𝘛𝘸𝘰❜ . . .𝖠 𝗇𝗈𝗂𝗍𝖾 𝖽𝖾 𝖠𝗌𝗍𝗋𝖾𝗅𝗅𝖺
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CAPÍTULO DOIS ˖࣪ 𓂃 ⋆ A noite de Astrella.
. . . ❛ Duvides da luz dos astros, até mesmo da luz sol mas não duvides do meu amor❜ . . .
˖࣪ 𓂃 ⸸ - ( '𝓿. )ㅤ/Hoje não era um dia comum no castelo Volturi. Era o aniversário de três anos da jovem Astrella, que recentemente alcançou a altura e aparência de uma criança de dez anos.
O sol mal surgiu no horizonte quando a menina foi despertada por seu pai e por Sulpicia.
— Feliz aniversário, minha estrela — disse Aro, sua voz suave e melancólica, enquanto seus olhos pareciam refletir um mundo de emoções que ele não conseguia esconder. Ele beijou a testa de Astrella, e, embora seu toque fosse gelado, havia algo inexplicável e quente na conexão entre eles.
— Parabéns, estrelinha, — acrescentou Sulpicia, envolvendo Astrella em um abraço caloroso.
Astrella, ainda meio sonolenta, abriu um sorriso largo, sua excitação evidente. A data, como tudo relacionado à jovem, seria um evento único.
Aro e Sulpicia entregaram à jovem Astrella uma pequena caixa preta, envolta em um laço de fita carmesim.
Astrella, com os olhos brilhando de curiosidade, pegou a caixa com cuidado e a abriu.
Dentro, estava um colar delicado. Ele era incrivelmente parecido com o que seu pai usava, mas menor adornado com pedras vermelhas brilhantes.
— Olhe atrás, querida, — disse Sulpicia, apontando com um sorriso sutil.
Virando o pingente, Astrella encontrou gravado, com uma elegância, seu nome. Seus olhos se iluminaram ainda mais, um sorriso radiante se espalhou por seu rosto.
— Obrigada! Eu adorei! — disse ela, apertando o colar contra o peito com gratidão.
Aro observava a cena com um orgulho que transbordava de seu olhar. Para ele, a felicidade de Astrella era um reflexo do amor imenso que ele nutria por sua filha.
— De nada, minha estrela. Este será apenas o primeiro presente de muitos que você receberá hoje, — respondeu ele, acariciando os cabelos escuros de Astrella. — Embora nenhum presente no mundo seja digno o suficiente para você.
[...]
Durante a tarde, Astrella já havia recebido inúmeras felicitações pelo seu aniversário. Os corredores do castelo estavam mais movimentados do que o normal, com guardas e convidados se curvando respeitosamente para parabenizar a jovem estrela.
Presentes luxuosos e extravagantes chegavam de todas as partes, mas nenhum parecia superar a expectativa da surpresa prometida por sua mãe, Athenodora.
Agora, Astrella estava no jardim interno do castelo, um lugar que ela adorava, cercada por Felix e Demetri, que faziam o possível para entretê-la enquanto esperavam Athenodora.
— O que vocês acham que é a surpresa? — perguntou Astrella, os olhos brilhando de curiosidade enquanto olhava para os dois.
Demetri sorriu, cruzando os braços.
— Certamente algo que você vai adorar, pequena princesa. Sua mãe sabe exatamente do que você gosta.
Felix, mais brincalhão, se inclinou para perto dela com um sorriso travesso.
— Quem sabe não seja um unicórnio? Não era isso que você queria? — disse, rindo ao imaginar a cena.
Astrella fez um beicinho,enquanto olhava para Felix, claramente contrariada.
— Eu já sei que eles não são reais! — respondeu, com um tom meio irritado.
Ela se lembrava perfeitamente do dia em que tinha expressado o desejo de ter um unicórnio e seu tio Caius, impaciente como sempre, riu alto, dizendo que tais criaturas eram um mito infantil. Naquele dia, ela ficou tão chateada que passou horas emburrada no colo de sua tia Sulpicia.
Demetri trocou um olhar rápido com Felix, ambos contendo o riso diante da expressão contrariada de Astrella.
— Mas talvez sua mãe tenha algo ainda melhor que um unicórnio, — disse
Demetri, tentando reconfortá-la.
— Melhor que um unicórnio? — Astrella perguntou, erguendo uma sobrancelha, intrigada.
Antes que pudessem responder, as enormes portas de ferro do jardim se abriram, e Athenodora entrou, caminhando com sua elegância habitual.
Nas mãos, ela carregava algo coberto por um delicado pano de veludo vermelho.
Astrella prendeu a respiração, completamente hipnotizada. O que seria a surpresa que sua mãe tinha preparado para ela? Felix e Demetri trocaram sorrisos cúmplices enquanto Athenodora se aproximava lentamente.
— Feliz aniversário, minha pequena luz, — disse Athenodora, se ajoelhando na frente de Astrella. — Este presente é algo único, algo que representa o que você é para todos nós.
Ela retirou o pano de veludo com um movimento gracioso, revelando uma pequena gaiola de ouro adornada com pedras preciosas. Dentro, uma fênix agitava as asas com, as penas em brasa ondulando como chamas vivas. Cada movimento deixava no ar um rastro de calor e faíscas douradas.
— É uma fênix — disse Athenodora, com a voz baixa.
Astrella observava, boquiaberta a ave.
— São incrivelmente raras — continuou Athenodora, sem desviar o olhar. — E suas chamas nunca se apagam. Assim como a luz que você traz para nós.
Astrella ficou sem palavras, seus olhos fixos na pequena criatura. Era como se ela estivesse diante de algo saído de um sonho.
— Melhor que um unicórnio? — provocou Demetri, piscando para ela.
Astrella sorriu radiante, abraçando sua mãe com força.
— Muito melhor! — respondeu, finalmente.
O que astrella não sabia é que foi o proprio Caius que havia procurado ao redor do mundo um presente tão raro..
[...]
A noite havia caído sobre Volterra, cobrindo o castelo em uma escuridão, iluminado apenas pelo brilho suave de um abajur ornamentado no quarto de Astrella. A luz dourada projetava sombras nas paredes altas. A jovem estava sentada diante de sua penteadeira, o espelho refletindo sua expressão curiosa.
Jane estava atrás dela, ajustando com precisão a tiara que adornava os cabelos escuros de Astrella. A peça era delicada, cravejada de pequenos rubis que brilhavam como estrelas, um presente especial de Aro.
O vestido de Astrella era um espetáculo à parte. Branco puro, com detalhes prateados, o tecido tinha um caimento perfeito.
No entanto, seus olhos não estavam no reflexo de si mesma. Estavam fixos em Jane. A guarda Volturi, conhecida por sua expressão sempre séria, estava diferente naquela noite.
Em vez de suas habituais vestes negras, Jane usava um vestido verde esmeralda. O tecido destacava sua figura com elegância, contrastando com a capa preta que ainda usava. Era algo tão fora do comum que Astrella não conseguia desviar o olhar.
— O que está olhando? Você nem pisca criança. — Jane perguntou, erguendo uma sobrancelha enquanto continuava ajustando a tiara.
Astrella piscou, como se tivesse sido pega em flagrante, mas sorriu docemente.
— É que você está linda, Jane.
Por um breve momento, Jane congelou. Ela desviou o olhar para o lado, fingindo estar ocupada com algo na penteadeira. Mas Astrella era esperta. No reflexo do espelho, ela viu claramente o pequeno sorriso que escapou no rosto de Jane, mesmo que fosse por apenas um segundo.
— Não diga tolices. Você já está pronta, e estamos atrasadas. Vamos. — Jane disse, tentando recuperar sua postura habitual, mas sua voz parecia menos dura do que de costume.
Sem esperar resposta, Jane virou-se para a porta. Porém, antes que pudesse dar um passo, sentiu a mão quente e pequena de Astrella segurar a sua. Jane olhou para baixo, um pouco surpresa com o gesto. Astrella havia cumprido o que disse fez jane volturi sorrir.
[...]
No grande salão, o ambiente, iluminado por lustres de cristal que lançavam reflexos brilhantes pelo teto, estava lotado de figuras. Apenas convidados de extrema confiança dos três reis tinham permissão para estar ali, e eles haviam vindo de todas as partes do mundo para homenagear a jovem princesa Volturi.
Astrella, sentada em um trono menor ao lado de seu pai, Aro, observava a cena com fascínio. Do outro lado de Aro, Sulpicia, exalava uma graça fria e impenetrável, como uma verdadeira rainha. Do outro lado, sua mãe, Athenodora, observava com um meio sorriso, os cabelos dourados caindo em ondas perfeitas sobre os ombros.
Ao seu lado, Caius mantinha a postura rígida. Um pouco mais afastado, Marcus parecia alheio a tudo, o olhar distante.
Os convidados eram uma coleção única de vampiros de diferentes clãs e linhagens, cada um exibindo sua própria marca de elegância.
Alguns usavam trajes tradicionais de suas terras natais, enquanto outros preferiam o refinamento moderno. Havia vampiros com olhos dourados, indicando suas dietas "peculiares", e outros com os olhos vermelhos intensos, tão familiares para ela.
A jovem não conseguia desviar os olhos das figuras excêntricas que circulavam pelo salão. Um vampiro de pele tão clara que parecia quase translúcida gesticulava animadamente, enquanto um outro, de cabelos tão negros quanto uma noite sem estrelas, observava tudo em silêncio com uma postura que exalava perigo. Cada um parecia carregar um pedaço do mundo consigo, e Astrella se sentia hipnotizada.
— Nunca viu tanta diversidade, minha estrela? — Aro perguntou com um sorriso quase paternal, percebendo o olhar atento da filha.
— Eles são tão... diferentes. Nunca imaginei que existissem tantos assim. — respondeu Astrella, se inclinando levemente para o pai enquanto tentava disfarçar sua curiosidade.
Sulpicia lançou um olhar cúmplice para Aro antes de falar:
— Cada um aqui, minha querida, tem sua própria história. Alguns são aliados de longa data, outros buscaram por séculos um lugar neste círculo. Hoje, todos estão aqui para você.
Astrella se sentiu de certa forma surpresa que todos estavam ali por ela.
Do outro lado do salão, Demetri e Felix permaneciam atentos, eles protegiam a princesa.
Eles trocaram olhares breves ao perceber a inquietação de Astrella, mas não interferiram.
Entre os convidados, uma vampira de lindos cabelos cacheados e postura refinada se aproximou. Ela parou diante do trono menor de Astrella.
— Princesa Astrella, é uma honra estar em sua presença nesta noite tão especial. Que a eternidade lhe conceda sabedoria e força.
Astrella hesitou por um momento, incerta sobre como responder à formalidade. Mas, sentindo o olhar encorajador de Aro, ela ergueu o queixo e respondeu com um sorriso gracioso:
— A honra é minha por recebê-la. Seja bem-vinda.
A vampira se afastou, deixando Astrella com um novo sentimento. Ela ainda era jovem, mas percebeu que aquela noite não era apenas sobre celebração. Era uma demonstração de lealdade, e de poder...
Durante sua festa, Astrella observava com atenção cada convidado que se aproximava. Um após o outro, vampiros de todas as partes vinham até onde ela estava, inclinando-se em reverência e oferecendo felicitações. Apesar de ser jovem, ela tentava responder a todos com graça e confiança, como uma verdadeira herdeira Volturi deveria fazer.
[...]
Astrella observou o grande salão, os olhos percorrendo as silhuetas familiares espalhadas pelo ambiente. Sua mãe conversava com alguns convidados, enquanto seu pai, Aro, parecia entretido em uma discussão com Marcus. Então, seus olhos encontraram Caius. Ele estava sozinho, de pé, com a mesma expressão severa de sempre.
Decidida, a menina caminhou até ele. Ao notar sua aproximação, Caius ergueu uma sobrancelha, a expressão no rosto deixando claro o que pensava: O que você quer?
— Sabe, tio Caius, você não disse nada para mim o dia todo — disse Astrella, cruzando os braços.
— E o que exatamente eu deveria ter dito? — respondeu ele, sem mudar o tom cortante.
Astrella revirou os olhos.
— Não sei… Feliz aniversário, talvez?
Caius permaneceu em silêncio, apenas fitando a sobrinha com aquela frieza. Mas Astrella não se deixava intimidar tão facilmente. Um pensamento lhe veio à mente, e um sorriso travesso surgiu em seus lábios.
Ela se lembrou do que sua mãe havia dito certa vez: Caius é um excelente dançarino. Era difícil imaginar o implacável líder dos Volturi se movendo com leveza e elegância, mas a ideia lhe pareceu divertida demais para ignorar.
— Hum… posso te perdoar — disse ela, inclinando a cabeça de lado — se fizer uma coisa por mim.
Caius estreitou os olhos, considerando se deveria simplesmente ignorá-la. Mas a curiosidade venceu.
— E o que seria?
— Uma dança.
Um silêncio carregado se instalou entre os dois. Algumas cabeças já começavam a virar na direção deles. Astrella segurou o riso ao ver a hesitação no olhar do tio. Ele pode ser temido por todos, mas não consegue recusar um pedido meu, pensou, satisfeita.
Com um suspiro quase exasperado, Caius ofereceu a mão à menina. Astrella sorriu vitoriosa e segurou os dedos pálidos do tio, que a guiou até o centro do salão.
O burburinho cessou. Todos observavam, incrédulos. O cruel e impiedoso Caius Volturi… dançando com uma criança?
Aro, sentado em seu trono, estreitou os olhos. Havia um toque de ciúme em sua expressão, mas ele não disse nada. Athenodora, por outro lado, assistia à cena com um brilho nos olhos, claramente encantada.
Caius, sempre meticuloso, pediu que Astrella subisse sobre seus pés para acompanhar os passos. A música começou, e ele a conduziu com uma perfeição que surpreendeu até mesmo a menina. Seus movimentos eram firmes e impecáveis, sem nenhum traço de rigidez. Mamãe estava certa… ele realmente é um bom dançarino.
No final da dança, Caius a soltou.
— Satisfeita, criança?
Astrella sorriu, os olhos brilhando de diversão.
— Você é um ótimo dançarino, tio.
Por um breve instante, quase imperceptível, os lábios de Caius se curvaram num pequeno sorriso discreto. Então, sem mais palavras, ele se virou e caminhou de volta ao seu trono, como se nada tivesse acontecido.
Mas todos ali sabiam que tinham acabado de presenciar algo quase impossivel...
A hora especial da noite, contudo, se aproximava. Os convidados começaram a se reunir no centro do salão, formando um círculo ao redor do trono principal onde Aro, Sulpicia e Astrella estavam posicionados.
Os murmúrios cessaram quando Aro se levantou, erguendo sua taça de cristal com o líquido vermelho rubi.
Com sua presença, Aro capturou a atenção de todos. Seu sorriso era calculado, como se cada palavra estivesse meticulosamente planejada.
— Meus caros amigos, é com grande alegria que os recebo esta noite.
Agradeço a cada um de vocês por terem vindo, muitos de lugares distantes, para agraciar este momento tão especial. Hoje celebramos a existência de alguém que, em sua breve vida, já trouxe luz e propósito a este castelo.
Ele fez uma pausa, seu olhar caindo sobre Astrella, que o encarava com um leve sorriso.
— Minha filha, Astrella Volturi, nossa estrela, nossa promessa para o futuro. Que esta noite seja um reflexo do que você representa: força, e um legado que perdurará por eras.
O salão permaneceu em silêncio por um instante, enquanto Aro elevava sua taça ainda mais alto.
— Quero dedicar este brinde a ela. À Astrella Volturi!
Os convidados, quase em sincronia, ergueram suas taças, repetindo em uníssono:
— À Astrella Volturi!
O som dos cristais tilintando ecoou pelo salão quando todos beberam do líquido vermelho em suas taças. Astrella, segurando sua própria taça com mãos firmes, seguiu o exemplo.
Sulpicia, ao lado de Aro, colocou delicadamente a mão no ombro de Astrella, transmitindo um apoio silencioso, enquanto o salão explodia em conversas e aplausos.E assim o dia do aniversario da jovem princesa terminou.
[...]
A tarde estava tranquila, com o aroma das flores silvestres preenchendo o ar ao redor de Astrella. Ela caminhava devagar pelos campos, sentindo a leve brisa tocar seu rosto. Era raro ter momentos assim, longe das paredes de mármore do castelo.
A jovem apreciava cada segundo daquela liberdade, mesmo que fosse sob os olhos atentos de Demetri, que a seguia de forma silenciosa.
— Demetri, pode buscar a cesta no carro, por favor? — pediu Astrella, com um rosto inocente.
Demetri hesitou por um momento, lançando um olhar cauteloso ao redor antes de assentir. — Não saia daqui, Astrella. Voltarei em um instante. — Sua voz era firme, mas havia um tom de preocupação ali, Já que o carro estava longe o suficiente para não conseguir ouvir Astrella.
Assim que ele desapareceu pelo caminho de terra em direção ao veículo, Astrella respirou fundo, aproveitando o silêncio. Ela se sentou em um tronco caído, observando as flores balançarem com o vento. Porém, o momento de tranquilidade foi abruptamente interrompido. Uma sensação estranha percorreu sua espinha.
Ela sentiu a presença antes de ouvi-la. Era algo que não reconhecia, perturbador. Achando que Demetri havia voltado mais rápido do que esperava, Astrella se virou com um sorriso nos lábios.
Mas o sorriso desapareceu no mesmo instante.
Diante dela estava um homem, sua figura alta e magra. Seus olhos eram de um vermelho intenso, mais brilhantes e selvagens do que qualquer vampiro que ela já havia encontrado antes. A fúria queimava em seu olhar, como se ele estivesse prestes a explodir a qualquer momento.
Astrella sentiu seu coração acelerar, um reflexo humano que ela carregava. Ela tentou dar um passo para trás, mas tropeçou levemente no tronco atrás de si. Aquele não era um vampiro qualquer; ele exalava uma aura de perigo, algo primitivo e incontrolável.
— Você é... a filha de Aro, não é? — a voz dele saiu como um rosnado, baixo e carregado de ódio.
Astrella não respondeu de imediato, sua mente tentando desesperadamente entender a situação. Onde estava Demetri? Ele não deveria estar longe. E por que aquele homem estava ali?
— Eu... Quem é você? O que quer? — sua voz saiu mais firme do que ela esperava, mas o medo estava evidente em seus olhos.
O homem deu um passo à frente, os músculos de seu rosto tensos.
— O que eu quero? Quero vingança.—
Ele gritou, e o som ecoou pelos campos, assustando os pássaros que descansavam nas árvores próximas.
Astrella sentiu a tensão aumentar no ar, como se o tempo tivesse desacelerado.
Ela sabia que não poderia enfrentá-lo sozinha. Demetri tinha que voltar, e rápido. Mas até lá, ela precisava ganhar tempo.
— Se é com meu pai que você tem problemas, ele está no castelo. Você sabe disso. Por que veio atrás de mim? — Ela ergueu o queixo, tentando demonstrar mais coragem do que sentia.
O homem riu, mas o som estava longe de ser agradável. Era um riso amargo e cheio de rancor.
— Porque ele precisa saber o que é perder alguém que ama. Ele precisa sentir a dor que eu senti!
Astrella estava paralisada. O medo havia tomado conta de seu corpo de tal forma que ela não conseguiu reagir à presença do estranho, nem mesmo quando ele deu aquele passo ameaçador na sua direção.
Seu coração batia tão rápido que parecia ecoar nos ouvidos, e suas mãos estavam trêmulas enquanto ela tentava respirar fundo. Mas antes que algo pior pudesse acontecer, um borrão surgiu entre as árvores, e a voz de Demetri cortou o ar como uma lâmina.
— Astrella, feche os olhos agora. Não questione, apenas faça! — ordenou ele, sua voz firme, mas com uma urgência que ela nunca havia ouvido antes.
Sem conseguir dizer nada, a jovem obedeceu, apertando os olhos com força. Ela ouviu o som de algo pesado sendo arremessado, passos rápidos, e então um silêncio perturbador. Algum tempo passou antes que ela sentisse a mão firme de Demetri tocar seu ombro.
— Mantenha os olhos fechados.
Vou levá-la até o carro. Não abra até eu dizer que pode, está bem?
Ela apenas assentiu, sem forças para falar. Sentiu o braço forte de Demetri a envolver, e logo ele a guiava para longe dos campos.
Cada passo parecia durar uma eternidade, mas finalmente ela sentiu o assento do carro sob si.
— Pronto. Está segura agora. Pode abrir os olhos.
Astrella hesitou por um instante, mas finalmente abriu os olhos. Ela viu Demetri ao volante, o rosto rígido como pedra, os olhos fixos na estrada. Ele não disse mais nada durante o caminho de volta ao castelo, mas a tensão no ar era palpável.
Assim que chegaram, Demetri não perdeu tempo. Ele saiu do carro, abriu a porta para Astrella e a pegou nos braços, como se temesse que algo pudesse acontecer com ela a qualquer momento. A jovem não protestou, se sentiu pequena e frágil, algo que raramente acontecia.
Demetri a levou diretamente para a sala do trono, onde os três reis estavam reunidos. Aro estava no centro, com Sulpicia ao seu lado, enquanto Marcus e Caius observavam com olhares atentos. Assim que Aro viu Demetri entrar com Astrella nos braços, ele se levantou de imediato.
— O que aconteceu? — perguntou Aro, sua voz carregada de preocupação ao pegar a filha dos braços de Demetri.
Ele a segurou como se ela fosse feita de vidro, os olhos percorrendo cada detalhe de seu rosto em busca de sinais de ferimentos.
— Astrella, minha estrela, está machucada?
A jovem balançou a cabeça, mas não conseguiu dizer uma palavra. Sua mente ainda estava presa ao olhar vermelho intenso do estranho.
— Demetri, explique-se. Agora. — A voz de Aro se tornou mais severa, quase um rosnado.
Demetri deu um passo à frente, mantendo a postura firme.
— Fomos surpreendidos por um vampiro enquanto estávamos nos campos. Ele se aproximou de Astrella enquanto eu buscava algo no carro. Quando voltei, ele estava prestes a atacá-la. Identifiquei o intruso como Alexander Valkova, do clã russo.
Um silêncio mortal tomou conta da sala por um momento. Então Caius se levantou de seu trono, sua expressão uma de fúria.
— Como aqueles vermes ousam? — rosnou Caius, seus punhos cerrados. — Eles sabem muito bem que não devem cruzar nossos limites, muito menos ameaçar nossa família!
Aro não disse nada de imediato. Ele apenas segurou Astrella mais apertado, como se a simples ideia de tê-la em perigo fosse insuportável. Seus olhos escuros brilharam com algo sombrio, um aviso de que as consequências seriam severas.
— Alexander Valkova, do clã russo... — murmurou Aro, seu tom baixo, com o tom carregado de vingança. Ele olhou para Caius, que ainda parecia prestes a explodir.
— Caius, reúna todos. Precisamos discutir nossa resposta imediatamente. Isso não ficará sem punição.
Marcus, que até então permanecia calado, finalmente falou, sua voz calma, mas cheia de autoridade.
— Ações como essas não são feitas sem um propósito. Devemos entender o motivo por trás desse ataque antes de agir.
— Entender o motivo? — Caius cuspiu as palavras, sua paciência claramente no limite.
— O motivo é irrelevante! Eles cruzaram a linha. Agora eles pagarão por isso.
Enquanto os três reis discutiam, Sulpicia se aproximou de Aro, colocando uma mão delicada sobre o ombro do marido.
— Leve Astrella para descansar. Ela precisa de paz agora. O restante podemos resolver depois.
Aro assentiu lentamente, ainda sem soltar a filha de seus braços. Ele lançou um último olhar para Demetri, que permanecia imóvel.
— Você protegeu minha filha hoje, Demetri. Isso não será esquecido. Mas nunca mais a deixe sozinha. Nem por um instante.
— Sim, mestre. Isso nunca mais acontecerá.
Com isso, Aro saiu da sala, levando Astrella para seu quarto. Enquanto caminhavam pelos corredores, a jovem finalmente encontrou sua voz.
— Papai... ele disse que queria que você sentisse a dor que ele sentiu. Que queria vingança.
Aro parou por um momento, olhando para a filha. Sua expressão se suavizou.
— Minha estrela, ninguém jamais machucará você. Eu juro.
E a jovem acreditou na promessa de seu pai com a convicção de uma criança que vê em seus pais um escudo inquebrável. Naquela noite, assustada com tudo o que havia acontecido, Astrella pediu para não dormir sozinha. Sem hesitar, Demetri se prontificou a ficar ao lado dela, assumindo seu posto do lado de fora da porta do quarto.
Ele permaneceu ali, imóvel e atento, como se nada no mundo fosse capaz de passar por ele.
[...]
Enquanto isso, em terras distantes, na Rússia, uma sombra de destruição desceu sobre o clã Valkova. Em uma única noite, seu nome foi riscado da história. Aro, fiel à sua palavra e ao amor incondicional por sua filha, garantiu que nenhum dos responsáveis pelo trauma de Astrella continuasse a respirar.
A mensagem era clara: quem ousasse ameaçar Astrella Volturi enfrentaria as consequências mais severas e definitivas. Nenhum deles viveria o suficiente para contar história.
Nos dias que seguiram, a preocupação de Aro com a segurança da filha se intensificou. Ele temia que os próximos anos, nos quais Astrella ainda estava aprendendo sobre si mesma e suas habilidades, fossem os mais vulneráveis. Decidido a não correr riscos, Aro assumiu pessoalmente o treinamento da jovem.
Ele a ensinou não apenas a se defender, mas a se tornar alguém que nenhum inimigo ousaria subestimar. Até mesmo Caius, que antes era distante e crítico, mudou completamente sua postura. Depois do ocorrido, ele se tornou um protetor feroz de Astrella, a tratando quase como uma extensão de si mesmo.
Jane e Alec também assumiram papéis cruciais no desenvolvimento da jovem. Jane, com sua disciplina rígida, ensinou a Astrella a importância do controle emocional e estratégico. Alec, com seu jeito mais tranquilo, mostrou a ela como usar o ambiente a seu favor e pensar sempre alguns passos à frente.
O castelo Volturi se tornou não apenas um lar, mas uma fortaleza, onde cada membro vivia para proteger a jovem princesa.
Sete anos se passaram, e Astrella havia se transformado completamente. A jovem agora possuía a altura e a aparência de uma mulher de dezenove anos. Sua beleza era algo a se admirar, quase mística, com os traços finos e a postura altiva que faziam dela uma verdadeira princesa.
No entanto, não era apenas sua aparência que chamava atenção. Sua personalidade floresceu, se revelando como uma combinação de seu pai, a delicadeza de sua mãe e a astúcia que ela própria havia desenvolvido ao longo dos anos.
Seus outros poderes também haviam se manifestado, tão únicos quanto ela mesma. Astrella era capaz de manipular a energia vital ao seu redor, drenando ou fortalecendo aqueles que estavam próximos. Essa habilidade a tornava não apenas uma combatente poderosa, mas também uma figura que inspirava temor.
Seus poderes eram complementados por um controle mental impressionante, herdado de seu pai, que fazia dela uma estrategista nata.
Na noite de seu aniversário de dezoito anos, uma grandiosa celebração foi organizada no castelo. Astrella estava deslumbrante em um vestido prateado, que parecia feito para refletir a luz das estrelas.
Os convidados, incluindo clãs de todas as partes do mundo, vieram não apenas para homenageá-la, mas para reafirmar suas alianças com os Volturi. Ela caminhava pelo salão com uma confiança que parecia inata, cumprimentando a todos com um sorriso leve e palavras cuidadosamente escolhidas.
Astrella havia se tornado o reflexo de sua família, uma combinação perfeita...
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