xii. o baile.

–  S E C R E T S   !
harry potter, golden era
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FAZIA UM TEMPO que Fleur havia sido chamada, só restava Harry e Amélia dentro da tenda. Estavam em um profundo silêncio, ansiosos e preocupados. Amélia balançava uma das pernas, sentindo seu estômago praticamente se revirar pelo misto de emoções que aflorava em seu peito.

"Amélia Burke!"

Ao escutar seu nome ser chamado seguido de gritos e palmas, se levantou e já podia sentir suas pernas tremendo. Com um olhar desesperado, encarou Harry Potter, que lhe desejou boa sorte antes de Amélia colocar os pés para fora da tenda. A luminosidade da parte exterior começou a invadir sua visão até que enfim estava completamente do lado de fora. O estádio estava completamente cheio, repletos de olhares curiosos, todos queriam ver se a filha de Cassandra Burke era tão ousada e inteligente quanto a mãe havia sido em vida.

Ao analisar o cenário em sua frente, Amélia viu o ovo dourado que deveria pegar no centro de um pequeno monte rochoso. Com a respiração pesada, se abaixou e apoiou a mão nas pedras, para escorregar e poder escalar onde o ovo estava repousado. Quando seus pés chegaram ao chão novamente, tomou um grande susto quando o dragão de repente apareceu.

O Chifres-Longos Romeno possuía escamas verdes escuras, longos chifres dourados e brilhantes. Ele voava agarrado à uma corrente no pescoço e aquilo o deixava nitidamente irritado.

Achando que conseguiria pelo menos subir até onde o ovo dourado estava, Amélia tentou escalar, mas assim que viu o dragão vindo com tudo com seus chifres para lhe atacar, abandonou a ideia, se jogando para trás, sentindo sua mão e braço serem machucados pelas pedras.

Ao olhar para cima, novamente via aqueles chifres dourados indo em sua direção, a fazendo rolar para longe, evitando que seja atingida enquanto a multidão gritava com a cena que assistiam. Amélia se levantou com um pouco de dificuldade, já sentindo seu corpo dolorido e começou a correr, enquanto puxava sua varinha. Quando olhou para trás, percebeu que o dragão se preparava para lançar suas chamas, então se jogou para trás de uma rocha. Um segundo depois podia sentir o calor das chamas nos seus dois lados.

Amélia fechou os olhos com força, afundando suas unhas nas próprias mãos. Estava completamente nervosa, cansada e sem saber o que fazer. Ela era apenas uma criança lidando com um grande dragão.

Assim que seus olhos acharam Moody nas arquibancadas, sem saber o motivo, lembrou do que ele havia dito sobre sua mãe.

"Era difícil Cassandra não saber de alguma coisa."

Amélia encolheu-se ainda mais atrás da rocha enquanto ouvia o choque entre os chifres do dragão e a grande pedra. Então, ela perguntou a si mesma: "O que minha mãe faria no meu lugar?"

"Estupefaça."

Seu coração acelerou loucamente em seu peito e em reflexo levou sua mão até seu colar, que vibrava e carregava um leve brilho avermelhado. Parecia que havia escutado um sussurro em meio a toda aquela confusão, o que seria impossível com toda aquela gritaria e um dragão enfurecido. Mas ela conseguiu reconhecer bem, era a mesma voz que chamou por seu nome em seu sonho na estação de trem, antes de ser acordada por Harry Potter.

Aproveitando o momento em que o dragão se afastou da pedra que a protegia para lançar mais fogo, Amélia se levantou e ergueu sua varinha com uma confiança que ela nunca havia sentido em toda sua vida.

ESTUPEFAÇA!

Uma luz vermelha brilhou entre a Burke e o dragão, seguido de um som forte do corpo do dragão caindo no chão e então, quase todos ali presentes se levantaram em choque quando viram Amélia Burke, sozinha, deixar um dragão desacordado.

Amélia ainda estava na mesma posição, o olhar fixo e a mão firme segurando sua varinha. Mas assim que ouviu os gritos da multidão, eufóricos com o que acabara de presenciar, acordou de um possível transe a fazendo abaixar a varinha e cambalear um pouco para trás.

Naquele momento a garota ficou sem entender como havia sido capaz de realizar um feitiço que ela nem mesmo conhecia até então.

Lembrando do foco da primeira prova, correu na direção do ovo novamente, escalando as pedras sem se importar com os machucados e assim que atingiu o topo, pegou o ovo dourado sem rodeios, escutando os gritos se intensificaram vendo a vitória chocante de Amélia Burke.

Amélia foi retirada de campo para ser cuidada e dar a chance de Harry fazer sua prova. Ela queria poder ter ficado para demonstrar apoio, mas a dor que sentia não a fez querer lutar para ficar.

Assim que chegou até Madame Pomfrey, recebeu os devidos cuidados e se deitou sobre a cama da enfermaria, para descansar um pouco. Estava suja, suada e machucada de tanto cair e rolar no chão.

Quando começou a escutar passos rápidos se aproximando, Amélia já tinha certeza de quem se tratava.

— Amélia! — Cho parou ao lado de sua cama, sem fôlego. — Aquilo foi INCRÍVEL!

— Aquilo o que?

— Como assim "aquilo o que?"? — Perguntou incrédula. — Você desmaiou um dragão sozinha. Você tem noção de quantos bruxos são necessários para fazer o que você fez? — Amélia negou com a cabeça. — Vários!

— Mas não seria algo impossível, não é?

— Não sei. — Cho confessou — Mas escutei algumas pessoas dizendo que juraram ter visto seu olho brilhar. — Amélia deu risada.

— Aí já é demais. — Cho acompanhou a risada.

— Eu também achei, devem ter confundido o brilho feitiço ter refletido nos seus olhos. Mas mudando completamente de assunto, eu, Neville e Henry preparamos uma surpresa para você e o Cedrico.

— Uma surpresa?

— Sim, quando descansar vou te levar até lá!

Cho se sentou no banco ao lado da cama em que Amélia estava e então as duas observaram Harry ser levado para a cama em frente a sua. Amélia não sabia se sentia alívio em vê-lo inteiro ou vontade de brincar com o estado em que ele se encontrava, apesar dela se encontrar na mesma situação que ele.

— Você está péssimo.

— Brilhante comentário, Amélia. — Harry disse e em seguida soltou um gemido de dor quando Madame Pomfrey foi conferir seu braço.

— Eu sei que foi brilhante, foi eu quem disse.

— Já vão começar? — Cho perguntou sabendo que se não interrompesse aquilo viraria uma briga. — Uma hora aparecem bem e outra estão se atacando.

— Eu só fiz um comentário, ele que ficou todo esquentadinho!

— Vocês dois são iguais aos pais, já estão liberados. Vão, vão! — Madame Pomfrey praticamente expulsou eles após ter terminado de enfaixar o braço de Harry.

Amélia e Harry se levantaram de cara amarrada, seguindo em direção à saída da enfermaria, enquanto Cho andava um pouco atrás, segurando a risada. Assim que os três saíram deram de cara com Neville que aparentemente ia para a enfermaria.

— A professora Minerva pediu para avisar que está chamando a gente. — Disse para Amélia e Harry, se virando em seguida na direção de Cho. — Seu monitor pediu para você ir para a comunal.

— Está bem, depois nos encontre perto do mar negro. — Disse Cho para Amélia antes de ir embora.

Os trio da grifinória seguiu para o salão, se deparando com o local cheio com todos os alunos da grifinória ali reunidos e Minerva no meio, aparentemente apenas esperando por eles.

Amélia foi se sentar ao lado de Hermione e Gina, enquanto Harry e Neville seguiam para se sentar perto de Rony.

— Por que chamaram a gente? — Amélia perguntou para Hermione.

— Para falar sobre o baile de inverno.

— Silêncio! — Minerva pediu em voz alta, fazendo todos os alunos se calarem. — A casa de Godric Grifinória tem sido respeitada pelo mundo da magia por quase dez séculos. Eu não vou permitir que vocês durante uma única noite manchem esse nome comportando-se como babuínos bobocas balbuciando em bando.

Amélia segurou a risada com a última frase de Minerva, cobrindo a boca disfarçadamente com a mão para esconder seu sorriso.

Após Minerva chamar Rony para dançar, Amélia não aguentou e começou a dar risada junto com as garotas. Mas seu brilho sumiu assim que Hermione fez uma pergunta.

— Com quem você vai ao baile?

— E quem disse que eu vou ao baile? — Amélia encarou Hermione com uma das sobrancelhas levantadas.

— Mas você precisa ir, é uma campeã do torneio tribruxo.

A Burke prendeu a respiração por um segundo e começou a se questionar quem aceitaria ser seu par no baile, era mal falada e mal vista por quase todo mundo, seria um vexame chegar ao baile sozinha. Ela tinha quase certeza de que ninguém a chamaria.

Começou a passar os olhos pelas pessoas ali presentes, viu Neville se levantar para dançar, — o que lhe surpreendeu bastante — e assim que seus olhos pararam em Harry, que sorria e dava risada de Rony junto com os gêmeos Weasley's, ficou pensativa sobre ele poder ser seu par.

Mas logo balançou a cabeça negativamente, afastando aquele pensamento.

Não, ele não.

Mas não seria uma má ideia.

Assim que aquela reunião se encerrou, Amélia seguia juntamente com Neville para a tal surpresa que eles haviam planejado. Era fora de Hogwarts, mais precisamente, perto do mar negro.

Quando foram se aproximando do local escolhido, Amélia viu Cho, Cedrico e Henry sentados sobre tecidos quadriculados e haviam alguns potes envolta deles. Eles planejaram um piquenique.

— O que é tudo isso? — Amélia perguntou, com um sorriso estampado em seu rosto.

— Uma surpresa para os nossos dois campeões. — Henry respondeu, estendendo a mão para Amélia que a segurou, recebendo apoio para se sentar sobre o tecido enquanto Cedrico e Cho trocavam olhares cúmplices

— Vocês sabem que não precisava, não é?

— Eu disse a mesma coisa. — Cedrico se pronunciou — Aliás, onde pegaram as comidas?

— Talvez eu tenha pegado algumas coisas na cozinha escondida. — Disse Cho, fazendo Cedrico a encarar com repreensão.

— Eu sei que você é todo certinho, mas agora fique quietinho e vamos aproveitar!

Amélia, Neville e Henry se entreolharam, com sorrisos estampados no rosto com a cena do novo casal.

Os cinco começaram a comer, enquanto conversavam de forma descontraída e as vezes paravam para observar a cena do mar negro.

Chegou um momento em que Neville se levantou, dobrou a calça até metade das canelas e colocou os pés na pontinha da água, onde ficou ali olhando algo que Amélia não soube decifrar. A Chang e a Burke começaram a conversar sobre modelos de vestidos que usariam durante o baile e então Cedrico aproveitou o momento de distração para conversar com o irmão.

— Vai chamar a Amélia para o baile ou vai esperar alguém tomar atitude antes? — Henry arregalou os olhos, surpreso com a pergunta do irmão.

— Você já sabia? — Perguntou envergonhado e Cedrico deu risada.

— É claro, sou seu irmão! E além do mais, você não sabe disfarçar muito bem quando está perto dela.

— Fico com medo de ser rejeitado e nossa amizade ficar estranha.

— De uma coisa eu tenho certeza, você irá se arrepender se não tentar. Chama ela para o baile, se achar que tem chance de algo mais acontecer, já sabe.

— Bom, o “não” eu já tenho. O pior que pode acontecer é eu ser humilhado. — A fala de Henry fez Cedrico cair na gargalhada.

— Acho que esse é o espírito.

Os dois irmãos encerraram aquela conversa no instante em que Cho se aproximou de Cedrico, enquanto disfarçadamente fazia gestos para Henry, indicando que aquele era o melhor momento para que ele e Amélia pudessem conversar sossegados.

Cho e Cedrico foram caminhar juntos de mãos dadas, deixando Henry e Amélia sozinhos sobre o pano quadriculado jogado sobre a grama.

— Eles estão realmente apaixonados. — Henry disse em meio a uma pequena risada para quebrar o silêncio e Amélia deu um sorriso fraco, encarando os olhos de Henry, que entendeu o que aquele olhar significava. Algo a estava incomodando.

— Por que não foi me ver? — Amélia perguntou, visivelmente abalada — Estou perguntando porque conheço você, se fosse qualquer outra pessoa eu simplesmente deixaria para trás e iria me afastar.

— Eu ia te ver. Eu estava te procurando e achei o pessoal no meio do corredor, foi aí que eu soube que você estava na enfermaria, mas... — deu uma pausa, suspirando.

— Mas?

— Quando eu cheguei, Harry me tratou de forma estranha e o clima pesou. Ele não gosta de mim, isso é bem claro. Então, eu resolvi ir embora para poder te visitar depois. — Amélia prestava completa atenção no que Henry dizia — Quando as aulas acabaram, eu fui correndo para a enfermaria, mas no meio do caminho eu encontrei o Harry. Ele ia te visitar também, se eu fosse junto ia acontecer de novo. Eu não sei qual é o problema dele comigo. Sei que deve ser um motivo muito bobo para ir embora e não ter ido te visitar, mas não queria trazer aquele clima chato até você.

— Você queria evitar brigas, sabe, eu entendo. Mas eu teria expulsado Harry da enfermaria se ele arrumasse problema com você. — Henry deu risada, balançando a cabeça negativamente.

— Então eu estou desculpado? — perguntou abrindo os braços.

— Claro que está. — Amélia deu risada, inclinando a coluna, dando um abraço em Henry que a puxou para deitar no tecido quadriculado.

— Você foi incrível na prova do dragão, todos estão falando disso. — disse após separar o abraço.

— Eu não sei o que aconteceu, acho que estava muito nervosa e agi no impulso, pão me lembro exatamente do que fiz.

— Bom, pelo menos agora você pode ver que é capaz de se superar nas provas mesmo sendo mais nova que os outros. — Amélia deu um sorriso.

Um silêncio confortável se iniciou entre eles e ficaram encarando o céu, enquanto sentiam a brisa levemente gélida bater contra seus corpos.

— Eu estava pensando... — Henry quebrou o silêncio, fazendo Amélia virar o rosto em sua direção — Você não gostaria de ser o meu par no baile?

Amélia congelou e arregalou os olhos assim que seu cérebro processou a pergunta. Henry engoliu o seco ao ver a reação da Burke, enquanto já estava esperando pelo "não".

— Não precisa responder agora, não fique nervosa.

Mas era ele que estava nervoso.

AMÉLIA ESTAVA QUASE surtando no dormitório de Cho, que estava tentando entender o que estava acontecendo para a amiga estar daquela forma.

— Amélia Burke, dá para você sentar e me contar o que aconteceu?

— Elemeconvidouparaseropardele. — disse tudo de uma vez e embolado.

— O que?

— O HENRY ME CONVIDOU PARA SER O PAR DELE!

— AI MEU DEUS, EU SABIA!

— POR QUE NÃO ME CONTOU?

— Você aceitou, não é? — Amélia ficou em silêncio — Amélia... você não aceitou? — Perguntou totalmente incrédula.

— Eu disse que ia pensar.

— Pensar em que? — Cho perguntou indignada. — Por acaso está esperando o convite vindo de outra pessoa?

— Claro que não! — Respondeu-lhe com pressa — Eu quero ir com o Harry, mas eu fiquei nervosa e não consegui responder. — Amélia nem mesmo percebeu que havia confundido os nomes.

— Você disse Harry?

— Eu disse?

— Sim, você disse.

— Você está escutando coisas. Esse seu namoro com o Cedrico está mexendo com sua audição.

— Minha audição está perfeita, você quer ir com o Harry. Você queria que fosse ele a fazer o convite.

— Eu nunca iria ao baile com aquele idiota.

— Vou fingir que acredito.

Amélia saiu de dentro da comunal da corvinal e começou a caminhar pelos corredores para ir até a comunal da grifinória, mas parou no meio do caminho quando escutou a voz de Harry no corredor ao lado e então se escondeu atrás da parede.

Se inclinou um pouco para ver com quem ele falava e era uma das gêmeas que ela costumava ver pela comunal. Quando escutou ele convidar ela para ser seu par, revirou os olhos, respirando fundo.

Harry começou a ouvir passos pesados atrás de si e virou o rosto, vendo Amélia andando de cara fechada ignorando a presença dele ali, seguindo para a comunal como um foguete.

Agora ela sabia exatamente qual resposta deveria dar.

NO DIA SEGUINTE, na manhã do dia do baile, Amélia assim que pisou no salão principal, seguiu direto até a mesa da lufa-lufa, enquanto era seguida pelo olhar de Harry.

Ao vê-la se sentar ao lado de Henry, trincou o maxilar, parando de comer para observar a cena dos dois sorrindo, Henry abraçando o ombro de Amélia com um dos braços. Por um instante sentiu vontade de levantar e arrancá-lo de perto de Amélia.

Hermione levantorpu o olhar de seu prato assim que notou a mão de Harry afundando a colher em um pedaço de bolo, o despedaçando por inteiro. Ao notar que ele encarava mortalmente Henry, ela não conseguiu conter uma leve risada nasal e balançou a cabeça negativamente, voltar a comer seu café da manhã.

Harry não sabia exatamente o que aqueles dois conversavam, mas pareciam muito felizes. E assim que percebeu o momento em que Amélia ia para a mesa da grifinória, Harry voltou a comer, tentando disfarçar a cara amarrada.

— Amélia, você e o Henry vão juntos ao baile? —  Simas perguntou com curiosidade e Amélia deu um sorriso ladino, dando uma rápida olhada para Harry.

— Sim, ele me convidou ontem e eu aceitei. — disse antes de beber um pouco do seu suco de abóbora.

— Uau, você é tão sortuda. As outras que queriam ir com ele devem estar com inveja de você.

— Ele que é sortudo, indo com uma campeã do torneio tribruxo. — Disse Hermione, fazendo Amélia dar um pequeno sorriso.

— Vocês são uns exagerados. — Harry murmurou.

— O que disse, Harry? — Amélia perguntou de forma debochada.

— Nada.

— Com licença, prometi ir com a Cho comprar o meu vestido.

Amélia levantou-se com um pedaço de bolo na mão, ainda com os olhos grudados em Harry e com um sorriso provocativo nos lábios. Antes de se dirigir para fora do salão principal, todos levantaram a cabeça ao escutar o som das corujas e ao verem uma carregando uma embalagem grande vindo na direção da mesa da grifinória.

Quando a embalagem caiu sobre a mesa, em frente ao lugar que Amélia estava sentada agora pouco, todos os olhares foram para a garota.

Amélia voltou a se sentar e rasgou um pouco a embalagem, vendo ali dentro um vestido lilás, o que lhe surpreendeu muito.

Assim que viu uma carta branca a abriu imediatamente, enquanto os outros ainda a olhavam com curiosidade.

— Quem foi que te mandou? — Escutou alguém perguntar.

Amélia encarava aquela carta em silêncio, tentando entender o que estava acontecendo. Tinha um "B" escrito bem grande e então imediatamente pensou em seu pai. Ele havia recebido a carta? Ele sabia do baile?

Se levantou em um pulo e fez sinal para Cho que estava sentada na mesa da corvinal para que a seguisse. Então, as duas foram correndo para o dormitório da grifinória, onde Amélia rasgou toda a embalagem, para que pudessem ver o vestido por completo.

— Amélia, é incrivelmente lindo!

— Olha. — Entregou a carta para Cho — Acho que meu pai me mandou, mas o estranho é que eu não me lembro de ter citado do baile na carta que eu enviei.

— Deve ter citado e não lembra, então, ele respondeu lhe enviando esse vestido lindíssimo.

— É, deve ser.

A CADA HORA que passava, Amélia se sentia nervosa, era a primeira vez que iria participar de algo como um baile. Cho estava a ajudando com seu penteado, pois já estava com sua maquiagem e vestida com seu vestido lilás. Assim que Chang avisou ter finalizado o penteado, Amélia se dirigiu até o espelho e observou seu reflexo, dando um sorriso. Estava se sentindo tão linda.

— Vamos? Ou iremos nos atrasar, eles já devem estar nos esperando.

Amélia afirmou com a cabeça e as duas se dirigiram em direção ao salão principal.

Quando estavam prestes a chegar, Amélia desacelerou os passos, sentindo seu estômago revirar em ansiedade. Cho desceu as escadas primeiro indo diretamente em direção a Cedrico e em seguida Amélia foi dando passos lentos, olhando em volta, procurando por Henry com medo de ficar esperando sozinha.

Enquanto descia as escadas, Harry que estava ali parado ao lado de seu par, virou seu rosto e seus olhos pararam em Amélia. Por alguns segundos ele esqueceu como respirar. Ela estava linda. Mais linda do que ele sempre viu todos os dias.

O brilho nos olhos e o sorriso bobo que estava começando a surgir nos lábios de Harry sumiu assim que Henry passou por ele e ofereceu o braço para Amélia.

— Você está linda, Lia. Como sempre. — Disse enquanto Amélia enlaçou seu braço com o braço de Henry.

— Você também está. — Sua voz ressoava de forma doce.

Os dois foram impedidos de falar qualquer outra coisa por Minerva, que chegou avisando que os campeões do torneio deveriam começar a valsa e Amélia ficou tensa, não havia ensaiado valsa, nem mesmo sabia dançar.

Os pares se organizaram em filas e assim que as portas do salão principal foram abertas, eles entraram um atrás do outro e cada um foi se posicionando em uma parte no círculo aberto para a valsa.

Assim que Amélia e Henry se posicionaram, a garota encarou o Diggory em pânico.

— Henry, eu não sei dançar. — Confessou em um sussurro.

— Fique tranquila, eu vou guiá-la. Coloque uma das suas mãos no meu ombro

Amélia colocou sua mão esquerda sobre o ombro de Henry, que posicionou sua mão na cintura de Amélia e juntou sua mão com a mão desocupada dela, entrelaçando seus dedos.

O olhar de Amélia foi para Harry, que estava ao lado deles.

— Mantenha seus olhos em mim. — Henry disse profundamente, fazendo Amélia olhar para ele de imediato — Não se preocupe em olhar para os pés.

A melodia se iniciou e então Amélia sentiu seu corpo ser guiado por Henry, que a ajudava a se manter no ritmo da valsa. E apesar de um tanto desajeitada, Amélia estava indo melhor do que esperava. Sua tensão havia ido embora e estava começando a se divertir.

Henry fazia Amélia se sentir segura em seus braços, lhe fazia bem e a deixava confortável. Por isso, permitiu-se fechar os olhos e encostar seu rosto no peitoral de Henry. Seu corpo dançava abraçado ao corpo do Diggory, mas sua mente e coração não.

Quando levantou seu rosto e encarou o rosto de Henry, seu sorriso foi se desmanchando aos poucos.

Foi aí que Amélia se deu conta.

Era nos braços de Harry que ela queria estar.

O rosto de Amélia voltou a virar na direção de Harry, que observava toda a cena com uma feição indecifrável. Ninguém saberia dizer se ele estava triste ou com raiva, certamente os dois. Ele estava triste por não poder estar dançando daquela forma com Amélia e com raiva por tudo aquilo ser culpa dele.

E foi então que, notando aqueles olhares que ambos trocavam, Henry começou a entender tudo.

— Agora eu entendo. — Ele deu uma risada fraca, fazendo Amélia o encarar com uma feição culpada — Entendo o motivo dele não gostar de mim. — Dizia sem parar com a valsa, deixando Amélia de costas para Harry.

— Henry, eu...

— Não precisa dizer nada, acredito que sua ficha caiu agora. — Dizia enquanto olhava algo que estava atrás de Amélia — Hora de trocar os pares.

Amélia sem entender fechou os olhos por impulso quando Henry a fez rodopiar.

Assim que seu corpo parou de rodar, suas mãos repousaram sobre os ombros de seu par. Mas quando seus olhos se abriram, seu coração acelerou de uma forma que nem sabia explicar ao notar quem estava em sua frente agora.

— Harry? — Sua voz saiu como um sussurro.

— Acho que seu par fugiu.

— Você está sentindo o mesmo que eu?

Harry ficou em silêncio por alguns segundos antes de levar uma das mãos de Amélia até onde fica localizado seu coração, onde Amélia podia sentir seus batimentos cardíacos, que também estava acelerado.

— Pode ter certeza que sim.

Amélia e Harry, decididos a ignorar tudo e todos, apenas juntaram seus corpos, onde as mãos de Potter seguravam a cintura da Burke enquanto ela abraçava seu pescoço, não desgrudando os olhos um do outro e permaneceram dançando no ritmo lento da música suave que tocava. Apenas queriam aproveitar aquela noite tranquila antes de voltarem para a correria do torneio.

— Sirius ficaria feliz se pudesse nos ver assim. — Harry disse quase em um sussurro.

— Sim. — Deu uma pausa, sorrindo — Ele ficaria.

— Amélia, eu... — Ele foi cortado.

— Harry, se você abrir a boca para falar besteira e estragar o clima, eu piso no seu pé. — A garota ameaçou e Harry deu risada.

— Só queria dizer que você está brilhantemente linda.

Amélia não conseguia segurar o sorriso bobo, estava rindo como uma criança que havia acabado de ganhar um doce. Nunca imaginou que se sentiria tão feliz recebendo aquele tipo de elogio, ainda mais vindo de Harry, o garoto que ela dizia tanto "odiar".

— Também queria dizer que queria que fôssemos próximos assim, não quero mais ter que tentar te irritar para chamar sua atenção, quero ter sua atenção por completo.

— Harry...

— Eu realmente não consigo mais fingir, Amélia. Eu tentei, eu tentei muito tentar te odiar, te fazer me odiar para tentar fazer você ficar longe de mim. Mas parece que toda vez que eu tento, você está mais perto. Quando você ficou distante, eu senti que iria enlouquecer de preocupação.

Naquele ponto, os dois já tinham parado de dançar, mas permaneciam na mesma posição.

Amélia olhou em volta e quase todos ali presentes estavam encarando os dois, felizmente a música estava alta o suficiente para ninguém além dos dois ouvirem a conversa.

— Vamos conversar em um lugar mais silencioso.

Foi o que Amélia disse antes de puxar Harry pela mão para fora do salão principal, o que atraiu quase todos os olhares daqueles presentes no baile. Cho até mesmo cuspiu sua bebida em Cedrico, que estava quase em sua frente quando viu a cena.

A parte de fora ainda tinha uma boa quantidade de pessoas, então, andaram mais e mais, até o momento em que começaram a subir escadas e Harry notar que estavam na torre de astronomia.

Assim que subiram o último degrau, Amélia se aproximou da barra de segurança, sentindo a brisa bater contra seu corpo e o brilho da lua reluzindo sobre sua pele.

— Gosto de vir até aqui escondido quando não consigo dormir, me ajuda a pensar. Fico encarando a lua e cada vez que olho, me sinto mal, pois me lembro do efeito da lua cheia para o meu padrinho.

— Costuma vir aqui com frequência? — Harry perguntou, enquanto caminhava para ficar ao seu lado e Amélia afirmou com a cabeça, fazendo entender que ela não consegue dormir frequentemente — Pesadelos?

— Minha mãe. — Amélia retirou o colar de dentro do vestido, deixando ele visível, fazendo Harry poder vê-lo. Quando ele ia tocar o colar, Amélia segurou seu pulso no mesmo instante em um reflexo extremamente rápido, fazendo Harry se assustar — Não toque.

— Tudo bem, me desculpe.

A respiração de Amélia pesou por um curto segundo e relaxou seus músculos, soltando o pulso de Harry.

— Não, eu deveria me desculpar. Ele era da minha mãe, é muito importante para mim, não consigo me ver sem ele. — Deu uma pausa, dando uma leve risada — Pode parecer baboseira, mas o colar é quase parte de mim.

— Mas eu ainda não entendi, o que seus pesadelos têm a ver com sua mãe?

— Porque ela sempre está nele, ela é tão doce, boa e carinhosa. Então, o pesadelo começa quando eu percebo que não é real e eu acordo, me sentindo angustiada. Você já sentiu isso?

— Já. — Harry confessou — Mas você precisa lembrar de que não está sozinha e que existem pessoas que te amam.

— Sim, eu sei. — Deu um pequeno sorriso e então mudou de assunto — Respondendo ao o que me disse lá no salão, demorei para perceber que eu também quero e sinto o mesmo. Mas, Harry. — deu um suspiro, passando a mão pelo rosto — Como você, o menino que sobreviveu e eu, a filha de um assassino poderiam viver juntos por aí? Não quero trazer essa pressão para cima de você.

— E eu não quero que passe por isso sozinha.

— Eu posso lidar com isso sozinha, sou acostumada a cuidar dos meus problemas sozinha. Não quero sofra injustamente mais uma vez.

— Você está sofrendo injustamente, Amélia.

— Mas eles não sabem que meu pai é inocente, só vão acreditar quando Pettigrew confessar sua traição.

— E o que tudo isso quer dizer?

— Apenas colegas? — Amélia estendeu a mão e Harry a encarou, pensando se deveria apenas aceitar ou lutar pelo o que sentia.

Relutante, Harry suspirou e apertou a mão de Amélia, encarando seus olhos, que também estavam relutantes.

— Amigos?

— É, pode ser. — Amélia respondeu com a voz falha, dando um pequeno sorriso.

— Sei que você não quer fazer isso, por isso eu vou lhe perguntar: Você quer mesmo que sejamos apenas amigos? — Perguntou enquanto se aproximava ainda mais da garota, segurando seu braço com delicadeza.

Ambos se encararam em silêncio, Amélia abria a boca várias vezes, mas nenhuma palavra saia de seus lábios. Isso fez Harry ter a certeza de que sua afirmação estava correta.

Os olhos de Amélia se arregalaram levemente quando sentiu a mão um pouco gélida de Harry em sua bochecha direita, ao notar que ele aproximava seu rosto do seu, sentiu-se como um imã, atraída a se aproximar também.

A mão de Harry que segurava seu braço, agora segurava sua cintura e seus olhos iam se fechando cada vez que seus rostos se aproximavam.

No momento em que ambos os olhos estavam totalmente fechados, eles se beijaram.

AMÉLIA ESTAVA NA sala comunal encarando o ovo de ouro que havia pegado na primeira prova. Quando tentou abrir, um som ensurdecedor ecoou por toda sala, seu ouvido ainda estava zumbindo naquele instante.

Encarando a lareira acesa, não ligou quando escutou passos de alguém que acabara de chegar na comunal, estava tentando pensar em algo. Precisava desvendar para poder seguir para a próxima prova.

— Amélia.

Quando escutou seu nome ser chamado, travou no mesmo instante ao perceber de quem era a voz. Harry Potter.

Imediatamente lembrou do dia do baile, todas as palavras ditas e o beijo.

Após o beijo, Amélia saiu correndo, como uma boba ao perceber o que havia feito e por já ter quebrado o trato que ela mesma havia sugerido. Desde então, ela seguia evitando e ignorando Harry, sabia que alguma hora ele viria atrás para tirar satisfação.

— Eu posso saber o motivo de estar me evitando? — Perguntou de trás do sofá em que Amélia estava sentada.

Ela agradecia por ele não poder ver sua feição carregada de desespero.

— Você sabe o porquê. — Respondeu tentando parecer o mais séria e seca possível.

— Se eu soubesse não estaria perguntando. — Rebateu.

— Tínhamos combinado que seríamos apenas amigos e você me beijou.

— Nós nos beijamos, Amélia. Se você não quisesse, teria recusado e me afastado. E você sabe bem que não vamos conseguir ser apenas amigos.

— Você nem ao menos tentou.

— Você também não.

Um silêncio constrangedor se instaurou pela comunal e então o coração de Amélia acelerou imediatamente quando escutou os passos de Harry novamente, ele estava se aproximando.

Sentiu o travesseiro do sofá em que suas costas descansavam afundando um pouco, era a mão de Harry, imediatamente seu corpo ficou tenso pelo nervosismo de sua proximidade.

Sua respiração travou por alguns segundos,  quando sentiu a respiração dele bater contra sua orelha.

— Se ainda não desvendou... — Amélia o observou apontar com a cabeça para o ovo dourado pelo cantinho do olho — Seria ótimo tomar um banho no banheiro dos monitores.

Quando Harry se afastou, Amélia virou o rosto e o observou ir embora da comunal, assim permitindo seu corpo relaxar e abanar o próprio rosto com as mãos, sentia suas bochechas pegando fogo.

psss

Seu corpo travou novamente quando um som desconhecido atingiu sua orelha.

psssss, Amélia

A Burke se levantou em um pulo quando viu o rosto do seu pai na lareira.

Se ajoelhou sobre o tapete da comunal e encarou a lareira sem acreditar no que estava acontecendo. Finalmente poderia falar com seu pai.

— Recebi e li sua carta, não pude enviar uma resposta, era arriscado. — Sirius dizia em um tom baixo, para que ninguém além de Amélia pudesse ouvir.

— Se não podia me enviar uma resposta, por que me enviou aquele vestido?

— Vestido?

— Sim, para o baile. Na carta tinha um "B" bem grande escrito.

— Amélia, eu não mandei vestido algum, nem sabia que iria em um baile. Pode ter sido qualquer pessoa que você conhece que tem um nome ou sobrenome que começa com a letra "B".

Naquele momento, Amélia sentiu um arrepio por todo seu corpo, pois imediatamente pensou em sua mãe. Cassandra Burke. Mas ela está morta, seria impossível.

— Amélia? Está me ouvindo?

— Desculpe, me perdi em meus pensamentos. Continue.

— A pessoa que colocou seu nome e de Harry não quer o bem de vocês, esse torneio é perigoso, pessoas morrem!

— Mas quem faria uma coisa dessas?

— Talvez comensais da morte, Cassandra deixou de ser confiável para eles, eles podem querer te atingir por vingança.

Talvez a pessoa que estava ameaçando Cassandra.

— Amélia? — Sirius chamou pela filha novamente, ao notar que ela não estava respondendo novamente — Sua cabeça está distante, o que aconteceu?

— É o Harry, as coisas estão complicadas.

— Brigaram?

— Não sei se deve ser considerado uma briga. Ele me beijou e...

Amélia arregalou os olhos e tapou a boca ao notar o que havia contado para seu pai. Um grande silêncio se iniciou.

— ELE FEZ O QUE? — Sirius gritou e Amélia entrou em desespero.

— Nada, pai. Ele não fez nada, eu tenho que ir. Beijo, te amo.

— Amélia, espere aí!

A garota pegou o ovo dourado antes de sair correndo para fora da comunal.

| o que acharam do capítulo? ele é um dos meus favoritos 🥹

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