0.12
Juízo Final.
NOVE DIAS ANTES DA EMERGÊNCIA
Os oitos Celestiais estavam reunidos na enorme sala de julgamento. Um caso raríssimo havia acontecido ─── One Above All solicitou uma reunião para tratar de um assunto antigo.
Nix chegou ao local, atraindo atenção dos oito superiores que estavam em pé em seus devidos lugares. Céus, o que aquele ser estava fazendo ali?
─── O que um ser tão miúdo quanto você está fazendo aqui hoje? ─── Oneg, o Provador se atreveu a perguntar.
─── Olhe como se refere a mim, Oneg. ─── Nix murmurou, exibindo um sorriso certeiro enquanto caminhava até o centro. ─── Ainda sou superior a você, saiba disso.
─── As reuniões sobre as expedições Celestiais somente são voltadas para os membros do conselho, Nix. ─── Gammenon comentou. ─── E além disso, você não é uma Celestial Original, e sim uma criatura forjada.
─── Ainda.
─── Quem te chamou? ─── Ziran, o Testador, perguntou a garota.
─── Eu a convoquei. ─── A voz de One Above All se fez presente, fazendo todos os oito Celestiais ficarem em silêncio.
─── Senhor. ─── Os outros disseram em uníssono.
─── Vamos começar. ─── One Above All disse.
─── Arishem não está aqui. ─── Jemiah, o Analisador, disse. ─── Ele é o nono membro do Conselho, é obrigatório sua presença.
─── Ele também é o líder, fora o senhor, da nossa expedição. ─── Oneg disse.
─── É sobre isso nossa reunião. ─── One Above All ditou. ─── Arishem vem tramando coisas em minhas costas nos últimos anos. Relevei seus diversos erros, mas chegou o momento de pará-lo.
─── Traição? Como Arishem está nos traindo?
─── Quando criei esse universo, escolhi Arishem para ser meu braço direito e me ajudar a desenvolvê-lo. Seu plano era criar robôs sofisticados para consertar um erro que ele mesmo cometeu. ─── Disse, fazendo os outros prestarem atenção bastante surpresos. ─── E sua segunda leva de robôs deu errado, tendo de recorrer a mim para criar uma estratégia para impedir que seu erro continuasse nos desfavorecendo.
─── Onde está querendo chegar, senhor?
─── Com os apelos de Arishem para criar uma Celestial forjada, pensei que era uma ideia ridícula. Eu nunca iria criar uma Celestial forjada para entrar naquela pequena equipe dele. Não sabendo do que ela seria capaz de fazer.
─── Está nos dizendo uma versão não conhecida a respeito do nascimento de Nix.
─── Nix não foi criada com o propósito de servir às missões fracassadas de Arishem. ─── Ele pontuou, fazendo todos os Celestiais o encararem confusos. ─── Pensando muito a respeito de sua ideia, cheguei a uma conclusão que aceitaria forjar uma nova raça, mas que ela seria fiel somente ao seu criador.
─── Então seu papel não é fazer todos os despertares acontecer? ─── Exitar, o Executor, perguntou a Nix.
Ela negou.
─── Nix foi criada para criar e implantar poderes neste universo. ─── One Above All disse. ─── A inseri na equipe de Arishem para que pudesse fazer seu trabalho rapidamente. Desde o início de tudo, eu sabia que existia um possível multiverso, porém que só poderia ser aberto por uma outra criatura.
─── E meu papel era distribuir poder para diversos seres desse universo, com obrigação de fazê-los abrir a porta do multiverso.
─── E por que você mesma não abre? És forte o suficiente para isso, Celestial Nix. ─── Tefral, o Agrimensor, disse.
─── Celestiais não interferem arduamente na vivência do universo, Tefral. Nosso papel é sermos basicamente invisíveis. Um multiverso só pode ser aberto por essas minúsculas criaturas, porque aí elas que estarão interferindo na linha atemporal, e não nós. ─── Nix respondeu.
─── A Autoridade de Variância de Tempo prestará mais atenção com a quebra da linha atemporal que estará sendo cometida por aquele indivíduo, que não perceberá quando nós pudermos ultrapassá-la.
─── Por que tanto saber a respeito do multiverso, senhor.
─── Todos nós possuímos missões, Jemiah, até mesmo eu. ─── One Above All disse. ─── Minha missão é acompanhar o máximo de universos que eu conseguir para criar outros. Para isso, é necessário que eu viaje entre diversos universos e acompanhe seu processo evolutivo.
─── Não é perigoso irmos para um multiverso? ─── Nezarr, o Calculador, perguntou. ─── Outros Celestiais podem interpretar isso como uma guerra.
─── Não há Celestiais em outros universos. ─── Nix sussurrou. ─── Este universo que estamos, já é uma variação do original. O primeiro de todos, que veio antes desse, só tinha os Celestiais vivendo. Meu criador queria um novo, entretanto, com a possibilidade de ter outras vidas evoluindo neles.
─── Então, nos outros não existem?
─── Se eu disse que não, então é não. ─── Ela resmungou.
─── Mas a reunião de hoje é para dizer que a missão que dei para minha criação há bilhões de anos atrás, foi finalmente executada.
─── Um feiticeiro chamado Doutor Estranho errou um feitiço, e sua consequência acabou gerando na abertura do multiverso. ─── Nix disse, bastante contente. ─── Antes dele, uma bruxa chamada Wanda Maximoff, passou a mudar a linha atemporal fazendo sua transformação para uma feiticeira universal. Meses após ela, uma variante de um deus, nomeada Sylvie, interferiu no direito do vigia. Todos esses acontecimentos finalmente resultaram na abertura do multiverso.
─── E como a missão de uma Celestial foi finalmente cumprida, Nix passará a ser juíza da quarta expedição.
─── O que? ─── Oneg questionou. ─── Mas ela nem é uma Celestial original.
─── A partir de hoje, Nix passará a ser uma Celestial original. ─── One Above All ditou.
─── E quanto a Arishem?
─── Como Arishem nos traiu, Nix passará a ter seu posto. ─── Ela sorriu, encarando os outros oito Celestiais. ─── Ele será reduzido, e agora sua única missão é apenas fabricar os Eternos e os mandar para os planetas, para que cumpram suas missões.
─── Eu, como terei a missão de Arishem, passarei e decidir quais planetas devem ter suas civilizações salvas ou não. ─── Ela disse, de cabeça erguida. ─── Além disso, serei líder deste conselho, sendo uma das primeiras Celestiais a ter uma missão concluída até o fim.
─── Está abdicando o lugar de Arishem um ser minúsculo e desfavorecido como ela? ─── Eson, o Pesquisador, perguntou. ─── Sua traição nem foi grave.
─── Ele interferiu na vivência de minha criação. ─── One Above All disse. ─── Além disso, inúmeras vezes tentou criar raças parecidas com a de Nix. Sua ideia era tomar meu posto caso conseguisse executar sua missão. Precisa de mais motivos o suficiente ou devo pedir para Nix te dar consequências?
─── Vocês não podem matar um Celestial, é lei!
─── "Um Celestial não pode ser morto nem por seus familiares. Mas pode ser silenciado!" ─── Nix proferiu a lei conhecida naquela raça. ─── E é isso que farei com você caso continue me desrespeitando.
O Celestial ficou em silêncio.
─── Ótimo. ─── Ela disse.
─── Eu, One Above All, primeiro Celestial criador deste vasto universo, torno Nix, minha criação, a nova líder da quarta expedição, e também a única capaz de decidir o futuro das civilizações dos planetas. ─── Ele jurou. ─── A partir de hoje, Nix é uma Celestial Original e tem o poder de decidir sobre qualquer vivência de cada planeta, tendo inclusive ao planeta que habita agora.
E assim, todos os outros oito Celestiais foram realizando o juramento.
─── Eu, Exitar, o Executor, décimo Celestial criado, aceito Nix como a líder do Conselho geral e da quarta expedição, sendo fiel a ela de início a fim e protegendo-a de todo o caos universal.
─── Nix, a partir de hoje você se tornará uma Celestial original, tendo de obedecer e ser fiel a sua família. Qualquer traição para nós significa desonra, e poderá perder seu título quando feita. Você promete ser fiel?
─── Prometo.
─── Como a nova líder das missões universais, você estará impossibilitada de interferir no vínculo dos Eternos. Poderá matar quem lhe trair, mas não poderá trazer de volta à vida quem vier a falecer. Você entende essa condição?
─── Sim, senhor.
─── A partir de agora, você é uma original. Torno-a meu braço direito e a segunda líder dos Celestiais. Você é oficialmente minha criação!
E One Above All apontou sua mão para a mulher, depositando seu forte poder. Nix sentiu dor, mas também sentiu-se mais forte do que antes. Muitas informações antigas invadiram sua cabeça. Ela finalmente ganhou seu traje original, sendo constituído por uma roupa escura com elementos que representavam o universo.
Quando a transformação terminou, ela suspirou, limpando o pequeno suor escorrendo em sua testa.
─── E quanto aos poderes de Arishem? Não deveríamos retirar dele?
─── Foi automaticamente removido, mas ele não sentiu. ─── Nix sussurrou. ─── Ele só saberá isso no dia que colocarei Tiamut para dormir.
─── Já decidiu o futuro de sua primeira missão, Celestial Nix?
─── Por incrível que pareça, aquele planeta merece uma chance. São seres gananciosos, mas que provaram ser bastante eficientes. ─── Ela disse.
AMAZÔNIA.
4 DIAS ANTES DA EMERGÊNCIA.
Nix não pensava que sua volta seria assim, tão triste.
Ela não tinha tanto vínculo com Gilgamesh como havia com os outros, mas sua convivência com o guerreiro era ótima, e às vezes o considerava um pai. Foi Gilgamesh que a ensinou coisas básicas de defesa. Foi ele quem a ensinou o conceito de muita coisa a qual ela não tinha opinião própria.
E agora ele infelizmente havia ido.
Após aquele tenebroso ataque, os Eternos mobilizaram-se à beira do rio, próximo a pequena vila, com intenção de fazer uma cerimônia de despedida e cremação do corpo de Gilgamesh. A ruiva permaneceu em silêncio de início a fim, sempre mostrando apoio emocional a Thena.
Ela sabia que a loira não estava bem. O fato de Gilgamesh ter morrido poderia até mesmo ser um dos fatores para seu caso piorar.
E agora eles estavam na casa de Druig, em um horripilante silêncio na mesa de jantar. Ninguém sabia o que falar. Eram tantas perguntas, que os deixavam completamente malucos.
─── Como você está viva? ─── Sprite perguntou de repente, fazendo todos a encararem primeiro antes de alternar o olhar para Nix.
─── Não é o momento, Sprite. ─── A ruiva murmurou, de braços cruzados, enquanto encarava a parede.
─── Como assim não é o momento? ─── A menor praticamente gritou. ─── Você some por mais de quinhentos anos e simplesmente volta como se nada tivesse acontecido. Não acha que deve explicações?
─── Não, eu não acho. ─── Ela pontuou, bastante séria. ─── E eu já disse que esse não é o momento.
A outra ruiva bufou, soltando uma risada incrédula.
─── Sabe, Nix? ─── Ela bateu ambas as mãos na mesa, fazendo todos a encararem atentos. ─── Eu chorei depois de você ser dada como morta. Acreditei por séculos que nunca mais iria voltar. Sabia que poderia ter interferido na morte da Ajak? Ela poderia estar viva se não fosse você.
─── Vai colocar em mim a culpa de Ajak estar morta? Você realmente me disse isso?
─── Sim, eu realmente disse isso. ─── Empinou o nariz. ─── A considero minha irmã desde que chegamos na droga desse planeta. Mas forjar sua morte foi um ato de covardia.
─── Pelo amor de deus. ─── Nix revirou os olhos, não acreditando nas palavras da ilusionista. ─── Eu não estou ouvindo isso, não estou.
─── Sprite, chega. ─── Druig disse sério. ─── Ela disse que não é o momento, então você deve respeitar.
─── Você é um coitado sem autoestima que faz tudo o que ela-
Nix levantou-se abruptamente da mesa, fazendo a cadeira atrás de si cair no chão. Ela caminhou rápido até estar parada ao lado de Sprite, que travou no lugar.
─── Você deveria calar essa merda que você chama de boca. ─── Ela rosnou. ─── Sabe porquê eu sumi? Porque tentaram me assassinar. Eu fiquei durante quinhentos anos escondida, tentando evitar que duas pessoas pudessem me matar cruelmente. Caso não queira acreditar, isso não é problema meu, mas também não significa que deixarei uma mimada como você abrir a boca e cuspir palavras idiotas para cima de mim ou de Druig.
─── Nix…
─── Eu 'tô cansada dessa merda. Cansada! ─── Ela exclamou, derramando lágrimas. ─── Por que todo mundo coloca a culpa em mim? Não que isso me afete, mas acaba refletindo em como vocês me enxergam. O que vocês acham que eu sou? Uma máquina de frustração para depositarem todos os seus pensamentos que eu tô pouco me fodendo para saber, em cima de mim? É isso o que eu sou?
Todos permaneceram em silêncio.
─── Arishem não deveria ter me colocado nessa equipe. ─── Druig a olhou assustado.
Ela pegou um guardanapo que estava ao lado de Sprite, e limpou suas mãos, com uma expressão indiferente no rosto. Em seguida, o jogou com violência em cima da mesa.
─── Obrigada pelo jantar, meu amor. ─── Ela murmurou. ─── Mas irei dar uma volta, caso alguém não tenha mais vontade de jogar a culpa na Nix. ─── Ela disse a última frase mais alto, fazendo todos a encararem. ─── Não? Ninguém? Ótimo!
Ela ia sair do cômodo, mas parou no lugar.
─── É por isso que não devemos colocar crianças na mesa de jantar. ─── Disse, bastante amarga. ─── Porque são umas mimadas infantis que acreditam em tudo o que ouvem por aí.
E saiu da cabana, pegando sua jaqueta e colocando-a durante o trajeto. Ela caminhava pelo acampamento rapidamente, com sua cabeça abaixada e evitando olhar para algo ou alguém.
Um pouco após a cremação do corpo de Gilgamesh, Nix voltou ao acampamento e consertou todas as casas destruídas pelos Deviantes, graças ao seu poder de reparação de objetos. Os civis a trataram como uma verdadeira heroína após a garota ter revertido todo o dano, dando presentes a ela pelo belíssimo ato.
Ela colocou as mãos no bolso de sua jaqueta e caminhou até o rio, parando na frente do mesmo e respirando fundo. O vento bateu em seu rosto, balançando seus belos cabelos em tom avermelhado. Ela sentiu que alguém estava de aproximando, e torcia para não ser Ikaris.
─── Você está bem? ─── Ela soltou o ar que estava prendendo assim que ouviu a melodiosa voz de Druig.
─── Bem é uma palavra forte. ─── Sussurrou. ─── Eu diria que estou decepcionada, talvez? ─── Ela voltou seu olhar para o rio. ─── Não imaginava que seria tão ruim assim.
─── Não ligue para o que Sprite disse. ─── Ele pontuou, parando ao lado da garota. ─── Você não tem culpa de nada.
─── O que me deixa triste não é o fato de me sentir culpada, Druig. ─── Sussurrou. ─── O triste é ver eles jogando em mim culpas que não existem. Naquela época, Ikaris jogou em mim a culpa de que eu era fraca demais para ajudar nesses conflitos com os Deviantes. Agora, Sprite diz que eu poderia ter impedido uma morte caso eu estivesse aqui. ─── Desabafou. ─── Eu faria de tudo para impedir que Ajak fosse morta, você não tem noção. Mas eu não posso interferir nesse núcleo. Pelo menos não mais.
─── Como assim "não mais"?
─── Eu não sou quem você pensa que é. ─── Ele a encarou confuso. ─── Eu guardo muita coisa.
─── E quem você é então? ─── Ele perguntou, passando seus dedos no cabelo da ruiva.
Nix olhou em volta, disposta a contar para Druig quem ela era. Quando terminou sua vistoria, virou novamente para a frente de Druig.
"Ouvidos em todos os lugares."
Ela disse, dentro da mente do telepata. Ele a olhou assustado, perguntando-se quando ela passou a fazer aquilo.
"Agora você não é o único telepata dessa cidade. Teremos de lutar para decidir quem é o mais forte".
Ela o respondeu em entonação brincalhona, o fazendo soltar uma gostosa gargalhada.
E ela o contou tudo. Tudo.
Não soube por quanto tempo permaneceram sentados no chão, olhando um para o outro e comunicando-se pelos seus pensamentos internos. A cabeça de Druig já estava completamente cheia pela descoberta de quem era, e ali, ele estava descobrindo quem agora sua Nix era. Ou melhor, quem ela sempre foi, porém nunca soube.
Aquele momento serviu para ambos desabafarem o que estavam sentindo após anos daquela separação. Druig contou a ela como sentiu-se sozinho, perdido e triste. Nix sentiu-se sem identidade. Ambos tonaram-se grandes estranhos naquele período de quinhentos anos.
"Então, uma celestial."
"Sim, uma Celestial."
"Isso explica muita coisa, querida Nix."
"Ah é? Como o quê?"
"Os outros eu apenas sentia um apego emocional grande, tratando-os como familiares. Já você, eu sentia algo muito maior que isso. Você sempre esteve em outro patamar, em minha concepção."
"Em outro patamar, uau!"
Eles riram, deitando-se no chão. Druig a puxou para deitar em cima de seu peitoral.
"Pelo que me contou a respeito de como nos conhecemos, não consigo me ver sendo grosso contigo. Isso é possível?".
Ela gargalhou alto.
"Não que você era um grosso, mas de vez em quando me dava algumas patadas. Você não gostava muito de conversar, e eu sempre ficava do seu lado puxando assunto. Acho que foi assim que fiz você se apaixonar por mim."
Eles se encararam por um breve momento.
"Então a real foi você que me conquistou, e não ao contrário?".
"Foi exatamente isso."
"Eu gostaria de me lembrar, sabe? Saber como nós dois fomos evoluindo de estranhos para um casal que sempre se apaixona, independente do planeta."
Ela ficou em silêncio, pensando no que ele havia dito.
"Eu tenho suas memórias."
"Como?"
"Eu tenho todas suas memórias desde quando fui inserida pela primeira vez na equipe. Você gostaria de… lembrar-se de tudo isso? São imagens profundas."
"Além de ter nosso amor evoluindo, o que mais há?"
"Há imagens dos nascimentos dos Celestiais, Druig. É muito pesado, até hoje me pergunto como eu consegui lidar com isso. É doloroso."
"Então, eu gostaria que você dividisse sua dor comigo."
"Druig-"
"Um relacionamento não se dá apenas por boas memórias, Nix. Eu estou disposto a carregar juntamente com você esse pesadelo que vivemos até hoje. Não é justo somente você ter de passar com isso e aguentar essa dor até hoje."
"Foi algo ruim que tive de aguentar, por ser quem sou."
"Então dívida comigo sua dor. Vamos passar por isso juntos."
Ela emocionou-se, deixando lágrimas escorrerem de seus olhos. Druig a abraçou, proferindo palavras carinhosas para que pudesse acalmar. Era a primeira pessoa que importava-se com o peso emocional que teve que carregar durante aqueles bilhares de anos.
─── Ei, está tudo bem. ─── Disse em voz alta, fazendo carinho nos fios avermelhados da mulher. ─── Eu estou aqui com você, tudo bem? Chore o quanto for necessário, ainda estarei aqui com você.
─── Eu realmente mereço ser amada? Será que não sou só um azar que merece ficar sozinha nesse vasto universo?
─── Todos merecemos ser amados. ─── Ele sussurrou. ─── Menos o Ikaris. Se ele sumir, não vai fazer falta.
E no meio do choro ela acabou tendo uma crise de risos.
─── Te fiz rir, isso é ótimo. ─── Ele riu. ─── Mas agora, passa as memórias pra cá.
─── Talvez isso doa. ─── Ela disse. ─── Talvez não, isso vai doer.
Ele a encarou com uma sobrancelha arqueada.
─── Você 'tá muito sincera, senhorita.
─── Quer que eu minta então dizendo que não vai doer? ─── O provocou, rindo bastante.
Druig revirou seus olhos, rindo logo em seguida.
─── Para de enrolar, querida.
─── Tá bom, tá bom.
E Nix sentou-se no chão, fazendo Druig repetir o mesmo ato. Ela virou-se na direção do telepata, respirando fundo antes de exercer o ato que estava prestes a fazer. A ruiva deixou um carinhoso beijo nos lábios do Eterno, o reconfortando.
E ela levou ambas as mãos na cabeça do mesmo, o devolvendo toda memória que foi retirada. Druig fechou seus olhos com força, sentindo aquela violenta e enorme onda de memórias invadir sua cabeça involuntariamente.
Ele mordeu seus lábios, cortando brevemente o canto da sua boca. Nix o encarava bastante chorosa, lutando para não retirar suas mãos da cabeça do mesmo. Ele precisava passar por aquilo.
Quando sentiu que terminou, ela afastou suas mãos, o encarando atentamente. O homem estava de olhos fechados, parecendo bastante zonzo.
─── Amor, você está bem? ─── Ela perguntou preocupada.
─── Acho que eu vou morrer. ─── Ele caiu para trás.
─── Druig! ─── Ela exclamou preocupada, engatinhando rapidamente até o lado do Eterno. ─── Não, não, não. Acorda, por favor!
Ela estava desesperada sem saber o que fazer, e sua respiração quase travou ao ver o mesmo começar a rir do nada. Nix o encarava boquiaberta, enquanto o homem estava deitado, rindo da face da mesma.
─── Ai, seu babaca. ─── Ela depositou um tapa no ombro do mesmo antes de sentar-se de costas para o telepata.
─── Desculpa, querida. ─── Ele ria, sentando-se ao lado da garota novamente. Nix estava de braços cruzados e com uma expressão brava no rosto. ─── Então ficou preocupada, meu doce?
─── É claro que fiquei preocupada, né, seu idiota. ─── Ela resmungou, mal humorada.
─── Não fica brava, perdão meu amor. ─── Ele ria, deixando selares no rosto da mesma. Ela revirou os olhos.
Eles ficaram em um breve silêncio.
─── Então isso tudo que você me mostrou são todas as nossas memórias?
─── Sim. Você me fez prometer que em todos os despertares, quando se apaixonasse por mim, eu te mostraria toda a verdade.
─── Eu não gostaria mais de passar por tudo isso. ─── Ele sussurrou. ─── É desgastante.
Ela o encarou.
─── Eu tenho um plano. ─── Ela murmurou, fazendo-o a encarar. ─── Você confia em mim?
─── Confio.
─── E… abriria a mão de ser um Eterno para ser livre das mãos de Arishem? Para nós dois termos finalmente a possibilidade de sermos felizes? ─── Ele ouvia atentamente. ─── Eu nunca tiraria seus poderes, longe disso. Mas você estaria disposto a deixar de ser um Eterno?
─── Eu estaria disposto até virar um humano comum se isso significasse que poderíamos ser felizes juntos. ─── Ele sorriu.
─── Eu prometo que agora seremos felizes. ─── Ela sorriu, segurando a mão do Eterno. ─── Sem Arishem, sem Celestiais e sem nada nos impedindo de ficar juntos. Será somente eu e você.
─── Até o fim?
─── Até o fim.
Aquela noite eles dormiram juntos, permitindo-lhes finalmente encerrar aquela saudade que ambos sentiam. Fora a primeira noite em quinhentos anos que Druig dormiu bem, assim como a primeira que Nix sentia-se completa.
No dia seguinte, eles acordaram ainda não acreditando que finalmente estavam juntos. Druig não deixou de sorrir ao ver a garota agarrada em si, com seus cabelos bagunçados e dormindo com a cabeça em seu peitoral. A peça que havia pedido de seu quebra cabeça, estava finalmente completa.
─── Oi. ─── Nix sussurrou, até estar próxima de Thena, que estava dentro do rio. ─── Como está?
─── Indecifrável. ─── Respondeu. ─── Só terei a oportunidade de ser feliz novamente quando o matar.
─── Bom, parece que temos um mesmo desejo. ─── Nix disse, fazendo Thena sorrir. ─── Eu prometo nunca te abandonar, Thena. Eu sinto muito por ter sumido, mas eu não podia voltar.
─── Não precise se desculpar comigo, Nix. Eu entendo sua situação e não estou nem um pouco chateada. Ainda não entendo o motivo de Sprite querer lhe acusar.
─── Nem eu, mas descobrirei em breve. ─── Ela sussurrou. ─── Eu te amo muito minha irmã, você é muito importante para mim, saiba muito bem disso.
─── Você também é muito importante para mim. Eu faria qualquer coisa para seu bem. ─── Ela sorriu.
Ambas ficaram em silêncio, apenas encarando o rio. Thena decidiu que estava no momento de jogar as cinzas de seu amado Gilgamesh. Ela comprimiu o choro, abrindo o pote e derrubando lentamente pela água.
Aquilo que foi tirado delas, seria vingado.
SKOPOS tá acabando :(((((
Se estão gostando, não deixem de deixar um votinho e comentar. O feedback de vocês é muuuito importante para mim!
Já viram a minha nova fanfic do Druig que estarei começando a escrever assim que eu finalizar skopos? O plot é gostosinho gente, eu prometo :)
E TORÇAM POR MIM!!! Terça abre o sisu, e se tudo der certo, vai ter a autora passando para fazer psicologia. Rezem pq ai vou poder pagar a terapia de vocês kkkkkkk
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