♡˖꒰009 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐚 𝐜𝐮𝐫𝐢𝐨𝐬𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞
Capítulo Nove
Mais que a curiosidade.
★
' Because I don't exist without you.." . . ❜
As manhãs frias de Forks nunca eram exatamente agradáveis, mas naquele dia, o ar parecia mais pesado que o normal, como se as nuvens baixas ameaçassem desabar a qualquer momento. Eu olhei pela janela da sala de estar, onde pequenas gotículas de orvalho escorriam no vidro.
Minha mãe apareceu na porta com a bolsa da escola nas mãos. O olhar dela foi direto para o meu braço, agora parcialmente escondido sob a manga do casaco.
— Não está muito pesada, Adalynn? — perguntou ela, com a voz cheia de preocupação, enquanto se aproximava para entregar a bolsa.
Dei de ombros, tentando parecer mais tranquila do que realmente estava. Meu braço ainda não estava totalmente recuperado desde o acidente, e movimentos mais bruscos vinham acompanhados daquela dor irritante.
— Está tudo bem, mãe. Não está me incomodando — respondi, oferecendo um sorriso pequeno, quase automático, na tentativa de convencê-la.
Ela hesitou por um momento, segurando a alça da bolsa como se ponderasse se deveria insistir. Seus olhos, ligeiramente franzidos, me estudaram de um jeito que só mães conseguem fazer, como se pudessem ver através de qualquer fachada.
— Tem certeza? Posso carregar pra você até o carro, se quiser.
— Eu consigo, mãe — garanti, ajustando o peso da mochila no ombro. Não era tão pesada assim. Pelo menos, não o suficiente para admitir que eu precisava de ajuda.
Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, Anthony apareceu na porta da cozinha, com as chaves do carro balançando nos dedos e o cabelo ainda bagunçado da pressa.
— Vamos, Ada, se não quisermos chegar em cima da hora — disse ele, enquanto me lançava um olhar impaciente.
Eu suspirei, assentindo e lançando um último olhar para minha mãe, que me acompanhava com olhos atentos.
Peguei minha bolsa e, com uma última checada no relógio pendurado na parede, segui para a porta. Lá fora, o céu continuava nublado.
— Está se sentindo bem, Ada? — perguntou Anthony, com a voz baixa, mas carregada de preocupação.
Eu estava absorta, olhando para o pequeno relógio antigo no meu pulso, algo que guardei desde os meus doze anos. As marcas no mostrador estavam um pouco desbotadas, mas ainda cumpriam seu propósito. Era para verificar minha frequência cardíaca já que o antigo acabou quebrando com impacto do carro.
Ergui os olhos para ele e forcei um sorriso. — Estou sim, Anthony.
A expressão no rosto dele dizia o contrário. Ele me observou por alguns segundos, provavelmente analisando se deveria insistir, mas acabou balançando a cabeça e voltando a atenção para a estrada.
O restante do caminho foi silencioso, mas de um jeito confortável. Eu me perdi em meus pensamentos, vendo a névoa envolver as árvores do lado de fora, até que Anthony estacionou o carro no estacionamento da escola.
A velha picape ao lado chamou minha atenção assim que saí. A pintura desbotada, os detalhes enferrujados — tudo nela parecia exatamente a cara de Forks. No instante em que meus pés tocaram o chão, senti os olhares. Era impossível de ignorar.
— Acho que eles estão surpresos por eu não ter perdido uma perna ou estar desfigurada — murmurei para Anthony, com um tom casual, mas carregado de ironia.
Ele soltou uma risada curta, balançando a cabeça. — Bem, pelo menos ainda sabe fazer piada.
Eu ri junto, mas minha atenção foi desviada por um arrepio que subiu pela espinha, tão repentino quanto inexplicável. Olhei para o lado e os vi: os Cullens.
Eles estavam parados do outro lado do estacionamento, tão perfeitos e inatingíveis quanto eu me lembrava. Seus olhares eram intensos. Mas foi Edward quem realmente capturou minha atenção. Ele me encarava fixamente, sem sequer piscar.
Por um momento, nossos olhares se encontraram, e o mundo ao redor pareceu sumir. Era desconcertante. Ele desviou o olhar no instante em que sua namorada, Bella, se aproximou.
E eu fiz o mesmo, virando-me de volta para Anthony e ajustando a alça da mochila.
Meu coração estava mais acelerado do que deveria. E, pela primeira vez naquele dia, não era culpa do acidente.
Dei poucos passos no estacionamento quando fui parada por Jessica e Angela. Ambas pareciam ansiosas, suas expressões carregadas de uma mistura de alívio e curiosidade que quase me fizeram rir.
— Nossa, ainda bem que você está bem! Ficamos muito preocupadas — disse Jessica, com aquela voz típica dela, meio afobada, enquanto seus olhos corriam por mim como se procurassem algum sinal de que eu ainda estava quebrada.
— Sim, não tivemos muitas informações sobre você. Fomos até o hospital uma vez, mas disseram que a entrada era só para família. Então, tivemos que nos contentar com as notícias que seu irmão dava — acrescentou Angela, sempre mais calma e gentil.
Eu sorri de leve, sentindo uma pontada de gratidão pelo esforço delas, mesmo que fosse desnecessário agora. Dei uma pequena viradinha, como se estivesse exibindo minha recuperação.
— Bem, felizmente, o pior já passou — disse, tentando parecer mais confiante do que realmente me sentia.
— Que ótimo, porque eu tenho muitas coisas para te contar! — exclamou Jessica, já me agarrando pelo braço antes que eu tivesse tempo de processar o que vinha a seguir.
Ela começou a despejar uma enxurrada de fofocas, tão rápidas que era difícil acompanhar, enquanto me arrastava em direção à entrada da escola. Olhei para trás, buscando desesperadamente por Anthony, esperando que ele interviesse, me salvasse daquela situação.
Mas ele apenas balançou a cabeça, divertido, e virou para o outro lado, ignorando completamente meu pedido mudo de socorro.
— Traidor — murmurei para mim mesma, indignada, enquanto Jessica continuava a falar como se o mundo dependesse de cada detalhe que ela contava.
[...]
Quando finalmente chegou a hora do intervalo, eu estava praticamente fugindo. Era como se cada pessoa desta escola tivesse combinado de me parar no corredor para perguntar como eu estava. Eu agradecia a preocupação, claro, mas será que não podiam simplesmente se contentar em olhar de longe?
Até na aula do Sr. Molina fui bombardeada com perguntas, e olha que geralmente ninguém tinha coragem de interromper suas explicações intermináveis sobre biologia. Nunca pensei que diria isso, mas minha antiga escola em Nova York estava começando a fazer falta.
No refeitório, me joguei ao lado de Anthony, suspirando como se tivesse corrido uma maratona.
— Que cara é essa? — perguntou ele, levantando uma sobrancelha enquanto mordia seu sanduíche.
— Você não tem ideia. Hoje as pessoas decidiram que é o dia oficial de me perguntar como eu estou. Anthony, eu acho que umas quarenta pessoas me pararam só hoje! — exclamei, enquanto dava uma grande mordida na minha maçã.
Ele riu, balançando a cabeça. — Pelo menos uma coisa boa nisso: agora vão me deixar em paz, irmãzinha.
Revirei os olhos. — Eu te odeio.
— Errado. Você me ama, e sabe disso. — Ele sorriu triunfante e tomou um gole do suco.
Eu neguei com a cabeça, fingindo irritação, mas acabei sorrindo de leve. Meu olhar vagou pelo refeitório, e antes que eu percebesse, ele encontrou a mesa dos Cullens.
Era impossível não notá-los, mesmo entre tanta gente. E, inevitavelmente, meus olhos cruzaram com os de Edward.
Havia algo nele que era... desconcertante. Como alguém podia ser ridiculamente tão bonito? Isso devia causar um efeito colateral nos homens que cruzavam com ele — com certeza ficavam enciumados.
— Como alguém pode ser tão absurdamente bonito... — murmurei para mim mesma, sem perceber que estava falando em voz alta.
Um som inesperado atravessou o ar. Era uma risada — discreta, mas audível o suficiente. Olhei de volta para a mesa dos Cullens e, para meu completo horror, percebi que eles estavam olhando na minha direção. Como se tivessem escutado exatamente o que eu disse.
Meu rosto pegou fogo instantaneamente. Olhei para Anthony, buscando algum sinal de que ele tinha notado meu momento embaraçoso, mas ele estava ocupado conversando com Jessica, que, aliás, estava sentada com Angela, Mike e Eric. Desde quando todos estavam aqui?
Senti a vergonha me dominar. Quanto tempo eu tinha ficado encarando os Cullens?
— Oi! Terra chamando Adalynn, ei, você está bem? — perguntou Mike, estalando os dedos perto do meu rosto.
Pisquei algumas vezes, percebendo que estava perdida em pensamentos novamente, e assenti com a cabeça, tentando parecer mais presente.
— Então, parece que esse fim de semana vai fazer sol. Que tal irmos para La Push? — sugeriu Jessica, com um sorriso animado.
Vi todos ao redor da mesa assentirem quase ao mesmo tempo. Jessica, então, virou os olhos para mim e Anthony, esperando nossa resposta.
— Bem, por que não? Nós vamos — disse Anthony, dando de ombros.
— É uma boa ideia — concordei, oferecendo um sorriso para Jessica, que parecia quase vibrar de empolgação.
[...]
Com o final das aulas, ainda tinha algumas coisas para resolver na biblioteca. Recuperar o conteúdo perdido das últimas semanas era algo entre frustrante e desesperador.
Quando entrei no espaço silencioso, o cheiro de livros antigos e madeira envernizada me recebeu de forma quase reconfortante, mas a pilha de matérias atrasadas rapidamente me lembrou por que eu não estava nada feliz de estar ali.
Enquanto pegava um dos volumes mais grossos — o famigerado livro de Física, claro —, senti uma pontada de dor no braço. Para que tanta grosseria em um único livro?, pensei, examinando o peso dele com desânimo.
— Precisa de ajuda? — ouvi uma voz melodiosa atrás de mim.
Virei rapidamente e encontrei os olhos dourados de Edward Cullen me observando. Por um instante, fiquei surpresa demais para responder. Ele parecia estar totalmente à vontade naquele ambiente, enquanto eu lutava para equilibrar livros e dor no braço.
Considerei recusar, mas o latejar no meu braço decidiu por mim. Afinal, aceitar uma gentileza não era nada demais, certo?
— Obrigada — disse, entregando os livros para ele, que os pegou com um gesto tranquilo.
Saímos da biblioteca em um silêncio quase desconfortável. Algo na sua presença parecia amplificar cada som ao nosso redor: os passos, até a brisa fraca que passava pelas janelas abertas.
De repente, Edward quebrou o silêncio:
— Eu sei que deve ter escutado muito isso hoje, mas... como você está?
Havia algo na sua expressão que parecia genuíno, como se ele realmente quisesse saber. Seus olhos dourados me analisavam de uma forma quase clínica, e era difícil desviar o olhar.
— Algumas dores aqui e ali, mas nada que Tylenol e ibuprofeno não resolvam — respondi, tentando parecer despreocupada.
Ele apenas assentiu, mas continuou me observando por mais alguns segundos, como se tentasse ler algo além do que eu havia dito. O silêncio voltou, mas dessa vez não parecia tão estranho.
— Obrigada pela ajuda — agradeci assim que chegamos ao meu carro.
Edward parou por um momento, como se estivesse prestes a dizer algo, mas apenas assentiu com a cabeça, deixando o silêncio falar por ele. Sem mais palavras, virou-se e caminhou em direção ao seu Volvo.
Ao entrar no carro, encontrei Anthony com uma sobrancelha arqueada, prestes a me provocar.
— Não diga nada, Anthony — cortei antes que ele sequer abrisse a boca.
— Tudo bem, patroa. Pode deixar que o seu motorista particular vai levá-la para a sua residência com todo o luxo que Forks tem a oferecer — ele respondeu com um sorriso travesso, girando a chave e ligando o carro.
— Sério, esse clima daqui me lembra Londres — comentou ele, quebrando o silêncio enquanto saíamos do estacionamento.
— Só que com mais árvores — respondi, soltando um suspiro.
— Acho que o pessoal do Animal Planet deve vir aqui direto. A floresta é tão... selvagem — disse Anthony, claramente se divertindo com a própria teoria maluca.
Eu revirei os olhos, mas não pude evitar um pequeno sorriso. Ele realmente acreditava que Forks era digno de um documentário.
[...]
Já era noite quando terminei o jantar. Estava exausta e não demorei a me despedir de todos com um breve "boa noite". No quarto, me joguei na cama, mas lembrei que tinha algumas mensagens para checar. Peguei meu notebook e abri os e-mails.
Nate, meu amigo de infância em Nova York, havia me escrito novamente. Ele estava insistindo em vir me visitar em Forks. Eu respondi que ele era bem-vindo, mas que não esperasse muito. Afinal, se compararmos Nova York com Forks, é como comparar o século XXI com a Revolução Industrial.
Deixando o computador de lado, olhei para a janela. O vento frio entrava pelo vão, mas decidi deixá-la aberta. Precisava de um pouco de ar fresco, mesmo que esse clima gélido fosse algo difícil de me acostumar.
Liguei meu notebook novamente e escolhi um episódio aleatório de Friends para assistir. Não demorou muito até que o cansaço me dominasse e eu adormecesse.
Horas depois, senti algo gelado roçar minha bochecha. Abri os olhos rapidamente, meu coração disparado. Olhei ao redor, mas não havia nada. Apenas o quarto vazio e a brisa gelada da janela aberta. Levantei-me, fechei a janela e travei-a. Esse frio de Forks realmente não tem limites... pensei, voltando para a cama e me encolhendo debaixo das cobertas.
[...]
Edward
Eu tentei resistir. Juro que tentei. Mas não consigo. Desde que descobri que Adalynn Collins é a minha companheira, não tive um momento de paz.
O instinto que me liga a ela é mais forte do que tudo. Antes, eu achava que era apenas curiosidade, mas depois de salvá-la, a verdade se tornou inescapável.
Preciso saber como ela está, mesmo que de longe. Só isso já é o suficiente... ou pelo menos é o que tento convencer a mim mesmo.
— Você foi ver aquela humana de novo, não foi? — ouvi a voz irritada de Rosalie atrás de mim.
Não respondi. Ela sabia a resposta.
— O que você quer, Edward? Primeiro Bella, e agora essa humana... — continuou ela, sua voz carregada de frustração.
Eu permaneci em silêncio, encarando o vazio.
— O que você acha que sua preciosa Bella vai dizer quando descobrir que você encontrou a sua verdadeira companheira? — provocou Rosalie.
Virei-me para ela, finalmente respondendo:
— Ela não vai dizer nada, porque ela não vai saber. Eu amo Bella Swan.
Rosalie riu.
— Não se engane, irmão. Você sabe como isso funciona. No final, vai acabar magoando as duas — disse ela, antes de sair do cômodo, deixando-me sozinho com meus pensamentos.
Fechei os olhos e passei as mãos pelo rosto, tentando silenciar o turbilhão em minha mente. Amar Bella era tudo o que eu conhecia, tudo o que eu sabia. Mas Adalynn... Ela era algo que eu não conseguia controlar. E isso me apavorava.
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