1.12- BATHTUB

Reginald e Jim dividiram o grupo de crianças para que conseguissem levá-los para a casa de Joyce. Natalie insistiu em não sair de perto de Eleven, a garotinha com poderes a qual Hopper estava procurando, o que a fez ir no carro do delegado junto de Mike e Lucas. Harry, Amberly e Dustin foram no carro de Reggie, todos em silêncio.

Mesmo com o cinto segurando Eleven, Natalie passou a mão pelo ombro da garota, a segurando firme perto de si. Não sabia bem para onde estavam indo e, após o ataque, começou a se questionar se deveria ou não ter dado ouvido a eles.

Mesmo sem estar com calor, a número Zero sentiu o suor descendo pela sua testa, sua perna não parava de se mexer no banco de trás, inconscientemente. Mike havia percebido isso, assim como Hopper. A adolescente estava com medo que acontecesse algo, não só com Eleven, mas com todas as crianças.

Não ligava se fosse acontecer algo com si mesma, mesmo com as crianças não confiando tanto nela – não agora, que descobriram a omissão sobre seu passado e poderes – daria sua vida por cada uma delas.

Os dois carros pararam em frente a casa dos Byers ao mesmo tempo, puderam ver Joyce, Nancy, Jonathan e Ayla sairem correndo de dentro do local. As crianças e os policiais saíram dos carros, fazendo a Goodwin mais velha suspirar aliviada.

— Mike! – Nancy gritou, correndo em direção ao seu irmão. Mike olhou para Natalie com uma careta confusa quando recebeu um abraço de sua irmã mais velha

— Mãe! – Harry e Amber exclamaram ao mesmo tempo, correndo para abraçar Ayla.

— Eu estou tão feliz que vocês estão bem. – Ayla disse aliviada, ela sorriu para Natalie, a chamando com a cabeça, mas a garota negou.

— Você está bem Natalie? – Joyce perguntou se aproximando da garota. Ela segurou a morena pelos ombros, analisando seu rosto. Não esperou nenhuma resposta antes de abraçar a menina.

— Eu juro que tenho tentado ajudar... – Natalie respondeu para a mais velha, possivelmente todos já sabiam sobre seus poderes. Joyce não era burra e havia presenciado o demogorgon.

— Eu sei que tem, está tudo bem. Estamos com você. – Joyce diz

Natalie se afastou um pouco com um pequeno sorriso, olhou para Jonathan e Nancy. O Byers a cumprimentou de longe e Nancy largou seu irmão em um segundo e abraçou Natalie.

— Fiquei tão preocupada! Você sumiu do nada! – Nancy diz no meio do abraço – Não soube como reagir quando descobri que você estava com meu irmão. Como chegou no ferro velho tão rápido?

— Peguei carona com uma pessoa. – Natalie respondeu – Você está bem? Sabe... Com o...

— Cinema? – Nancy perguntou, Natalie assentiu – Estou. Temos problemas maiores do que alguém me chamando de vadia.

Ayla praticamente empurrou Nancy para o lado e abraçou sua filha, os Goodwin olhavam ansiosos para Natalie e Eleven. Não com medo, mas admirados.

— Podemos entrar? É meio perigoso aqui fora. – Natalie falou ao se lembrar que o laboratório estava atrás de Eleven

— Primeira vez que concordo com alguém aqui desde que chegamos. Vamos todos entrar e conversar lá dentro. – Hopper mandou

Natalie pegou a mão de Eleven, que estava totalmente em silêncio, enquanto todos entravam no lugar. Foi uma bagunça até às crianças conseguirem se acalmar. Todos falavam um em cima do outro, enquanto a maioria dos adultos tentavam entender.

Levou algum tempo até que Harry tomasse o controle da situação e tentasse descrever o que estava acontecendo para todos.

— No exemplo que vou usar, somos o acrobata. Will, Barb e o Demogorgon são a pulga. – Ele mostrou um desenho que uma das crianças havia feito, Amber e Natalie sabiam que não tinha sido ele, ele não sabia desenhar direito. – E esse aqui é o mundo invertido. É lá onde Will está escondido. O senhor Clarke falou que a única forma de se chegar lá é com uma dobra no espaço tempo.

— O que seria um portal. – Natalie continuou – Aberto no laboratório.

— É, nós rastreamos até lá. – Lucas diz apontando para si mesmo, as crianças e Amber – Você se lembra dele lá?

— Não, mas faziam muitos experimentos lá e nem sempre as memórias eram tão árduas, sabe? Podem ter nos feito abrir em algum momento e nem ao menos sabemos... – Natalie deu de ombros, tentando se esquecer de tudo referente ao laboratório – Como rastrearam o portal?

— Com nossas bússolas! – Dustin diz, todos o olharam confusos

— Explica isso direito, ô do boné. – Reggie pediu

Dustin suspirou.

— O portal tem um campo eletromagnético muito forte e isso pode mudar a direção da agulha de uma bússola. – Explicou o Henderson como se fosse óbvio

— Eu não entendi isso até agora e olha que eu tava junto com eles. – Amber admite

— Esse portal é no subsolo? – Hopper perguntou

— É. – Eleven respondeu

Era a primeira vez que falava desde que os dois encontraram com as crianças no ferro velho.

— Perto de um tanque grande de água? – Perguntou Hopper novamente

Natalie arregalou os olhos ao perceber a pergunta específica que o delegado fazia. Era como se ele soubesse sobre o que tinha no laboratório.

— Delegado Hopper, como você sabe sobre isso? – Amber perguntou

— Ele já esteve lá. – Mike respondeu sem paciência

— E eu pensei que eu fosse lerda. – Ayla murmura

Eleven olhava para Hopper com uma careta, não imaginou que ele já tivesse chego perto do portal. Joyce se aproximou dela carinhosamente.

— Meninas... Tem alguma forma de vocês alcançarem o Will? Sabe... De falar com ele nesse... – A voz de Joyce se perdia

— Mundo invertido. – Eleven terminou a frase

— Invertido... – Joyce repetiu a palavra

Natalie assentiu.

— Eu consegui ver o Will, algumas vezes. – Admitiu Natalie chamando atenção dos demais – Mas não falar com ele. Ele estava bem, estava se escondendo, mas não parecia machucado.

— E a Barb? – Nancy perguntou rapidamente – Conseguiu ver ela?

Natalie não respondeu, evitou ao máximo olhar para Nancy. Amberly percebeu de longe o que aconteceu, Barbara estava morta.

Ela morreu na festa que deram alguns dias atrás, depois de todos a deixarem sozinha.

— Consegue encontrá-la? – Nancy perguntou para Eleven

Eleven assentiu, mas Natalie a impediu de pegar uma foto da garota. Ela segurou a mesma, olhando para Nancy.

— Ela se foi, Nancy... Barbara se foi. – Natalie falou

Nancy pareceu estar em choque, não queria acreditar naquilo. Barbara não estava morta, ela não poderia estar. Deveria ter visto errado. Ela tinha que estar bem.

Eleven pegou uma foto de Will e uma de Barbara, na tentativa de vê-los para contar a seus amigos. Fechou os olhos, as luzes começaram a piscar.

Reginald olhou em volta.

— Os poderes dela que estão fazendo isso? – Perguntou o homem

— Sim, é o que acontece quando elas usam eles. – Amber respondeu

— Isso explica muita coisa do nosso dia a dia. – Reggie murmurou

As luzes voltaram ao normal, Eleven abrindo os olhos devagar.

— Desculpa. – Pediu a mais nova

— O que? O que houve? – Joyce perguntou ao ver o pesar nos olhos da criança

— Não consegui encontrar. – Eleven diz com vontade de chorar, ela se agarrou em Natalie assim que a mais velha se aproximou – Me desculpa...

— Está tudo bem. – Natalie a acalmou, fazendo-a deitar sua cabeça em seu ombro. A número Zero pôde ver o olhar triste e um tanto decepcionado de Joyce, apontou para a foto – Posso tentar?

Segurou a foto fechando seus olhos, os abriu em alguns segundos. Tudo estava escuro, conseguia ver algumas partes do mundo invertido, conseguia ver Will ao longe, mas as coisas pareciam escurecer clarear em questão de segundos.

Soltou o papel só sentir seu estômago embrulhar, se se esforçasse um pouco mais, provavelmente iria perder todas as forças que tinha. Por mais que tivesse treinado seus poderes por anos no laboratório, não os usava daquela forma a anos e estava exagerando em tudo.

— Viu alguma coisa, filha? – Perguntou Ayla ao ver a menina abrindo os olhos

— Mais ou menos... Tava tudo muito escuro, não consegui usar meus poderes direito. – Natalie respondeu

— Talvez tenha a ver com a luta com aqueles guardas a alguns minutos. – Lucas sugeriu

— Faz sentido! – Harry apoiou – Se for exatamente como a El, é estranho ela estar acordada ainda.

— Ela não é exatamente como a El, você viu as ilusões que Natalie criou no ferro-velho? – Amber perguntou – El não consegue fazer aquilo.

— Então vocês estavam espionando? – Natalie perguntou em um falso tom de choque

— Nós não, a Amber estava. – Lucas a acusou

— Traidor! – Amber exclamou

— Então não conseguiu achar o Will, né? – Jonathan perguntou

— Não. – Natalie respondeu desapontada

— Quanto mais energia elas usam, mais cansadas ficam. – Dustin alertou o grupo de amigos – Quanto mais elas usarem os poderes, mais fracas elas ficam.

— É! – Lucas concordou e apontou para Eleven – Ela virou uma van mais cedo.

— E a Natalie criou várias ilusões dela mesma para confundir os caras do laboratório! – Amber disse animada

— Ontem ela enfrentou o demogorgon e fechou um portal na floresta. – Nancy contou

— Então, precisamos trocar as pilhas delas para que os poderes voltem a funcionar? – Reggie perguntou confuso

Natalie jogou a cabeça para o lado, concordando meio pensativa. Era um jeito estranho de descrever, mas não estava errado.

— Não é exatamente assim... – Amber diz sendo interrompida por Dustin

— Na verdade, elas são como baterias ruins. – Falou o Henderson

— Tá e como fazemos para elas melhorarem? – Perguntou Reggie

Joyce assentiu, como se quisesse saber o mesmo. Natalie sabia como estavam desesperados atrás de Will, não iria culpa-los se ficassem irritados por não conseguir se comunicar com ele.

Ao contrário do que imaginava, nenhum deles ficou bravo, mas sim preocupados, tanto com elas quanto com Will.

— Esse é o nosso maior problema, tia Joyce. – Harry fala – Não conseguimos fazer elas melhorarem, pelo menos não El.

— Precisamos esperar até que elas fiquem melhores e prontas para reutilizar os poderes. – Amber alertou

— Quanto tempo? – Nancy perguntou

— Não faço a mínima ideia. – Harry respondeu

— Nenhum de nós sabe. – Mike admitiu

— Talvez se eu comer alguma coisa já fique boa o suficiente para encontrar Will. – Natalie falou se levantando, ela andou em direção ao armário da cozinha quando parou de repente.

Todos a olharam confusos. As crianças fizeram uma pequena troca de olhares, se perguntando o que ela estava fazendo, Dustin deu de ombros.

Natalie se virou para os adultos pensativa.

— Existe um jeito... Uma forma que eu consiga usar os poderes, mesmo cansada. – Natalie diz

— Você não precisa se forçar a nada. – Ayla fala preocupada

— Não precisa mas seria ótimo, precisamos achar Will. – Hopper falou

— O tanque grande de água. Que você comentou, Hopper. É como uma grande banheira. – Natalie fala – Posso achar eles se estiver nessa banheira. Ela é um tanque de privação sensorial. Ele meios que ajuda a focar só em uma coisa e usar os poderes.

— É possível construir um desse aqui em casa? – Reggie perguntou

— Sim, talvez... Se conseguirmos alguma coisa para se encher de água, sei lá, uma piscina inflável ou uma banheira portátil. – Natalie fala – Dustin, liga para o seu professor, ele deve saber como se faz passo a passo.

Dustin concordou no mesmo segundo, todos se dividiram para acabei o número do homem e ele logo conversou com o Henderson.

Assim que Dustin desligou o telefone, Jonathan olhou para sua mãe.

— Ainda tem a piscina infantil que pescavamos maçã? – Ele perguntou

— Acho que sim. – Joyce respondeu

— Ótimo! Com certeza vai servir. – Dustin diz animaso

— Por que tem que ser portátil? – Amber perguntou

— Porque pelo que me lembro precisamos de muito, muito sal. – Natalie fala – Então, precisamos ir para outro lugar.

— É, é um montão de sal. – O Henderson disse

O delegado franziu as sobrancelhas, as juntando em seu próprio rosto como se fossem uma só.

— Quanto sal? – perguntou ele

Dustin baixou o olhar para uma prancheta em suas mãos, ele procurava pela informação.

— Cerca de 680 quilos. – Dustin diz

Todos ficaram pasmos, Joyce parecia que iria explodir a qualquer momento. Achar seu filho parecia um sonho que a cada passo ficava mais perto, mas ao mesmo tempo mais difícil.

— Onde vamos achar tanto sal? – Aula perguntou

— Mercado? – Reggie respondeu com outra pergunta

— Ou... A escola. – Amber fala – Do jeito que a comida de lá é sem tempero, com certeza vai ter um monte.

Foi como uma missão para todos, já que correram atrás de tudo o que precisavam e foram para a escola.

Aquilo iria terminar de uma vez por todas, precisavam saber onde Will estava e se estava bem e logo em seguida agiriam.

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