009 ;𝘵𝘰𝘶𝘳𝘯𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵.
─ Ele fez o quê?! - Ethan quase gritou segurando o volante com força.
Os três adolescentes estavam indo até a arena de esportes para o tão esperado torneio. Para Juniper a sensação era parecida com a de ir para a guerra. Ela não precisava ir para saber que era horrível. Por isso ela mantinha uma garrafinha de água em mãos, a qual ela ficava bebericando a cada segundo devido a ansiedade. Já Ethan não podia estar mais feliz depois da noite anterior. Com o beijo entre eles o garoto mal se concentrava no que o falavam durante a manhã, incluindo as perguntas da irmã, que se mantinha normal naquele dia, apenas ansiosa pelos amigos.
Anne disse que chegaria atrasada, devido à algumas complicações no trabalho, mas não deixou de desejar boa sorte a loira e ao filho antes de sair de casa.
─ Ele armou para mim. Simples. - Deu de ombros enquanto tomava um gole da água.
Depois do descontrole que teve perto do Keene, ela sentiu a obrigação de explicar para eles o motivo pelo qual odiava o garoto. Desde que começou a falar, os Campbell sentiam o rancor evidente a cada frase que ela soltava, e no final eles entenderam o motivo.
─ Porra, espero poder bater nesse babaca algum dia. - O mais velho soltou irritado, os olhos focados na estrada não o impediram de juntar uma mão com a mão livre de Juniper em apoio.
─ Por quê não falou isso antes? - Serena estava confusa. Se ela não tinha participado do crime, porque ela ficou quieta?
─ Ele é um idiota. Mas eu também era. - A loira explicou, virando o rosto para olhar a amiga. - Eu precisava dar um fim naquela Juniper. Se eu tivesse falado a verdade, provavelmente estaria em algum canto fazendo alguma besteira. Não queria acabar com a minha vida.
Com um sorriso leve ela voltou o olhar para a frente, deixando a morena mais tranquila em saber a verdade. Eles não tiveram tempo para continuar o assunto, pois quando Ethan estacionou o carro, Johnny já se encontrava na frente do local com os alunos, faltando apenas o novo casal. Juniper enroscou o braço no de Serena, não a deixando fugir dela. Apenas a ideia de entrar naquela arena assustava a loira, e a deixava com medo de passar por uma crise de pânico novamente.
─ Nervosa? - Ethan perguntou ao pousar uma mão no ombro dela, fazendo-a erguer o olhar até ele.
─ Sim, mas vai dar certo. - Ela disse pouco receosa com as palavras. - Tem que dar! - Sussurou para si mesma antes de chegarem até o grupo.
─ Ótimo, vocês chegaram a tempo! Tenho uma última lição para vocês. - O Lawrence exclamou, sendo aquela a deixa para Serena partir em direção a arena, antes se despedindo do irmão e dos amigos.
Alguns minutos depois eles estavam todos juntos em um círculo, com o sensei no centro. Os adolescentes demonstravam a ansiedade nas caretas que soltavam quando gritos eram soltos na arena, incluindo Juniper. Ela estava prestes a pedir socorro, e sair correndo.
─ Vocês apredenderam a acertar primeiro, a ser agressivos, e a não ser perdedores. Ensinei-os a acertar com força, a colocarem toda seu poder em tudo o que fazem. - O Lawrence passava o olhar entre os alunos, pousando ele em Miguel, Juniper e Falcão antes de terminar de falar. - Mas não ensinei a terceira regra do Cobra kai. Sem compaixão.
O canto dos lábios da Davis curvaram em um sorrisinho com a afirmação. Pouco a pouco ela gostava mais dos ensinamentos de Johnny, e ele percebeu aquilo no olhar animado dela. Novamente ele enxergou o antigo amigo na filha dele, o que o motivou ainda mais.
─ Com o tempo, vocês vão perceber que a vida não é justa. Você acorda um dia se sentindo ótimo, e a vida te dá um chute no saco. E caga em cima de você. - Ethan riu do lado da loira. - Você tira zero em uma prova. É suspenso. Você se apaixona por uma garota, ai vem outro cara e a rouba . Seu carro é incendiado. Quando acha que está tudo bem, tudo desmorona. E é assim que a vida funciona.
Em algum momento durante o discurso do sensei, Juniper e Ethan juntaram as mãos. A cada segundo que passava sua mente se tornava um inferno pessoal para a loira. E o mais velho pareceu notar.
─ A vida não tem compaixão, então nós também não. Faremos o que for preciso para sobreviver. Faremos o que for preciso para seguir em frente. Faremos o que for preciso para ganhar! - Os alunos começavam a se animar com o discurso, sorrisos eram expostos entre o nervosismo. - Lembrem-se de quem são. Vocês são durões. Não estão nem aí. Vocês quebram tudo. Vocês são Cobra kai!
─ Cobra kai! - A classe gritou em conjunto, tirando um sorriso orgulho do sensei. Ele estava feliz que algo em sua vida deu certo.
─ Muito bem, pessoal. Vamos lá acabar com eles! - O Lawrence exclamou, sua expressão mudando ao ver a Davis e o Diaz tirarem os seus kimonos brancos da mochila. - Não. Não vão usar isso hoje.
• • •
─ De Reseda, de volta ao torneio, temos o... - O apresentador foi interrompido por gritos e os aplausos da plateia.
─ Cobra kai! - O sensei Lawrence e os seus alunos entraram da arena em uma fila enquanto falavam em sincronia o nome do dojô, todos vestindo o antigo uniforme preto e amarelo. Serena, Demetri e Moon gritavam em seus assentos animados, os três não gostavam de caratê, mas fariam o que fosse preciso para vê-los felizes.
─ Que entrada triunfal. E que nome durão para um dojô! Uma salva de palmas para Cobra kai! - A arena vibrou junto com os alunos, enquanto o Lawrence olhava desafiador para Daniel LaRusso, que permanecia na primeira fileira. - Por fim, lutando sem afiliação, de North Hills, temos o Sr. Robby Keene.
Ao final da frase a loira sentiu o mundo ficar em silêncio. Como ele pôde? Seu olhar vagou entre todos até encontrar ele entrando na arena. Assim como ela, todos os membros do dojô se entre olharam irritados, principalmente Miguel.
─ Certo, pessoal. Preparem-se. É hora do caratê.
Com o final da frase, todos os dojôs foram se arrumar
A primeira luta do dojô era de Miguel contra um outro garoto que aparentava ter a mesma idade que ele. Com algumas instruções do Lawrence, o Diaz partiu até o meio do tatame com convicção, ficando de frente para o juiz.
─ De frente para mim. Saudação. - Ambos fizeram o que o homem pediu. - De frente um ao outro. Saudação. - Novamente eles se olharam, fazendo o que foi mandado.
Com a deixa do juiz, a luta começou. Porém com menos de um minuto de luta Miguel marcou o primeiro ponto com o golpe famoso do Sr. LaRusso, o chute crane. Aquilo fez Daniel e Samantha se mexerem desconfortáveis. O Diaz não teve dificuldades em ganhar a luta, assim como a maioria dos alunos. Agora a próxima luta seria entre a Davis e um garoto desconhecido.
Quando o seu nome foi chamado ela travou. Com um empurrão do Lawrence e as vozes de seus amigos a incentivando, a jovem seguiu o seu caminho insegura. Ficando de frente para o juiz ela seguiu os comandos dados por ele, fazendo o mesmo que o garoto de kimono azul e cabelos ruivos.
─ Lutem!
Com a permissão do juiz, os dois se prepararam para lutar em suas devidas posições. O primeiro que avançou foi o ruivo, pegando a jovem de surpresa com um chute no meio de seu estômago, fazendo-a cair no tatame. Um grito revoltado de Serena foi escutado. Reclamando de dor a loira levantou com as mãos onde ele acertou, dessa vez determinada em ganhar. Suas mãos tremiam, e era possível perceber a velocidade em que o seu peito subia e descia, preocupando o sensei Lawrence e os outros colegas. Mas ela não se deixou levar por aquele simples detalhe.
─ Vamos lá, Junie! - Ethan gritou próximo ao tatame. Ele estava prestes a pular naquele lugar e lutar no lugar dela.
Quando a segunda rodada começou, o garoto tinha um sorriso convencido nos lábios, irritando a Davis. Ele avançou com uma série de socos, o que desequilibrou ela por alguns segundos devido a falta de prática em se defender, mas logo ela conseguiu contra-atacar e esquivar do golpe para desferir um soco na costela do garoto, que resmungou de dor.
O primeiro ponto foi a motivação que ela precisava. Os outros dois pontos foram fáceis comparado ao começo da luta, com um chute na testa do garoto e outro no centro do seu peito, ela ganhou. Quando o juiz declarou a vitória dela, a loira correu para abraçar o Lawrence que, mesmo surpreso, retribuiu o gesto. Depois de receber elogios, o Campbell mais velho a esperava atrás de todos com um sorriso nos lábios. Ela logo retribuiu, correndo para os braços dele. Eles se beijaram na frente dos amigos pela primeira vez, o que fez os mesmos soltarem gritinhos de felicidade.
Mesmo de longe, Moon e Demetri encaravam a cena com a boca aberta. Enquanto Serena aumentava cada vez mais as palmas, aproveitando os momentos bons que aquele torneio dava para eles.
Depois de alguns minutos seguidos de lutas, incluindo a luta que ─ infelizmente ─ fez com que Ethan não passasse para as semifinais, Juniper estava tão focada que mal percebeu o tempo passar, mas ao escutar o nome de Aisha ser chamado no tatame ela tirou o foco dos seus pensamentos e olhou para a Robinson. Com palmas e gritos da loira, a garota foi para o tatame. As mesmas instruções foram passadas para a jovem e um outro garoto que eles não conheciam, e a luta logo começou.
Aisha marcou seu segundo ponto, igual o adversário, fazendo todos do dojô gritarem e comemorarem por ela. Quando a luta começou novamente, ambos mantiveram o equilíbrio na luta, até o garoto dar uma rasteira nela e marcar um ponto com um chute.
─ Ponto, vencedor. Xander Stone, nosso penúltimo semifinalista! - A mãe do garoto comemorou nas arquibancadas, recebendo um olhar feio de Serena.
─ Foi uma boa luta. - O Lawrence disse quando Aisha saiu do tatame irritada, tendo o olhar da Davis focado nela. - Ganhará na próxima.
─ Tanto faz. - A de cabelos curtos exclamou saindo em direção a porta da arena, quando Juniper fez menção em ir atrás dela, o Lawrence a segurou.
─ Agora é sua luta com o Falcão. - Ele avisou, fazendo o de moicano chegar ao lado deles animado.
De longe a Davis observou Samantha Larruso ir de encontro com Aisha e, mesmo com o acontecimento da noite anterior, ela deixou o ódio de lado por saber que ambas eram amigas antes de tudo.
─ Você 'tá ferrada, loira. - Ele soltou convencido, fazendo ela rir.
─ Cuidado pra não desmanchar o penteado, princesa. - A Davis passou ao lado deles com um sorrisinho de canto. Lutar com o Falcão era o menor de seus problemas no momento.
Não demorou para ambos serem chamados para o tatame. Serena olhou Demetri com receio, já que nenhum deles conseguia dizer como aquela luta terminaria. A Davis se mexia desconfortável em seu novo kimono, mas mesmo assim deixou de lado para realizar o mesmo processo das outras lutas.
Quando o juiz permitiu o começo da luta, Falcão foi o primeiro a avançar com uma tentativa de chute que, por muito pouco, não acertou o rosto da loira. Ela desviou, se arrastando no chão para passar uma rasteira no de moicano. Ele caiu, mas quando ela foi chutar seu abdômen ele rolou, pegando ela de surpresa com um chute ─ ainda no chão ─ em sua costela. Os alunos do dojô comemoraram, pois para eles não importava quem ganhasse.
─ Ponto, Falcão. - O garoto comemorou, tirando uma risada da loira.
Novamente eles foram para as posições iniciais, logo começando a luta de novo. Juniper avançou para a surpresa do Moskowitz, ambos travaram uma série de chutes e socos que eram bloqueados com precisão. Em um momento de desequilíbrio do garoto, Juniper acertou um chute circular na bochecha dele, derrubando o mesmo. Na arquibancada os aplausos de Serena, Moon e Demetri eram os mais fortes.
─ Ponto, Davis. - O Moskowitz bateu as duas mãos no tatame irritado.
Com a ajuda da loira ele levantou, a dupla trocando um soquinho para mostrar que estavam bem um com o outro. Outra rodada começou, Juniper não deu tempo para brechas quando bloqueou um soco do Moskowitz com os pés, jogando o braço dele para trás, deixando espaço o suficiente para ela acertar um soco em seu abdômen.
─ Ponto, Davis.
─ Porra, loira! Você é forte. - O de moicano reclamou de dor enquanto fazia massagem onde ela acertou o golpe.
─ Já me falaram isso antes. - Ela olhou para Miguel, vendo o latino bater palmas e sorrir para ela.
Depois de se prepararem novamente, eles começaram, dessa vez mais focados nos passos um do outro. Falcão avançou com um chute direcionado no rosto da loira, ela bloqueou com o antebraço rapidamente e então avançou para tentar acertar o garoto. Ele tentou dar uma rasteira nela no momento em que ela partiu para acertá-lo, mas falhou quando a loira pulou e acertou outro chute, mas dessa vez no peito do Moskowitz.
─ Ponto, Davis. A última semifinalista!
O dojô comemorou perto do tatame, vendo a dupla se abraçar rapidamente, mesmo que Falcão demonstrasse estar irritado com a facilidade em que ela teve para o derrotar, eles ainda eram amigos. De surpresa, Anne apareceu na arena, gritando em comemoração junto a Serena. Mesmo de longe Juniper acenou animada enquanto sentia sua respiração voltar a normalizar.
Com dois alunos nas semifinais, Lawrence não parava de sorrir orgulhoso dos mesmos. Com um aceno para os amigos, Miguel e Juniper foram para o lado do sensei no meio do tatame. Ambos com posturas impecáveis e olhares afiados para os adversários, incluindo o Keene. Quando a Davis percebeu era tarde demais, ela teria que lutar contra ele.
─ Só pode haver um vencedor, e ele, ou ela, está neste palco agora. - O apresentador começou. - Será Miguel Diaz, do caratê Cobra kai? Ou pela primeira vez teremos uma campeã? Juniper Davis, do Cobra kai? - A plateia gritou, assobios de seus amigos ecoaram pela arena. - Será Robby Keene, não afiliado? Por fim, mas não menos importante, o campeão do ano passado. Lutando pelo caratê Topanga, Xander Stone!
Depois de uma seção de tortura feita pelas falas do antigo campeão ─ os quais faziam Juniper querer vomitar ─ e os gritos da mãe do garoto na arquibancada, as semifinais finalmente começaram. E, para aumentar o nervosismo da loira, o Diaz e o Stone seriam os primeiros a lutar.
A luta ficou empatada, ambos eram ótimos e todos os golpes eram bloqueados perfeitamente. O que deixava o dojô de Miguel desesperado.
─ Concentre-se, Diaz! - O Lawrence gritou.
─ Sem compaixão! - Juniper seguiu o sensei, aumentando a confiança do amigo.
Com uma série de chutes, Miguel conseguiu encurralar o adversário, por fim conseguindo acertar um chute no rosto do Stone, marcando o seu segundo ponto. Falcão gritou ao lado de Juniper, que batia palmas incansavelmente.
─ Está dois a um para o Diaz. - O garoto gritou feroz ao lado do juiz ao se preparar para a luta. - Posição de combate. Prontos? Lutem!
Miguel começou a avançar, dando chutes e socos direcionados ao Stone, que desviava com precisão. Miguel quase acertou o garoto, mas ele desviou caindo no chão e levantando em um pulo. Agora o Stone começou a atacar, deixando todos vidrados na luta implacável que eles começaram. Quando o de kimono azul tentou dar um chute circular no Diaz, o mesmo usou a brecha para acertar um chute no meio do abdômen dele, marcando o seu último ponto para a final.
─ Ponto. O vencedor! - O juiz exclamou com a voz da mãe de Xander indignada de fundo. Os oponentes se cumprimentaram ao final da luta, e aquele foi o momento em que Juniper pensou que iria desmaiar.
Lutar com os seus amigos e desconhecidos era fácil, soava menos assustador na mente da garota. Agora, lutar contra Robby Keene, o mesmo que a enganou meses atrás, era como estar em briga contra seu pior inimigo.
Ethan, ao seu lado, abraçou o ombro da menor como apoio, observando a velocidade em que ela bebia água para tentar se acalmar. Diaz e o Falcão chegaram ao lado dela e, mesmo sem saber a história completa, perceberam o quão afetada ela estava.
─ Você consegue, loira. - Falcão afirmou, fazendo ela erguer os olhos para olhar ele.
─ Exato! Você conseguiria acabar com qualquer um aqui, e eu ia ficar feliz em ter um candidato a altura na final. - A fala do Diaz tirou um pequeno sorriso dos lábios da loira.
─ A seguir, Davis contra Keene. - Com a fala do apresentador, todos olharam para a loira. Ela sentiu seu coração acelerar, e quase deixou a água em sua boca sair.
─ Vamos lá, esquentadinha! Acaba com ele. - Ethan sussurrou para ela as últimas palavras, o que serviu para o seu olhar mudar completamente. Aquela era a vingança que precisava.
Com a deixa, ela largou a garrafinha e foi em direção ao tatame, pulando para subir no mesmo. Os olhos afiados como uma faca, prontos para acabar com quem entrasse em sua frente. Robby, que observou de longe o pequeno desequilíbrio dela antes de subir, fez o mesmo que a loira. Agora ambos estavam frente a frente. Olho no olho. Alguns podiam jurar que em algum momento uma faísca de ódio surgiria e começasse um incêndio. Mas isso não aconteceu.
─ De frente para mim. Saudação. - Eles desviaram o olhar, fazendo o que o homem pediu.
─ Ele 'tá morto. - Serena deixou escapar ao lado da mãe, que franziu as sobrancelhas com a afirmação.
─ Um de frente ao outro. Saudação. - Dessa vez a loira tinha um sorrisinho feroz no canto dos lábios, e Robby permanecia com o olhar sério destinado a ela. - Posição de combate. - Ela cerrou os punhos, igual o moreno. - Lutem!
Logo quando o juiz terminou de falar, Juniper foi a primeira a avançar com uma série de golpes que o Keene defendia com precisão. Igual a noite anterior, o garoto segurou um dos punhos, mas dessa vez a rasteira veio por parte dele, derrubando a loira no chão em um baque, deixando ela revoltada com a audácia dele de usar o golpe dela. Antes que ele pudesse marcar o primeiro ponto e acertá-la, a garota rolou no chão, dando um salto de costas para ficar em pé, surpreendendo o moreno com um chute no abdômen dele.
─ Ponto, Davis. - Declarou o juiz, fazendo a arquibancada e o dojô dela gritarem com o marco, tirando um sorriso cansado dela. Daniel observava a semelhança da loira com o pai dela, não esquecendo do final que teve.
Robby se recompôs quando o juiz permitiu continuação da luta. Novamente a loira partiu para o ataque, mas antes que a mão dela encontrasse o corpo dele, o garoto desviou se abaixando e erguendo a perna direita na direção da costela da garota, acertando em cheio e marcando um ponto.
─ Ponto, Keene.
Johnny pediu tempo ao ver a aluna respirar fundo com o nervosismo. Perder não era uma opção no momento. Sua mente parecia uma névoa branca naquele momento, e lutar contra Robby Keene a deixava tonta e com náuseas pelo ódio. A contragosto a mais nova foi até o sensei, sendo recebida pelas duas mãos do homem em seus ombros enquanto ela fixava o olhar no dele.
─ Se você quiser parar, você pode. - A loira inclinou a cabeça indigna. Miguel contou para ele. Ou tinha algo a mais na história, pois ela percebeu os olhares preocupados que Johnny direcionava ao Keene.
─ Eu não vou embora sem acabar com aquele idiota. - Ela proferiu com raiva, dando uma espiada no moreno que continuava no tatame. - Sem compaixão.
Com o olhar preocupado de Johnny ela partiu em direção ao centro, mantendo o olhar preso em Robby a cada passo. O juiz olhou para ambos antes de recomeçar a luta. Com os nervos inquietos, a garota teve que se conter antes de atacar primeiro com um chute rápido que Robby bloqueou com o antebraço, mas teve dificuldade em voltar para a posição de luta devido a força que ela usou, dando tempo o suficiente para Juniper dar um chute giratório e acertar o rosto do jovem em cheio.
─ Ponto, Davis.
─ Pensei que fosse melhor, Keene. - Sussurou para ele antes de voltar para a sua posição inicial.
Irritado o Keene se levantou com a mão na bochecha vermelha, não deixando de olhar para o pai ─ que mantinha as sobrancelhas franzidas em preocupação ─ antes de voltar na posição de luta. Juniper pulava ansiosa, tentando esquecer o fato de suas mãos estarem geladas e seu coração estar batendo tão rápido quanto estava antes. Ela iria acabar com ele se qualquer jeito.
Anne se preocupou na arquibancada. Aquele olhar que a loira mantinha não era saudável, e ela temeu que a garota fosse igual ao pai.
─ Continuem.
Com a fala do homem a plateia ficou ansiosa. Diferente das outras vezes, Juniper permaneceu observando o Keene com o olhar afiado enquanto se mexia ansiosa no lugar. Sem ter a deixa da loira, o garoto começou a desferir socos na direção dela, os quais ela defendeu com o pouco que sabia enquanto recuava. No momento em que ela percebeu que iria sair da marca do tatame, a garota partiu para o contra-ataque, bloqueando um dos socos com o braço direito antes de agachar e passar para ficar ao lado do garoto, mas o que ela não esperava era que o moreno acompanhou o movimento com atenção. Sem delongas ela partiu para o ataque, direcionando outro chute na direção da costela do mais alto,mas o que surpreendeu a garota foi a rapidez que Robby teve ao segurar a perna dela, fazendo-a cair no tatame, dando a oportunidade dele de marcar um ponto ao deixar um soco no abdômen dela. Um grito animado saiu entre os lábios do Larruso com a inteligência do aluno.
─ Ponto, Keene.
─ Pensei que fosse melhor, Davis. - Devolveu o insulto. Aquilo irritou ela. Juniper levantou rapidamente, ficando próxima de Robby antes do juiz separar eles.
─ Deve aprender a calar a boca as vezes, idiota. - Disse apontando o dedo na direção dele, a respiração acelerada denunciou o quão nervosa estava. Por um segundo ele se preocupou. Juniper virou, tendo a visão dos seus amigos ansiosos pelo final da luta. - Talvez assim as pessoas começassem a não ir embora. - Não tinha mais volta. Ela sabia dos problemas que ele tinha com o pai ausente.
─ O quê foi? vai chorar igual aquele dia? - Robby exclamou irritado e cansado das provocações, mas ele logo se arrependeu quando ela virou na direção dele, os olhos frios como gelo. A menção do problema dela fez o mundo ficar silencioso para a mesma. Igualmente para Robby. Ambos estavam quebrados, mas mesmo assim eles conheciam os pedaços um do outro como ninguém.
Quando ele percebeu que ela não ia responder, ele virou para se preparar. O que ele não esperava era os próximos passos que a loira deu, se aproximando rápida o bastante para ninguém impedi-la. Com agilidade ela conseguiu erguer a perna na altura do ombro do garoto, chutando com toda a raiva que sentia em seu peito, podendo escutar o barulho que o contato entre o seu pé e o corpo do Keene fez. Ela tentou se aproximar e descontar mais no rosto do rapaz, mas o juiz a puxou para longe dele.
─ Contato ilegal! Desclassificada! - O homem gritou, fazendo várias pessoas falarem ao mesmo tempo na arquibancada. Daniel e Johnny tiveram deja vu com a cena.
O garoto rodou no chão enquanto segurava o ombro ─ agora machucado ─ reclamando da dor que emergiu no local. O Lawrence apareceu ao lado do jovem, fazendo os seus alunos, incluindo a Davis, ficarem confusos com o motivo de tal ato, mas ele logo foi obrigado a sair do tatame pelo juiz. Ela assistiu ele ser levado para fora da arena, indo em direção aos vestiários e apenas quando ele entrou em uma das portas que ela conseguiu virar para o próprio dojô, encontrando o rosto decepcionado de Lawrence próximo a ela.
─ Que merda foi essa, Davis? - O homem perguntou irritado quando a loira saltou do tatame ao lado dele.
─ Ele mereceu.
Ninguém ousou responder ela. Todos estavam chocados com o que ela fez, e a própria parecia estar quase chorando de raiva quando pegou sua bolsa e saiu na direção oposta de Robby.
─ Junie, espera! - O Campbell tentou ir atrás dela, mas quando ela virou ele percebeu as lágrimas nos cantos dos olhos dela. Não tinha arrependimento no seu olhar, era apenas raiva e dor.
─ Não quero conversar agora, Ethan. - Exclamou antes de voltar a andar, dessa vez sem o garoto atrás de si.
Quando ela passou pela porta do banheiro, ela quase soltou um grito por se sentir estúpida naquele momento. Robby teve o que mereceu, mas porquê doía tanto? Talvez fossem as palavras dele, ou os olhares que eles trocavam. As memórias não iam embora, e ela o amaldiçoou por isso.
Ela ficou de frente para o espelho enquanto agarrava as bordas da pia até seus dedos ficarem brancos. Com toda a força que restava em seus pulmões ela se forçou a controlar a própria respiração, e logo ela conseguiu se sentir mais estável, sem aquelas pessoas a observando a cada segundo.
─ Ei. - A voz suave de Serena encontros os ouvidos da loira. - Quis ter certeza que você estava bem.
─ Eu tô. - Mentiu. - Só preciso de alguns minutos em silêncio. - Pediu enquanto sentava no chão, próximo a pia que estava.
─ Tudo bem. - A Campbell disse, logo sentando ao lado da loira, tendo o olhar da mesma voltado a ela. - Eu te faço companhia durante esse tempo.
E ela fez. Mesmo com os barulhos da arena, naquele canto elas se permitiram apenas existir. Ninguém apareceu, e nenhuma das duas tentou falar algo. Os gritos da arena se tornaram mais altos, e elas souberam naquele momento que Miguel conseguiu. Cobra kai ganhou.
─ Melhor? - Serena sussurou, com medo de assustar a amiga.
─ Sim. - Encostou a cabeça no ombro dela. - Você acha que eu fiz merda?
─ Talvez. - Respondeu sincera, fazendo a Davis suspirar. - Mas ele mereceu.
Juniper levantou o olhar, encontrando a morena com um sorrisinho nos lábios tentando não rir, mas ela falhou, pois logo ambas começaram a rir descontroladamente. Elas apenas pararam quando um mulher entrou no banheiro, ignorando as duas e entrando em uma das cabines. Elas trocaram um olhar cúmplice, ficando de mãos dadas antes de saírem pela porta.
─ Juniper! - A voz de Anne soou no corredor.
─ Oh, merda. - A loira sussurrou com medo, mas foi surpreendida com um abraço da mais velha. - Você não 'tá brava? - ela perguntou franzindo as sobrancelhas quando elas se separaram.
─ Um pouco. Mas eu não posso dizer que fiquei surpresa, já que o seu pai fez a mesma coisa nos anos de ouro dele. - Disse nostálgica, o que fez as duas adolescentes se olharem confusas. - Eu fiquei preocupada quando você saiu. Não queria que acontecesse o que aconteceu com o seu pai.
─ O quê aconteceu?
─ O sensei dele, aquele babaca, bateu nele por ser desclassificado e não ter feito o trabalho direito. - A mulher explicou por cima, não querendo entrar em detalhes sobre o passado.
De fato, o último torneio em que o Davis participou foi um desastre. Mesmo tendo feito o que Kreese e Silver falaram, ele levou uma surra por não ter tirado Daniel Larruso do torneio de uma vez, colocando a culpa da derrota do Lawrence nas costas do jovem.
─ O mesmo que bateu no Johnny por ele perder? - Juniper pareceu entender a situação. Parte dela odiava a ideia de ser parecida com o pai, mas a outra ficava feliz pela pequena vingança.
─ Isso. - A Campbell suspirou, vagando o olhar entre as duas. - Agora vão, seus amigos querem comemorar com vocês.
Com a permissão da mais velha, as duas foram para a arena, não esquecendo de se despedirem da mulher. Quando passaram pela porta elas viram a animação dos seus amigos enquanto seguravam o troféu. Aquilo fez todo o corpo de Juniper relaxar. No final das contas deu tudo certo.
─ Junie! - Miguel exclamou quando viu a loira se aproximar, fazendo todo o grupo olhar na direção dela. O Diaz não deu tempo para perguntas quando a abraçou, com cuidado para não estragar o troféu.
─ Parabéns, idiota. - Ela disse retribuindo o abraço, logo subindo o olhar para Ethan ─ que permaneceu no lugar dele ─ e soltou um sorriso, mostrando que estava tudo bem.
─ Eu preciso falar com você depois. - O moreno sussurrou para ela antes de se separarem. Robby e o sensei. Ela entendeu o que ele queria, por isso assentiu fraco, continuando apoiada nos ombros dele para olhar os amigos com um sorriso animado, deixando de lado as preocupações por uma noite.
─ Tudo bem, vadias! Agora onde vamos comemorar?
I. E aqui encerramos a primeira
temporada de cobra kak!!!!
II. Tiveram algumas partes que eu ainda estou insegura sobre esse capítulo, então espero que entendam que a nossa gatinha tem problemas em estar sendo observada, o que deixa ela mais nervosa durante as lutas, e ela apenas se sente confortável quando está com os amigos. Espero ter deixado isso claro na leitura KAKAK
III. Os Davis e seu histórico de desclassificação nos torneios KAKKAKAK Sim, o pai da Junie era um dos inimigos do Daniel, mas por enquanto vamos deixar essa história no off.
IV. É isso amorecos, espero que tenham gostado da nossa primeira temporada!
V. Não esqueçam de votar e comentar!
VI. Até o próximo ato de THE LONELIEST.
não revisado.
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