Se mudar do Canadá para vir morar com sua irmã em seul não estava nos planos de Yeseo para aquele ano, ela era apenas uma adolescente qualquer que só queria poder terminar seu colegial com os amigos enquanto se divertia e andava por aí com eles pelas ruas calmas da cidade. Mas tudo mudou drásticamente de uma hora para a outra quando a avó de Yeseo que morava em seul chegou a falecer; Yeseo se sentiu mal por não ter aproveitado mais tempo o suficiente com a mulher que sorria pra si já sem dentes e o dizia o quanto ela a orgulhava. E por conta de sua avó, a garota sentiu que precisava passar mais tempo com sua família que morava na Coreia.

Kang Jieun, sua irmã, concordou de prontidão ao ouvir a garota dizer que queria ver como era viver e respirar em um país diferente do seu habitual.

Quando contou para sua mãe seu desejo de ir morar com sua irmã em seul se assustou quando os olhos da mulher se encherem de lágrimas e ela abraçou com força a filha - seus filhos estavam crescendo, isso a deixava com mistos de sentimentos -, chorou e desejou a Kang que este aproveitasse sua nova morada e vida, assim como pediu a garota para lhe contar todas as novidades que tiverá naquela grande cidade. Yeseo tinha sorte de ter a família que tinha.

Senhora Kang sempre foi uma boa mãe, desejava sempre, acima de tudo o bem da filha; queria que este aproveitasse a vida o máximo. Kang Chaerin sempre foi a mamãe coruja de Yeseo já que seu marido era o papai coruja de Jieun, este que não deixou a garota se mudar de cidade até ter certeza de que ela não havia arrumado um namoradinho escondido por lá. O homem sabia dos riscos que estava correndo quando se tinha uma filha talentosa e bonita a solta por aí. A família inteira tinha completa certeza que este caíria morto quando a garota aparecesse namorando.

As primeiras semanas de Yeseo foram as melhores, porém, se habituar estava sendo complicado. Sua irmã não tinha moleza alguma consigo, perguntava e disparava frases em coreano para a garota que tentava acompanha-la. Ajudava a mesma nas tarefas de casa enquanto esta estava trabalhando. Intercalava os dias entre quem iria fazer o café da manhã e se divertiam durante o final de semana juntos, indo ao shopping, jogando video-game ou até mesmo apenas sentadas na varanda do quarto de Yeseo observando layla brincar com a gatinha de Jieun - e também não deixa-la em paz.

A vida de Yeseo lá era boa, acordava de manhã com o sol tentando entrar por alguma fresta de sua janela e banha-lo com seus raios de calor. Ouvia diariamente - por ser inverno - os galhos da árvore se movendo enquanto o vento frio soprava entre suas janelas e porta, o fazendo dormir encolhido e talvez, abraçado com layla. tinha um quarto enorme com varanda, podia fazer barulho durante o dia até sua irmã chegar sem se importar com sua mãe lhe mandando abaixar o volume por conta dos vizinhos, se tivesse amigos por ali poderia chama-los para dar uma volta ou até mesmo nadar na piscina de sua casa, afinal, era uma rua movimentada, quase no centro da cidade, e também tinha muitos adolescentes por ali. Mas as chances de Yeseo simplesmente sair de casa e dizer: "ei, preciso de amigos" era de pelo menos 50% se as garotas não aparentassem ser tão más.

Cansada de ficar mofando em cada, resolveu passear uma tarde em um dia qualquer com sua cadela, resolvendo por apenas dar uma volta ou duas de quarterão - se ela soubesse que ali começaria seus pensamentos constantes sobre um certo alguém ela nunca tinha saído de casa, tinha certeza -. layla geralmente ficava animada quando ouvia a dona a chamar para passear, nunca havia precisado de uma coleira já que sua cachorra era obediente, mas não sabia o que havia dado da garota aquele dia. Ela simplesmente se descontrolou a uma esquina de distância de um pequeno cachorro branco, o que foi o suficiente para o garota não conseguir para-la.

E foi ali. Foi lá.

Foi naquela mesma calçada, naquele mesmo horário; quando seus olhos se encontraram com o de uma garota de pele tão branca quanto a neve, pintinhas espalhadas pelo rosto - que ao ver de Yeseo era perfeito -, ela passou a pensar na garota a cada segundo do dia. Ela tinha olhinhos castanhos que lhe encaravam com profundidade, além do brilho que seus olhos tinham enquanto este o encarava.

Era impossível esquecer a maneira como ela estremeceu e se aqueceu na medida que ela sentiu seu corpo vibrar com o olhar da garota sob o seu; Yeseo sentia que podia perder os sentidos e o movimentos de sua perna. Droga, porque estava tão absorto e nervosa assim? Nem mesmo o calor do Canadá o deixava suanda tanto como estava agora. Queria se mover, dizer, chegar mais perto, encara-la e contar quantas gálaxias existiam entre o amendoado dos olhos alheios; aqueles olhos que o tiravam de orbita. Parecia que seus olhos guardavam milhões de galáxias dentro de si, o infinito parecia pouco comparado ao o da garota. Yeseo sentia uma vontade imensa de poder tocar em seu rostinho e admira-la de pertinho enquanto listava em sua mente cada mínimo detalhe que a garota continha. Sua beleza era única.

Então era essa a sensação de conexão que todos dizem sentir com alguém em especifico? Era assim que os astronautas se sentiam no espaço? Era essa a sensação de sentir fora de orbita?

― é... hm... m-me desculpe pela layla. ― desviou o olhar sentindo seu rosto pegar fogo. Estava nervoso. Não podia negar, nem mesmo com sua irmã pegando pesado consigo para que falasse coreano um pouco melhor não adiantou, ela travou e enrolou tudo. Arrancando um sorriso da outra garota, Yeseo reparou em como ela tinha dentinhos pontudos e passou a achar isso realmente fofo, e atraente. ― ela te machucou?

― n-não... eu estou bem. ― então era essa a voz de deusas? Essa era a voz que todos nós ouvimos quando chegamos no portão do céu?

Porque? Porque Yeseo se sentia tão leve mas tão hipnotizado pela garota a sua frente? Poxa, ela era Kang Yeseo, a garota de cabelos claros que nunca teve uma paquera ou um imprinting com alguém - ah, qual é? Yeseo também gostava de filmes românticos -, porque justo agora ela teria que se sentir tão profundamente atraido por alguém!?

Piscou rapidamente enquanto voltava aos sentidos e observava a garota fazer carinho nos pelos de layla e dizer a ela deixar seu pequeno cachorro respirar por um segundo, a cadela se esfregava entre as mãos brancas da garota e abanava seu rabinho indicando o quão gostoso o carinho dela deveria ser - Yeseo quase pediu a garota para que lhe fizesse carinho também.

― é... eu preciso ir... ― disse baixinho atraindo o olhar da coreana pra si novamente, nesse momento ela pouco se importava em perguntar seu nome; estava boba demais pra fazer alguma coisa que não fosse admira-la. A garota recebeu um aceno positivo da outra acompanhada de um sorriso. Se despediu das três garotas ali e deu meia volta indo diretamente de volta a sua casa, estava envergonhada demais para sair passeando com layla como se nada tivesse acontecido. ― aigoo layla, você nunca fez isso antes, porque bem agora?

Seria irônico dizer que depois disso Yeseo nunca mais foi a mesma? Naquela mesma noite sonhou com aqueles belos par de olhos e seu rostinho angelical; imaginou uma vida em seu sonho com a outra, mesmo sem saber seu nome; ah, Yeseo dormiu se sentindo um idiota por estar pensando em alguém cujo nome nem sabia, ela se sentia aflito, ou talvez, apaixonada, não sabia dizer qual era certa a definição de amor. Quando se ama você se sente assustada? estranha? aflita? Não não não, Yeseo estava pensando demais, não se podia amar alguém que nem sequer conhece.

Suas aulas começariam na semana seguinte, teria mais uma semana pra vegetar em casa enquanto estudava mais seu coreano e repetia palavras pelos cômodos da casa com seu celular em mãos - Yesei sabia coreano, cresceu com os avós na coreia em todas as suas férias de verão no Canadá, mas por ter ficado o resto de sua adolescência por lá ela ainda enroscava em algumas palavras -, mas ela nem sequer conseguia pensar ou dizer alguma coisa quando se lembrava da garota. Tinha que esquece-lo, precisava disso. Ele sabia.

Metade da sua mente era apenas: a garota das pintinhas - era como tinha apelidado a garota -, se perguntava se a veria de novo qualquer dia, se algum dia poderia saber seu nome e talvez pedir a ela seu kakao; mas ela sabia que se a visse de novo ela travaria igual da última vez, se perderia no olhar da garota e daria um jeito de sumir rapidamente dali.

A modelo chamou pela atenção de Yeseo o chamando para fazer cookies assim que esta chegou do mercado com as mãos cheias de sacolas as pondo rapidamente encima do balcão da cozinha. Aua irmã era forte, era surreal pra alguém tão angelical. Ajudou a irmã a guardar as coisas em seus devidos lugares e deixar apenas o que precisavam para fazer o doce que a garota queria.

― Yeseo-ah? ― Jieun chamou pela irmã assim que viu ela encarar a pequena bolinha de massa com gotas de chocolates postas na forma de maneira avoada, fazia um tempo que havia percebido o distanciamento de Yeseo, ela parecia em outro mundo. ― o que está acontecendo com você ultimamente? sente vontade de voltar pro Canadá?

― não!! ― negou rapidamente elevando um pouco sua voz, ato que assustou a mulher e logo em seguida a fez dar um sorrisinho enquanto ainda esperava a irmã se explicar. ― me desculpe Jieun unnie eu me sinto estranha, penso todos os momentos em uma garota que não faço ideia do nome.

― você está apaixonada, Kang Yeseo? ― a mulher disse com um sorriso divertido nos lábios e logo começou a fazer cosquinhas na irmã fazendo a garota rir e se debater contra as unhas grandes da modelo. Esta que só parou para levar a forma de cookies até o forno. ― nunca pensei que você desencalharia primeiro que eu.

Ignorou a irmã revirando os olhos e foi até a sala começando a assistir enquanto a mulher conversava sozinha enquanto via suas fotos e de outras modelos no instagram. Não demorou muito para que sentisse cheiro bom de massa e sua irmã lhe chamasse para comer. Mas tinha um em especifico que tinha a mostra apenas três gotas de chocolates, e aquilo foi o suficiente pra Yeseo se lembrar dos três sinaizinhos no rosto da garota das pintinhas.

Parece que Youngeun continuava sendo saturno e Yeseo os benditos anéis em volta de si.