PRÓLOGO

  TÂNATOS nunca foi o centro das atenções em nada, seu nascimento era uma mentira escondida de todos, o sobrinho que perdeu os pais logo ao nascer. Na realidade, ele era apenas um bastardo. Um bastardo que carregava uma maldição em seu sangue...um transmorfo. Valtor se lembrava de quando o conheceu, sua transformação havia sido desfeita e ele estava jogado no chão, sentindo dores e o gosto amargo do sangue em sua boca, afinal de contas, ele era um lobo selvagens nesses momentos. O bruxo das trevas nunca soube explicar o que aconteceu naquela troca de olhares, ou o que o fez sentir empatia naquele dia, mas seu coração foi roubado e amarrado a Tânatos.

  Valtor caminhou até moreno, que estava perdido em suas próprias escrituras, havia uma xícara ao seu lado com café, mostrando que o jovem estava ali a mais de horas, o bruxo se debruçou na mesa logo a sua frente, tossindo para chamar a atenção do transmorfo. Os olhos dele se ergueram até seu parceiro:

─A quantas horas está perdido em suas pesquisas?─Valtor perguntou, seu tom era firme

─Talvez...2 horas? Eu não sei muito bem─respondeu sem se importar muito, não estava afim de levar uma bronca─E não briga comigo

─Eu deveria mas não vou...entende que isso é ruim para sua saúde, não é?

─É, eu sei...mas eu estou chegando ao ponto que queria, exatamente o motivo de todo esse tempo gastado─Tânatos exclamou com a voz repleta de felicidade─Estou conseguindo entender como meu cérebro funciona e o que devo fazer para me transformar e não deixar que minhas emoções sejam a principal forma

─Isso é...incrível─Valtor murmurou caminhando para o outro lado da mesa, se apoiando sobre o ombro do moreno e olhando o caderno

  Tânatos se virou para seu parceiro e o puxou para um beijo completamente desprevenido e impulsivo, Valtor foi pego de surpresa mas por poucos segundos, logo suas mãos desceram até a cintura do mais novo e o puxou, fazendo-o levantar da cadeira que estava, suas línguas se entrelaçavam como uma dança perfeita. Antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, Tânatos teve suas pernas erguidas e colocadas em volta do corpo de Valtor:

─Você é tão inteligente...merece um prêmio por isso─O bruxo sussurou em seu ouvido, deixando um leve selar em seu pescoço

  Em um movimento rápido, Valtor chutou a cadeira para longe e o empurrou suavemente contra a escrivaninha. Ao fazer isso, Tânatos soltou um suspiro suave e trêmulo, arqueando um pouco as costas. Sua mente foi dominada pelo calor e estava ficando cada vez mais desesperada por um toque mais íntimo. As mãos do Bruxo subiram para o corpo do transmorfo, descendo lentamente pelas laterais. Seus olhos permaneceram fixos aos de seu parceiro enquanto ele fazia isso.

─Porra...você sabe ser um filha da puta, não é?

  O aperto de Valtor em seu corpo aumentou quando ele ouviu isso. Ouvi-lo xingar era incomum mas ao mesmo tempo, incrivelmente prazeroso de ouvir. Um fogo estava crescendo dentro de seu olhar. Ele lentamente pressionou-se contra Tânatos, deixando uma mão alcançar seu queixo, fazendo-o olhar para ele enquanto falava, com a voz baixa:

─Que boca suja meu amor─um suspiro saiu dos lábios de Valtor, acompanhado de um sorriso malicioso─Que tal ocupar ela com algo?

  Tânatos caiu de joelhos no chão, sem tirar os olhos do mais velho, Valtor levantou seus dedos e em questão de segundos, sua calça foi desabotoada com magia e o único esforço que o moreno teve que fazer foi abaixá-las.

─Seu cabelo está comprido─um sorriso se formou nos lábios de Valtor, enquanto suas mãos agarravam alguns fios do cabelo escuro─Eu acho incrível...

[...]

  Tânatos acordou no meio da noite, sentindo falta de Valtor ao seu lado, de certa forma sabia onde ele estava mas não gostava de ficar sozinho durante a noite. O moreno se levantou pegando uma calça de seu guarda-roupa e vestindo, logo depois saindo andando entre os corredores da mansão. Ela era fria e escura, as luzes das velas não iluminavam muito e as janelas eram poucas.

  Sabia exatamente onde Valtor iria estar, quando se aproximou da porta, o ouviu conversando "sozinho". Não era capaz de ouvir as Três Bruxas Ancestrais mas sabia que todas as noites, eles conversavam. Tânatos soltou um suspiro e se afastou da porta, caminhando de volta para o quarto. Nunca foi de acordo com Valtor "vendendo" sua alma a favor das Ancestrais, já havia insistido pata abandonar tudo isso e irem para o Mundo Humano tentar viver sem magia mas ele negou, todas as vezes foi negado ou o assunto era mudado.

  Respirou fundo e voltou para dentro do quarto, aproveitando que estava sozinho, Tânatos se sentou no chão e fechou seus olhos. Precisava ter uma memória âncora para ir e para voltar. A lembrança passou como um filme rápido, ainda era criança quando se transformou em lobo pela primeira vez. Sentiu sua pele rasgar e seus ossos mudarem seu formato, a pele esticando era agoniante mas a dor era conhecida, logo os pelos negros e os olhos vermelhos surgiram, balançou seu corpo expulsando o restante da pele humana e roupas, o chão estava sujo pelo sangue de seu corpo, mas não se importou nenhum pouco.

  Um uivo saiu de sua garganta e rosnou, se sentando no chão. Outra memória apareceu em sua mente, o dia em que Valtor o encontrou jogado no chão com dor, ainda como um lobo, olhando em seus olhos com desespero, pedindo por ajuda. Valtor tinha cabelos compridos naquela época, eles chegavam até a metade de suas costas. Com magia, o Bruxo das Trevas o transformou em humano novamente, Tânatos sentiu vergonha olhando para seu corpo nu quando percebeu o que estava acontecendo. Foi naquele dia que Valtor percebeu a linha vermelha que o ligava ao transmorfo, roubando seu coração.

  Tânatos sentiu seu corpo voltar a se tornar humano. Havia funcionado, ele sabia finalmente como controlar sua transformação. Depois de dias e horas pesquisando e estudando cada vez mais.

  Valtor abriu a porta com brutalidade, havia ouvido o uivo e ficou preocupado. Seus olhos se guiaram ao seu parceiro, sentado no chão e sujo de sangue, suas roupas haviam rasgado mas pouco se importou com isso. Tânatos se levantou olhando para si mesmo e depois para o outro com um sorriso:

─Eu consegui...

─Você...conseguiu destransformar?─o loiro perguntou se aproximando, seus sapatos molharam contra a poça de sangue no chão. O transmorfo balançou a cabeça de forma animada─Isso é maravilhoso...você conseguiu

  Valtor abraçou o moreno, o puxando contra seu peito e pressionando ele cada vez mais, sem deixá-lo se soltar, ambos se olharam profundamente com sorrisos, até que Valtor se soltou, lembrando de uma pequena coisa:

─Eu esqueci desse detalhe─Valtor olhou para baixo, entre as coxas de Tânatos e depois subiu o olhar─Venha, vou dar um banho em você antes de voltar a dormir

─Está me tratando como uma criança

─Para de reclamar e entra logo naquela banheira!

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