00.7
DOMO, EM DIREÇÃO DO PLANETA ENOPE
Inserção da Nix na equipe dos Eternos.
E ali estava ela, a Eterna chave em sua primeira missão de muitas.
Devido ao fracasso que os Eternos estavam tendo em seus últimos despertares, fora forjada uma última Eterna para impedir que outras atrocidades pudessem acontecer. Nix, dominadora dos poderes universais, fora acrescentada à equipe naquele exato momento.
Ela estava no domo, observando os outros Eternos de olhos fechados, esperando o momento exato em que Arishem pudesse os ligar. A ruiva, bastante curiosa, caminhou lentamente por todos os dez, observando cada detalhe facial de todos eles. Eram diferentes, bonitos e cada um com seu devido traço de destaque.
Antes de ser posta na nave, Arishem pediu ─── lê-se implorou ─── para que a Eterna distribuísse habilidades únicas para eles. Fora então, mostrada diversas memórias e imagens dos Eternos em seus antigos despertares, lutando e convivendo. A partir dali, ela decidiu ir inserindo poderes em cada um deles, tornando-os únicos.
Era isso que ela estava fazendo. Caminhando lentamente entre eles, Nix distribuía as habilidades que havia escolhido para cada um. Ela observava cada rosto angelical enquanto alterava o gene e memória de cada um, fazendo-os acreditar, que quando acordassem, saberiam manusear aqueles poderes.
Faltava apenas um para receber, e era aquele que ela havia tido curiosidade desde que Arishem o apresentou. O famoso Druig.
Druig era um homem silencioso e que tinha uma fé muito grande em Arishem, de acordo com o Celestial. Ele não falava muito, e sim apenas o necessário para se manter recluso e confortável diante de tais situações. Nix interessou-se por ele.
A ruiva deixou um breve carinho no rosto angelical, depositando em seguida o poder que havia atribuído à ele.
Segundos depois, após sair do transe, Nix caminhou de volta para seu lugar ─── que fora inserido recentemente ─── pronta para observar a inicialização dos Eternos acontecer. Arishem pediu à ela que fingisse iniciar também, passando uma segurança a todos que estavam lá dentro. E bem, ela seguiu.
Ao Ajak receber a esfera para se comunicar com Arishem, e proferir a frase "Está na hora", todos os Eternos foram ligados, iniciando o procedimento para chegar naquele planeta.
Eles levantaram-se e caminharam até a parede que alterava as vestimentas dos Eternos. Nix por não ser uma Eterna original, não se conectava completamente com os outros. Ela não era uma robô como eles. Então, teve que forjar sua própria vestimenta. Era preta, com linhas amareladas.
Ao todos adquirirem suas roupas, Nix permitiu-se relaxar, observando todos eles com atenção. Quando ela olhou para a janela, lá estava ele. Druig. Parado e observando o planeta em tonalidade rosa.
Nix respirou fundo, decidindo arriscar caminhar até Druig e tentar se comunicar com ele. O caminho até lá pareceu ser longo, e seu coração batia acelerado.
Ao chegar ao lado do mesmo, ele sentiu uma presença ao seu lado, mas não disse nada, apenas continuou olhando para o belo planeta.
─── Oi. ─── Ela proferiu, sorrindo pequeno.
O homem pareceu pensar se deveria respondê-la ou não.
─── Oi. ─── Disse, sem bastante importância.
─── Sou a Nix. ─── Ela sussurrou, dividindo o olhar entre Druig e o planeta.
─── Druig. ─── Ele respondeu.
─── Vai ser… ─── Ela começou a falar, fazendo Druig a olhar. ─── Uma honra trabalhar com você, Druig.
Ele ficou um tempo em silêncio, encarando-a de forma curiosa. O mesmo não estava a olhando quando chegou, e somente agora notou a aparência de Nix.
─── Digo o mesmo, Nix.
E era ali que a história de ambos iria começar.
Amazonia.
1521 d.c
Druig estava um caco.
Após o momento em que sua amada fora dada como desaparecida ─── ele não a chamaria de morta ─── seu motivo de viver diminuiu drasticamente. A bela Nix era sua fonte de alegria. Ela era o motivo de ele continuar firme e forte sendo aquele Druig cheio de si que era.
Porém ela não estava mais ali.
Então, ele permitiu-se fraquejar.
Ele permitiu-se chorar.
Ele permitiu-se sofrer.
Ele permitiu-se sentir luto.
Ele permitiu-se sentir todas as emoções que gostaria de sentir. O peso de ser um Eterno quieto e que nunca demonstrava emoções, o obrigava a seguir com esse papel. Druig sabia que seus colegas de equipe ─── também não permitia chama-los mais de família após aquele maldito dia ─── não ligariam se ele demonstrasse melhor suas emoções, porém, ele ligaria.
Assim que estava longe o suficiente do restante dos Eternos, abrigou aqueles civis, construindo uma vila em uma enorme floresta. Druig prometeu a si mesmo que ele cuidaria daquelas pessoas, evitando cometer o mesmo erro que cometeu ao perder Nix.
Não se culpava exatamente pelo desaparecimento da mesma, mas se culpava por ter tido a oportunidade de a impedir. Ele sabia que poderia ter feito algo se estivesse lá.
Não aceitou ajuda de ninguém, exceto de Thena e Makkari, que pareciam ser as únicas a demonstrar algum tipo de emoção com o caso de Nix. Phastos também emocionou-se, mas seu único instinto foi fugir para longe. Aquilo estava confuso para ele.
Thena, mesmo em suas atuais condições, disse a Druig que sempre estaria ali. Makkari, que naquele momento preferiu viajar pelo mundo, também ofereceu apoio ao telepata. Druig sentia-se grato por ter ao menos duas pessoas importantes que ligaram para o que sentiu.
Mas os outros não.
Eles não poderiam tocar no nome Nix. Estava proibido. Nenhum outro eterno, a não ser Thena e Makkari, poderiam dizer o nome dela.
Ele não iria permitir.
Quando deixou a domo, somente levando a bolsa de Nix consigo, ele permitiu-se a chorar. Chorar e muito. Foi muito difícil para ele abri-la e ver as coisas que ela costumava colecionar.
Haviam muitas conchas azuis, quase toda a coleção de conchas que ela fazia estava ali. Além delas, havia pequenas flores mortas, que as crianças da vila costumavam presenteá-la. Tinha a pulseira que ele havia dado a ela e algumas outras coisas.
Olhar tudo aquilo e perceber que ela não voltaria tão cedo para buscar, era muito triste. O telepata dormiu agarrado à aquelas coisas, enquanto simplesmente torcia para que um dia pudesse encontrar o seu amor.
Druig acordava todos os dias, andava todos os dias, entrava na mente de vários civis todos os dias com esperança de encontrar a bela garota de cabelos ruivos e olhos claros. Infelizmente, nunca havia nada.
Aquilo começava a assustar.
Não perderia esperanças, mas também não sabia se teria forças o suficiente para continuar lutando.
Nix não estava diferente de seu amado.
Dias após a tentativa de assassinato e a descoberta de sua real identidade, a primeira coisa que prestou a fazer foi fugir o mais rápido possível para longe. Ao apagar-se automaticamente do radar de Arishem, não lhe dava garantias completas de que estaria a salvo.
O processo de ficar invisível para Arishem requer muito autoconhecimento e autocontrole, duas coisas que ela não havia naquele momento. Não tinha ciência de como manipular seus poderes, e também não sabia ter autocontrole o suficiente para executar essa tarefa.
Ela era uma presa fácil que poderia ser abatida se quisesse. A única diferença, é que não poderia ser morta, tendo em vista que os Eternos Chaves não morrem.
Nix estava relativamente triste, quase entrando em um quadro grave. Além de ter sido afastada das pessoas que amava, estava tendo que fugir para tentar se manter a salvo.
Quando acordou naquele deserto tórrido, ela levantou-se e correu. Correu até não aguentar mais o peso de suas pernas. Correu para se manter viva e bem. A mesma até tentou desbloquear seu poder de voo, mas perdeu as contas de quantas vezes caiu de cara na areia fina e soalheira. Era horrível para Nix saber que havia grandes habilidades, mas não conseguia usufruir delas.
No momento em que ela percebeu que já estava longe o suficiente, usou a telepatia ─── única coisa a qual se garantia ─── para chegar ao Alasca. Foram dias cansativos de viagens, manipulando a mente de diversas pessoas para que pudesse chegar até ali em segurança.
Era um ótimo lugar. Por enquanto.
Quando ela achou uma área favorável que seria impossível outras pessoas chegarem até lá, decidiu que estava na hora de abrir o Hex, mas não sabia como. Hex significava maldição, e ela se encontrava em uma naquele exato momento.
É um tipo de magia que só poderia ser aberta caso juntasse uma grande quantidade de energia, coisa que Nix tinha, entretanto não sabia manuseá-la. A magia do caos provém de emoções, sentimentos e vivências. Era isso que ela deveria demonstrar para abrir.
E foi isso que ela fez, conseguindo abrir um Hex.
Não soube ao certo por quanto tempo ficou agachada naquele chão, forjando emoções fortes dentro de si. Ela sentiu desde felicidade até tristeza profunda, mas o Hex fora aberto somente quando ela pensou em Druig.
Druig ainda continuava sendo o seu ponto fraco. É o amor de sua vida de quem estamos falando. Não é somente um amor de uma vida, e sim desde cinco mil anos após o surgimento do universo.
São 13 bilhões de anos juntos.
Ao sentir que havia aberto, ela abriu seus olhos, olhando em volta e notando um tipo de fazenda coberto por neve. Era grande e só.
Ela estava só.
Novamente.
Infelizmente a tristeza é para todos.
Esse ato dois conterá mais três capítulos até chegar no Ato em que todos esperam acontecer. Eu preciso trabalhar o modo em que eles dois estão lidando com essa situação, é necessário.
Para não ficar chato, eu vou colocando alguns tipos de flashback, igual ao do início desse capítulo, para retratar o desenvolvimento da relação do Druig e da Nix desde o início.
Vai ser interessante acompanhar porque o Druig sempre foi mais quieto com a Nix quando ela foi inserida. Na maior parte do tempo era ela que puxava assunto com ele. Demorou cerca de dois mil anos até ele começar a ceder emocionalmente para ela, ser perceber.
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