𝗣𝗥𝗢́𝗟𝗢𝗚𝗢
Uma voz suave saia do rádio enquanto uma silhueta feminina dançava entre os móveis. Era tão melancólico que a própria ria da própria situação. Juniper Davis não entendia a crueldade de algumas situações.
Quando foi obrigada a sair de uma casa grande e bonita para ir morar em um apartamento com apenas um quarto, ela sentiu que aquele era apenas o começo de sua desgraça. Com o pai preso, e a mãe falida ela apenas superou e continuou a viver, agora longe dos poucos amigos que tinha em Reseda.
Então, confirmando sua própria intuição, as acusações contra a sua mãe tomaram outros rumos, a levando para a cadeia. Juniper se viu na custódia de sua tia, e vizinha, que apenas se importava com bebidas e as longas noites que passava nas ruas.
Seu único ponto de felicidade era o garoto que conheceu ao se mudar. Robby Keene sempre foi agradável, e Juniper se juntou as loucuras dele e de seus dois amigos, Trey e Cruz, quando percebeu que aquela era sua vida agora.
A morena observava como os picos de felicidade vinham quando ela roubava alguma coisa apenas para agradar suas amizades, mesmo que Robby reclamasse que o trabalho sujo era dele, Juniper não se importava. Ela apenas parou quando percebeu que não queria aquilo, pois não era a vida que desejava, era apenas o que restou.
Mas nada a impediu de continuar com as amizades. Encontrava Robby todos os dias, além da outra dupla de problemas. Sempre fugia dos problemas da tia e partia em busca dos três para beber uma cerveja barata e rir das loucuras que eles faziam.
O som de um celular vibrando despertou a garota de seus próprios pensamentos. Ao olhar para a tela ela observou a foto no fundo da tela. Ela e Robby sorriam para a câmera depois de assistirem "Enrolados" e ambos chorarem com as cenas finais.
─ Oq que foi, idiota? - A garota atendeu rindo, ficando animada com a ligação inesperada.
─ Preciso da sua ajuda, Juniper. - A voz ofegante do garoto a assustou. Ela correu para desligar o rádio para prestar atenção nele.
─ Que merda vocês fizeram dessa vez? - Ela perguntou, já pegando a chave do apartamento e indo na direção do corredor.
─ Era bastante dinheiro, Junie, eu tinha que continuar. - Ele explicou rápido, e ao fundo Juniper escutou algumas vozes, que imaginou ser os outros dois babacas.
─ Onde você 'tá? - Ela xingou sua tia por ter levado o carro aquela noite.
─ Você sabe onde ir. - E ela sabia. Por isso desligou e desceu as escadas rapidamente, quase escorregando com a água que restou da chuva que caía anteriormente.
A chamada de Robby fez o corpo da garota trabalhar no automático. Os pés da garota doíam pela velocidade que ela corria até o lugar que ela sabia que eles iriam estar. A pequena curva para o desvio que Robby a ensinou estava bem na sua frente, quando ela virou tudo o que ela avistou foi um amontoado de caixas e mochilas jogadas no chão.
Ao fundo ela observou os passos apressados de três figuras. Eram eles. Ela soube no momento em que o barulho das sirenes chegou no seu ouvido. Era tão familiar que ela não esperou o carro chegar perto e começou a correr. Ela soube naquele momento que caiu em uma armadilha.
Juniper sentia seus pulmões queimarem com as respirações cortadas. A sirene não parou naquela curva, o automóvel foi na direção da garota que corria no meio da escuridão. Tudo o que ela sentia no momento era raiva, a cada passo que ela dava era mais um xingamento jogado no ar.
Ela correu até parar em uma rua sem saída. Ainda de costas ela parou, escutando o carro parar e as portas abrirem. Uma arma foi sacada, e ela sabia que a mira estava em si.
─ Filho da puta. - Foi a última coisa que ela falou ao erguer ambos os braços até a sua cabeça.
O policial chegou até ela enquanto ela se virava, a feição em seu rosto não tinha sentimentos, era como um papel em branco. Seu olhar vago se perdeu entre as luzes quando ela sentiu o objeto gelado percorrer os seus punhos.
Entre as luzes ela pôde ver uma silhueta no escuridão. Ela soube que era ele. A luz do poste denunciou que era Robby quando ele se movimentou, ali a garota conseguiu enxergar o rosto dele.
Ela não sabia se ele veio se vangloriar de que o plano deu certo, ou para ajudá-la. Mas não importava mais, pois ele não fez nada quando a viatura partiu entre a escuridão com ela.
• • •
Horas depois a loira se encontrava atrás de grades de ferro sozinha. O chão frio da cela deixava Juniper tonta, além da sensação de ainda estar com as algemas em seus pulsos, mesmo depois de terem tirado elas. Ela teve direito a uma ligação e, por sorte, ainda lembrava do número certo.
Não sabia o que estava fazendo ali ainda. Não tinham provas contra ela, ou que ao menos ligassem ela ao roubo daquela bolsa cheia de dinheiro. Juniper se perguntava qual era o plano daqueles idiotas ao colocarem ela no meio apenas para descartá-la em uma cela qualquer.
O rosto de Robby amaldiçoou a garota desde que ela chegou ali. Não tinha como culpá-lo de fato. Juniper conhecia a índole dos outros dois amigos, e sabia o quão manipulável o Keene era quando se tratava deles. Mas seu coração estava em pedaços, e a dor de vê-lo parado vendo ela ser levada piorava a cada segundo.
Juniper odiou Robby por ter aceitado a ideia dos outros. Eles eram melhores amigos, certo? Junie pensava que sim.
─ Realmente é de família acabar aqui. - Um dos policias comentou com um tom irônico ao passar pela cela da morena.
Juniper o olhou de cima a baixo, rindo ácida ao fazer contato visual com ele.
─ Digo o mesmo para você. - Respondeu, cruzando os braços e encostando na parede gelada. - Usar um distintivo não esconde o fato de que logo você irá perdê-lo por abusar daquele garoto.
─ Você não sabe o que diz. - Exclamou irritado, saindo dali rapidamente, deixando a garota sozinha novamente.
Ela suspirou alto, encostando a cabeça na parede. Sua mente ficou vazia por um segundo, logo voltando a ideia de ir para um reformatório. Não queria ter o mesmo futuro de seus pais, não era o seu destino acabar com a sua vida daquele jeito. Ela tinha certeza daquilo.
Sua vida ia mudar daqui alguns anos, com a graduação ela ia se mudar e fazer uma faculdade boa. Depois ia conseguir um emprego e arranjar um marido bom, pois ela não queria acabar igual a própria mãe. Anastasia Davis se apaixonou pelo cara errado e acabou atrás das grades igual a ele.
Ela planejou a vida entre as burradas que fazia com o "trio problema" da sua rua, sempre soube que era errado, mas aquela era a única saída que ela encontrou para fugir de si mesma. Não era amiga dos dois valentões, mas Robby Keene foi seu vizinho e companheiro desde que a família da garota foi obrigada a sair do lado rico da cidade após a prisão do patriarca da família, Brian Davis.
─ Ei, garota! - Dessa vez um policial baixinho chamou sua atenção. - Você tem visita.
Ela não respondeu, e ele não disse nada ao levá-la até uma sala cheia de mesas. Em uma delas Juniper encontrou os olhos preocupados de Anne Campbell, a ex melhor amiga de sua mãe e sua madrinha. No momento em que Anne encontrou o olhar da morena, ela percebeu a confusão que a adolescente havia se metido. Nenhuma palavra ou julgamento saiu dos lábios da mulher, ela apenas levantou do assento que estava e abraçou a garota calorosamente.
─ Me desculpa. - Juniper pediu baixinho, abraçando a mais velha de volta.
─ Oh, minha querida! - Anne exclamou preocupada ao escutar os soluços da garota. - Tá tudo bem agora. Vai ficar tudo bem. - Ela assegurou, tentando tranquilizar a mais nova. - Você vai sair daqui, e eu vou levá-la comigo, ok?!
Um longe minuto passou até Juniper se recuperar e soltar a mulher. Ambas sentaram frente a frente na mesa, sendo observadas pelas câmeras nos cantos da parede.
─ Vou ficar muito tempo aqui? - Juniper perguntou, sentindo sua garganta secar ao soltar a palavras.
─ Enquanto eu te ajudar não. - Afirmou. - Não tem provas de que foi você que levou aquelas bolsas cheias de dinheiro, a única coisa que vão usar foi você ter fugido. - Ela respirou fundo antes de continuar. - E o seu histórico de se meter em encrencas.
─ Quanto tempo? - Depois de um minuto de silêncio ela perguntou, aceitando a realidade.
─ Um mês, no máximo. - A mais velha suspirou, encarando a morena. - Mas eu te prometo que na primeira oportunidade de te tirar daqui, eu vou tirar.
A Campbell não desistiria da garota. Isso era um fato, além da promessa que fez ao assistir sua melhor amiga ser presa depois de destruir a própria vida por um homem. Juniper não teria aquele destino.
─ Obrigada, Anne. - Ela sorriu, banindo a vontade de gritar que teve ao ouvir aquelas palavras.
Elas se abraçaram antes de Juniper ser levada de volta a pequena cela que estava antes. Não teria muito tempo até ser levada ao reformatório, e aquilo a assustava. Preferia ficar sozinha em uma cela gelada cercada por grades de ferro, do que estar rodeada de mulheres ─ potencialmente ─ perigosas.
Mas ela não podia fazer nada. Aquele era o preço que ela tinha que pagar pelos erros que cometeu, e no fundo pedia para que o preço fosse baixo, pois não suportaria mais tragédias em sua vida.
E no canto daquela cela ela pensou em Robby Keene, e desejou que um dia ele pagasse por confiar fielmente em pessoas erradas. Juniper teve o que mereceu, mas o que era de Robby estava guardado.
I. Juniper só foi "presa" injustamente
por conta do histórico dela de fugas,
sei que não ia fazer sentido ser
por um crime que ela não cometeu
ent espero que entendam KAJAKK.
II. Espero que tenham
gostado! <3
III. capítulo não revisado.
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