𝗽𝗿𝗼𝗹𝗼𝗴𝘂𝗲 | lembrança.
PRÓLOGO
── ❝Lembrança.❞
Isabella Swan sempre fora um imã de problemas. Desde que colocara os pés em Forks, parecia que sua vida estava destinada a orbitar o perigo. Agora, porém, sua existência estava ameaçada por algo muito mais sombrio e mortal. Victoria, a vampira ruiva que nutria um ódio feroz pelos Cullens, estava formando um exército de recém-criados. Eles eram jovens, inexperientes, mas assustadoramente fortes e impossíveis de controlar. Tudo isso tinha um único propósito: vingar-se de Bella, pelo que os Cullens fizeram a James, o companheiro de Victoria, brutalmente morto em defesa de Isabella.
Diante de uma ameaça tão avassaladora, algo inédito estava prestes a acontecer. Vampiros e lobisomens - inimigos históricos, com uma rivalidade enraizada por séculos - seriam forçados a trabalhar juntos. Eles compartilhavam um inimigo em comum, e a sobrevivência dependia dessa união improvável. Mas isso não tornava a aliança mais fácil. Tensão e desconfiança pairavam entre eles, ameaçando a frágil colaboração. Ainda assim, a urgência da situação exigia que colocassem suas diferenças de lado.
Carlisle Cullen, sempre o pilar de serenidade e liderança, sentia o peso da responsabilidade mais do que nunca. Ele não era apenas o líder dos Cullens; era um pai, um companheiro e, naquele momento, um homem profundamente preocupado. Cada decisão que tomava parecia carregada de consequências fatais. Ele temia pela vida de Esme, sua esposa, cuja bondade era a alma da família. Temia pelos seus filhos, que se preparavam para enfrentar uma batalha onde o resultado era incerto. E, acima de tudo, temia por Bella, a jovem que parecia atrair o perigo como uma mariposa à chama, e cuja fragilidade humana a tornava ainda mais vulnerável.
Carlisle sabia que o tempo estava se esgotando. A cada dia, o exército de Victoria se fortalecia, e as chances de vitória diminuíam. Ele se perguntava se conseguiria proteger aqueles que amava ou se essa batalha marcaria o fim daquilo que ele mais prezava: sua família.
Edward estava sentado em silêncio, os olhos fixos no chão, mas sua expressão era um misto de frustração e preocupação. Ele sabia que algo estava errado antes mesmo de qualquer palavra ser dita. Os pensamentos de Carlisle, normalmente calmos e meticulosos, estavam agitados como um mar em tempestade. O peso das decisões que precisavam ser tomadas estava deixando-o inquieto, e Edward, sem querer, captava essas emoções através da habilidade que sempre fora tanto um dom quanto um fardo.
── Carlisle, pare com isso ── Edward finalmente disse, sua voz baixa, mas carregada de tensão. ── Esses pensamentos não vão ajudar em nada. Ficar imaginando o pior só enfraquece todos nós.
Carlisle levantou o olhar, surpreso por ter sido repreendido, mas antes que pudesse responder, Rosalie interrompeu, sua voz cortante.
── Ele tem todo o direito de pensar assim, Edward. Ou você acha que tudo isso não é culpa da humana? ── Ela se virou para Bella, o rosto impassível, mas os olhos faiscando. ── Se não fosse por ela, Victoria sequer teria motivos para fazer isso. James estaria vivo, e nós não estaríamos à beira de uma guerra suicida contra um exército de recém-criados.
A sala ficou em silêncio por um momento, todos os olhos se voltando para Bella. Ela estava encostada em uma parede, com as mãos trêmulas, sentindo-se como um alvo no meio de um tiroteio. Finalmente, ela conseguiu murmurar:
── Eu... eu nunca quis causar esses problemas. Se pudesse voltar atrás...
Rosalie deu uma risada amarga.
── Mas não pode, pode? ── ela retrucou. ── E agora, todos nós vamos pagar por isso.
── Chega, Rosalie! ── Carlisle interveio, sua voz firme, mas sem perder a paciência. ── Isso não é culpa de Bella. O que Victoria está fazendo é fruto da crueldade dela, não de uma decisão que tomamos para proteger uma vida inocente.
── Inocente? ── Rosalie bufou, cruzando os braços. ── Desde quando alguém que arrasta todos para o caos é inocente?
Edward se levantou de repente, o olhar perigoso.
── Não fale assim com ela! ── ele disse, a voz baixa, mas repleta de ameaça.
── Todos vocês, parem! ── Esme interrompeu, sua voz firme, mas cheia de emoção. ── Esse tipo de divisão é o que Victoria quer. Ela quer que estejamos fracos e desunidos. Não vamos dar a ela esse prazer.
Bella olhou para Esme, com os olhos marejados de gratidão, mas a culpa ainda pesava em seu peito. Ela sabia que Rosalie, embora dura, não estava totalmente errada. Tudo isso era por sua causa, mesmo que ela nunca tivesse pedido por essa batalha.
── Sinto muito ── Bella sussurrou, mais para si mesma do que para os outros.
Carlisle suspirou, aproximando-se de Bella e colocando uma mão tranquilizadora em seu ombro.
── Bella, ninguém aqui culpa você ── disse ele suavemente, ignorando o olhar de Rosalie. ── O que está acontecendo não é sua responsabilidade. Estamos juntos nisso, como uma família. E juntos, vamos superar isso.
Mas, mesmo com suas palavras de conforto, Carlisle sabia que o medo continuava crescendo. A batalha que se aproximava não era apenas contra Victoria e seu exército; era também contra as sombras que ameaçavam dividir sua família.
Após o breve confronto verbal, a sala mergulhou em um silêncio denso. Cada um parecia perdido em seus próprios pensamentos, pesando as preocupações e estratégias para enfrentar a ameaça iminente. Carlisle estava ao lado de Esme, o braço envolvendo-a de maneira protetora, buscando conforto no simples contato com sua companheira. Apesar de sua calma aparente, sua mente estava longe dali, inquieta.
De repente, um fragmento de lembrança invadiu sua consciência. Não era algo que ele buscara ativamente, mas sim algo que emergira das profundezas de sua memória, como um eco esquecido. A imagem era vaga e desfocada, como se estivesse tentando reconstituir um sonho quase apagado. Ele viu o contorno de uma mulher esbelta, cheia de curvas elegantes, sua postura irradiando confiança e mistério. Seu rosto, porém, estava borrado, impossível de distinguir, como se a própria lembrança tentasse esconder sua identidade.
O que mais o atingiu, no entanto, foi a voz. Serena, porém carregada de um magnetismo sedutor, ela o chamava de Lisle. Um apelido íntimo, quase carinhoso, que soava estranhamente natural vindo dela. Carlisle não usava aquele nome havia séculos, mas ali estava, escapando dos lábios de uma mulher cuja presença parecia envolvê-lo em uma aura de enigma e promessa.
Na memória, ela escrevia algo em um pedaço de papel — um número de telefone. Seus gestos eram graciosos, cada movimento carregado de uma calma deliberada. Quando terminou de escrever, entregou o papel a ele e disse, com a voz firme, mas gentil:
── Quando você precisar, Lisle... Não importa o que seja. Apenas ligue. Eu virei ao seu socorro.
Carlisle piscou, voltando ao presente com uma leve sensação de desorientação. O fragmento da memória desaparecera tão rápido quanto surgira, mas deixou uma marca em sua mente. Ele não conseguia lembrar exatamente quem era aquela mulher ou por que ela dissera aquelas palavras. Ainda assim, algo em seu tom e na expressão que vislumbrara deixavam claro que ela falava a verdade.
Esme percebeu a rigidez repentina nos ombros dele e o olhou com preocupação.
── Carlisle? Está tudo bem? ── perguntou suavemente, apertando o braço dele ao redor de sua cintura.
Ele hesitou por um instante antes de assentir, forçando um pequeno sorriso.
── Sim, querida. Só... lembranças antigas.
Mas, por dentro, Carlisle sabia que aquela memória não surgira por acaso. Talvez fosse o destino, um aviso ou uma oportunidade que ele ainda não conseguia compreender. Quem era aquela mulher? E, mais importante, será que ela ainda cumpriria sua promessa, depois de tanto tempo?
Edward franziu o cenho, desviando o olhar de Carlisle com uma expressão carregada de curiosidade e preocupação. Ele havia visto tudo. A memória fragmentada que surgira na mente do pai adotivo estava agora clara em sua própria cabeça, como se fosse dele. Mas o que mais o inquietava era a súbita mudança no comportamento de Carlisle e a dúvida que aquilo levantava. Sem conseguir conter-se, Edward quebrou o silêncio.
── Carlisle, você vai ligar para ela? ── perguntou em um tom baixo, mas firme o suficiente para que todos ao redor o ouvissem.
Os outros na sala olharam para Edward com surpresa, principalmente Esme, que imediatamente voltou seu olhar para o marido, procurando respostas. Carlisle parou por um momento, ainda absorvendo a lembrança que emergira. Ele sabia que Edward veria tudo, mas ainda não estava preparado para ser confrontado sobre isso tão rápido.
── Não tenho certeza ── respondeu Carlisle finalmente, sua voz neutra, mas com um leve traço de hesitação. Ele se virou para Edward, os olhos firmes. ── E não sei se ela seria confiável, Edward. Não sei sequer se o número ainda existe, ou se ela...
── Então, por que considerar? ── Edward interrompeu, sua voz carregada de preocupação. ── Você mesmo disse que não tem certeza. Como pode colocar nossa família em risco chamando alguém que talvez não seja quem parece ser?
Carlisle não respondeu imediatamente. Ele sabia que Edward tinha razão em questioná-lo, mas aquela lembrança, embora vaga, vinha carregada de uma sensação que ele não conseguia ignorar. Um instinto antigo, uma confiança inexplicável que ele não sabia de onde vinha. Sem dizer mais nada, ele começou a caminhar em direção às escadas.
Esme o observou por um momento antes de segui-lo, preocupada. Em seguida, Emmett e Rosalie, embora relutantes, o acompanharam, claramente confusos com a súbita mudança de direção. Alice e Jasper trocaram um olhar curioso antes de subirem também. Bella ficou onde estava, hesitando, mas acabou seguindo com passos incertos, sem querer ficar para trás.
Edward, no entanto, permaneceu parado, os braços cruzados e uma expressão sombria no rosto. Ele sabia exatamente o que estava acontecendo. A lembrança que Carlisle tentava esconder agora estava tão clara em sua mente quanto o presente. Ele sabia que Carlisle estava considerando algo arriscado e potencialmente perigoso, mas também percebeu algo mais profundo: uma sombra de esperança.
No andar de cima, Carlisle entrou em seu escritório, os passos firmes, mas a mente ainda cheia de dúvidas. Ele sabia que os outros o seguiam, mas naquele momento, sua atenção estava totalmente voltada para uma gaveta no fundo de sua mesa. Ao abri-la, tirou de lá um pequeno pedaço de papel antigo, dobrado várias vezes, com uma escrita desbotada pelo tempo.
Ele segurou o papel entre os dedos por um instante antes de abrir e encarar o número que ele nem sabia se ainda existia. A lembrança da voz suave, chamando-o de Lisle, ecoou em sua mente novamente.
── Você vai mesmo fazer isso? ── a voz de Rosalie quebrou o silêncio, carregada de desconfiança. ── Quem é ela?
Todos os olhares estavam fixos nele agora, exceto o de Edward, que permanecia parado no andar de baixo, os pensamentos em um turbilhão.
Carlisle suspirou, fechando o papel lentamente.
── Ela... é alguém que conheci muito antes de qualquer um de vocês existirem. Alguém que me fez uma promessa. E, se há a menor chance de que ela possa nos ajudar... então talvez eu precise confiar nisso.
As palavras pairaram no ar, deixando todos na sala mais intrigados e, ao mesmo tempo, alarmados.
Carlisle segurou o telefone com firmeza, os dedos hesitantes ao discar os números escritos no papel desbotado. Cada toque no teclado parecia ecoar em sua mente, misturado às dúvidas que o atormentavam. Quem era aquela mulher? Por que ele sentia uma confiança quase instintiva nela, mesmo sem lembrar detalhes sobre quem ela era ou de onde vinham?
O telefone começou a chamar, e o silêncio na sala tornou-se palpável. Todos o observavam, sem ousar dizer nada, suas expressões variando entre curiosidade, preocupação e descrença. O som do toque repetido parecia durar uma eternidade, e Carlisle quase desistiu, achando que talvez aquele número não existisse mais, que fosse apenas um vestígio perdido de um passado que ele não compreendia.
Quando estava prestes a desligar, o som de alguém atendendo do outro lado o fez congelar. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor, como se o mundo inteiro tivesse parado naquele instante. Ele respirou fundo, tentando controlar o nervosismo, e começou a falar, a voz baixa e incerta:
── Alguém me disse para ligar para este número... se eu precisasse de ajuda.
Ele esperou, mas nenhuma resposta veio. Apenas o som leve de uma respiração do outro lado da linha.
── Talvez... talvez eu tenha me enganado ── continuou ele, a desilusão começando a pesar em sua voz. ── Desculpe incomodar. Foi um erro.
Quando estava prestes a encerrar a ligação, uma voz suave, carregada de um tom sereno e misterioso, soou através do telefone, fazendo-o congelar no lugar.
── Eu achei que nunca me ligaria, Lisle. Esperei muito tempo por isso.
O choque percorreu Carlisle como um raio. Aquela era a voz. A mesma que ecoava em sua memória, chamando-o por um apelido que ninguém mais usava. Ele apertou o telefone contra a orelha, os olhos fixos em um ponto qualquer, enquanto tentava processar o que estava acontecendo.
── Quem é você? ── perguntou, a voz mais firme agora, mas ainda carregada de confusão. ── Como você me conhece? Por que tenho essa... sensação de confiança em você?
Houve um pequeno riso do outro lado da linha, um som leve, mas cheio de algo que ele não conseguia identificar — saudade, talvez?
── Na hora certa, você saberá tudo, Lisle. Mas agora, apenas confie. Eu virei quando você precisar de mim.
Antes que ele pudesse fazer outra pergunta, o clique da ligação sendo encerrada ecoou no telefone. Carlisle ficou imóvel, segurando o aparelho em silêncio, enquanto os outros o observavam com expressões ainda mais intrigadas e alarmadas.
Esme deu um passo à frente, os olhos cheios de preocupação.
── Carlisle? Quem era?
Ele baixou o telefone lentamente, ainda tentando entender o que acabara de acontecer.
── Eu... não sei ── admitiu, olhando para o papel amassado em sua mão. ── Mas ela sabe quem eu sou. E ela prometeu que virá quando precisarmos.
O silêncio que se seguiu foi pesado. Embora ninguém dissesse nada, todos na sala compartilhavam a mesma dúvida: quem era essa mulher misteriosa? E, mais importante, poderiam realmente confiar nela?
2321 palavras.
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