2.01- ZERO
Natalie se enrolou na própria toalha após fechar o chuveiro. Se olhou no espelho enquanto secava seu cabelo. Meses haviam se passado desde que saíra do hospital, as férias haviam acabado a cerca de um mês e a Goodwin havia conseguido um emprego em uma lanchonete no centro da cidade.
Colocou um vestido e terminou de se arrumar, pegando um elástico para prender o cabelo assim que chegasse em seu trabalho, ela colocou seu uniforme amarelos dentro da mochila que levaria para o trabalho. Olhou para o horário em seu relógio na parede, tinha cerca de quarenta e cinco minutos para comer e chegar até lá, respirou aliviada ao perceber que ainda tinha tempo. Colocou um Walk Talk junto com a roupa em sua mochila.
Mesmo com todo o perigo que as crianças passaram tendo acabado a tempos, Natalie deixava seu comunicador consigo sempre. Ainda não acreditava que o laboratório havia desistido dos experimentos e precisava manter seus amigos em segurança. Sabia que se precisassem de ajuda, eles a chamariam.
Esperava que eles confiassem o suficiente nela para isso.
Colocou um salto baixo e saiu de seu quarto com a mochila nas costas, mantinha um pequeno sorriso no rosto enquanto ia em direção a escada. O sorriso se desfez no mesmo momento que olhou para o sofá da sala.
O doutor Sam Owens estava sentado no sofá enquanto conversava com Reginald e Ayla. Não era a primeira vez que o doutor aparecia na casa dos Goodwin em busca de falar com a garota, ela sempre o ignorava. Sempre deixava claro que não queria contato nenhum com o laboratório. Assim que os três adultos viram Natalie na escada, o doutor Owens se levantou.
— Não! Não mesmo! – Natalie exclamou assim que o homem abriu a boca para falar com ela. A garota já sabia algumas coisas que possivelmente o homem falaria, mas o ponto principal: A convencer de voltar ao laboratório pra treinar seus poderes. O desgosto no rosto de Reginald e de Ayla eram visíveis, nenhum dos dois gostava da presença do homem ali, mas não tinham muito o que fazer. Ele era do governo, se tentassem o impedir poderiam acabar mortos. – Eu já disse milhões de vezes que não vou voltar para aquele laboratório!
— Talvez se me escutar…
— Eu não preciso treinar meus poderes, eu nem ao menos os uso mais. Eu não preciso deles, nunca precisei, mas nenhum de vocês me deram a escolha de tê-los ou não, não é? – Natalie perguntou irritada – Não foram vocês que disseram que não tem mais chances do Demogorgon voltar, certo? Logo, não tenho motivos para querer ampliar meus poderes. Não preciso deles e não preciso de você!
— Você sabe que isso não é totalmente verdade, Zero. – Doutor Owens diz calmamente – Você precisa aprender sobre seus poderes, para descobrir quem você é.
— Eu sei quem eu sou, sou Natalie Goodwin, uma garota que precisa sair para trabalhar se quiser fazer uma faculdade em outro estado. – A morena rebateu – Eu sei exatamente quem eu sou.
— Nós dois sabemos que isso não é verdade. – o doutor Owens diz
Natalie levou seu olhar para seus pais, os dois gesticularam com as mãos ao mesmo tempo. Como se não pudessem intervir.
A garota suspirou, olhando para os lados.
— Olha só, eu não quero fazer terapia. Principalmente se for com você ou qualquer pessoa de lá. – Natalie fala – Eu não tenho mais motivos para ir lá e vocês sabem que eu não sou a experiência que queriam. Eu não sou a El. Eu sou literalmente um zero a esquerda.
— Então um dos problemas foi o nome que deram a você? – Ele perguntou
— Nenhuma criança chamada Zero cresceria com a saúde mental boa. – Natalie resmungou, tentando usar o senso de humor para achar um meio de extrair o desespero que invadia seu peito toda vez que via qualquer pessoa do laboratório. Aquilo não funcionou. – Existiam diversas crianças que estavam lá antes mesmo de eu nascer e eu era o único experimento que tinha sido nomeada com aquele nome em anos.
Segurou a alça de sua mochila com mais força, a morena se virou em direção a porta. Perdera totalmente a fome.
— Você foi nomeada de Zero, porque foi a única criança que não obteve os poderes por experimentos. – Quando ouviu o que Owens estava dizendo, Natalie se virou no mesmo momento. Tinha a sensação que seu coração iria sair pela sua boca. – Você nasceu com eles, Natalie. Os herdou de sua família.
— Conheceu minha família? – Natalie perguntou no mesmo instante
Em seus dezessete – quase dezoito – anos de vida, Natalie tentava esquecer sobre seu passado. Sobre tudo o que aconteceu com ela antes de chegar na casa dos Goodwin, mas essa era uma parte de sua vida que nunca conseguiu superar. Não sabia sobre nada de seus pais biológicos, não sabia nem ao menos seus nomes.
Imaginava se havia sido tirada de sua família quando bebê ou se seus pais haviam a entregado para o laboratório. Quando criança cogitou ter sido "criada" com uma fertilização in vitro. Essa teoria foi para o lixo em menos de duas horas, já que a primeira criança que nasceu dessa fertilização foi em 1978 e ela nascera em 1966.
Mesmo sabendo que isso era quase impossível, não deixou de tentar crer nessa teoria a maior parte de sua vida: “Eles fazem parte do governo americano, podem ter descoberto essa forma de nascimento humano antes de ser liberado a público.” Era o que dizia a si mesma todas as vezes que esses pensamentos voltavam a tona.
Era melhor acreditar que foi criada em um laboratório do que saber que foi abandonada por seus pais naquele lugar.
— Conheci seus pais. – O doutor Owens falou
Deu alguns passos para frente, em direção ao médico do laboratório.
— Quem são? – Natalie perguntou – Eles estão vivos? Eles… Eles fazem parte do laboratório? Agiam com vocês?
Ayla sentiu um bolo se formar em sua garganta ao olhar para Reginald. Nunca havia pensado nos pais biológicos de Natalie, não sabia o quão isso interessava para a garota. Por um pequeno momento sentiu medo de perder sua filha.
— Estarei disposto a falar sobre o que eu sei, se estiver disposta a falar comigo. – O doutor falou
(...)
— Vai para baixo! Rápido! – Harry exclamou em voz alta no ouvido do Henderson – Pra cima! Vai!
— Vai Dustin! – Os meninos gritavam
— Parem de gritar. – Mandou Dustin enquanto jogava na máquina de fliperama. – Cala a boca! Cala a boca! Não, não, não! Eu odeio essa merda cara! – Reclamou assim que perdeu – Para cacete, filho da mãe!
— Te falta agilidade, você chegará lá um dia. – Lucas diz animado ao perceber que seu amigo perdeu – Mas até lá, a princesa Daphne ainda é minha!
Harry riu ao ver Dustin ficar mais irritado do que estava antes.
— Nossa! – Corrigiu o Goodwin – Nós dois estamos empatados.
Lucas mostrou a língua para Harry, que riu mais alto do que antes. Mike negou a cabeça enquanto Will sorria olhando seus amigos.
— Não! Corta essa. – Dustin reclamou olhando para os dois amigos – Ainda sou o melhor em Centopeia e Dig Dug.
— Tem certeza? – Keith perguntou
Harry segurou a risada ao ver os olhos de Dustin praticamente se arregalaram ao olhar para o funcionário do lugar, após a fala dele.
— Certeza do que? – Dustin perguntou – Pera aí, calma, calma, calma!
O Henderson passou pelo funcionário que comia salgadinho, correndo o mais rápido possível até a máquina de Dig Dug. Harry o seguiu o mais rápido que conseguiu.
— Cara! – Harry exclamou surpreso
— Não! Não! Não! – Dustin reclamou
Will se colocou entre Dustin e Harry, olhando para a tela do fliperama.
— 751.300 pontos! – Will disse surpreso
— É impossível! – Mike diz em choque
— Quem é Mad Max? – Lucas perguntou para Keith
— Alguém melhor que ele. – Keith respondeu
Dustin mostrou o dedo do meio para o rapaz, a preocupação tomando conta de Harry. Se o Mad Max ultrapassou o recorde de Dustin em Dig Dug, ela poderia ultrapassar seu recorde em Bomberman.
— É você? – Perguntou Dustin
— Sabem que eu odeio esse jogo. – Respondeu Keith
— Mas então quem é? – Dustin perguntou confuso
— É, quem é? – Harry perguntou curioso
— Se querem informação, quero algo em troca. – O funcionário disse
Harry franziu o cenho, fazendo uma careta ao ver a forma nojenta como o garoto estava comendo seu salgadinho. Olhou para Mike, ele tinha a mesma expressão em seu rosto. Ambos haviam entendido o que o garoto queria.
Se esforçou para não suspirar em desdém, Nancy nunca iria querer sair em um encontro com aquele cara.
— Acho que vou vomitar… – Harry murmurou
— Não, sem chance! – Mike exclamou
— Qual é! Só arranjem um encontro. – Disse Keith esperançoso
— Não vou prostituir a minha irmã! – Mike reclamou
— Além do mais, Nancy namora. – Harry apoiou o amigo
— Mas Natalie não. Nem Amberly. – Keith disse o olho
Foi com aquela fala que Harrison se lembrou que tinha duas irmãs mais velhas. Fez uma careta no momento em que percebeu que garotos se interessavam pelas suas irmãs.
— Credo! – Harry exclama – Com certeza não, credo! Elas nunca sairiam com você! Nenhuma das duas.
— Não, não arranjem encontro nenhum. – Dustin diz – Sabem por que? Ele vai passar essa pereba nojenta para suas famílias!
— Acne não é pereba e também não é contagiosa, seu debilóide! – Keith rebateu ofendido
— Não? Então por que toda sua família tem o rosto nojento igual o seu? – Harry perguntou
— Um dia você vai ter a mesma coisa e vai pagar com a língua, nojentinho. – Keith falou entredentes
— Sabe quem não tem essas "acnes" nojentas? Steve Harrington e é por isso que ele conquistou nossas irmãs e você não. – Harry falou apontando para si mesmo e para Mike
— Como assim conquistou as "nossas" irmãs? – Mike perguntou confuso
— Aí Deus. – Lucas murmurou
— Elas não sairiam com você, você ganha quanto? 2,05 por hora? – Dustin perguntou
Harry olhou para o outro lado, percebendo que Will se afastava avoado. Franziu o cenho confuso, indo até o garoto preocupado. Ignorava a discussão que deixara para trás entre Dustin e Keith andando até o garoto.
Saiu de dentro do fliperama, vendo Will olhar para o céu. Colocou a mão no ombro do amigo.
— Will? – O garoto pareceu voltar a si – Você tá bem?
— Sim, só precisava tomar um pouco de ar. – Will respondeu tranquilo
Harry soltou o ar que segurava em seu peito aliviado, abraçou o melhor amigo de lado.
— Vamos voltar para lá, precisamos ultrapassar o tal do Mad Max. – O Goodwin diz
(...)
Após uma longa conversa com o Doutor Owens, Natalie esperava-o ansiosamente para falar sobre seus pais. Olhava o relógio rapidamente, faltava 10 minutos para seu turno começar. Ela não se importava.
O doutor suspirou ao perceber a ansiedade da garota, tomando um gole de água.
— Sua mãe era uma jovem belíssima, lembro muito bem dela. Ela não gostava de ir ao laboratório, mas continuava indo para lá a trabalho, cuidar da parte química de todas as coisas. Foi lá que ela conheceu seu pai, um dos experimentos e… – Owens parou de falar quando algumas pessoas do governo começaram a falar com ele pelo comunicador – Perdão… – Disse ele, ao se levantar e se afastar para conversar com os homens. Natalie ficou tensa ao vê-lo voltar e guardar todas as suas coisas.
O olhou desacreditada.
— Onde você pensa que vai? – Natalie perguntou
— Estão precisando de mim. – Ele respondeu andando em direção a porta
— O que? – Natalie perguntou – Eu também estou precisando, quero mais respostas sobre meus pais. Doutor Owens! – O chamou, o fazendo se virar – Eu fiz o que pediu, faz o que eu tô pedindo.
— Vá para o laboratório mais tarde, que eu lhe conto todo o resto. – O homem falou saindo da casa
Uma súbita vontade de chorar invadiu o peito de Natalie, mal conseguia acreditar que caiu na mentira daquele homem. Era óbvio que ele não ia falar nada, ela contou tudo o que sabia sobre si mesma, era aquilo que ele queria desde o começo. Como uma terapia.
Se perguntava como fora tão idiota ao ponto de achar que o homem realmente iria contar a verdade sobre seus pais.
— Filha… – Ayla falou se aproximando da garota
Natalie limpou as lágrimas que caíram em seu rosto rapidamente, olhando para o relógio em seu pulso.
— Eu preciso ir para o trabalho, estou atrasadissima. – Natalie falou puxando sua mochila do chão
— Quer carona? Posso furar os faróis. – Reggie oferece meio incerto
Natalie negou com a cabeça, pegando a chave de seu próprio carro.
— Não, obrigada. – Saiu de sua casa
Depois de trabalhar por alguns meses, Natalie juntou seus salários com suas economias e conseguiu comprar um carro simples para dirigir.
Odiava trabalhar com público com todas as suas forças, após Carol e Tommy descobrirem que estava atendendo como garçonete, e as vezes cantando no mesmo lugar, começaram a ir para lá toda semana para encherem seu saco.
No começo achava engraçado como incomodava tanto o casal a ponto de não a deixarem em paz em momento nenhum, mas com o passar do tempo, as coisas ficaram cansativas. Era sempre a mesma coisa, Carol pedia alguma coisa e em seguida reclamava que o pedido havia ido errado ou então jogava as bebidas no chão enquanto Natalie estava limpando.
O próprio dono do estabelecimento já havia reparado no que faziam, mas resolvera não se intrometer. "Família rica, só trazem dor de cabeça" era o argumento que o homem usava.
Se trocou o mais rápido possível assim que chegou na lanchonete. Indo até o balcão, lavar as mãos e começar a trabalhar. Enquanto anotava os pedidos e andava de um lado para o outro dentro do estabelecimento, suspirou ao ver um grupo de cinco garotos entrarem no lugar com sorrisos forçados no rosto.
Negou com a cabeça.
— Não vou pagar lanches para vocês de novo, tô quase ficando sem salário por causa de vocês. – Natalie falou enquanto cortava algumas laranjas para fazer um suco natural para uma das mesas
— Não é bem isso que queremos… – Harry sorriu cínico
Natalie franziu o cenho, sem tirar os olhos do saco de laranjas que cortava.
— O que querem dessa vez? – Perguntou a mais velha
— Uma pessoa ultrapassou o recorde do Dustin no Dig Dug… – Mike falou
— Sério? Quem foi? – Natalie perguntou
— Bem… Não sabemos. – Harry respondeu – Por isso estamos aqui.
— Keith falou que só nos falaria se arranjassemos um encontro para ele. – Dustin concluiu
— Achei que não iriam prostituir suas irmãs… – Will murmurou
Natalie levantou seu olhar para as crianças, um tanto em choque. Não deixou de dar uma pequena risada com a fala dos garotos.
— Não mesmo. Keith é um nojento, se ele está solteiro. Acreditem, tem motivos. – Natalie falou indignada
— Eu disse que ela não ia aceitar por causa das perebas! – Dustin exclamou para seus amigos
— Não estou falando das espinhas dele, mesmo achando que ele deveria cuidar daquilo… – Natalie murmurou – Ele tentou se juntar ao clube Hellfire uma vez e assim que me viu jogando com Eddie e os garotos, não parou de me fazer perguntas sobre o D&D, simplesmente por eu ser uma garota. O Eddie até matou ele no começo da partida, então não. Não vou sair com ele e nem adianta insistir. Descubram quem é a pessoa sozinhos.
Quando os garotos iriam debater, Natalie começou a espremer as laranjas fingindo não os ouvir. Harry tentava falar, mas se irritou com o barulho alto.
Quando a irmã terminou o suco, ele suspirou.
— Se achar algum garoto que se nomeie Mad Max, fale para a gente. – Harry pede
— Pode deixar, mas como sabem que é um garoto? – Natalie perguntou colocando o suco no copo – Pode bem ser uma garota.
— Eu duvido muito, nunca vi nenhuma garota naquele fliperama. – Harry responde
— Só você e a Amber, que estavam lá como babás para a tia Joyce. – Lucas comentou
Will abaixou o olhar, um tanto envergonhado.
— Que seja, já falaram o que queriam, certo? Vazem daqui. – Natalie mandou, colocando o copo de suco em uma bandeja e o levando para a senhora que pediu.
Sentiu o alívio tomar conta de seu peito quando viu que as crianças a obedeceram, amava eles mas quando começaram a frequentar a lanchonete para falar com a Natalie, sua gerente começou a chamar sua atenção cada vez mais.
Querendo ou não, as crianças a distraiam de seu serviço. Era o que ela costumava pensar, ao olhar para o relógio que estava na parede, Natalie percebeu que suas férias estavam quase chegando ao fim.
Em pouco tempo sua rotina ficaria mais turbulenta, com o trabalho, seus estudos, o time de torcida da escola a qual participava e os jogos do Hellfire, clube que começara a participar pouco depois do último natal.
Após algumas horas, as coisas se acalmaram no local, Natalie lavava a louça enquanto o movimento estava baixo quando viu um dos amigos de Tommy entrar com um garoto alto, de cabelos longos, enrolados e loiros. Garoto o qual nunca vira antes.
Como estava perto da janela da cozinha, aproveitou que nenhum dos dois chamara quaisquer funcionários para os analisar de longe, não só a aparência do garoto "novo" como a conversa que ambos estavam tendo.
Natalie tinha certeza que o loiro não era tão diferente das companhias que o amigo de Tommy – o qual não se lembrava do nome – costumava ter.
— Vocês realmente não tem um shopping para ir nesse fim de mundo? – O loiro perguntou ao garoto – De onde eu venho, ir para uma lanchonete é a última opção de um saída básica.
— Estão construindo o shopping, pode crer cara, ninguém gosta de ficar indo em lanchonetes, mas aqui tem as atendentes mais gostosas da cidade. – O garoto, que Natalie lembrou se chamar Barry, falou
A Goodwin revirou os olhos. Odiava a forma como os garotos falavam sobre as garotas da cidade, mesmo as que não gostava. Olhou para sua colega de trabalho, Heather, atendendo uma mesa ao longe. Provavelmente veria aquilo como elogio, mas a forma como falavam deixava claro que não viam as meninas de outra forma, a não ser sexual.
Provavelmente não era um problema para ela, nem para sua gerente – Nicole, a garota que anda com Carol – já que em pouco tempo trabalhando com ela, percebeu que ela trai sua melhor amiga, ficando com o namorado dela.
O loiro olhou de Heather para Natalie, vendo seu rosto pela pequena janela da cozinha. Abriu um sorriso de lado.
— São gatas, mas parecem ser como todas as outras vacas dessa cidade. – O loiro falou em um tom de voz mais baixo, Barry riu.
Natalie secou suas mãos em um pano de prato, se esforçando ao máximo para não demonstrar que ouvira a conversa. Como concluira assim que chegou, o garoto era um babaca.
Provavelmente apareceria no colégio e andaria com Tommy H e seus amigos, os ex amigos de Steve, Nancy e Amber. Isso se ele ainda estudasse.
Concluiu que o garoto provavelmente estuda, só não sabia se ele era ou não um repetente. Tentava identificar se o garoto havia chamado todas as meninas da cidade de vacas por ser uma cidade do interior ou se ele só queria ser ofensivo.
"Talvez ele goste de homens e por isso tratou as informações com desdém." Natalie deu de ombros ao ter esse pensamento, não tinha nada a ver com a vida daquele garoto.
A porta se abriu e Amber entrou correndo, se sentando em uma cadeira em frente a sua irmã.
— Nat! Faz um misto quente e me dá uma lata de Coca-Cola, pelo amor de Deus. – Amber levantou algumas notas em sua mão entregando para sua irmã, ela pareceria desesperada
— Tá tudo bem? – Perguntou Natalie
— Eu não sei porque eu fui inventar de trabalhar com crianças, elas são horríveis! – Amber diz – Estava pintando o rosto delas em uma festa agora há pouco e elas derrubaram todas as minhas tintas de rosto no chão! Todas! Eu juro que vou começar a passar tinta guache em todas elas.
Natalie riu.
— Talvez se voltasse a pintar telas ao invés de crianças, elas te deixem em paz. – Nat sugeriu
— E como eu vou ganhar dinheiro com isso? – Amberly perguntou
— Vendendo suas artes. – Respondeu Natalie
— Dois dólares por três horas de pintura? Tô fora! – Amber diz, ela olhou para o Aldo quando sua irmã se virou para fazer seu lanche, vendo o garoto loiro encarando sua irmã. Fez uma careta ao ver Barry a chamar. – Tô de boa cara!
Natalie olhou pelo canto do olho para sua irmã.
— Qual é, Amb. Ainda dá tempo de você voltar para o nosso grupo. – Barry diz sorrindo de lado
— Prefiro morrer. – Amber diz e aponta para o loiro – Quer um paninho? Você tá babando olhando para minha irmã.
O loiro riu, desviando o olhar. Amber voltou o olhar para sua irmã, pegando seu lanche.
— Deveria ter te avisado que seu ex tá aqui. – Brincou Natalie
— Eu fiquei com ele uma vez, maior arrependimento da minha vida. – Amber diz – Tenho vontade de vomitar só de lembrar.
Natalie riu. Por mais que o dia tenha começado cheio de preocupações para ela, referente aos homens do laboratório, sabia que tudo estava bem.
O importante era que sua família estava bem, Harry estava feliz com o amigo dele, Amber estava seguindo sua vida, seus pais estavam felizes. Ela era a única que ainda estava presa aos acontecimentos do passado.
Sabia que não estava muito bem, mas sempre fingiu bem. Talvez ouvir a voz da falecida Eleven toda vez que estava sozinha perto de um rádio desligado, tenha a deixado um pouco louca.
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