❁ೋㅤ, 𝟏𝟏. ━━ primeiro adeus.
𖡋 ̽ ᮫ ꪶ capítulo onze. ܓ ❃ ᜴
𓂃 tem tanto espaço entre nós,
talvez já tenhamos sido derrotados,
sim tudo mudou. 𓂅
A dor terrível no peito de Regulus combinava totalmente com a forma doentia como seu cérebro queimava. Tudo à sua volta parecia se mexer duas vezes mais rápido do que aconteceria normalmente, enquanto ele parecia estar congelado vendo todos planejando o resto de sua vida. A falta de ar era algo constante, ele não sentia suas pernas mas conseguia sentir muito bem todas as batidas três vezes mais aceleradas de seu coração. Era normal sentir-se desconfortável naquela casa, mas normalmente quando ele fazia caminho para o jardim ficar sozinho acabava sentindo-se melhor.
Mas nada poderia ajudar a melhorar, nada poderia tirar a dor que Regulus sentia cada vez que imaginava o rosto delicado de Faith coberto pelas lágrimas frias. Imaginava que ela teria chorado, ou talvez estivesse até agora reprimindo tudo enquanto fingia tentar ver o lado positivo de todas as coisas. O que poderia ter de positivo em ver sua melhor amiga com o seu, bom, eles nem sabiam o que realmente eram.
Talvez ela estivesse odiando ele agora, talvez estivesse amaldiçoando seu nome ou talvez estivesse apenas magoada. Talvez estivesse sentindo todos os sentimentos ruins de uma só vez, ele nunca saberia. Não tinha notícias dela há mais de um mês.
Trocou correspondências com Nate mas tudo que o garoto disse foi que teria contado a ela assim que descobriu, ela o fez prometer que nunca falaria dela e como um amigo fiel que descobriu ser, Nathaniel estava cumprindo sua promessa para a Ebony.
Para Wendy as coisas não eram diferentes, todas as cartas enviadas para a lufana voltavam sem resposta, mas Lucky não resistiu e acabou respondendo uma das cartas, graças a isso Regulus e Wendy sabem que Faith estava com problemas em casa enquanto e nenhum deles pode fazer nada para ajudá-la.
Não havia uma noite sequer em que Regulus não sonhasse com a doce Daisy, todos os sonhos eram bons e faziam ele aguentar. O garoto levantava todos os dias amaldiçoando o sol e implorando para que a noite voltasse, apenas para poder vê-la sorrindo novamente. O Black sentia que estava sucumbindo, quando deixou seu amor para trás, pareceu ter deixado para trás todas as cores também. Tudo que ele via agora era o cinza escuro, não havia luz ou sol algum em sua vida, não sem Daisy.
━ Você me assusta quando fica tão quieto. ━ A voz de Narcisa o assustou mas ele não se moveu. Regulus não sentia vontade de nada, nem mesmo de se mover. ━ Regulus, você precisa entrar e conversar com os pais dela.
━ Por que? Eu vou ser obrigado a casar com ela de qualquer jeito. ━ Ele finalmente se virou olhando com raiva para a prima que esperava em pé abraçada ao próprio corpo por conta do frio. ━ Eu não preciso da benção deles.
━ Regulus, não desconte em mim. ━ Narcisa pediu com calma, o que quase fez Regulus sentir-se culpado por estar tratando todos eles tão mal, mas a frase seguinte de sua prima o fez mudar de ideia. ━ Deveria culpar somente a si mesmo, você sabia que não poderia em hipótese alguma se relacionar com outra pessoa, muito menos uma sang-…
━ CALA BOCA! ━ A voz saiu alta o suficiente para fazer Narcisa se encolher e dar um passo para trás chamando atenção do noivo que se aproximou rapidamente se colocando ao lado dela como se fosse proteger a noiva a qualquer custo. ━Olhe para ele, Lucius Malfoy, um homem de coragem!
Regulus passou por eles com raiva e abriu bruscamente a porta, ao entrar na casa tudo que o garoto quis fazer foi correr para longe. Mas ao ver sua mãe os seus pensamentos de liberdade voaram pelas grandes janelas que sempre estavam fechadas, mas naquele dia havia uma exceção. Ainda que a pouca luz estivesse iluminando a casa, tudo que o garoto via era a escuridão.
A voz doce e calma de repente surgiu em sua mente, como uma música que você sempre terá decorada, ele a ouviu, alto e claro enquanto visualizava seu sorriso gentil e delicado. "Tudo bem se só houver escuridão ao seu redor, sempre que quiser, eu posso dividir minha luz com você."
Deus, ele precisava daquela luz agora, mas ela estava fora de alcance, seu sol, sua estrela mais brilhante e mais distante ao toque.
Regulus lembrava extremamente do dia em que a garota disse aquela frase. Ele tinha fugido de um jogo de quadribol só para ficar com ela, eles foram até a parte mais escondida do jardim vazio e passaram a tarde lá, apenas conversando sobre tudo. Faith nunca falava quando ele contava todas as coisas que sua família fazia, ela apenas segurava sua mão com um pouco mais de força e deixava um beijo em seu rosto.
Desejou um dos preciosos beijos de Faith para o encorajar naquele momento em que entrou na sala de estar e encontrou a família Galloway. Vestiu seu maior e mais falso sorriso e então os cumprimentou educadamente antes de sentar ao lado de Wendy e conversar com a mãe dela sobre coisas que ele não tinha interesse algum.
Passaram a tarde toda ali, escolhendo local, escolhendo convidados, vestido, terno, padrinhos, cor dos convites, mesa de convidados, tipo de comida e então quando Regulus estava pensando se seria muito teatral se suicidar enquanto planejava seu casamento, uma fala vinda da mulher alta e loira, ━ mãe da noiva, chamou a atenção do garoto.
━ Agendarei tudo para o próximo final de semana! ━ Ela informou animada e sorridente enquanto via Walburga bater pequenas palmilhas enquanto imaginava como tudo seria. Wendy também sorria fingindo estar tão animada quanto sua mãe, mas Regulus viu quando ela olhou para o vestido de noiva, o brilho não era pela felicidade, era uma tristeza trágica e constante na vida dos dois.
━ Não acha que está muito perto? ━ Regulus perguntou em um tom calmo, mesmo que estivesse ardendo de ódio por dentro. Ele não podia demonstrar seu desgosto com aquele casamento, os Galloway eram pessoas importantes e o casamento traria muitos benefícios para a família Black. ━ Digo, não tivemos muito tempo para…bom, nada.
━ Bobagem. Vão ter muito tempo quando se casarem, querido. ━ Walburga respondeu sem hesitar e todos, com exceção Wendy, riram da, aparentemente, melhor piada que já ouviram.
Realmente, grande piada.
Regulus teria que aguentar uma semana inteira e depois uma longa vida, uma longa vida sem ela. Desde que a conheceu, mesmo quando a evitava, nunca imaginou que teria que viver uma vida sem sua doce e adorável Daisy.
𓂃 ❀ 𓂃
Regulus estava pronto, não tinha mais o que fazer com seu cabelo mas ainda assim, havia sempre alguém apontando algo que poderia melhorar no garoto. Seu grande dia tinha chegado e ele tinha que estar perfeitamente perfeito. Ele amaldiçoou cada bruxo que passou por aquela porta, cada homem, mulher ou criança faziam a vida do Black mais novo parecer um cemitério. ━ Era um casamento, não um velório. ━ Ele repetia para si mesmo as palavras de seu pai imprestável.
━ Mestre, o senhor deseja mais bebida? ━ Monstro segurava calmamente a bandeja que continha uma garrafa de whisky que nunca parecia ter fim. Regulus negou com a cabeça, assumindo que se embebedar poderia piorar mais a situação. ━ Meu senhor tem que comer alguma coisa, o senhor está mais pálido do que o comum.
━ Estou bem, monstro. ━ Regulus deu um sorriso fraco vendo o elfo murmurar alguma coisa parecendo não acreditar nas palavras do mestre. ━ Tudo bem, me traga um pedaço de torta e depois deixe-me sozinho.
━ Como o senhor desejar. ━ Ele fez uma pequena reverência antes de desaparecer em um estalar de dedos. Não importava quanto tempo tivesse se passado, Regulus ainda estranhava a aparatação. ━ Aqui, mestre.
O elfo voltou rapidamente com um pedaço de torta e então, obedecendo seu mestre, ele deixou o garoto sozinho perdido em sua névoa rasa de pensamentos profundos. Regulus evitava pensar nela, mas era muito difícil, uma vez que tudo lembrava ela, até mesmo o sol que teria magicamente surgido naquele dia.
━ Esse é o funeral mais chique que eu já fui. ━ A voz calma e irônica de Nate fez o garoto se virar esperançoso ao ver o amigo entrar no quarto como fazia em Hogwarts. Para Regulus, pareciam ter se passado anos desde que tinha estado com seus amigos. ━ Talvez se permitissem um pouco mais de bebida antes da cerimônia.
Regulus não prestou atenção nas palavras do melhor amigo, em vez disso, o surpreendeu passando seus braços em volta do garoto enquanto tentava sentir-se em casa. Sentiu quando ele demorou para corresponder e ficou evidentemente mais calmo e confortável ao sentir que ainda poderia ser aquele Regulus, o Regulus mau humorado da Sonserina. O Regulus dela.
Não queria ser Regulus, o marido de Wendy, e muito menos Regulus, o comensal da morte. Naquele momento ele só queria ser alguém para livre, desejou em silêncio, queria ser ninguém. Queria sentar em uma praça e observar o movimento sentindo-se entediado, queria se rebelar aos quatorze e fazer uma tatuagem, queria uma vida normal.
Queria uma vida normal, com seus amigos. Com Nate, com Wendy e até mesmo com Lucky. Mas acima de tudo, queria de volta aqueles que amou e acabou perdendo. Queria de volta o seu irmão que um dia jurou estar sempre com ele, e queria desesperadamente sua Daisy de volta. Afastou-se do amigo ao lembrar da Ebony.
━ Como você está? ━ A voz de Nate era baixa e calma, o garoto tinha os olhos arregalados e Regulus pensou que talvez ele ainda estivesse perplexo pela demonstração de afeto que Regulus sempre teria evitado. ━ Você parece horrível.
━ Obrigada, me ajudou muito. ━ Regulus deu um pequeno sorriso, o primeiro verdadeiro depois de muitas semanas. Sentou-se no sofá escuro e viu Nate imitar o movimento enquanto tomava mais do conteúdo que teria trazido consigo em uma taça transparente. ━ Não achei que viria.
━ O que? Eu não podia perder, ainda mais quando eu sou seu padrinho. ━ Nate lembrou passando as mãos pelo cabelo dourado brilhante, lembravam os de Faith e por isso, Regulus desviou o olhar rapidamente como se Nate estivesse nu.
O silêncio pairou sobre o lugar e então Regulus percebeu a forma como o corpo rígido de Nate parecia tremer algumas vezes. Tinha algo acontecendo e o garoto estava escondendo dele.
━ O que está acontecendo? ━ Regulus virou para o garoto e viu ele começar a abrir a boca e fechar novamente diversas vezes. Nate tinha as palmas das mãos extremamente suadas assim como sua testa. O garoto engoliu um seco antes de se remexer no sofá, parecia que ele nunca iria falar. ━ Fala logo!
━ Faith! ━ Ele falou alto e Regulus congelou no lugar, não tinha ouvido o nome dela a um tempo, nem mesmo Wendy o dizia em voz alta. As únicas vezes que ouviu o nome dela foi dentro de sua mente perturbada, ouvir o nome fez ele sentir um chute no estômago, não, ouvir o nome dela fez o vazio em seu peito aumentar. ━ Ela está vindo pra cá!
Regulus levantou os olhos procurando desesperadamente por qualquer sinal de que aquilo era uma brincadeira de mal gosto, mas tudo que encontrou foi a preocupação visível no rosto do Kearney. O Black se levantou rapidamente e começou a andar de um lado para o outro enquanto passava a mão pelos cabelos castanhos.
━ O que ela está fazendo?! ━ Regulus empurrou alguns objetos que estavam na mesa fazendo com que um estilhaço de vidros fosse espalhado pelo quarto, o garoto foi até Nate que olhava assustado para os cacos de vidro e o forçou a se levantar. ━ O que ela está fazendo?!
━ Foi a Wendy! ━ Nate se defendeu rapidamente e assistiu Regulus se afastar olhando surpreso para o garoto que rapidamente tratou de explicar o que sabia. ━ Wendy tem mandado cartas pra ela todos os dias desde que vocês foram embora.
Regulus ouvia tudo com muita atenção, se perguntava por que a noiva teria mentido sobre a comunicação com ela. Começou a se perguntar quantas vezes mais Wendy teria mentido para ele. ━ Ela respondeu alguma carta?
━ Não, Wendy não dava muitas informações nas cartas. ━ Nate coçou a nuca enquanto falava e Regulus suspirou pesado enquanto andava até a janela e via o portão acabado do jardim dos fundos que ninguém da casa usava, era naquele jardim que Regulus se escondia em seus dias escuros. ━ Mas Wendy prometeu explicações se ela viesse hoje, ela deu instruções de como entrar sem ser vista.
━ É claro que deu. ━ Regulus bufou antes de socar o vidro da janela com força o suficiente para fazer o vidro escuro trincar. A dor em sua mão era suportável comparado a dor em seus ossos pelo estresse. ━ Como ela conseguiu ser tão egoísta? Está se sentindo sozinha e então precisava dela? Será que ela sabe que o perigo que estão correndo, o perigo que a Faith está correndo?
Nate demorava para processar a informação por conta da velocidade em que Regulus falava, o garoto costumava ser calmo e não deixar transparecer seu incômodo. Mas agora, o botão de disfarce de Regulus parecia ter falhado, não aguentando a pressão daquele casamento inoportuno.
━ Eu acho que a Faith realmente precisa de explicações. ━ Nate tentou dar sua opinião mas ao receber um olhar mortal do garoto a sua frente decidiu que era melhor mudar o assunto antes de ser amaldiçoado. ━ Então, decidiu casar aqui mesmo?
━ Eu não decidi nada sobre isso. ━ Regulus suspirou novamente, mesmo quando sua respiração era pesada o corpo ainda permanecia congelado, ele segurava um relógio na mão com tanta força que as pontas dos dedos estavam brancas sem o sangue.
━ Regulus… ━ A voz de Nate saiu trêmula e o garoto percebeu que ele olhava para um ponto específico através da janela. Virando-se novamente, Regulus congelou no lugar ao ver a garota de capuz passar pelo portão velho sendo seguida pela noiva que cuidava para que nada sujo tocasse seu cabelo já perfeitamente arrumado.
O garoto sentiu seu coração acelerar ao ver Faith levantar a cabeça e olhar exatamente para a janela em que ele estava. Mesmo de longe, Regulus conseguia ver a forma como os olhos magoados se inundaram antes dela desviar o olhar e voltar a seguir Wendy. O garoto olhou para Nate que já estava perto da porta o chamando para que fossem ver o que diabos estava acontecendo.
Eles desceram tantas escadas e subiram novamente quando perceberam que não havia sinal algum das garotas. Em um ato desesperado, Regulus correu para as escadas do porão, ele não suspeitava que elas estivessem ali. Parecia um daqueles lugares onde Wendy nunca iria pisar, estava novamente enganado sobre sua melhor amiga.
━ Nós não temos muito tempo. ━ Regulus ouviu os sussurros de Wendy e então puxou Nate para se esconderem atrás de uma única parede que separava o porão das escadas. ━ Eu preciso falar com você.
━ Então fale. ━ A voz saiu baixa e fria, se Regulus não soubesse que era mesmo Faith ali, ele teria apostado que Wendy estava conversando sozinha.
━ Você não pode me culpar, eu não tive escolha! ━ Wendy se defendia desesperadamente e Regulus conseguia imaginar exatamente como Faith estaria olhando para ex-melhor amiga agora. ━ E ele também não…
━ Poderiam ter me contado, nós teríamos dado um jeito. ━ A voz dela fazia o peito de Regulus doer tanto que o garoto sentia como se alguém o estivesse esfaqueando repetidamente a dias. A forma como ela falava parecia tão… diferente.
━ Regulus não quis machucar você, ele ia contar mas Walburga acabou estragando tudo.
━ Vocês tiveram dias, semanas, meses para me contar mas tudo que fizeram foi mentir. ━ Faith estava magoada, a voz trêmula e rouca deixavam claro que ela estava chorando naquele momento. ━ Eu nunca teria feito isso com você, Wendy.
━ Eu sinto muito. ━ Wendy tinha a voz baixa e abafada. As duas estavam chorando agora e Regulus queria consertar a situação de algum jeito mas tudo que pode fazer foi ficar em silêncio enquanto sentia-se despedaçar. ━ Eu juro que eu não queria que nada disso estivesse acontecendo.
━ Eu não acredito em você. ━ A voz rude e fria não parecia a da garota que ele amava, era diferente e Regulus sentiu que novamente estavam faltando peças no seu quebra cabeça, e todos ao seu redor tinham essas peças escondidas. ━ Você mentiu pra mim muito antes de tudo isso.
━ Do que está falando? ━ Wendy tirou a pergunta que estava rondando na cabeça de Regulus desde que percebeu que havia algo muito maior ali. Ele ouviu passos e se esticou disfarçadamente para ver Faith parar em frente a garota mais baixa que tinha um olhar confuso no rosto.
━ Estou falando de como você contou para Walburga que Regulus estava na minha casa. ━ Faith respondeu lentamente como se cada palavra que dizia cortasse um pouco seus lábios finos e rosados. Regulus encostou novamente na parede ao sentir o choque percorrer sua espinha. ━ No Natal do ano passado.
Wendy teria começado tudo aquilo, se não fosse pelo episódio do Natal Walburga nunca saberia, ninguém da sua família saberia e Regulus teria mais tempo, tudo isso seria evitado se sua melhor amiga não tivesse o entregado por sabe-se lá o que.
━ Você nunca vai entender! ━ Wendy disparou alto fazendo Faith dar um passo para trás e chamando a atenção de alguém que estava passando pelo corredor.
Os passos que eram ouvidos do corredor eram de alguém com salto alto, ao ver quando as pessoas se aproximavam da porta os dois garotos deram um passo para trás e acabaram revelando para as garotas que estavam ali. Elas olharam surpresas para os dois que fizeram sinal para que ficassem em silêncio, ao ver pela fresta abaixo da porta, Regulus soube pelo vestido preto quem estava ali.
━ Precisamos ir! ━ Regulus se aproximou de Faith e viu a garota olhar assustada para Nate se aproximando dele como se o garoto fosse sua única proteção. O estômago do Black se revirou ao ver a cena, mas ele não tinha tempo para isso. — Por aqui.
Ele retirou um pedaço de madeira da parede velha do porão e revelou uma pequena saída escura, Faith teve de olhar para Nate antes de seguir Regulus até o lugar que levaria à sua fuga.
━ Vão, nós vamos segurar as pontas. ━ Nate falou rápido vendo Faith concordar e entrar de vez na passagem, Regulus agradeceu rapidamente e se virou para seguir a garota mas quando ia começar a andar sentiu uma mão segurar seu pulso.
━ Por favor, volte. ━ Wendy pediu com lágrimas nos olhos e recebeu apenas um olhar frio do garoto que se soltou bruscamente do toque dela antes de desaparecer na passagem tendo como sua última visão, Nate colocando o pedaço de madeira no lugar.
Regulus sentiu a tensão enquanto andava pelo caminho curto sendo seguido pela garota que mantinha-se em silêncio durante todo o trajeto. Ela tropeçou algumas vezes por conta do escuro acabou tendo que segurar o braço do Black até chegarem ao final da linha.
━ Você vai ter que pegar um impulso agora. ━ Regulus deduziu que ela não queria que ele a tocasse então deu a segunda opção para a garota, a primeira era que ele a levantasse para passar pelo buraco íngreme.
━ Tudo bem. ━ Foi a primeira palavra que ela dirigiu ao garoto e saiu tão baixo quanto um sussurro abafado pelo travesseiro. Ela se apoiou em alguns galhos e então subiu e para surpresa de Regulus, ela não caiu em momento algum.
O garoto deu uma última olhada para o pequeno corredor escuro e fedido, tudo estava coberto por teias de aranha e o garoto se pegou pensando em quando Sirius descobriu a passagem. Ele teria ficado de castigo ali no porão por dois dias, Regulus ia visitá-lo três vezes por dia e em uma delas acabaram brigando e quando Regulus empurrou o irmão para a parede a mesma madeira caiu revelando a passagem secreta que eles passaram a usar como sua fuga daquela casa horrível.
Quando Regulus finalmente saiu da passagem, percebeu que Faith já não estava mais ali. Desesperou-se ao começar a procurar pela garota e a encontrou facilmente perdida sem saber para que lado da floresta deveria ir.
A passagem saia longe da casa dos Black, em uma pequena floresta onde todos os caminhos pareciam iguais. Regulus levou anos para finalmente decorar as saídas, então era óbvio que Faith se perderia ali. Foi até ela e acabou assustando a garota que bufou olhando para os lados procurando uma saída. Uma fuga de Regulus.
━ Nós precisamos conversar.
━ Não, eu só preciso ir para casa. ━ Faith cortou a conversa e arregaçou as mangas antes de começar a ir na direção que sairia em lugar nenhum. Ela se virou para gritar de longe. ━ Obrigada por me ajudar a fugir, mas agora eu consigo sozinha.
━ Está indo na direção errada. ━ Regulus avisou vendo a garota se virar rapidamente mudando seu percurso.
━ Eu já sabia.
━ É claro que sim. ━ Regulus revirou os olhos vendo ela ir novamente para o lugar errado, começou a segui-la tentando fazer ela parar. ━ Faith, por favor me deixe ajudar você a sair daqui.
A garota o encarou, sua dor visível em seus olhos e Regulus também começou a sentir-se triste, principalmente quando viu ela quebrar o contato visual e concordar com a cabeça suspirando. ━ Tudo bem.
Regulus de um pequeno sorriso e se virou começando a andar para o único lado que a garota não tinha tentado ir, ouviu os passos leves atrás de si e então ouviram um barulho estranho que venho de trás das árvores. Estava escurecendo, Regulus odiou a ideia de se casar a noite mas sua mãe conseguiu convencer a todos de que seria melhor.
━ O que foi isso? ━ Faith perguntou baixo olhando em volta assim como Regulus. O castanho negou com a cabeça como resposta de que não tinha ideia do que estava acontecendo.
━ Não faço ideia. ━ Regulus apertou os olhos forçando sua visão para tentar ver alguma coisa mas de nada adiantou. ━ É melhor irmos mais rápido.
O barulho começou a ficar mais alto e próximo e então eles perceberam que ouviam passos muito sincronizados, pareciam duas pessoas, ou talvez fossem quatro passos. De qualquer forma eles se assustaram e Faith foi rápida em pegar a mão do garoto e começar a correr.
━ Pra onde agora? ━ Faith perguntou ao ver que haviam duas saídas, tudo ao redor parecia igual, mas Regulus sabia exatamente a diferença entre um caminho e outro, puxou a garota para direita e então continuaram correndo.
Saíram finalmente em um lugar sem árvores, alguns carros passavam pela estrada que estava há pouca distância dali, de longe conseguiu ver a tia de Faith que conheceu no Natal, soube naquele momento como a garota teria chegado até sua casa que ficava a três quadras daquele exato ponto onde estava.
Regulus sentiu frio ao ver Faith soltar sua mão bruscamente, ele viu como a garota parecia triste de repente e então tentou se aproximar para tocar o rosto dela mas ela se afastou. ━ Faith, por favor.
━ Você tem que voltar. ━ Faith falou baixo olhando para os próprios pés. Ela tinha os olhos cheios de lágrimas e suspirava fundo tentando fingir que não estava abalada mas estava falhando miseravelmente. — Você tem que voltar para sua noiva, para o seu casamento.
━ Eu juro que não sabia sobre a Wendy. ━ Regulus se aproximou novamente e a garota pareceu não ter forças para afastar-se novamente. ━ Eu sinto que eu não sei de nada.
━ Isso não importa, você não pode ficar com alguém como eu. ━ Ela suspirou fundo e olhou para os olhos dele com dor. ━ Não pode ficar com uma sangue ruim.
━ Não diga isso.
━ Por que não? É o que eu sou para você. ━ A garota ergueu os olhos azuis encontrando os cinzentos.
━ Por favor, me perdoe. ━ Regulus estava praticamente implorando, mas não se importava, não mais. Tudo o que ele queria era Faith. Ele queria exatamente o que ele não poderia ter. ━ Por favor, por favor, Daisy.
━ Não, não me chame assim.
Regulus sentiu uma lágrima escorrer por seu rosto frio e então sentiu uma necessidade extrema de acabar com o espaço entre eles. Juntou seus lábios em um beijo lento e profundo, Faith demorou alguns segundos para corresponder mas quando o fez acabou se aproximando mais ainda, ela passou uma das mãos em volta do pescoço do garoto e a outra ela depositou delicadamente no rosto dele o segurando com delicadeza, a mão de Regulus que antes estava no rosto dela foi parar na cintura segurando fortemente como se nunca fosse soltar.
Era um beijo profundo e de certa forma, triste, Regulus sentia que aquele poderia ser o último e por isso aproveitou cada momento até que o ar faltou. Quando se afastaram, mantiveram suas testas coladas enquanto respiravam com dificuldade, ambos ainda tinham lágrimas nos olhos.
━ Eu te amo. ━ Regulus sussurrou para a garota que soluçou antes de abraçar o Black que ficou surpreso mas retribuiu rapidamente antes de vê-la se afastar e suspirar.
━ Eu... sinto muito. ━ Faith deu alguns passos para trás e Regulus abriu a boca querendo chorar como uma pequena criança, querendo espernear e implorar para a garota ficar. ━ Mas, você partiu meu coração.
Faith o olhou nos olhos uma última vez antes de se virar e sair dali com passos rápidos e andar até o carro de sua tia que a abraçou quando a viu.
Regulus ficou lá, parado, sentindo-se desmoronando enquanto assistia sua doce Daisy ir embora.
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