Iris.
Mas então, ele se lembrava dos pequenos momentos com Alice: o jeito como ela sorria, como falava com ele como se já o conhecesse há anos. Havia algo nos olhos dela que parecia ver além do que qualquer pessoa jamais viu nele. Era uma sensação de aceitação completa, como se ela soubesse quem ele era — Flash, Barry, tudo — e não se importasse. Isso o perturbava tanto quanto o atraía.
Ele tentou racionalizar o que estava sentindo, como sempre fazia com qualquer problema. Talvez fosse o isolamento emocional que vinha sentindo desde que chegara a Forks. Talvez Alice fosse apenas uma das poucas pessoas que o tratavam como mais do que um estranho. Ou talvez fosse apenas sua mente tentando preencher o vazio deixado por tudo o que ele perdeu ao cruzar para este mundo.
Mas no fundo, Barry sabia que não era nada disso. A ligação que sentia com Alice era real, palpável, quase magnética. Ele a sentia até mesmo quando estavam distantes. Era como se o universo estivesse conspirando para aproximá-los, mesmo que ele soubesse que não deveria permitir.
── Você está se complicando, Allen ── ele murmurou para si mesmo, esfregando o rosto com as mãos. ── Foque no motivo pelo qual você está aqui. Descubra como voltar. Não se distraia.
Ele precisava se lembrar de quem era. Ele era Barry Allen. Um cientista forense, um super-herói, o Flash. Ele era o homem que lutava por justiça e pelo amor de sua vida, Iris West. Ele não podia deixar que a confusão em seu coração o desviasse do caminho. Mas, mesmo enquanto reafirmava suas resoluções, ele sabia que lidar com Alice seria um desafio. Porque cada vez que seus olhos dourados encontravam os dele, Barry sentia que estava enfrentando algo muito maior do que simples emoção. Era algo quase cósmico — e ele não fazia ideia de como enfrentá-lo.
Naquela noite, a chuva persistente de Forks continuava a cair, preenchendo o silêncio com o som reconfortante de gotas contra o telhado. Barry estava sentado à mesa da cozinha, organizando materiais e planejando as aulas para a próxima semana. O brilho amarelado da luminária lançava sombras suaves nas paredes, mas sua mente estava longe do trabalho diante dele.
Ele se forçava a focar nos detalhes técnicos de suas aulas. Revisava fórmulas químicas, planejava experimentos simples para os alunos, escrevia anotações detalhadas. Mas, sempre que sua mente começava a se acalmar, o rosto de Alice Cullen surgia em sua memória. Era impossível ignorar aquele sorriso alegre e os olhos dourados que pareciam enxergar através dele.
Barry suspirou profundamente, apoiando o rosto nas mãos. Ele precisava se convencer — precisava lembrar de quem ele era e do que importava. Ele amava Iris. Sempre amou. Desde que eram crianças, ela era o centro de sua vida, a razão pela qual ele lutava. Ela era o motivo pelo qual ele enfrentava tudo como o Flash. Ele havia cruzado barreiras inimagináveis por ela. Esse amor era a essência de quem ele era.
── Eu amo Iris ── ele murmurou, quase como um mantra, tentando reforçar isso dentro de si. ── Sempre amarei.
Mas, mesmo enquanto dizia as palavras, havia um peso em seu peito que ele não conseguia ignorar. Porque, por mais que amasse Iris, ele não podia negar que algo dentro dele estava mudando. Alice estava lá, constantemente em sua mente, como um quebra-cabeça que ele não sabia como resolver. Ele sentia uma conexão com ela que não fazia sentido. Era como se sua presença mexesse com partes dele que ele nem sabia que existiam.
── Isso é errado ── ele sussurrou para si mesmo, olhando para a folha em branco à sua frente. ── Ela é minha aluna. Eu não posso... não devo.
Mas o coração, como Barry estava aprendendo, nem sempre seguia a lógica. Ele não sabia explicar o que estava acontecendo, mas não conseguia afastar a sensação de que essa ligação com Alice era importante. Algo maior do que ele ou sua própria moralidade parecia estar em jogo, e isso o deixava dividido de uma maneira que nunca experimentou antes.
Por mais que tentasse, Barry não conseguia encontrar uma resposta. Ele amava Iris, mas seu coração parecia estar abrindo espaço para algo que ele não entendia. Algo que não era justo, que não era certo, mas que era inevitável. Enquanto ele arrumava os papéis na mesa, lutando contra a confusão em sua mente, uma coisa era clara: sua vida, mais uma vez, estava se complicando de maneiras que ele jamais imaginaria.
Ele se levantou, olhando para a janela. Do outro lado, as luzes fracas da casa do xerife Charlie Swan brilhavam. A cidade era tranquila, mas Barry sentia que essa calmaria era apenas superficial. Sob a superfície, algo maior estava se desenrolando, algo que ele sabia que mudaria sua vida para sempre.
Com um último suspiro, ele apagou as luzes e foi para a cama, mas sabia que o sono seria um desafio naquela noite. Porque, enquanto seus pensamentos oscilavam entre Iris e Alice, Barry Allen percebia que seu coração estava em guerra consigo mesmo.
Barry deitou-se na cama, encarando o teto escuro de seu quarto enquanto a chuva continuava a cair lá fora. O som deveria ser reconfortante, mas sua mente estava inquieta. Ele fechou os olhos, tentando afastar os pensamentos conflitantes que insistiam em retornar. O rosto de Iris, com seu sorriso caloroso e olhar cheio de determinação, surgia em sua mente, como sempre fazia quando ele buscava conforto. Mas, logo em seguida, os olhos dourados de Alice apareciam, tão nítidos e intensos que ele quase podia sentir sua presença ali.
Ele apertou os olhos com força, murmurando para si mesmo. ── Isso não é real. Não pode ser.
Mas, por mais que tentasse convencer a si mesmo, a sensação de que Alice era mais do que apenas uma aluna persistia. Era como se ela fosse uma peça de um quebra-cabeça que ele ainda não compreendia, mas que sabia ser fundamental para algo maior. Barry não sabia se aquilo era parte do estranho universo em que estava preso ou se era algo que sempre esteve destinado a acontecer.
Virando-se na cama, ele olhou pela janela para as árvores que cercavam a casa. O mundo lá fora era escuro e misterioso, assim como os sentimentos que cresciam dentro dele. Barry não queria admitir, mas estava se sentindo mais vulnerável do que jamais esteve. Ele era um herói, alguém que enfrentava ameaças de outro mundo e corria contra o tempo para salvar vidas. Mas, naquele momento, ele era apenas um homem lutando contra algo que nenhuma velocidade poderia resolver: os mistérios do coração.
Enquanto a chuva continuava a cair e a noite avançava, Barry sussurrou para si mesmo, quase como uma prece: ── Eu só quero respostas. Quero entender o que isso significa.
Mas as respostas não vieram. Apenas o silêncio da noite e o peso de sua própria confusão. E, assim, ele fechou os olhos, esperando que o sono o levasse. Mal sabia ele que o destino estava apenas começando a tecer os fios de algo muito maior do que ele poderia imaginar.
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