˚˖𓍢ִ໋🪞˚. 𝟎𝟓.
𝟎𝟓: discussões alfabetizadas.
❛ ei, você aí, e se eu te dissesse
que nós estamos de boa? aquela brincadeira de criança dos
tempos de escola já está perdoada
porque eu disse que sim. ❜
𝒪s laços sanguíneos de Tulipa haviam se partido a muito tempo, talvez mesmo antes que a gentil garota fosse largada naquela pensão horrível. Ela não achou uma maneira de contar a pequena Noodle ou mesmo a seu novo amigo Willy Wonka, que ela nunca deixaria aquele lugar, não importa quanto do delicioso chocolate eles pudessem vender. Ela não queria ser negativa e na verdade, acreditava o suficiente no potencial de Willy de conseguir o dinheiro para sua loja, para ad dividas e para tirar Noodle dali. A mais velha ficaria feliz em assistir sua jovem amiga ser livre, com todo o mundo na ponta dos dedos.
Foi por isso que aceitou esconder Willy dentro do carrinho de roupas limpas, depois de uma noite inteira montando um plano com todos que estavam presos ali, prometendo que conseguiriam sair. Noodle ficaria para trás para se certificar de que tudo na lavanderia estaria bem e ninguém notaria o desaparecimento deles enquanto os dois tentavam vender os chocolates em segredo.
Enquanto saiam, o dia começava a amanhecer, mas o céu ainda era cinzento e carregado, como se o mundo lá fora fosse um reflexo das dificuldades que Tulipa e Willy enfrentariam naquele dia. A lavanderia cheirava a sabão e vapor, o som das caldeiras sibilando ao fundo. Tulipa ajeitou o carrinho de roupas limpas, empilhando cuidadosamente os lençóis e uniformes para esconder Willy. Ele, sempre inquieto, esticou o pescoço para ajustar o chapéu que insistia em cair sobre seus olhos.
━ Consegue respirar aí? ━ Tulipa sussurrou, os olhos checando a porta de entrada e as frestas das janelas.
━ Não é a situação ideal, mas eu diria que já passei por piores. ━ Ele respondeu com uma pitada de humor, embora seus dedos nervosos entregassem sua ansiedade.
Tulipa lançou um último olhar para Noodle, que, mesmo pequena, parecia decidida em seu posto. A garotinha acenou com a cabeça, segurando um esfregão como se fosse uma espada. A coragem dela aqueceu o coração de Tulipa, ela nunca tinha medo, era inspiradora em meio aquele mar de esquecimento.
━ Está na hora. ━ Tulipa murmurou, segurando as alças do carrinho e começando a empurrá-lo para fora.
O corredor estreito que levava ao pátio da lavanderia estava mal iluminado, com paredes descascadas e um piso de concreto frio. Cada passo parecia ecoar alto demais, e Tulipa se esforçava para parecer casual, acenando para os poucos funcionários que cruzavam seu caminho. Ninguém parecia desconfiar que, sob as pilhas de tecidos, estava o jovem inventor que poderia mudar tudo. O pátio era ainda mais desolado, cercado por muros altos e fios de arame farpado. O portão que dava para a rua estava sendo guardado por um homem corpulento com um olhar desconfiado. Tulipa estranhou, franzindo as sobrancelhas finas mas logo disfarçou, ajustou a postura, tentando parecer confiante enquanto empurrava o carrinho.
━ Onde vai com isso? ━ O guarda perguntou, os olhos cravados no carrinho.
━ Vou apenas entregar as roupas limpas dessa manhã. ━ Respondeu ela, a voz firme, embora suas mãos tremessem levemente nas alças.
O guarda arqueou uma sobrancelha loira, mas, antes que pudesse questionar mais, uma confusão começou do outro lado do pátio. Noodle, como planejado, havia derrubado um balde de água suja no meio do caminho, causando alvoroço entre os trabalhadores. Aproveitando a distração, Tulipa empurrou o carrinho pelo portão e entrou na rua.
━ Funcionou! ━ Willy sussurrou animado debaixo dos lençóis.
━ Ainda não, precisamos chegar ao mercado. ━ Tulipa respondeu embora estivesse sorrindo animada, a adrenalina correndo em suas veias.
As ruas da cidade eram frias e movimentadas, com carroças e bicicletas cruzando os caminhos de pedra irregular. O aroma de pão fresco das padarias misturava-se ao cheiro de carvão queimado, criando um contraste estranho. A fome se fez presente, mas a garota balançou a cabeça como se aquilo pudesse expulsar o vazio do estômago. Tulipa e Willy sabiam que o mercado era sua melhor chance de vender os chocolates sem atrair atenção indesejada. Chegando à praça, Tulipa finalmente parou o carrinho em um canto discreto. Willy emergiu, sacudindo os cabelos e ajustando o chapéu, um sorriso travesso no rosto.
━ Vamos lá, Tulipa. Hora de conquistar o mundo, um quadradinho de chocolate por vez.
Tulipa não conseguiu evitar um sorriso, sentindo as bochechas corando ao olhar para os olhos verdes. Mesmo diante de tanta incerteza, a energia contagiante de Willy era uma fagulha de esperança, algo que ela ja não lembrava de sentir a algums amos. Eles estavam longe de resolver todos os problemas, mas aquele era um começo, e ela estava determinada a aproveitar cada momento, por Noodle.
Enquanto Willy abria a mala carmesim procurando pelos doces que havia confeccionado na noite passada, Tulipa puxou o cachecol azul claro sobre o nariz para se proteger da neve enquanto enfiava as maos no casaco desbotado na cor de um rosa muito leve. Ela observou com curiosidade e então viu o jovem congelado em sua frente, parecendo perdido em pensamentos.
━ O que aconteceu? ━ Ela perguntou franzindo a testa levemente. Sem resposta, ela começou a se preocupar. ━ Willy!
━ Não sei como te dizer isso, Tulipa, mas fomos roubados. ━ Ele respondeu erguendo o frasco vazio que antes estava repleto de trufas.
━ Roubados? ━ A garota repetiu na esperança de ter ouvido errado. Wonka porém, assentiu provando que ela tinha entendido muito bem. ━ Por quem?
━ Pelo homenzinho laranja. ━ Ele respondeu olhando para ela como se a resposta fosse óbvia.
Tulipa sentiu a cabeça doer e então cruzou os braços sobre o estômago. ━ Homenzinho laranja?
━ Sim, homenzinho laranja. Eu não te falei dele? ━ Willy perguntou tentando lembrar se alguma vez mencionou sobre.
━ Tenho certeza que me lembraria de qualquer coisa sobre um homem laranja. ━ Tulipa respondeu um pouco impaciente.
━ Homenzinho. ━ Ele corrigiu vendo a garota franzir as sobrancelhas escuras, então decidiu explicar. ━ Ele é meu inimigo. Tem essa altura ━ Willy demonstrou formando um espaço de não mais de dez centímetros com as mãos. ━ Vem na calada da noite e rouba todo meu chocolate, a cada algumas semanas há quatro anos.
━ Ah, é mesmo? ━ Tulipa perguntou com sarcasmo, algo que Willy aparentemente não sabia reconhecer.
━ As vezes eu o espio naquela fase entre dormir e acordar, cabelo verde brilhante a luz da lua... ━ Ele continuo como se estivesse vendo o homenzinho em suas mãos agora mesmo.
━ Cabelo verde? ━ A garota questionou apoiando a testa em dois dedos, cansada e faminta e um pouco decepcionada.
━ Um dia vou pegá-lo e...
━ Willy! ━ Tulipa interrompeu, sua paciência se esvaindo rapidamente. ━ Você espera que eu acredite nisso?
━ Claro que sim, que outra explicação há? ━ Ele perguntou colocando as maos na cintura.
━ Você é sonâmbulo e ficou com fome. ━ Tulipa explicou simplesmente, ainda olhando para ele com impaciência, seu sorriso esperançoso era uma lembrança distante agora. ━ E tem sonhos estranhos com um homenzinho laranja de cabelo verde.
━ Sonâmbulo? ━ Ele questionou, mais para si mesmo. ━ Eu como o chocolate?
Tulipa revirou os olhos virando-se de volta para o carrinho de roupas limpas, soltando o ar das bochechas redondas. Estava envergonhada por si mesma e suas esperanças estúpidas.
━ Raio de esperança idiota. ━ Ela murmurou mal humorada.
━ Ei! ━ Willy saiu de sua bolha de pensamento, ofendido ele virou-se para a garota. ━ Meu chocolate não é idiota.
━ Se a Sra. Scrubitt tivesse nos visto, Noodle seria colocada em um cubículo frio e todos que nos encobriram iriam pagar também, foi um risco inútil! ━ A garota desabafou, derramando sua frustração sobre ele.
━ Olha, eu sinto muito, tá? ━ Willy dá um passo para mais perto, segurando os pulsos dela e desfazendo seus punhos fechados. ━ Nós podemos fazer mais chocolate. ━ Ele diz tentando animar a garota, apenas para lembrar de um pequeno detalhe. ━ Mas eu estou sem leite.
━ Bem, isso não é problema. ━ Tulipa diz apontando para os vidros de leite em todas as portas ao redor deles.
━ Letra A: Isso é roubo. ━ Ele diz em tom de desaprovação soltando os pulsos dela com cuidado. ━ E letra C: Willy Wonka não usa leite de vaca.
━ Você esqueceu o B. ━ Tulipa diz mas ele não dá atenção.
━ Para está criação única, precisamos de leite de girafa. ━ Willy aponta colocando as mãos na cintura.
━ Tá, tudo bem. ━ A garota diz olhando para ele novamente. ━ Tem uma girafa no zoológico.
━ No Álvaro! ━ Ele comemora se virando começando a andar.
━ Letra A: O zoológico não é por ai. ━ Tulipa diz puxando o braço dele para o outro lado. ━ E letra B: O certo é no "alvo".
Willy Wonka sorri observando a maneira como ela levanta ligeiramente o queixo ao explicar, parecendo muito sabida e autoritária enquanto o puxa para a direção correta.
━ Tudo bem, professora. ━ Ele provoca com um sorriso divertido.
Tulipa olha para ele com irritação e então cutuca suas costelas em resposta, fazendo o garoto rir enquanto eles caminhavam.
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