v. entre o estar e não estar.

–  S E C R E T S   !
harry potter, golden era
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O DIA DO PASSEIO em Hogsmead havia chegado e Amélia estava sentada sobre o banco um pouco frio fazendo companhia para Neville que ainda perguntava se queria que ele lhe fizesse companhia.

— Neville, relaxa. — Amélia colocou as mãos nos ombros do amigo. — Não vou morrer se ficar um tempo sozinha e sinceramente, vai ser bom ter Hogwarts um pouco vazia para colocar os pensamentos no lugar.

— Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu, mas te conto depois, está bem? Não posso contar aqui, principalmente agora. — Disse Amélia, insinuando a quantidade de pessoas que estavam presentes no local.

— Tudo bem, preciso ir. Prometo que lhe trarei alguma coisa de lá. — Neville se levantou e Amélia deu risada com sua fala.

— Você sabe que não precisa.

Amélia observou Neville se juntar aos outros que iriam participar do passeio e apoiou as mãos no banco de pedra, agora olhando Harry Potter tentando convencer Minerva de deixá-lo ir.

Obviamente a tentativa foi falha, Minerva não era a responsável legal de Harry. Quando o garoto notou o olhar de Amélia sobre si, deu alguns passos para poder se aproximar e colocou as mãos dentro dos bolsos do moletom.

— Por que não foi para Hogsmead?

— Esqueci de pedir autorização. — Amélia respondeu, dando de ombros.

— Você fugiu do orfanato naquela noite, não foi? — Harry perguntou e ela soltou um suspiro arrastado. — Por que?

— Sim, eu fugi. Mas você também não fez diferente. — Amélia se levantou e cruzou os braços, dando alguns passos para se aproximar de Harry. — Usando magia fora da escola, Potter?

— Sim, eu usei, foi um acidente. Mas não mude de assunto! — Harry disse a última frase impaciente.

— Por que quer saber? Isso não tem nada a ver com você.

— Ano passado você passou o tempo todo distante de todo mundo, incluindo seus amigos, agora eu te vejo na rua chorando depois de fugir do orfanato.

— Ficou preocupado? — Amélia perguntou de forma debochada, dando mais alguns passos em direção ao Potter.

— Apenas curioso. — Harry respondeu, fazendo Amélia levantar uma das sobrancelhas. — Vai responder ou não? Se não, eu vou embora. — Disse de forma nervosa.

— Eu tive problemas no orfanato, implicaram comigo por estar sempre saindo por um tempo e depois voltando. Eu sempre tive inimizades lá, mas não esperava que fosse acontecer algo de forma tão agressiva... — Amélia deu uma pausa, respirando fundo. — Fiquei muito nervosa, não pensava em nada além de sair dali... Então eu fugi.

Amélia encarava tudo, menos os olhos de Harry, se sentia de certa forma envergonhada em contar aquilo. Não foi culpa dela, mas não queria que ele a visse como uma pessoa vulnerável ou que sentisse pena dela. Passou a vida toda sendo tratada como uma coitada. Isso sempre lhe fez se sentir tão inferior à tudo.

— Sabe, eu entendo como você se sente. — Amélia encarou Harry. — Não tenho uma boa relação com os meus tios e me sinto rejeitado, um intruso. Eu também fugi de casa. — Harry confessou. — Transformei a irmã do meu tio em balão.

Amélia arregalou os olhos com a última fala de Harry e então começou a gargalhar, fazendo Harry dar risada. Era a primeira vez que via Amélia rir tanto, pelo menos para ele. Sua risada era ótima de se ouvir.

— Eu preciso ir agora. — Disse Harry, após ver Lupin passando pelo corredor.

— Obrigada pela terapia. Acho que devo ter mais cuidado com o que falo para você, vai que me transforma em um balão também. — Disse Amélia de forma divertida, indo embora.

Andando pelos corredores vazios de Hogwarts, Amélia parou em frente ao quadro de Elizabeth Burke, a dama da sonserina. Analisava o rosto de sua parente, podendo lembrar vários traços do rosto de sua mãe.

— Seria mais fácil se fosse um quadro falante como os outros. — Amélia confessou em voz alta.

— Mas eu sou. — Amélia deu um pulo de susto assim que viu o quadro se mexer, a fazendo abrir e fechar a boca diversas vezes em choque, sem saber o que dizer.

— Eu nunca lhe vi se mexer ou falar como os outros.

— Esses outros são como matracas irritantes. — Disse se referindo aos outros quadros falantes, que reclamaram, ofendidos. — Um Burke deve agir com a verdadeira classe de um Burke.

— Você chegou a ver minha mãe estudando em Hogwarts?

— Mas é claro! Cassandra Burke, não é? — Amélia afirmou com a cabeça. — Incrível como uma garotinha assustada virou uma mulher tão poderosa à ponto de carregar o sobrenome de nossa família nas costas. Meus descendentes foram uma completa decepção! Mas Cassandra foi estupenda.

— Como ela era? Tinha muitos amigos?

— Amigos? Não muitos, na verdade. Porém admiradores, tinha de montão! Me recordo apenas de três pessoas, um garoto alto, acho que era um Black. E duas meninas, as duas eram loiras. Uma delas também era Black, a outra era mestiça. — Deu uma pausa para revirar os olhos. — Não fiz questão de me lembrar de que família vinha essa mestiça, certamente carregava o sobrenome de um trouxa.

— Ela por acaso conhecia Snape ou Lucius?

— Certamente conhecia, mas não os via andar juntos por aqui. — A Dama da Sonserina levantou uma das sobrancelhas. — Por que pergunta?

— Apenas curiosidade.

OS ALUNOS QUE HAVIAM ido ao passeio já estavam voltando e Amélia estava indo em direção a comunal da grifinória, até escutar Neville chamar seu nome, a fazendo parar e olhar em sua direção.

— Olha, trouxe para você. — Neville se aproximou com algumas caixinhas com sapos de chocolate.

— Neville, obrigada. Não precisava. — Pegou as caixinhas, tomando cuidado para não deixar nenhuma cair. — Você é o melhor!

— Minha avó diz que chocolate espanta os dementadores dela. — Neville disse sorrindo e Amélia deu risada.

— Espanta os dementadores dela… — Amélia repetiu em um tom de sussurro.

Ao observar Lupin parado conversando com alguns professores, algo surgiu em sua mente.

— Neville, você me deu uma ideia. Obrigada, eu já volto!

Amélia correu ao ver que Remus estava indo embora, deixando Neville confuso, mas feliz, mesmo não sabendo no que havia ajudado a amiga ele ficou contente.

— Professor! — Amélia o chamou, fazendo Remus parar de andar e se virar para a garota.

— Amélia, precisa de algo? — Lupin perguntou em tom surpreso.

— Eu quero enfrentar o meu bicho-papão. — Remus a encarou por alguns segundos em silêncio.

— Por favor, acompanhe-me.

Andaram um pouco até chegarem à sala de Remus. Por ser a última a entrar, fechou a porta e deixou as caixinhas de chocolates sobre uma carteira.

— Por que quer encarar seu bicho-papão agora?

— Eu quero descobrir qual é realmente o meu maior medo.

— Mas eu tinha planos de continuar essa aula para aqueles que não tiveram a chance, o que incluiria você. — Remus encarou Amélia com desconfiança.

— Tinha? — Amélia deu uma risada, sem graça.

— Com o que posso ajudá-la, Amélia? — Remus se encostou na mesa atrás de si, esperando uma possível invenção. Nenhum Black conseguiria enganá-lo. — Posso ver que não é só isso que você quer.

— Existe alguma forma de me proteger dos dementadores?

— Sim, existe. Por que deseja saber?

— Eu quero aprender. — Amélia disse firmemente.

Remus encarou a janela sem saber qual resposta deveria dar. Não tinha completa certeza de quais eram os planos de Amélia.

— Não vai me dizer o porquê, não é? Tem a ver com o que aconteceu na cabine e seu colar? — Perguntou, já sabendo a resposta.

— Talvez. — Amélia respondeu quase em um sussurro. — Mas antes, posso ver o meu bicho-papão?

Remus parou de se apoiar na mesa e ambos se aproximaram do armário que o bicho-papão estava preso, já podia escutar ele batendo, fazendo um barulho até que alto.

— Se lembra do que ensinei? — Remus perguntou, recebendo um aceno de afirmação de Amélia enquanto pegava sua varinha.

Lupin abriu o guarda-roupa e a respiração de Amélia começou a pesar, já não segurava mais a varinha firmemente. Ambos presentes na sala se assustaram quando um corpo morto caiu no chão, era Cassandra, mãe de Amélia.

Encarando em choque o corpo morto da própria mãe, Amélia observou Sirius Black saindo de dentro do armário com sua varinha em mãos. Seu maior medo era descobrir que seu pai pode ter matado sua mãe.

As mãos da Burke tremiam e não paravam de sair lágrimas de seus olhos, enquanto alternava seu olhar no corpo de sua mãe e da face amedrontadora de Sirius Black. Remus já estava pegando sua varinha, pois Amélia parecia assustada demais para conseguir recitar o feitiço.

Amélia segurou de forma forte o cordão do colar que havia ganhado no primeiro ano e abaixou a varinha, sentindo uma sensação horrível de sufoco.

Remus colocou-se na frente da garota e mandou o bicho-papão para dentro do armário novamente. Ao se virar, olhou preocupado para Amélia que estava no chão com a cabeça abaixada, a mão apoiada no chão e a outra segurando o cordão, que estava escondido por de baixo do uniforme.

— Amélia? — Se abaixou para tentar olhar seu rosto. — Amélia, você não está respirando.

— Eu estou bem. — Disse enquanto recuperava sua respiração.

— É por isso que quer aprender espantar os dementadores? — Remus perguntou, fazendo Amélia o encarar com os olhos vermelhos pelo choro que segurava. — Acha que ele matou sua mãe?

— Eu não sei... — Amélia respondeu com a voz trêmula. — Nem mesmo sei como minha mãe foi morta e descobrir que meu pai é um assassino...

Amélia travou quando percebeu que havia contado o seu maior segredo para um professor que havia acabado de conhecer. Encarou os olhos de Lupin mas não notou nenhuma expressão surpresa e sim um olhar acolhedor. Ele sabia.

— Amélia, eu estudei ao lado do seu pai e presenciei desde o momento em que ele e Cassandra se aproximaram às escondidas até o seu nascimento. — Deu uma pausa, dando um sorriso gentil. — Me sinto péssimo por não ter te acompanhado e cuidado de você, como prometi aos seus pais.

— Eles pediram para cuidar de mim?

— Eu sou seu padrinho. Te devo desculpas por não ter cumprido com minha obrigação.

Um sorriso surgiu aos poucos nos lábios da Burke, ainda com os olhos e as bochechas cheias de lágrimas.

Era a única família que podia contar.

— Está aqui agora, não está? — Amélia perguntou, recebendo um sorriso de Lupin. — Posso te abraçar?

— É claro que pode.

Remus respondeu com alegria logo sentindo o abraço de Amélia, podendo sentir um grande alívio de saber que ela não o odiava por não tê-la procurado antes. Ele sempre se perguntava como Sirius e Cassandra confiaram uma pessoa com Licantropia para cuidar da única filha deles.

— O que sabe sobre o que aconteceu com a minha mãe e o meu pai? — Amélia perguntou quando se separaram no abraço.

— Sinceramente, poucas coisas. É um grande mistério. — Lupin deu uma pausa, buscando todas as informações em sua memória. — Sua mãe e o Snape foram infiltrados para descobrir os planos de Você-Sabe-Quem.

— Eles se tornaram comensais da morte? — Amélia perguntou chocada com a informação.

— Sim. Os comensais confiavam neles, principalmente na Cassandra. Sangue-puro e família supremacista, assim como a maioria deles, não tinha como eles duvidarem. Eu, seus pais, os pais de Harry, Snape e entre outros, fizemos parte da Ordem da Fênix, organizada por Dumbledore para combater Você-Sabe-Quem. Muitos começaram a desaparecer e apareciam mortos. — Remus deu uma pausa e olhou para Amélia com preocupação, sem saber se deveria dar mais detalhes naquele momento. Percebendo que seu padrinho estava relutante, logo se pronunciou:

— Seja lá o que aconteceu, eu vou tentar estar preparada.

— No dia em que os pais de Harry foram mortos, eles confiaram em Sirius para ser o único a saber sobre o lugar em que se esconderam junto com Harry. Mas Você-Sabe-Quem soube onde eles estavam e de lá, apenas Harry saiu vivo.

— Se apenas o meu pai sabia e mesmo assim eles acabaram mortos...

— Sirius os traiu e foi acusado de matar um de nossos amigos, Pedro Pettigrew. — Amélia olhava para a janela em silêncio, aquilo estava deixando Remus um tanto preocupado. — Nessa mesma noite Cassandra sumiu. Ela estava estranha, acredito que ela sentia que seu disfarce havia caído aos olhos de Você-Sabe-Quem.

— Mas como ela foi dada como morta?

— A varinha dela foi encontrada quebrada, sinais de luta, sangue e o colar dela estava jogado no chão. — Remus encarou o correntinha que estava aparecendo um pouco no pescoço de Amélia. — Eu peguei o colar antes que ficasse nas mãos do ministério.

— Então foi você! — Amélia exclamou, ao se lembrar do presente de Natal fazendo Lupin afirmar com a cabeça enquanto tinha um pequeno sorriso por ela ter percebido. — Na carta você disse que acreditava que minha mãe tinha o deixado para trás de propósito.

— Sim, ela não largava esse colar por nada e ele não havia sido arrancado de seu pescoço, você pode ver, está inteiro e eu até mesmo acabei achando a caixinha que ela o guardava — quando era necessário —.

— Nunca acharam o corpo dela?

— Não, nem mesmo de Pedro. Na verdade, encontraram apenas o dedo dele.

— Mas onde eu estava nesse dia? — Perguntou Amélia, notando um sorriso triste de Lupin.

— Estava sob minha proteção. Foi eu quem a coloquei no orfanato.

Um silêncio se instaurou no local e Remus abaixou levemente a cabeça. Mesmo após ter sido perdoado ele ainda sentia muita culpa.

— Você viu o que aconteceu comigo na cabine?

— Apenas vi um clarão e o Dementador desaparecer do trem. Sua amiga Cho diz com certeza de que havia sido o colar, já que nenhuma das duas haviam lançado qualquer feitiço.

— Disse que minha mãe não largava esse colar, não é? Li em alguns jornais e livros antigos que minha família possuí uma loja com certos tipos de objetos.

— Sim, mas em sua maioria são objetos da arte das trevas.

— Ela simplesmente apareceu com esse colar ou ganhou de alguém? — Remus ficou pensativo, certamente forçando a memória para tentar lembrar algo.

— Ela apareceu com o colar após a morte da mãe dela. Acredito que Nathalie Burke entregou à ela antes de morrer.

— E se esse colar for algo muito além de um simples colar? — Perguntou Amélia, esperançosa. — As vezes sinto algo muito forte vindo dele, é impossível ser um colar comum.

— Tentarei pesquisar sobre isso, lhe informo qualquer informação que eu conseguir.

A CONVERSA COM LUPIN foi um pouco esclarecedora, mas ela estava extremamente abalada por saber que seu pai era responsável pela morte de James e Lily, como iria conseguir encarar Harry depois disso? Ele iria odiá-la quando descobrisse?

Ao chegar na aula de Adivinhações — quase atrasada —, olhou em volta procurando por Neville e ao encontrá-lo, notou que ele gesticulava para o lugar vazio ao seu lado. Amélia não pode deixar de sorrir com o ato.

Deu uma pequena corrida para se sentar, deixando sua bolsa sobre o colo bem a tempo, pois a professora acabara de chegar. Para a sinceridade de Amélia, não ligava tanto para aquela matéria, por isso escutava toda a explicação e falas da professora com um olhar um tanto julgador.

Quando a professora mandou eles lerem suas xícaras, Amélia encarou a sua, entortando a cabeça, tentando decifrar o que era aquilo. Abriu o livro para procurar o significado, mas parou quando viu a professora se aproximar para olhar a xícara de Neville.

— Sua avó está bem? — Ela perguntou, fazendo Neville ficar amedrontado.

— Sim, bem... — Neville deu uma pausa, engolindo em seco. — Eu acho.

— Que pena...

— Amélia... — Neville encarou a amiga desesperado.

— Calma, aposto que está tudo bem. — Deu um sorriso acolhedor e tomou um susto com a reação da professora quando viu a xícara de Harry.

— Meu pobre garoto. — Deu uma pausa dramática, fazendo Amélia levantar uma das sobrancelhas. — Você tem o sinistro...

Amélia inclinou a coluna para poder olhar a xícara e se surpreendeu quando notou que era a mesma forma que tinha na sua. Observando por mais tempo, sua respiração falhou quando percebeu que tinha o mesmo formato do cachorro preto que viu na praça. Aquela coisa estaria perseguindo os dois?

Enquanto olhava para a xícara do Harry, o garoto olhou em direção à Burke e em seguida desceu o olhar para a xícara dela. Com cuidado, Amélia virou a xícara em sua direção, fazendo ele conseguir enxergar — isso se ele realmente conseguiu ver —.

Quando Harry voltou sua atenção aos seus amigos, Amélia ficou cabisbaixa, sentia que carregava o peso de um assassinato que não cometeu. Agora sabia que tinha o sobrenome daquele que traiu os pais do Potter e estava tentando evitar qualquer tipo de contato com ele, mas era complicado, desde a trégua, eles vinham começando a se aproximar. Harry estava começando a estranhar a atitude de Amélia.

Quando a aula chegou ao fim, todos se dirigiram ao salão principal e Amélia avistou Draco cercado por seus amigos na mesa da sonserina. Enquanto andava na direção deles, quase bateu de frente com Harry que ia na direção da mesa da grifinória. Quando os olhares se cruzaram, Amélia desviou o olhar voltando a andar com os braços cruzados. Os sonserinos se surpreenderam quando viram Amélia se aproximar e Malfoy oferecer espaço para ela sentar, que foi aceito.

— Soube que falou com o seu pai sobre o ocorrido na aula do Hagrid. Seu braço está melhor?

— Sim, meu pai vai dar um jeito nisso. Aliás, mandei uma carta para eles falando sobre você. Eles ficaram surpresos e felizes, gostariam de te conhecer.

— É mesmo? — Amélia perguntou, surpresa. — Seria ótimo conhecer os amigos da minha mãe.

— No Natal, venha conosco. Não esqueça. — Draco alertou.

— Pode deixar.

Amélia se levantou, dando um aceno para os outros estudantes da sonserina, que ainda estavam absorvendo a proximidade repentina da Burke e do Malfoy. Quando ela se levantou, sentiu ser puxada por Cho, que praticamente a arrastou até a parte de fora do salão principal.

— O que você anda planejando? — Cho perguntou, cruzando os braços. — Desde quando você é próxima do Malfoy? Estou começando a ficar preocupada.

— Fica calma, estou apenas tentando me aproximar daqueles que conheciam a minha mãe para descobrir mais sobre ela, até mesmo segredos!

— Mas você já não me disse que ela também foi próxima do Snape? É mais fácil ir atrás dele.

— Já viu a forma que o Snape me encara?

— Já viu a forma que o Snape encara todo mundo? — Cho retrucou.

— Estou falando sério, parece que ele está amaldiçoando até a minha quinta geração. — Amélia disse, fazendo Cho gargalhar.

— O que o Draco disse?

— Os pais deles ficaram felizes em ouvir falar de mim e me convidou para passar o Natal lá.

— Passar o Natal na mansão dos Malfoy's deve ser um porre, boa sorte na sua missão. — Cho deu uma pausa e olhou para Amélia de forma preocupada. — Eu te vi indo conversar com o professor Lupin, fiquei te esperando sair da sala dele, mas já havia dado o toque de recolher e nada de você sair.

— Ele me contou o que sabia sobre meus pais e não foram coisas boas. — Amélia disse em tom baixo, para que ninguém ouvisse. — Meu pai além de ter assassinado Pedro Pettigrew, traiu os pais do Harry, sendo responsável pela morte deles.

Cho ficou em choque com a informação e notando quão abalada Amélia ficou em contar aquilo, decidiu não fazer mais perguntas. Não podia imaginar o fardo que ela estava carregando sabendo disso.

— Amélia, apenas... — Deu uma pausa, respirando fundo. — Tome cuidado com as pessoas que você irá se envolver para descobrir a história da sua família. Você pode acabar caindo em problemas.

— Estou disposta a fazer de tudo para descobrir.

— Tem vezes que sua determinação me assusta. Apenas não coloque sua vida em risco, está bem?

— Está bem, obrigada por se preocupar.

— Sei que se preocuparia também se fosse comigo.

As duas voltaram para o salão principal e tiveram que se alimentar rápido, já que perderam um tempo conversando. Quando foram se dirigir aos seus dormitórios, Amélia observou um grupo de alunos da grifinória parados frente ao quadro da mulher gorda, que não estava ali e também notou marcas de garras no quadro.

Enquanto todos estavam se perguntando onde ela poderia estar, Dumbledore apareceu, subindo as escadas e sendo seguido pelos alunos quando alguém sinalizou onde ela poderia estar.
Quando todos avistaram a mulher escondida em outro quadro, Dumbledore perguntou o motivo dela ter se escondido daquela forma.

— Ele, com aquelas garras... — Respondeu com a voz trêmula de medo. — Sirius Black esteve aqui!

Amélia deu um passo para trás pelo choque da notícia e quase caiu do degrau, mas sentiu duas mãos segurarem seus braços. Seus olhos arregalados e cheios de lágrimas encararam os olhos de Harry, que antes tinha uma expressão neutra, agora estava preocupado com a forma que Amélia reagiu.

— Você está bem? — Hermione que estava ao lado de Harry perguntou.

Piscando algumas vezes para tentar espantar seus pensamentos Amélia apenas se virou e saiu no meio daquela multidão de alunos da grifinória, enquanto sentia suas mãos tremerem, um nó se formar em sua garganta e uma extrema falta de ar.

Praticamente se arrastando pelos corredores de Hogwarts, sentiu uma mão em seu ombro a aproximando da janela e imediatamente sentiu um ar gélido batendo contra o seu rosto. Era Lupin, ele havia acabado de abrir a janela para Amélia.

Quando encarou os olhos de seu padrinho, sentiu-se segura, mas todo aquele sentimento ruim que carregava continuava ali no seu peito o que fez as lágrimas começaram a escorrer por suas bochechas sem controle.

— Está conseguindo respirar? — Perguntou preocupado. — Calma, eu estou aqui. Agora eu estou aqui. — Abraçou a garota, passando a mão pelos seus fios de cabelo na esperança de poder lhe acalmar um pouco.

Mal sabia Remus que um abraço e palavras de conforto de uma figura paterna, era tudo que ela queria e ele estava sendo exatamente isso para Amélia naquele momento.

— Eu não sei por quanto tempo vou suportar aguentar isso. — Amélia disse em meio aos soluços após recuperar a respiração.

— Lia, você sabe que não tem culpa dos atos do seu pai, não é?

— Lia?

— Sim, um apelido. Sua mãe falava sobre você usando esse apelido, quando ainda estava em sua barriga. — Remus deu um sorriso gentil, mas logo voltou para sua expressão preocupada. — Não pode continuar se colocando para baixo desta forma, estou ficando preocupado com você. É a primeira vez que tem uma crise como essa?

— Acho que sim. — Respondeu quase como um sussurro.

— Você deve ir agora, já devem ter notado seu sumiço. — Remus alertou, dando um beijo no topo da cabeça de Amélia, que deu um pequeno sorriso enquanto limpava suas lágrimas. — Qualquer coisa não hesite em me procurar.

— Está bem.

Quando Amélia se virou e deu alguns passos para voltar de onde veio, virou o tronco novamente em direção à Remus, dando uma pequena corrida e o abraçando mais forte o fazendo retribuir o abraço cambaleando um pouco para trás, arrancando uma risada surpresa dele.

— Obrigada, Tio Remus.

Amélia agradeceu, um pouco antes de ir embora correndo, na esperança de que ninguém tenha notado seu estado e achado suspeito. A última coisa que precisava era de novas acusações.

Observando a garota seguir seu caminho, Remus pensava no quanto ela se parecia com alguém. Alguém que havia o deixado anos atrás.

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