capítulo treze
Mudança de ares

Um dia depois. Peter acordou sentindo calor, impressionado com a diferença de clima ele se levantou e colocou seu traje como fazia todos os dias, a diferença agora era que ele tinha acordado mais disposto do que os dias anteriores e mais animado, queria ver como estava o dia lá fora. Ao sair encontrou o raio de sol clareando a ilha. Estava calor e o dia está estava agradável. Como uma luz se clareando na vasta escuridão e frio que causava todos os dias na ilha Ahch-To.
Peter sorriu bobo vendo que até mesmo as criaturas da ilha pareciam mais agitadas, os porgs voavam mais e as outras criaturas faziam da suas próprias rotinas com gratidão.

Era o equilíbrio. Era a força. Olhar para toda a natureza e se perguntar, de onde veio tudo isso? É sentir que tudo está em harmonia, caos e paz juntando-se lado a lado. A força era quem guiava Peter todos os dias, mesmo que ele soubesse que usava a força para o mal, ele sentia que estava seguro somente porque a força o guiou até aqui.

Peter Delarian decidiu naquele dia tornar mais divertido. Sua semana havia sido complicada, ele nem mesmo sabia que dia do mês era, ou quando era o aniversário dele, ou as horas daquele dia. Pensando nisso, de um dia melhor, ele foi até a "Casa" de Luke que obviamente não era longe, por ser tudo tão perto e curto na ilha e bateu na porta.

Ele escuta Luke resmungando como um velho rabugento que acaba de acordar. Peter bufou e bateu continuamente na porta do Skywalker. Bateu várias vezes e finalmente o mais velho abriu a porta deixando Delarian com a mão parada ali antes de tentar bater novamente.
Peter segurou a risada vendo o rosto do Luke em uma expressão de desaprovação com uma sombrancelha erguida.

— Eu não vou pedir desculpas por te acordar Mestre. Está fazendo o melhor dia que já vi durante esses dias na ilha. –Peter disse aliviado.

Antes que Luke pudesse criar alguma frase sarcástica ou irônica, ele parou para reparar no dia quente que fazia naquela tarde. Era raro de se ver até mesmo para Luke. O Mestre Jedi sorriu pensativo se orgulhamos da força.

— Acho que vou na cachoeira. Estou cansado de banhos naquela caverna gelada da costa da montanha. – Peter disse decidido sem buscar a aprovação de seu Mestre. — Aquela cachoeira é segura, não é, Mestre? – A expressão de Peter se tornou meia nervosa.

— Não é com a cachoeira que você deveria se preocupar em ser seguro. Mas sim na parte do lago da onde a cachoeira cai. – Sua face fechou-se dura, Luke sabia coisas sobre aquela outra parte da ilha com a palma da mão. — Peter, se você for, já lhe aviso que a parte do lago não é para ser... explorada. Entendeu?

— Sim senhor. – Peter fez uma careta acabando com a frase séria de Luke. Ao ver Luke revirar os olhos, Peter riu.

[ . . . ]

— Ren!

Kylo Ren se virou ao escutar um grito chamando por ele. Ele viu Hux apressado vindo até ele, com uma cara de orgulho e exibição. Kylo sabia que Hux tinha descoberto alguma coisa, ou que ganhou algum mérito do Líder Supremo Snoke, era previsível.

— Já se esqueceu do que eu lhe pedi, ou quer mais uma surra Hux? – Kylo perguntou com uma expressão de preocupação. Hux percebe a ironia.

— Nós localizamos uma parte essencial do mapa para encontrar Luke Skywalker. O fragmento está localizado com um velho, Lorde San Tekka. Ele foi um explorador Humano membro da Igreja da Força que viveu durante as Guerras Clônicas e a Guerra Civil Galática. Acreditamos que esse velho possa ter... algum tipo de contato no passado, com Luke Skywalker.

Kylo Ren sentiu paralisar por um momento. O impossível aconteceu e ele não fez nada para que isso voltasse à tona. A felicidade sucumbiu o ser dele por inteiro e a sede de vingança, para matar seu tio Luke Skywalker. Kylo permanecia inexpressivo controlando suas emoções, porém por dentro ele queria beber e beber até cair somente para comemorar a pré-vitória. Ele escutou Hux voltar a falar e não conseguiu prestar atenção.

— ...por isso ele continua naquele local, o planeta chamado Jakku, alguns jedi-

— Espera, o San Tekka está em Jakku?

Hux assentiu com a testa franzida vendo que Kylo não estava tão concentrado quanto Hux imaginava. Kylo desviou o olhar pensando em formar de matar aquele velho e capturar Luke Skywalker. Cortaria a cabeça fora de Luke e colocaria na cômoda do seu quarto. E como recompensa ele iria pegar o sabre-de-luz verde de Luke, e usaria para matar todos que ousassem desafiar Kylo.

— Está ouvindo? – Gritou Hux furioso tentando chamar a atenção de Kylo.

— Sua presença já não é mais útil. Prepare a minha nave, vamos para Jakku, General.

[ . . . ]

Peter tirou sua camisa, seu olhar que antes permanecia fixo no lago, agora estava pousado em sua cicatriz no abdômen. Ele curioso tocou a cicatriz e seu corpo arrepiou, sua barriga indo involuntariamente para trás. Um suspiro tinha escapado dos lábios do garoto, a sensação do corte em sua pele ainda o deixava nervoso, como se aquela cicatriz fosse o seu ferimento ainda não curado.

Ele tirou a calça e estava apenas com a box preta por baixo. Meio relutante, Peter entrou na água do lago cristalino, o mesmo lago que Luke havia dito que não era tão seguro. Peter não tinha mais nada a perder, então não se importava com sua morte, ele gostava de estar em uma posição assim, dava gatilhos para que ele ficasse firme sendo corajoso como seu Mestre Kylo ordenava. Ser sempre corajoso. Encarar os problemas. Não ter medo. Eram afirmações que ele precisava ter, não porque queria, mas porque o sentimento de se sentir inútil o controlava e toda vez que pensava nisso ele tinha medo do que seu Mestre Kylo faria, se ele fosse inútil.

Peter sentiu a água gelada e saiu de sua boca um assobio pela água congelando seus pulmões. Ele soltou uma risada. Era tão bom aquela sensação, a água congelando ele ao mesmo instante em que ele se refresca do calor.

Agora o corpo de Peter estava boiando naquele lago. Ele olhava para o céu azul, a grama verde com alguns musgos visíveis na montanha alta na frente dele. Seus ouvidos estavam tampados pela pressão da água e ele nem escutava os barulhos que os Porgs emitiam ao voarem. Ele fechou os olhos se deixando levar. Aquela paz era o que ele nunca teve durante anos, ele percebeu isso no momento em que chegou no lago. Sua missão era matar Luke Skywalker e ele estava boiando no lago da ilha em que seu inimigo estava. O destino tornou Peter mente aberta. E a calma dele foi o bastante para que ele não perdesse a sanidade mental em Ahch-To.

— Que merda  você tá fazendo aí?

Peter abriu os olhos e ele tinha escutado uma voz grossa. Ele afundou na água ao parar de boiar, voltou para cima respirando o ar que antes faltou. Ele olhou para os lados achando ter escutado a voz de seu Mestre Kylo. Ele jurou ter escutado a voz dele.

— Mestre? – Peter perguntou quase em um sussurro para si mesmo, com a testa franzida olhando para os lados.

Peter olhou para trás e agora sim ele tinha certeza. Era Kylo ren.

Kylo estava com o uniforme de luta, e a máscara sombria no rosto. O sabre-de-luz vermelho de Kylo estava na mão do mesmo, Peter observava Kylo vindo até ele. Era como se o aprendiz conseguisse ver a expressão de confusão no rosto de Kylo. A força estava ligando eles novamente. Peter não fazia ideia do que estava acontecendo com Kylo no outro lado da galáxia e Kylo não sabia o que Peter fazia na ilha com o Mestre Jedi.

— Peter me diga. Onde você está imediatamente. Eu preciso te tirar daí. Não me importo se você terminou sua missão ou não. – kylo foi até seu aprendiz que estava agora fora da água do lago, molhado e perdido por dentro.
— Encontramos um mapa para encontrar Luke Skywalker. Lembra que eu te falei que quero me vingar dele? Matar ele com minhas próprias mãos, Peter.

Não. Não e mais negações possíveis. Eram formulações de frases negativas se formando na cabeça de Peter. Coisas como "Agora sua vida está sendo uma mentira" ou "O feitiço se voltou pro feiticeiro". Mas o mais importante da seu medo naquele momento, foi o olhar de Kylo quando o mesmo tirou a máscara e olhou para Peter com os olhos suplicantes, tinham significado ao olhar para eles. Peter se perdeu por inteiro neles. A vida de Kylo não faria significado se ele não matasse Luke Skywalker, ele só se tornou o que ele é hoje, o líder dos cavaleiros Ren, o aprendiz mais habilidoso de Snoke, porque ele teve sede de vingança e isso o levou a matar pessoas inocentes e as piores pessoas na galáxia.
E tudo isso, só por querer matar o tio dele, Luke Skywalker. O Mestre Jedi que Peter foi enviado para matar. O Jedi que Peter está perdidamente apaixonado.

Quando Peter sentiu seus olhos lacrimejarem e uma lágrima escapar, ele não foi capaz de olhar para os olhos de seu Mestre Kylo. Ele sentiu os braços de Kylo Ren envolvendo seu corpo para um abraço inesperado. Peter precisava tanto daquilo. Ele sentiu o calor da roupa de Kylo e o corpo dele transmitindo carinho.
Foi uma cena que Peter sentiu que guardaria em sua memória.

Mas não foi o abraço que o deixou mais aliviado. Nem nada tinha deixado ele aliviado. Peter estava com medo. Muito medo, medo que por ele poderia fazer coisas que não queria, coisas que são feitas sem pensar antes. Ele com medo era alguém perigoso, que as pessoas teriam que permanecer longe. Escutar a revelação de Kylo fez com que Peter enxergasse que estava perdido. Não sabia o que fazer, ele tinha duas escolhas entre matar Luke ou ir embora sem dar nenhuma explicação para o amor da sua vida. Ou a escolha entre falar com Kylo Ren agora é dizer tudo o que aconteceu, correndo o risco de ser morto por um sabre-de-luz vermelho entrando e saindo do corpo.

— Ele é o último Jedi, Peter. – Kylo se separou aos poucos do abraço. — E eu vou matar ele. – Disse com convicção olhando para Peter. — E quem estiver no meu caminho vai junto.

— Vocês já tem o mapa para encontrar... o Jedi? – Peter perguntou com uma expressão neutra, apesar do medo dele.

— Não, ainda não. Mas sabemos que está em Jakku com o Lorde San Tekka. – Kylo se sentou em uma rocha que estava perto do lago. Ele olhou ao redor e depois olhou para o corpo de Peter. — Você está aí para matar alguém ou para nadar no lago? – Disse seco, olhando para Peter com reprovação.

— A pessoa que eu tenho que matar esta tornando as coisas mais difíceis para mim. – Peter disse com seu tom manipulado — Além disso, eu precisava tomar um banho. Eu estava cheio de sangue ontem. – Disse revirando os olhos.

— Presta atenção. Ninguém é mais forte do que meu aprendiz. Nem mesmo essa pessoa cujo nome você irá revelar agora.

— Eu não posso te dizer quem é, Mestre. O Líder Supremo Snoke ordenou que eu deixasse confidencial.

Espera...

Confidencial.

Snoke tinha mandado Peter não contar para ninguém quando eles conversaram um pouco depois da última vez que se viram na base starkiller. Snoke ordenou que Peter matasse um Mestre Jedi e não disse que seria Luke Skywalker, o mesmo homem que Kylo Ren deseja mais do que tudo matar. Snoke que comandou Peter a seguir com essa missão mentindo para o Mestre Jedi e somente conseguir informações com ele. Snoke também disse que a hora em que Peter deveria matar o Jedi ele saberia exatamente qual momento é.

Tudo o que aconteceu. Fez parte do plano de Snoke?