044 ;𝘴𝘦𝘭𝘧-𝘱𝘳𝘦𝘴𝘦𝘳𝘷𝘢𝘵𝘪𝘰𝘯.

Vinte e quatro horas passaram em um piscar de olhos, fazendo Juniper se perguntar se o dia anterior realmente aconteceu ou foi uma criação da sua mente. Ainda parecia surreal fazer as pazes com Serena, mas não impossível, assim como não foi impossível ela se acertar com o próprio namorado.

No momento em que os Campbell's foram embora a Davis ligou para o garoto, contando tudo o que aconteceu. Ela esperava uma resposta calorosa ou algo como "fico feliz por você", mas a única coisa que ela não esperava saiu entre os lábios dele.

─ Eu e o Miguel estamos bem, e meu pai e a mãe dele vão ter um filho. - Robby repetiu pela milésima vez enquanto Juniper andava de um lado para o outro no quarto dele.

Eles combinaram de se encontrar na casa do Keene para conversarem sobre o que aconteceu pessoalmente, pois Juniper não acreditou quando escutou pela primeira vez que ele e Miguel também se acertaram, e também não acreditou nas outras vezes ─ que não foram poucas ─ as quais ele falou.

─ Como assim o Johnny vai ter outro filho? - Exclamou incrédula com os olhos arregalados. - Ele mal sabe cuidar dele mesmo e de você, imagina de um bebê!

─ Obrigada por me lembrar disso, amor! - Ele brincou sentando-se na beirada da cama, seguindo a loira com o seu olhar sarcástico.

─ Desculpa. - Disse com um sorrisinho inocente nos lábios quando parou de andar. - Mas você entendeu o que eu quis dizer! Então agora você e o Miguel são tipo meio irmãos...? - Perguntou incerta.

─ Não quero pensar nisso agora. Ainda é estranho pensar que conseguimos nos resolver, imagina pensar que somos da mesma família. - Fez uma careta, tirando uma risadadinha da loira que se aproximava dele. - Você acha que vai dar certo?

─ O quê? Seu pai cuidando de um bebê? Ah, definitivamente não! - Juniper disse em um tom sarcástico, apoiando as suas mãos nos ombros do namorado, ao mesmo tempo que ele colocou as deles nas coxas dela.

─ Não tô falando disso. - Ele revirou os olhos, fazendo a garota rir jogando a cabeça para trás.

─ Eu sei. - Respirou fundo parando de rir. - Você e o Miguel vão ter muito tempo juntos agora para fazer as coisas ficarem menos estranhas e funcionarem. E conhecendo vocês dois, tenho certeza de que vai dar certo. - Sorriu de canto, deixando um carinho leve na bochecha dele.

─ Você sabe que vocês vão ter que conversar em algum momento agora, não é? - Robby a lembrou com um sorriso desajeitado nos lábios, fazendo ela desviar o olhar sem vontade de entrar nesse assunto. - Como eu vou aproveitar a minha esposa se ela não vai querer participar dos jantares em família comigo? - Fez um biquinho, dando ênfase no apelido.

─ É complicado. - Suspirou, jogando a cabeça para apoiá-la no ombro dele. - Eu quero concertar as coisas, mas isso também significa pedir desculpas para algumas, e eu não sou boa pedindo desculpas. - Fez uma careta.

─ Funcionou com a gente, e agora com a Serena e aquele outro lá. Sempre podemos experimentar algo novo. - Aconselhou Robby, deixando explícito o tom enojado ao mencionar Ethan, tirando uma risadadinha baixa da loira. - O quê?

─ Você com ciúmes é como assistir o meu seriado favorito, sabia disso? - Ela brincou balançando a cabeça, assistindo ele olhá-la incrédula.

─ Eu não estou com ciúmes! - Afirmou, puxando ela para mais perto com um olhar travesso.

─ Ah, é? - Atiçou se aproximando mais, sentindo suas respirações levemente descontroladas se misturarem.

─ Não lembro do que a gente tava falando. - Ele sussurrou perdido no rosto dela, subindo as mãos para a cintura dela lentamente, soltando um suspiro quando ela subiu no colo dele com a sua ajuda, deixando uma perna de cada lado.

─ Nem eu. - Confessou encarando a boca dele enquanto descia e subia a mão direita pelo pescoço dele.

Robby não aguentou a provocação e puxou ela o mais perto possível antes de colar os seus lábios em um beijo desesperado, ambos tentando ao máximo não perderam o contato enquanto puxavam um ao outro. A loira subiu as mãos para a nuca dele, e em resposta sentiu ele apertar a sua cintura, fazendo a mesma soltar um sorriso entre o beijo antes de voltar a puxá-lo pelo pescoço.

─ Ei, Robby aconteceu uma merda com o Larusso e... - Johnny entrou no quarto de repente, fazendo a loira saltar do colo do garoto assustada enquanto ele olhava para o pai sem saber como reagir. - Juniper? - Deu um passo para trás analisando a situação, fixando o olhar na antiga aluna.

─ Oi, Johnny! - Acenou atrás do Keene, dando um sorriso envergonhado enquanto ajeitava a própria roupa.

─ Jesus, por favor, aprendam a trancar a porta! - Revirou os olhos quando entendeu o que estava acontecendo, fazendo a loira soltar uma risadadinha escondendo o rosto nas costas do moreno.

─ Você que deveria bater na porta antes de entrar! - Robby retrucou com as bochechas vermelhas.

─ Tanto faz! - Johnny desdenhou respirando fundo enquanto passava a mão no rosto.

"Problemas adolescentes" eram a última coisa a qual ele queria se preocupar no momento.

─ O que aconteceu? - O Keene perguntou curioso, tentando mudar de assunto o mais rápido possível.

─ Aconteceu alguma coisa com o idiota do Daniel. - Disse em um suspiro, chamando a atenção dos adolescentes. - A Amanda me ligou e disse umas baboseiras que eu não entendi, mas me pediu para ir na casa deles.

─ A Sam está bem? - Juniper não se conteve, levantando a cabeça para encarar o homem. - Quer dizer, os outros estão bem? - Tentou se mostrar indiferente, limpando a garganta quando os dois a olharam.

─ Acho que sim. - Deu de ombros, passando o olhar entre eles. - De qualquer maneira eu vou ir lá descobrir o que aconteceu.

─ Tudo bem. - Os dois disseram juntos, querendo fugir o mais rápido possível da situação, mas o mais velho tinha outros planos.

─ E tomem cuidado com o que vocês vão fazer sozinhos. Eu confio em você Robby, mas Juniper você nunca bateu muito bem... - Johnny disse apontando para ela e para a própria cabeça com uma careta de incerteza, fazendo a loira olhá-lo incrédula.

─ Como assim eu... - Ela estava pronta para retrucar, mas Robby foi rápido em colocar a mão na boca dela.

─ Pode deixar. Tchau, pai! - Ele disse sério, implorando pelo olhar para o pai sair do quarto, e logo Johnny levantou as mãos em rendição saindo do cômodo e fechando a porta. - Aí! - Reclamou quando a loira mordeu a sua mão.

─ Quem ele pensa que é? - Ela reclamou ainda em choque, virando a cabeça para encará-lo.

─ Johnny Lawrence. - Robby disse como se fosse óbvio, mantendo um sorrisinho brincalhão nos lábios.

─ Idiota! - Bateu no ombro dele rindo baixo, sendo puxada para um abraço quando o garoto se deitou na cama, mantendo ela deitada no seu peito quando o silêncio se instaurou. - O que você acha que aconteceu? - Sussurrou preocupada, mexendo ansiosa nos dedos do garoto.

─ Não tenho a menor ideia. - Suspirou encarando os movimentos que ela fazia.

─ Pensei que íamos ter paz agora. Fora do cobra kai, apenas nós dois passando o verão na praia e aprendendo a surfar. - Ela contou com os olhos brilhando, mas o tom de voz denunciava que aquilo se tornou um sonho distante.

─ Eu também. - Afirmou chateado, esticando a cabeça para deixar um selar na testa dela, fazendo ela fechar os olhos se acomodando nele.

O silêncio se ergueu entre eles, ambos preocupados com os seus pensamentos. Robby manteve o carinho nas costas dela, vez ou outra apertando o seu corpo contra o dela quando sua cabeça o levava para a ideia de perdê-la, enquanto Juniper continuava curiosa sobre o que aconteceu com Daniel. Claro que não se importava tanto com o homem, mas sabia da índole dele e do seu desejo de manter-se fora das brigas. Algo estava estranho e apenas uma pessoa poderia ajudá-la a desvendar isso.

─ Ei, amor... - Começou, chamando a atenção dele para ela.

─ O que aconteceu? - Perguntou preocupado com o semblante pensativo da loira.

Você ainda tem o número da Sam?

• • •

Uma semana foi o suficiente para que Juniper tomasse coragem e ligasse para Samantha. Depois de escutar repetidas Robby afirmar para ela que não era errado tentar ajudar, a loira resolveu tentar. Quando elas conversaram tudo se resumiu à um simples convite para que a Davis fosse até a casa dos Larusso's.

Antes ela pensaria que estava assinando o seu contrato com a morte, mas naquele momento a ideia soou diferente. A fachada dos Larusso's não parecia tão fora do normal como da primeira vez que a viu com o rosto machucado depois de visitar o "coyote creek". Com dois toques na porta, ela esperou alguns segundos batendo os pés no chão ansiosa, até que a porta abriu lentamente, relevando Sam do outro lado com uma feição preocupada.

─ Oi, Junie! - Disse doce, fazendo a loira acenar com um sorriso leve. - Pode entrar. - Deu um espaço, e logo a outra adentrou a residência.

─ Uau! Vocês são realmente ricos. - Exclamou impressionada deixando-se levar pela surpresa, analisando as decorações e móveis que pareciam custar uma fortuna, o que tirou uma risada fraca da morena. - Tudo aqui é...lindo.

─ Tivemos que restaurar tudo algumas vezes, então obrigada pelo elogio! - Amanda apareceu no cômodo com um sorriso gentil, parando ao não se recordar totalmente da loira. - E você é?

─ Juniper. Juniper Davis. - Deu um sorriso amarelo ao ver o semblante dela cair por segundos antes de olhar para a filha.

─ Ah, claro! Você é a outra loira daquele dojô. - Olhou para a loira tentando soar gentil.

─ Acho que sim? - Respondeu incerta.

─ A Juniper quer tentar ajudar com o que aconteceu com o pai. - Sam decidiu intervir na conversa, tendo total atenção da mulher e da garota. - Ela conhece aquele dojô melhor do que ninguém, e...eu confio nela.

As três palavras foram jogadas no ar e, mesmo com a hesitação no começo deixando a loira sem uma reação concreta de imediato, sendo o máximo que conseguiu fazer foi sorrir aliviada.

─ Primeiro eu preciso saber exatamente o que aconteceu. - Apontou olhando para as duas.

Não demorou para que Sam e Amanda contassem sobre as inúmeras tentativas que Daniel teve para descobrir algum erro de Silver que o fizesse sumir do mapa, as quais deixaram a Davis sem respirar por longos segundos para que não deixasse escapar o que ela viu aquele dia.

─ E agora Johnny e Chozen foram atrás do Silver em um dojô aleatório que o cobra kai comprou. - A Larusso mais nova finalizou, descansando os braços na mesa.

─ Espera. Quem é Chozen? - Perguntou confusa.

─ Longa história. - Amanda disse revirando os olhos ao lembrar do "convidado".

─ O problema é que não temos outra opção no momento, e ir atrás daquele maníaco não é o certo. - Sam exclamou frustrada.

─ O que é certo para uns nem sempre é para outros. - Juniper murmurou olhando os próprios dedos, chamando a atenção das duas. - O que eu quero dizer é que se o Silver está jogando sujo como ele sempre jogou, vocês deveriam revidar do mesmo jeito.

─ Em que sentido? - A morena se interessou, ajeitando a postura para escutar o que a loira tinha para falar.

─ O acordo fez com que o miyagi-do fechasse com a derrota, certo? Assim aquele babaca conseguiu surgir das cinzas e tornar o cobra kai em mais um dos negócios sujos dele. - Respirou fundo antes de continuar. - Então se o Silver não consegue seguir as regras, vocês também não deveriam. Talvez o miyagi-do seja o caminho para a queda do Silver.

Se recusou a falar mais sobre o cobra kai, engolindo a seco quando terminou a última sentença. Era mais difícil do que pensava enaltecer o que detestou por tanto tempo.

─ É uma boa ideia, mas como o meu pai aceitaria voltar para essa luta? - Samantha lembrou elas desse obstáculo. - Ele já deixou claro que não quer reabrir o dojô e colocar os nossos rostos na mira outra vez.

─ O que 'tá acontecendo? - Johnny entrou na cozinha, acompanhado de outro homem que a adolescente afirmou ser Chozen. - Davis? Você 'tá fazendo o que aqui?

A loira acenou para ele com um sorriso leve, fazendo o homem ao lado dele olhar a situação confuso, mas Johnny sussurrou que depois explicava, tranquilizando o mesmo.

─ Ela quer ajudar. - Sam explicou, trocando um olhar cúmplice com a loira.

Definitivamente aquela não era uma aliança que Johnny pensou que veria tão cedo.

─ Bom, se você tiver alguma arma secreta escondida seria de bom uso agora. - Johnny reclamou se sentando na frente dela, sendo acompanhado do outro.

─ Como foi lá? - Amanda perguntou analisando os dois.

─ Nada fácil. - Chozen exclamou mexendo a cabeça.

─ Só se for para você. - Johnny revidou tentando melhorar o próprio lado, fazendo as duas adolescentes se olharem segurando a risada.

─ É óbvio que o Silver tem um plano. - Ele resolveu ignorar o loiro, suspirando ao falar.

─ Ele trouxe lutadores internacionais. O filho da puta não luta limpo. - Seu parceiro completou.

─ Nenhuma novidade. - Juniper murmurou se ajeitando na cadeira.

─ Todos foram treinados pelo mestre do Silver, Kim Sun-yung. Eu derrote seis senseis do vale sozinho, mas precisamos de dois para enfrentar um dele. - Chozen contou com o semblante decepcionado.

─ Essa merda 'tá começando a ficar pior. Daqui a pouco vamos estar lutando com cópias baratas dos vingadores. - A loira comentou com os olhos arregalados.

─ No caso eles seriam os personagens da DC e nós os personagens da Marvel? - Samantha perguntou baixo, virando o corpo para olhar a loira em busca de aprovação, recebendo um aceno em concordância.

─ Podíamos ter acabado com ele. Me dê um nunchaku e ele já era! - O Lawrence se gabou olhando para o homem ao seu lado.

─ Tá, vamos pensar um pouco antes de considerar a ideia de usar armas mortais. - A Larusso mais velha cortou as conversas paralelas. - Meninas, não estamos em um filmes de super-heróis. Chozen, você ainda é novo aqui e, não queria ofender, Johnny, mas estratégia não é o seu forte. Seu estilo é mais bruto. - Explicou com cuidado para os quatro.

─ Valeu. - Agradeceu orgulhoso.

─ Se vamos criar uma oposição precisamos que o Daniel lidere. - Continuou a mulher.

─ É, mas ele não quer mais lutar. - Johnny retrucou em seguida.

─ Pensei que não queria também...mas estava errada - Samantha cortou o silêncio receosa, fazendo todos a olharem. - Eu pensava o mesmo que o meu pai. Achei que o caratê tinha piorado a vida de todo mundo. Tenho cicatrizes para comprovar. - Juniper piscou repetidas quando a morena mostrou as marcas no seu braço, fazendo-a instantaneamente levando os seus dedos até a sua nuca sentindo um calafrio tomar o seu corpo quando seus dedos estraram em contato com a cicatriz. - Se, daqui a alguns anos, as minhas cicatrizes sumirem, as lições que aprendi...as lições do Sr.Miyagi serão mais fortes que da primeira vez que eu vesti um quimono. - Olhou de canto para a loira, vendo ela sorrir triste com as palavras. - Meu pai tem razão. O Sr.Miyagi sempre evitava a luta, mas lutava quando precisava. Se ele estivesse aqui, diria ao meu pai que não da para fugir dessa luta.

As palavras da adolescente atingiram em cheio todos a sua volta, mais profundamente a Davis, que desviou o olhar pensativa e com um aperto estranho no peito. Ela não queria mais lutar, mas sempre tinha um "bichinho" irritando na sua orelha a lembrando de que a sua vida se tornou mais uma constante luta de caratê e que, infelizmente, ela gostava da emoção.

─ Eu não conheci o Sr.Miyagi e não sei muito sobre ele além do que eu escutei nos últimos meses, mas ele devia ser um ótimo sensei e um grande homem. - A Davis começou a falar depois de ajeitar a postura, surpreendendo os outros. - Ele não está aqui para dar um pontapé no Sr.Larusso e levá-lo até o dojô para terminar o que eles começaram, mas ele tem a vocês. - Finalizou com um tom otimista, tirando sorrisos de Samantha e Amanda.

─ A loirinha 'tá certa. - Johnny disse, olhando-a visivelmente orgulhoso. - Ele tem a gente.

Não foi preciso dizer mais nada para que os adultos levantassem e começassem a discutir sobre o plano de levar Daniel até o dojô e convencê-lo a liderar, deixando as duas adolescentes sentadas na mesa em silêncio.

─ Você 'tá de boa com isso? - A morena quebrou o gelo, olhando para a outra levemente preocupada. - Quando você fala sobre essa situação, parece que você não está se incluindo nela. - Explicou hesitante, sem saber o que esperar da loira.

─ Eu não vou lutar, Sam. - Confessou depois de soltar um longo suspiro enquanto descansava o corpo na cadeira.

─ Por quê? - Perguntou incrédula, sentando-se de pernas cruzadas para olhá-la.

─ Não consigo fazer isso outra vez, por mais que essa merda de buraco negro do caratê me puxe toda vez. - Reclamou com o tom de voz baixo, se emocionando ao admitir tais fatos. - Se eu entrar nisso outra vez os danos vão ser irreversíveis e eu não sei se vou conseguir sair outra vez. É questão de autopreservação!

─ Nós não vamos deixar nada de ruim acontecer com você, Junie. - Disse sincera, apoiando sua mão esquerda no ombro da loira, fazendo a mesma olhá-la com os olhos quase marejados. - Essa luta é sua também, e eu sei que no fundo você quer terminar o que você começou. É quem você é e sempre foi.

─ De qualquer jeito ainda é estranho pensar em entrar no miyagi-do. - Deu de ombros, soltando uma risada anasalada para afastar a emoção.

─ Eu acho que você pega o ritmo rápido. O que você anda fazendo nesses últimos dias, como fugir das brigas no parque, é um aprendizado importante para o miyagi-do, e você fez ele com perfeição. - Elogiou rindo brincalhona, deixando Juniper com os olhos levemente arregalados em choque.

A Davis não teve uma resposta concreta e imediata para dar a Larusso, mas a morena compreendeu a confusão nos olhos escuros da loira quando a mesma se despediu deles e partiu com a moto sem destino. Ela não tinha um único pensamento "certo" ou que se alinhava as diversas ideias que se formaram no caminho até a beira da praia.

Não era próxima a sua casa, e a loira havia ido ali meses atrás com os seus amigos no outro verão. E encostada na própria moto ela assistiu por minutos as ondas se mistararem com a areia. Era como repetir o sonho que teve durante o coma, o qual ela assistiu com os olhos marejados todas as memórias felizes que se misturam com as memórias dos acontecimentos seguintes que a traumatizaram pelo resto da vida. Ela ainda se recusava a usar o cabelo preso fora de casa, e quando usava deixava as pontas ressecadas esconderem a cicatriz na sua nuca. Se ela não gostava de ver, as outras pessoas também não deveriam ver.

Mas ela sabia que estava se afundando naquele poço de emoções ruins que sempre a puxava para baixo. Ela tinha medo de se deixar levar outra vez, e o caratê era ─ definitivamente ─ a porta de entrada para os problemas. Quem ela queria enganar? Sua decisão já fora tomada no momento que percebeu não simpatizar mais com o "método do punho", começando a buscar a calmaria depois da tempestade.

As mensagens e ligações perdidas de Robby no seu celular não eram assustardoras ou preocupantes quando a loira fechou os olhos e respirou fundo, prendendo o cabelo em um coque, deixando seus medos de lado e subindo na moto em direção ao dojô, onde ele provavelmente estaria. A pequena viagem passou em um piscar de olhos, deixando as mãos dela soarem e tremerem quando estacionou a moto e deixou o capacete pendurado antes de começar a andar na direção dos fundos.

Era a primeira vez que realmente entrava no dojô e prestava atenção nos detalhes. Quando disse uma vez que o lugar era "cheio de mato" ela não estava mentindo, mas definitivamente era mais bonito do que pensava. Ela pensou que paz e calmaria que o lugar transmitiu para o seu peito era incansável. A primeira coisa que os seus olhos captaram ao adentrar o local foram o grupo de pessoas que, aos poucos, foram virando os rostos na sua direção.

Daniel, Chozen e Johnny estavam na frente, como se liberassem o pequeno grupo formado pelos alunos ─ incluindo Robby ─ e Amanda. A Davis sentiu sua respiração falhar com os olhares, repensando sua atitude quando o silêncio se instaurou e ela pensou ter feito a escolha errada. Imediatamente ela procurou o olhar do Keene entre as pessoas, encontrando a imensidão esverdeada a encarando com adoração e surpresa, como se o simples ato de ter tentado algo novo fosse a coisa mais incrível do mundo.

Ela não se conteve e olhou para Miguel e Falcão quando ambos se entreolharam com o olhar de "o que está acontecendo?" que quase arrancou uma risada dela. E seguindo a fila ela encontrou Serena a encarando, mas Juniper não conseguiu decifrar o que a Campbell pensava além da feição surpresa em seu rosto, a qual Samantha não compartilhava. A Larusso possuía o sorriso mais genuíno que a Davis já recebeu, contagiando a si mesma, fazendo-a sorrir quase aliviada com as reações daqueles que mais importavam para ela.

─ Parece que já temos novos alunos! Os negócios nunca andaram melhores do que agora. - Daniel exclamou atraindo a atenção para o seu senso de humor levemente ácido. - Seja bem-vinda, Srta. Davis! - Lhe deu um sorriso gentil, assim como os outros dois ao seu lado.

─ Obrigada. - Sussurrou envergonhada antes de se infiltrar entre o pequeno grupo para chegar ao lado do Keene.

Ele a olhou quase cego pelos próprios sentimentos, agarrando a mão dela quando estavam perto o bastante, e deixando-a grudada ao seu lado enquanto deixava um selar nas costas da mão dela, fazendo a Davis soltar uma risadadinha baixa antes de devolver o ato no ombro dele coberto pela camiseta, encostando a cabeça no local.

─ Devemos dizer que você não é mais a Srta. Davis? - Robby sussurrou no ouvido dela, baixo para que ninguém escutasse os seus segredos.

─ Eu acho que eles já sabem, amor. - Ela ergueu o olhar apenas para piscar um olho segurando a risada, voltando a prestar atenção no seu novo sensei.

─ Somos tão óbvios assim? - Ele brincou mexendo nos dedos dela, e Juniper riu baixo, sem fazer som para não atrapalhar o pequeno discurso sobre as novas aulas no miyagi-do.

A Davis pensou que seria mais estranho estar rodeada por aquelas pessoas em um lugar que nunca considerou ser bom, mas no final das contas as brigas eram uma aprendizagem, e o Miyagi-do sempre foi uma escolha.

I. "a que não sei o que, não sei o que lá" ok, mas no que isso interfere na minha filha juniper davis finalmente entrando no miyagi-do?

II. Esse capítulo provavelmente vai dividir opiniões, mas confesso que eu gostei dele e de como ele se encaixou na trajetória da junie! Então espero que gostem dele também!

III. Vou planfetar aqui que agora no meu perfil temos uma fanfic do pope de obx, e eu estou MUITO ansiosa para o decorrer dela, ent se quiserem passar por lá eu vou ficar muito agradecida.

IV. Foi isso por hoje amores, até o próximo capítulo <3

não revisado.

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