1.03- WILL?
Abriu seu próprio armário sem cerimônias, colocando a maioria dos livros que estavam em sua mochila no armário, deixando apenas os que teriam aula naquele dia com ela.
Teria alguns testes naquele dia, estava em semana de provas, mas só conseguia pensar no desaparecimento do Will.
O sinal estava prestes a tocar, então Natalie se apressou para entrar no banheiro antes que o primeiro horário começasse.
Porém assim que se aproximou da porta do banheiro feminino, ouviu duas vozes familiares.
— Escalo sua janela, ela nem vai saber. Eu sou discreto como um ninja. – Natalie ouviu a voz de Steve, fazendo uma careta. Ele não deveria estar dentro do banheiro feminino. Sabia que deveria sair dali e fingir que não ouviu nada, mas a curiosidade, e a vontade de fazer xixi, era maior. A garota abriu a porta do banheiro discretamente, sem fazer barulho algum.
— Bom, você é louco – Nancy falou
Natalie já imaginou o que estavam fazendo dentro daquele banheiro e sobre o que estavam conversando. Sabia as consequências que eles teriam caso ela dedurasse-os para a diretoria, mas ela não era uma X9.
Além de que, por mais que estivesse brava com Nancy, não queria sujar o histórico escolar dela.
— Espera, espera, espera. Tá bom, esquece isso, nós podemos só ficar no meu carro, encontramos um lugar quietinho para estacionar e... – Nancy interrompeu Steve
— Steve! Eu tenho que estudar, não estou brincando.
— Por que você acha que eu quero um lugar quietinho?
— Você é um idiota, Steve Harrington. Me encontra na Diers com a Mabel as oito. – Ao perceber que Nancy iria sair do banheiro, Natalie fechou a porta devagar se encostando na parede. – Para estudar.
Em questão de segundos, a porta do banheiro se abriu e Nancy saiu. A Wheeler parou por um segundo ao olhar para Natalie, a boca dela se abriu como se ela quisesse dizer alguma coisa, porém ela logo se virou e saiu andando pelo corredor, sem dizer nada.
Natalie abriu a porta do banheiro e entrou, dando de cara com Steve.
— O que você está fazendo aqui? – Steve perguntou com uma careta ao ver a garota entrando
— Eu que te pergunto – Natalie respondeu cruzando os braços – se eu não me engano, o banheiro feminino é para as garotas usarem e não para dois adolescentes no CIO transarem.
Steve olhou para a porta em em seguida para Natalie, rindo baixo.
— Você estava ouvindo atrás da porta – Steve diz com um sorriso descarado que irritava a Goodwin – você é uma tarada, Natalie.
A risada agora saiu da boca de Natalie, que ria ironicamente enquanto descruzava os braços, encarando o Harrington.
— Eu sou tarada, Harrington? – Nat perguntou – Bom, não era eu que estava aos amassos com meu namorado no banheiro feminino.
— Até porque nem namorado você tem – Steve falou
Natalie revirou os olhos, isso não era um problema para ela.
— É que eu só assumo um relacionamento se eu realmente gostar da pessoa, não para brincar com os sentimentos dela. – Natalie falou fazendo Steve levantar as sobrancelhas– Se chama empatia, Harrington. Sabe o que significa?
— Eu não sou burro, Goodwin, se é o que está querendo dizer – Steve falou
Natalie havia ido até a frente do espelho, então se virou novamente para Steve.
— Não é? Então por que você se parece com um? – Nat perguntou
Ela entrou em uma das cabines do banheiro antes que Steve respondesse, batendo a porta e a trancando.
Steve bufou, saindo do banheiro um tanto irritado com a Natalie. Ele não sabia porquê mas se importava com o que ela pensava e por isso estava tão irritado.
Assim que terminou de usar o banheiro, Natalie saiu da cabine e lavou suas mãos, indo para a sala onde teria o seu primeiro teste do dia.
Fisica.
A prova era de física, assim que entrou na sala se sentou em uma das cadeiras que estavam no meio.
Não demorou muito tempo para o professor fechar a porta e entregar as folhas do teste.
Natalie fez a prova em poucos minutos, não estava difícil, ela tinha estudado bastante, desde que entrou na escola sempre foi uma ótima aluna. Pelo menos aos olhos dos professores, já que no começo ela criava ilusões na cabeça deles para conseguir colar sem ninguém perceber, mas agora, ela era uma ótima estudante.
A garota deixou a prova em cima da mesa do professor, assim que virou para voltar ao seu ligar, ouviu a voz de Carol dizendo para outra menina:
— Você acha que essa vadia estuda alguma coisa? Ela provavelmente "dá" para os professores, para conseguir nota.
Ela riu baixo junto com uma outra amiga, Nancy estava perto da duas e revirou os olhos ao ouvir o que a garota falou. Natalie se sentou com raiva, encarando Carol ao longe. Mais especificamente sua caneta azul.
Suas sobrancelhas desceram enquanto seu olhar mudava para a caneta da garota, em questão de segundos a caneta estourou. Jogando o plástico que a cercava para os lados e sujando Carol totalmente de azul.
Natalie sorriu satisfeita, encostando-se na cadeira novamente.
(...)
Após alguns testes e o treinamento das líderes de torcida, Natalie subiu em sua bicicleta e pedalou rapidamente até o centro da cidade, correndo para dentro da livraria onde trabalhava, ao lado do cinema.
— Bom dia Senhora Miller – Natalie disse prendendo seu cabelo
— Bom dia Natalie – a mulher falou – como vai?
— Bem e você? – Natalie perguntou
— Muito bem – A mulher falou – já sabe o que fazer certo? Livros de história como "Mulherzinhas" e "Anne de Green Gables" ganha 10% de desconto caso seja levado junto com um didático e...
— Sempre feche as 17 horas – Natalie falou – Eu trabalho aqui a dois anos, sei as regras.
— Tente se divertir, querida – a mulher falou saindo do local
— Claro – Natalie falou se sentando em uma cadeira.
O lugar estava calmo como qualquer outro dia, mas sempre que alguém entrava, Nat perguntava se tinham visto o Will, até que alguns adolescentes pararam em frente lugar.
— Olha só, eu só vou comprar um livro para levar para a Nancy, nada demais – Steve falou entrando no lugar, os outros adolescentes esperaram do lado de fora. Assim que chegou até a bancada, Steve fez uma careta – Natalie?
— Não, a chapeuzinho vermelho – Natalie disse ironicamente
— Você trabalha aqui? – Steve voltou a perguntar
— Não, percebi que estava vazio e decidi assaltar a livraria, com um crachazinho para souberem meu nome caso eu seja pega – Natalie falou puxando parte do tecido da camiseta mostrando seu crachá – do que precisa, Harrington?
Steve olhou para a garota pensativo, por um segundo ele pensou em sair dali e procurar outra livraria, mas como não conhecia outra, decidiu ficar.
— Aqui tem livro? –. Steve perguntou
Natalie o encarou esperando que essa pergunta fosse apenas mais uma piada.
— Você tá de brincadeira ou o que? – Natalie perguntou
— É claro que tem livro, que pergunta idiota – Steve resmungou ora si mesmo, mas logo olhou para a garota – Eu tô falando de livros de escola, sabe, para estudar.
— Se chama livro didático – Natalie falou concordando com a cabeça – qual matéria?
— Química – Steve falou
— Certo, me segue – Natalie fala saindo andando com Steve em seu encalço, a garota deu pequenos passos até chegar a sessão – é para o teste dessa semana né?
— Sim
— É para você ou para a Nancy? – Natalie perguntou se virando para os livros
— Qual seria a diferença? – Steve respondeu com outra pergunta
— Se for para você a escrita tem que ser mais simples – Natalie respondeu soltando uma pequena risada.
Ela não perderia a chance de tirar uma com a cara de Steve Harrington. O garoto riu sem achar graça alguma.
— Você é tão engraçada – Steve fala pegando um livro qualquer – vou levar esse.
— Esse livro é de biologia, não de química – Nat fala, ela pegou outro livro e entregou na mão de Steve – Esse aqui tem a matéria certa sobre a prova. E se você levar um livro daqueles – a garota apontou para o lado interessante da loja – você ganha desconto.
Steve olhou para os livros e suspirou.
— Tem alguma sugestão de livro? – Steve perguntou
— Depende do gênero – Natalie respondeu
— Tanto faz o gênero – Steve fala com desdém
Natalie pensou por alguns segundos e logo deu de ombros.
— Carrie, a estranha. – Natalie fala
— Tipo o filme? – Steve perguntou confuso
— Tecnicamente, o filme foi inspirado no livro – Natalie respondeu
— Pode ser – Steve deu de ombros
O garoto pagou os livros que pegou e logo saiu do lugar, não demorou muito para dar o horário e Natalie fechar a livraria.
Ao chegar em casa, Natalie deixou a bicicleta em frente ao local e entrou.
— Oi filha – Reggie falou – sua mãe e eu vamos com a equipe de busca atrás do Will.
— Equipe de busca? – Natalie perguntou – posso ir junto?
— Preferimos que vocês três fiquem em casa – Reginald falou
— Isso é uma injustiça! – Harry falou – queremos ajudar a procurar por ele.
— Vocês não podem, vocês precisam ficar aqui pela segurança de vocês – Reggie fala ele olhou para Ayla que vestia sua blusa – por favor, nos obedeçam, queremos resolver o desaparecimento do Will, não criar mais um.
— Por favor crianças, não saiam daqui de jeito nenhum. – Ayla falou
Natalie viu seus pais saírem de casa em silêncio, assim que se aproximou da porta para a trancar, teve uma ideia.
Ela correu para dentro da lavanderia, pegando uma toalha, deixando seus irmãos confusos.
— Eu vou tomar banho – ela inventou – Não saiam daqui.
Ela subiu correndo as escadas, entrando no seu quarto e batendo a porta com seus poderes.
Natalie pegou o rádio, procurando por um canal que estivesse com erro e assim que o achou, colocou a toalha para tampar seus olhos.
O lugar onde estava mudou, mesmo estando tudo escuro, ainda existiam algumas plantas por ali e um garoto sentado ao fundo.
— Will? – ela perguntou correndo até ele
Assim que se jogou perto do garoto que estava sentado no chão apoiado em uma pedra, com os braços em volta de suas pernas. Ele obviamente não conseguia ouvir Natalie, mas a garota tentava descobrir onde ele estava.
— Will, onde você está? – Ela falava consigo mesma, dentro daquele lugar ela fechou os olhos – você está no meu quarto? – ela ficou confusa – não isso é impossível... Impossível... O portal... Será que tem alguma coisa a ver com isso?
Ela se lembrou do dia em que Zero e Onze lutaram contra o número um e abriram um portal aquele dia, fazendo-o sumir, mas nunca havia acontecido algo como isso antes. Já faziam anos que isso tinha acontecido.
Um barulho alto foi ouvido por Natalie, barulho que Will também escutou, já que ele levantou e saiu correndo, Natalie perdeu ele de vista dentro daquela sala escura. O medo do garoto foi explicado quando um animal grande foi visto no lugar, ele estava de pé e seu rosto estava aberto, ele parecia uma flor com vários dentes diferentes.
Ao ver aquilo, Natalie estremeceu e tirou a venda, saindo daquele lugar assustada. Ela olhou em volta, limpando seu nariz que escorria sangue.
— Ele foi levado por aquele monstro para outro universo – Natalie pensou alto – mas... Por que?
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