𓂃 ⵌ prólogo !

𓂃 ⵌ   𝕯𝖆𝖗𝖐 𝕱𝖆𝖙𝖊 . . .  】 !
ָ࣪ ˖ ▌. ݁ ٬٬ prólogo ⸒⸒ 🦇
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❛ repostado em 13/12/2024
3533 palavras | não revisado.

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O deserto de Suna era um lugar de extremos, um vasto oceano de areia que refletia o calor implacável do sol durante o dia e se transformava em um território gelado à noite. Durante o dia, o calor era tão intenso que parecia consumir tudo ao redor, tornando a vida quase insuportável. O deserto se estendia por quilômetros e mais quilômetros, e os visitantes de outras aldeias, mesmo os mais resistentes, não conseguiam permanecer por mais do que uma semana. O calor era opressor, penetrando em cada célula, desidratando, desgastando, fazendo até mesmo os mais corajosos questionarem por que alguém escolheria viver naquele lugar.

Mas à medida que o sol se punha, a transformação começava. A terra, que antes ardia sob a luz do dia, se resfriava de maneira abrupta, e uma brisa gelada invadia o território. As tempestades de areia, furiosas e imprevisíveis, varriam a região à noite, trazendo um frio cortante que perfurava a pele e fazia qualquer ser vivo procurar abrigo. O contraste entre o calor abrasador do dia e o frio cortante da noite fazia de Suna um lugar inóspito, onde a sobrevivência era uma luta constante.

Para os habitantes locais, no entanto, o deserto era apenas mais um aspecto de sua existência. Eles estavam acostumados com as mudanças drásticas de temperatura, adaptados a viver em um lugar onde o desconforto parecia ser parte da rotina. Mas para quem vinha de fora, Suna era um território quase impossível de se dominar, onde poucos resistiam por muito tempo. A resistência ao calor imenso e ao frio insuportável se tornava uma espécie de prova de força.

Era nesse cenário impiedoso que Gaara, o temido jinchuuriki de Suna, vivia sua própria batalha, não contra o deserto, mas contra o próprio destino que lhe havia sido imposto.

Gaara caminhava pelas ruas desertas de Suna, seus passos ecoando na imensidão silenciosa do deserto. A cidade, sempre quente e árida, refletia de alguma forma o vazio que ele sentia por dentro. Seus olhos verdes eram como janelas fechadas, opacas e sem vida, como se o mundo à sua volta tivesse perdido todas as cores. As olheiras negras sob seus olhos eram profundas, marcas de noites insones e de um sofrimento que não tinha fim. A tatuagem vermelha em sua testa, o símbolo do Kazekage, que seu pai tanto orgulhava-se de ver em seu filho, agora parecia um peso insuportável, uma lembrança cruel de tudo o que ele havia perdido.

O que mais o atormentava, o que mais lhe feria, era o pensamento constante de Yashamaru. Seu tio, aquele que fora o único a lhe oferecer um pouco de carinho e um afago sincero, agora estava perdido para sempre. A dor da traição corroía sua alma, a sensação de que a única pessoa que o amara de verdade o havia abandonado de maneira impiedosa. A tatuagem vermelha não era apenas um símbolo de sua linhagem, mas também uma lembrança do dia em que tudo se despedaçou — o dia em que Yashamaru, seu tio, aquele que lhe contava histórias para adormecer, tentou matá-lo.

Gaara ainda podia ouvir as palavras de Yashamaru ecoando em sua mente: “Eu não sou mais seu tio, Gaara. Eu sou apenas uma marionete do Kazekage.” Aquela frase, dita com tanta frieza, ainda reverberava em seu coração como uma lâmina afiada. Ele havia sido usado, uma peça no jogo de poder de seu próprio pai. Não entendia o motivo de Yashamaru, alguém que parecia genuinamente amá-lo, ter feito aquilo. A traição de seu tio foi mais devastadora que qualquer batalha, mais dolorosa que qualquer ferida física. Naquele momento, Gaara sentiu-se completamente só, mais só do que nunca, como se tivesse sido abandonado por tudo e por todos.

Ele tinha sido ensinado a não confiar em ninguém, a tratar todos com desconfiança, mas Yashamaru havia sido a exceção. Quando seu tio tentou tirá-lo de sua vida de uma forma tão cruel, Gaara não soubera como reagir. A dor não se manifestava apenas fisicamente, mas de uma maneira profunda, quase invisível, que corroía sua essência. E agora, cada vez que olhava para a tatuagem vermelha em sua testa, ele não via mais a honra ou o orgulho de ser filho do Kazekage. Via apenas o rosto de Yashamaru, o sorriso que ele uma vez conhecera, e o vazio que agora ocupava seu coração.

Gaara cresceu acreditando que sua vida não valia nada, que ele era apenas uma arma criada para cumprir um propósito. Seu pai, o Kazekage, sempre o viu como um instrumento de poder, não como uma pessoa, e a traição de Yashamaru só reforçava essa crença. A dor da perda, somada ao peso da responsabilidade, fazia-o querer desaparecer, sumir nas dunas do deserto, onde ninguém mais pudesse vê-lo e onde ele não precisasse carregar o peso do ódio e da solidão.

Mas havia algo dentro dele que se recusava a desaparecer. Algo que, apesar de toda a dor e desilusão, ainda tentava resistir. Talvez fosse a lembrança dos poucos momentos de amor genuíno que ele experimentara, talvez fosse o desejo de entender a razão pela qual Yashamaru, o único que ele acreditava ser capaz de amá-lo, havia feito o que fizera. Gaara não sabia se conseguiria algum dia se curar da ferida aberta em seu coração, mas ele sabia que a dor não seria a sua única companhia para sempre.

Em meio à solidão, uma pequena chama de esperança começava a nascer. Gaara não sabia como, nem quando, mas sentia que buscaria algo mais, algo que o tirasse daquela escuridão. Algo que, de algum modo, restaurasse a vida que seus olhos haviam perdido e o fizesse finalmente entender o que significava ser amado, sem ser uma arma ou um símbolo.

Gaara havia se tornado uma sombra em sua própria vida. A raiva que queimava dentro dele era a única coisa que ainda lhe dava força para continuar, o único sentimento que não o abandonava. Ele sabia que ninguém o entendia, ninguém o via como uma pessoa. Todos o temiam, todos viam em seus olhos vermelhos e na tatuagem vermelha em sua testa, não o filho do Kazekage, mas uma ameaça mortal. Ele carregava dentro de si a Shukaku, a besta de uma cauda, selada em seu corpo desde antes de seu nascimento. A fera não era apenas uma marca de sua linhagem maldita, mas também um fardo que o tornava uma arma, uma bomba prestes a explodir a qualquer momento.

Na vila, sua presença era temida. O simples fato de ele caminhar pelas ruas fazia as pessoas se afastarem apressadas, cochichando sobre ele nas esquinas, como se Gaara fosse uma tempestade prestes a se soltar. A raiva que ele sentia por dentro transbordava para o mundo exterior, fazendo com que os outros o evitassem e o odiassem. Ele não se importava. O medo das pessoas era uma constante em sua vida, algo que ele já aceitara como parte de seu ser. As palavras de conforto, os gestos de carinho, tudo aquilo que ele nunca teve, tornavam-se distantes, como se pertencendo a outro mundo, um mundo que ele nunca poderia alcançar.

Gaara não sentia a menor necessidade de se fazer entender. Para ele, o mundo era apenas uma grande mentira, um lugar onde ninguém estava interessado em saber quem ele realmente era. O ódio e a raiva eram as únicas coisas que ele conhecia de verdade, o único remédio para a dor que nunca passava. Ele se tornara uma máquina de destruição, alguém que os outros viam como um monstro sanguinário, alguém que não tinha controle sobre seus próprios sentimentos, que apenas destruía tudo o que tocava.

Sua família, seu pai e seus irmãos, eram igualmente distantes. Ele sentia que nunca havia pertencido àquela casa. O Kazekage, seu pai, parecia ver Gaara apenas como uma ferramenta política, algo que poderia ser usado para consolidar o poder da vila. A distância entre eles era uma barreira que Gaara não conseguia quebrar, nem mesmo com sua raiva. Seu pai nunca lhe oferecera palavras de carinho ou apoio, apenas ordens e cobranças. Gaara não se importava mais. Ele não precisava do amor de seu pai, não precisava de nada de ninguém. Ele era um monstro, e isso estava bem claro para ele. Se todos o temiam, então ele seria aquilo que todos viam: uma criatura imparável, uma força da natureza.

Seus irmãos, Temari e Kankuro, não eram diferentes. Eles o viam como um ser estranho, uma entidade isolada, e a distância entre eles só aumentava à medida que o tempo passava. Gaara não tinha a capacidade de se aproximar deles, de sequer tentar entender o que era o afeto entre irmãos. Eles eram tão distantes quanto seu próprio pai, e ele, por sua vez, se refugiava na solidão.

Gaara não sabia como seria viver de outra maneira, como seria se alguém realmente se importasse com ele. Ele não sabia o que seria da sua vida sem a constante raiva que queimava dentro dele, sem o desejo de vingar-se de tudo e de todos. Ele se tornara um reflexo de sua própria dor, um reflexo daquilo que as pessoas haviam feito dele. Se o mundo o via como um monstro, ele aceitaria esse papel.

Mas mesmo enquanto se afundava em sua raiva, uma parte de Gaara ainda lutava. Ela não se manifestava com facilidade, era uma chama distante, quase invisível. Mas em algum lugar profundo em seu interior, ainda havia um desejo de ser mais do que isso, de ser alguém capaz de sentir algo além da raiva e da solidão. Contudo, naquele momento, Gaara não sabia como transformar essa chama em algo real. Ele não sabia como sair daquele ciclo de dor e violência.

Ele não sabia como escapar do monstro que se tornara.

O Kazekage, Rasa, estava à beira do desespero. Vendo que suas tentativas de controlar Gaara e seus filhos não haviam surtido efeito, ele sabia que precisava tomar uma decisão drástica para salvar não só a vila, mas também a si mesmo e sua família. Depois de muitas noites sem dormir e muitas discussões internas, ele finalmente tomou uma decisão que mudaria suas vidas para sempre.

Com a decisão tomada, Rasa chamou Gaara, Temari e Kankuro para uma reunião. Mas, dessa vez, ele não estava sozinho. Baki, o sensei da equipe, estava ao seu lado, também com uma expressão séria e distante. A sala estava silenciosa, o peso da decisão pairando no ar. Gaara, com seu olhar vazio e suas olheiras profundas, entrou na sala, seguido por seus irmãos, com uma tensão crescente. Não havia alegria nem surpresa nos rostos deles, apenas um cansaço profundo, como se já soubessem que algo estava para mudar, mas não conseguiam prever o quê.

Rasa respirou fundo e começou a falar com uma voz firme, mas carregada de preocupação.

── Gaara, Temari, Kankuro... depois de muito pensar, tomei uma decisão. Precisam mudar de vida. Não podem continuar vivendo desta maneira. Estão todos muito pressionados, e isso não está funcionando mais. Vocês, especialmente Gaara, estão à beira do colapso.

Gaara olhou para o pai, sem dizer uma palavra, mas seu olhar vazio falava mais do que qualquer coisa que ele pudesse dizer. Ele estava acostumado com decisões autoritárias de Rasa, mas desta vez era diferente. Algo parecia mudar no ar, algo que ele não podia compreender completamente.

── Vão se mudar para Forks ── continuou Rasa, como se a simples menção do nome da cidade fosse uma revelação importante. ── Forks é uma cidade nos Estados Unidos. Lá, não serão ninjas. Terão que viver como pessoas comuns, sem poderes, sem jutsus. Precisam esconder nossas habilidades, viver sem a pressão constante de missões e sem os olhos que observam. Gaara, você também precisa entender isso. Sua vida não pode ser apenas sobre o ódio e o medo que você carrega dentro de si.

Gaara permaneceu em silêncio. Ele não sabia como reagir. O que Rasa estava dizendo era surreal, um sonho impossível, mas ao mesmo tempo uma ideia que despertava algo dentro dele — algo entre a raiva e a esperança. Ele sabia que o que seu pai estava pedindo não seria fácil, mas talvez fosse a única chance que ele tinha de escapar do tormento que sentia. Mas, ao mesmo tempo, ele sabia que isso significava abandonar tudo o que ele era, tudo o que o definia até aquele momento.

Mas o que realmente causou um choque em Gaara não foi a ideia de se mudar, mas o tom da conversa. Rasa estava falando como se Gaara fosse uma criança que precisava ser corrigida, como se fosse o único responsável pela ruína da família. E isso, para Gaara, foi o estopim. A raiva que ele já carregava se intensificou num nível tão extremo que a sensação de perda e traição o envolveu por completo.

── Eu não sou um erro ── Gaara respondeu com a voz carregada de amargura, seus olhos verdes parecendo brilhar com uma fúria que o consumia. ── Você nunca me entendeu. Não sou apenas um monstro. Você me criou assim, pai. Tudo o que fiz, tudo o que sou, é culpa sua!

A tensão na sala aumentou, e os outros irmãos, que observavam a troca de palavras, sabiam que algo estava prestes a acontecer. Temari e Kankuro tentaram se aproximar, mas Baki os deteve com um gesto sutil, percebendo que o clima estava prestes a se tornar insuportável.

Rasa franziu o cenho e tentou manter o controle da situação.

── Gaara, você tem que entender que tudo o que fiz foi para o seu bem! Você está se deixando consumir pelo ódio! Eu estou tentando salvar você de si mesmo!

Mas essas palavras de Rasa foram como gasolina em um fogo já aceso. Gaara sentiu uma onda de fúria tomá-lo de assalto. Ele não queria ouvir mais nada. A raiva que ele sentia pelo pai, por ter sido tratado como uma arma, por ser constantemente ignorado como uma pessoa, explodiu de forma brutal. Ele avançou rapidamente, seus punhos fechados, seus olhos um turbilhão de raiva. Sua intenção não era mais apenas gritar ou insultar. Era a vontade de acabar com tudo aquilo, de destruir o que o havia feito ser quem era.

Gaara levantou a mão, e a areia que estava sempre à sua volta começou a se mover violentamente, envolta por uma energia destrutiva. A força da Shukaku se fazia presente. Ele queria matar, mesmo que fosse seu próprio pai. A dor e a raiva o cegaram, e ele sentiu sua energia começar a dominar o ambiente. Seu corpo tremia de tanta fúria.

Rasa percebeu o que estava acontecendo e, num reflexo rápido, fez um movimento para se defender. Mas antes que Gaara pudesse fazer qualquer coisa, Baki interveio. O sensei, que estava observando a situação com a mente clara, agiu rapidamente para interromper o confronto.

── Gaara, pare! ── gritou Baki, indo entre ele e Rasa. ── Isso não vai resolver nada!

O olhar de Gaara era cheio de ódio, mas, ao ver a intervenção de Baki, algo em sua mente começou a se acalmar. A raiva ainda estava lá, mas o senso de controle, embora pequeno, começou a retornar. Ele parou, o punho ainda erguido, e a areia, que estava prestes a explodir, lentamente voltou a se acalmar, caindo ao chão com um estrondo suave.

Rasa, sem acreditar no que acabara de acontecer, olhou para Gaara com uma mistura de medo e desespero.

── Gaara... ── ele começou, com a voz mais baixa, agora percebendo o quão frágil estava a relação deles. ── Eu só queria que você vivesse em paz. Não sabia mais o que fazer.

Gaara olhou para o pai, com os olhos ainda cheios de dor. Ele não disse mais nada. Nada poderia aliviar o que ele sentia. A raiva, embora acalmada momentaneamente, ainda queimava em seu peito. Ele não sabia como seria viver como uma pessoa normal, sem seus poderes, sem sua identidade. Mas sabia que a mudança era inevitável. E, em algum lugar lá dentro, ele ainda se perguntava: seria isso realmente uma chance de recomeçar, ou só mais uma forma de escapar da verdade?

Gaara soltou uma risada gélida, a zombaria clara em sua voz. ── Você realmente achou que eu cairia nesse teatro, Rasa? Você me conhece tão pouco. ── Ele olhou para seus irmãos, que estavam paralisados pela revelação, e se permitiu um sorriso sarcástico. ── Eu sabia o que estava acontecendo desde o começo. Yashamaru, aquele que você usou como marionete, foi enviado por você, não foi? ── Ele deu um passo à frente, sua expressão implacável.  ── Achei que fosse um jogo. Mas agora, vejo que sempre foi um plano bem elaborado para me destruir.

As palavras de Gaara caíram como uma bomba, e seus irmãos ficaram visivelmente surpresos, sem conseguir esconder o choque. Não era possível que Gaara soubesse de tudo isso... E a verdade parecia finalmente se revelar. Rasa, diante da confissão de seu filho, não tentou negar. Ele se manteve firme, sem qualquer vestígio de remorso, e finalmente revelou sua verdadeira face. O homem que até então parecia ser um pai preocupado se desfez, e o que restou foi um ser monstruoso, cruel e calculista, sem qualquer empatia.

── Sim, Gaara ── Rasa disse com uma frieza imensurável. ── Eu mandei Yashamaru tentar te matar. Eu não posso mais lidar com você. Você é uma falha, um erro que me arrasta para a ruína. Não consigo mais te controlar, então, vou me livrar de você da única maneira possível. ── Ele fez uma pausa, seus olhos penetrando os de Gaara com uma crueldade palpável. ── Vou te mandar para Forks, longe daqui, longe de todos. Você será só mais um peso morto. Não tenho tempo para você. Você vai desaparecer e nunca mais será uma ameaça.

Gaara não se intimidou. Ele deu uma risada baixa, sem humor, e o tom sarcástico não saiu de sua voz. ── Forks, é? Você realmente acha que isso vai me parar? Pensei que me conhecesse melhor, mas vejo que você é apenas um homem fraco, tentando desesperadamente se livrar de algo que não pode controlar.

Rasa, com o rosto completamente desprovido de qualquer máscara, deu um passo à frente, seus olhos agora carregados com uma fúria que não escondia. ── Você é um monstro, Gaara. Eu tentei te dar uma chance, tentei te criar, mas você sempre foi um perigo. Agora, você é um peso, e eu preciso me livrar de você. E não importa onde você vá, ou o que faça. Não vai haver ninguém para te salvar.

O silêncio na sala era opressor. Gaara, mais uma vez, não se deixou afetar. Ele olhou diretamente nos olhos do homem que havia chamado de pai, agora sem qualquer vestígio de afeto. ── Você nunca vai me destruir, Rasa. Pode me mandar para onde quiser, mas não importa o quanto você tente. Eu sempre vou encontrar um caminho para me reerguer, e você não vai ser capaz de controlar isso

Enquanto Gaara falava, seus irmãos, ainda em estado de choque, mal conseguiam processar a verdadeira natureza do pai. Aquele que sempre acreditaram ser protetor, agora se mostrava como um monstro, alguém capaz de sacrificar até mesmo o filho que havia gerado, tudo por sua própria segurança e controle. A tensão no ar era palpável, mas Gaara estava decidido: não importa o que acontecesse, ele não cairia na manipulação de Rasa.

Rasa olhou para Gaara com uma frieza implacável, seus olhos agora completamente desprovidos de qualquer remorso. Ele sabia que não havia mais volta. A decisão estava tomada, e o destino de Gaara estava selado. ── A decisão está tomada ── ele disse com voz firme, cortante como lâminas. ── Você, Gaara, não tem mais escolha. Amanhã, você e seus irmãos e até Baki partirão para Forks. Não quero mais ver seu rosto aqui. Chega de jogos, chega de tentativas de controle. Forks será o seu novo lugar, e lá você ficará, longe da nossa visão.

A palavra "amanhã" ressoou no ambiente como um decreto definitivo. Gaara, mais uma vez, não mostrou surpresa nem medo, apenas uma indiferença profunda, como se já soubesse que este seria o próximo passo de sua tortuosa jornada. Temari e Kankuro, embora surpresos, não ousaram questionar. Baki, como sempre, mantinha-se silencioso, observando, provavelmente refletindo sobre o que estava por vir.

Gaara, no entanto, parecia imune à ameaça de exílio. Seu olhar se manteve fixo e desafiador, desconsiderando o tom final de Rasa. ── Se é isso que você acha que é o fim de tudo, então continue acreditando nisso. Mas não pense que você pode me aprisionar, Rasa.

Rasa não respondeu de imediato. Com um gesto impessoal, ele sinalizou para que a reunião fosse encerrada. ── Amanhã, então. Prepare-se. É o único futuro que você tem agora.

E com essas palavras, a sala se encheu de um silêncio pesado, a tensão envolvendo todos ali, mas nenhum deles, nem mesmo Gaara, sabia o que o amanhã realmente reservava. A única coisa clara era que a jornada de Gaara estava longe de terminar, e que sua vingança, fosse onde fosse, nunca ficaria enterrada.

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