02.
𝐂𝐇𝐀𝐑𝐋𝐄𝐒, 𝑝𝑜𝑖𝑛𝑡 𝑜𝑓 𝑣𝑖𝑒𝑤
𝑀𝑎𝑖𝑜, 2024
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— Por que ela tá aqui? — Perguntei a Arthur, apontando discretamente para a morena que estava do outro lado da garagem com os outros convidados. —
A mesma que tinha esquecido o celular no balcão do hotel. Só não esperava encontrar ela aqui, na garagem da Ferrari, como convidada.
— Você tá brincando, né, Charles? — Arthur me olhou incrédulo, quase rindo. — Ela é Julieta Morán, uma das maiores cantoras latinas do mundo. Tá aqui como convidada de um dos patrocinadores da Ferrari.
— Eu não tenho culpa, Arthur. Não escuto esse tipo de música, muito menos acompanho cantoras latinas.
— Credo, parece um velho de cem anos falando desse jeito! Que irmão que eu fui ter, viu? — Arthur bufou, cruzando os braços. —
— Para de me encher o saco. Só tô dizendo que não faço ideia de quem ela seja. Eu escuto Taylor Swift, não as músicas dessa garota.
— Essa garota tem vinte milhões de seguidores no Instagram e tá bombando no mundo inteiro. Ah, e só pra constar, ela é bem mais famosa que você. — Arthur riu, aproveitando a oportunidade para me provocar. —
— Tá bom, tá bom. Grande coisa. — Fingi desinteresse, mas não consegui desviar o olhar por muito tempo. Havia algo intrigante nela, algo que me fazia querer saber mais. —
— Claro, grande coisa... Tanto que você não para de olhar pra ela — Arthur provocou de novo, me fazendo revirar os olhos. —
— Não começa, Arthur. Só achei curioso. Ela deixou o celular no balcão do hotel, e eu devolvi. Só isso.
— Ah, claro. Só isso. — Arthur arqueou uma sobrancelha, claramente duvidando de mim. —
— Para de ser criança, tenho qualificação daqui vinte minutos, e você deveria estar me ajudando a concentrar, não me atrapalhando, Arthur. — Respondi, impaciente. —
— Mas quem perguntou primeiro foi você. — Ele deu de ombros, com um sorriso provocador. —
— Não importa, Arthur. Fecha a boca e para de me encher a paciência. — Respondi, revirando os olhos enquanto tentava me concentrar no que realmente importava. —
Arthur riu, balançando a cabeça como se não levasse minha irritação a sério.
— Tá bom, tá bom. Relaxa, Charles. Só não vai ficar perdido pensando na "garota da música latina" durante a volta rápida, hein?
— Arthur, eu juro... — Comecei, mas ele já estava se afastando, rindo da própria provocação. —
Respirei fundo, ajustando as luvas e tentando esvaziar a mente. Os comentários de Arthur ainda ecoavam na minha cabeça, mas era hora de colocar tudo de lado. A qualificação era o momento de mostrar meu desempenho e garantir a melhor posição possível para a corrida de amanhã.
Sentei no cockpit, ajustando o capacete e verificando todos os comandos. Bryan, meu engenheiro, surgiu no rádio.
— Tudo pronto, Charles? Vamos com o plano A. Lembre-se, pneus macios e ritmo agressivo na primeira volta.
— Entendido, Bryan. Vamos nessa. — Minha voz saiu firme, ainda que a adrenalina começasse a subir. —
Assim que saí dos boxes, senti a aderência perfeita dos pneus macios na pista. O carro estava respondendo bem, o equilíbrio parecia ideal. Durante a volta de aquecimento, observei as condições da pista. Tudo estava no lugar para uma grande performance.
Na primeira tentativa de volta rápida, coloquei tudo no limite. O carro deslizou levemente na saída da curva Portier, mas consegui corrigir e manter o ritmo. Cruzei a linha com um tempo competitivo, mas sabia que ainda podia melhorar.
Bryan estava no rádio novamente.
— Tempo sólido, Charles. P2 por enquanto. Precisamos de um décimo na última curva para tirar o Verstappen.
Voltei para os boxes, ajustamos pequenos detalhes no carro, e Bryan me deu as últimas instruções. Saí novamente para a pista, agora com o objetivo claro: ser perfeito.
Na última tentativa, coloquei tudo o que tinha. As ruas de Monte Carlo exigiam precisão milimétrica, e eu sabia que não havia margem para erros. Cada curva parecia sincronizada, o carro fluiu como uma extensão do meu corpo. Na Rascasse, fiz a curva com perfeição, saindo com o máximo de tração possível para cruzar a linha de chegada.
Bryan gritou no rádio, a empolgação evidente em sua voz.
— P1! Pole position, Charles! Excelente trabalho!
Ergui o punho no ar, mesmo dentro do cockpit. O alívio e a alegria tomaram conta de mim. Conseguir a pole em Mônaco era sempre especial, mas dessa vez parecia ainda mais significativo.
Enquanto trazia o carro de volta para os boxes, Bryan continuou falando.
— Incrível, cara. Você foi impecável. Amanhã começamos da frente.
Eu sorri, sabendo que o trabalho ainda não estava completo, mas pelo menos por hoje, éramos os melhores da pista.
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O fim do dia finalmente tinha chegado. As coletivas de imprensa, com suas perguntas intermináveis, haviam me drenado, mas amanhã seria o momento de me concentrar no que realmente importava.
Eu iria vencer em casa.
Enquanto ajeitava a mochila nas costas e caminhava em direção ao estacionamento do circuito, notei de longe uma mulher mexendo no celular, o semblante claramente impaciente. Não dei muita atenção no início, mas, à medida que me aproximava, reconheci quem era.
Julieta Morán.
Um sorriso escapou antes mesmo que eu pudesse evitar. Não podia perder a oportunidade de provocá-la um pouco.
— Não se cansa de sempre estar nos mesmos lugares que eu, Julieta? — perguntei, parando ao lado dela. —
Ela levantou os olhos do celular, arqueando uma sobrancelha.
— Engraçado você dizer isso. Achei que era você quem não perdia a chance de estar onde eu estou — retrucou, com um tom afiado, mas divertido. —
— Ah, claro. Eu dirijo só para garantir que nossos caminhos se cruzem — comentei, lançando um sorriso provocador ao perceber que ela estava me observando. —
— E você não cansa de aparecer do nada? — retrucou Julieta no mesmo tom, cruzando os braços. —
— Apareço quando encontro companhia interessante — provoquei, parando um pouco mais próximo. — O que está fazendo aqui sozinha?
— Tentando chamar um carro pra ir embora. Agora satisfeito? — respondeu, olhando para mim sem hesitar. —
— Você parece frustrada. O aplicativo não colabora? — perguntei, fingindo preocupação, mas mantendo o tom leve. —
— Não que isso te interesse, mas sim, estou tendo um pouco de dificuldade. — Ela suspirou, desviando o olhar para o celular. —
— Bom, posso te oferecer uma solução — sugeri com um sorriso confiante. —
Ela arqueou uma sobrancelha, me encarando com um olhar cético.
— E qual seria o preço disso? Porque duvido que venha sem nenhuma intenção — respondeu, a provocação clara no tom de voz. —
— Preço? — perguntei, fingindo ofensa. — Eu sou um cavalheiro, Julieta. Só quero ajudar.
— Cavalheiro, é? Essa é boa. — Ela bufou, cruzando os braços. — Agradeço, mas não preciso de carona.
— Certo, mas também não precisa ficar plantada aqui esperando um carro que parece que nunca vai chegar. — Apontei para o celular dela. — Vai por mim, isso pode demorar mais do que você gostaria.
— Prefiro esperar do que aceitar ajuda de um desconhecido — rebateu, com um pequeno sorriso provocador nos lábios. —
— Desconhecido? — Fingi estar ofendido novamente. — Você sabe meu nome, e nós já conversamos antes. Eu diria que somos quase... conhecidos.
Ela riu de leve, mas manteve a postura firme.
— Ainda assim, prefiro resolver isso sozinha.
— Tá bom, mas e se eu disser que, além de te levar mais rápido, posso te mostrar um pouco da cidade no caminho? — perguntei, tentando um novo ângulo. —
Ela arqueou uma sobrancelha, agora um pouco mais divertida do que desconfiada.
— Não estou aqui como turista, Charles. Não precisa tentar me convencer com esse papo de guia local.
— Tudo bem. — Dei de ombros, mas mantive o sorriso. — Então veja como uma questão de eficiência. Eu te levo e você resolve seu problema. Simples assim.
Julieta soltou um suspiro, como se estivesse tentando resistir à lógica.
— Você não vai desistir, vai?
— Não. — Respondi, cruzando os braços e inclinando a cabeça levemente. — Eu sou teimoso, e você parece precisar de ajuda.
Ela ficou em silêncio por alguns segundos, avaliando a situação.
— Tá bom, Charles, mas só porque eu não quero passar mais meia hora aqui. E se você me atrasar ou fizer qualquer gracinha...
— Sem gracinhas. Prometo. — Levantei as mãos em rendição, abrindo um sorriso vitorioso. —
Julieta balançou a cabeça, mas percebi que, por trás da fachada resistente, ela também sorria de leve.
— Espero que você seja bom motorista mesmo.
— Você não vai se arrepender — garanti, indicando o caminho até o meu carro. —
Caminhamos em direção ao carro enquanto o clima de provocações continuava. Ela, mesmo relutante, não parecia tão contrariada quanto fazia parecer.
— Não vai se arrepender, hein? — Julieta repetiu minhas palavras anteriores com uma entonação carregada de sarcasmo. — Só vou acreditar nisso quando estivermos vivos e inteiros no destino.
— Eu sou piloto de Fórmula 1, Julieta. Você acha mesmo que eu não sei dirigir? — retruquei, fingindo indignação. —
— Ah, claro, porque dirigir a mais de 300 km/h em uma pista fechada é exatamente igual a lidar com trânsito normal — rebateu ela, rindo de leve. —
— Trânsito em Monte Carlo não é exatamente normal, sabia? — respondi, abrindo a porta para ela. — É quase uma pista de corrida, só que com mais glamour.
Ela hesitou antes de entrar, me lançando um olhar desconfiado.
— Você fala como se fosse um guia turístico de luxo.
— Quem sabe? É um talento oculto — retruquei, fechando a porta e contornando para o lado do motorista. —
Enquanto ligava o carro e manobrava para sair do estacionamento, ela me observava, ainda com aquele ar de quem não acreditava completamente em mim.
— Então, qual é o plano? Vai dirigir pelo caminho mais longo pra continuar tentando impressionar?
— Impressionar? Eu só quero garantir que você aproveite a viagem. Mas, se quiser um tour rápido, posso passar pelos pontos mais icônicos de Monte Carlo.
Ela revirou os olhos, mas sorriu.
— Se você for tão bom motorista quanto diz, talvez eu aceite. Mas me poupe de discursos de vendas.
Ri, aproveitando a descontração.
— Tudo bem. Nada de discursos. Só um passeio tranquilo... e, quem sabe, algumas curvas desafiadoras.
— Só não se empolgue demais, Charles. Não quero virar estatística nas ruas de Monte Carlo.
— Confia em mim, Julieta. Eu prometo que sou tão bom na estrada quanto na pista.
Ela apenas riu novamente, cruzando os braços enquanto olhava pela janela.
— Vamos ver, Leclerc. Vamos ver.
O silêncio entre nós durou pouco. Claro que eu não ia perder a oportunidade de saber mais sobre ela.
— Então, Julieta, o que te trouxe pra Monte Carlo? — perguntei, fingindo casualidade enquanto fazia uma curva suave. —
— Trabalho, como sempre — respondeu ela, ainda olhando pela janela. —
— Trabalho? Deveria ter imaginado. Mas, sinceramente, você não parece o tipo que só trabalha.
Ela finalmente virou a cabeça para me encarar, arqueando uma sobrancelha.
— E o que isso significa?
— Quero dizer, você parece alguém que sabe equilibrar as coisas. Trabalho e diversão, entende?
— Bem, digamos que eu tento. Mas, considerando minha agenda, às vezes parece impossível — respondeu, ainda com um tom reservado. —
— É... posso imaginar. Cantora famosa, shows por todo lado, fãs te seguindo onde quer que vá. Deve ser uma loucura.
Ela soltou uma risada curta, cruzando os braços.
— É, mas faz parte. E você? Não deve ser muito diferente, certo? Piloto famoso, correndo pelo mundo, fãs gritando seu nome...
— É, tem suas semelhanças — admiti, sorrindo. — Mas acho que no seu caso é mais intenso. Você tem que lidar com o público o tempo todo, enquanto eu só preciso focar na pista e em algumas entrevistas depois.
Ela inclinou a cabeça, me observando com um olhar curioso.
— Nunca pensei nisso assim. Mas você também tem a pressão das corridas, não? A expectativa de vencer, representar sua equipe...
— Tem razão. Pressão é algo que nunca falta. Mas acho que faz parte de qualquer profissão em destaque, não?
— Faz — concordou ela, voltando a olhar pela janela por um momento. — Mas, às vezes, tudo o que eu queria era sumir. Ficar longe dos holofotes por um tempo.
— Isso acontece com todo mundo, eu acho. Mas, se você pudesse sumir, para onde iria?
Ela riu suavemente, como se a pergunta fosse inesperada.
— Não sei... talvez uma ilha deserta, longe de tudo. E você?
— Hmm... talvez pra casa da minha mãe. Lá eu posso ser só o Charles, sabe? Sem pilotos, fãs ou qualquer outra coisa.
Ela me olhou novamente, parecendo considerar minha resposta.
— Parece simples.
— Às vezes, o simples é o melhor — respondi, sorrindo. — Então, qual é a sua próxima parada depois de Monte Carlo?
— Barcelona — ela respondeu, com um sorriso. — Meu próximo show será lá no próximo fim de semana.
— Barcelona, huh? — comentei, olhando rapidamente para ela antes de voltar os olhos para a estrada. — Cidade animada. Aposto que o público vai te receber de braços abertos.
— Espero que sim — ela disse com um tom de satisfação. — O público espanhol sempre tem uma energia incrível.
— Isso é verdade. Você já se acostumou com essa recepção calorosa ou ainda te surpreende?
— Eu diria que já me acostumei, mas ainda tem dias em que é difícil acreditar em tudo o que aconteceu. A carreira tem sido uma montanha-russa.
— Eu entendo. Às vezes, os melhores momentos surgem de uma maneira inesperada, não é?
— Com certeza — ela disse, olhando pela janela. — Cada show é uma nova oportunidade de sentir isso.
— Você já tem algo em mente para seu próximo grande projeto? Ou vai deixar as coisas fluírem por enquanto?
— Estou deixando fluir um pouco. Mas tenho algumas ideias em mente. Quero fazer algo diferente dessa vez. Talvez um novo estilo de música, algo que me desafie.
— Gosto disso. Mudar sempre é bom. Eu, por exemplo, estou sempre tentando buscar novos desafios, mesmo que isso signifique sair da minha zona de conforto.
Ela me olhou, um sorriso curioso se formando nos lábios.
— Sério? Eu diria que você já tem o trabalho perfeito.
— Às vezes, é preciso mais do que só ganhar corridas — respondi, sorrindo de volta. — A vida é sobre se desafiar, independentemente de onde você esteja.
Enquanto falávamos, minha atenção estava tão focada na conversa que eu dei uma leve vacilada no volante. De repente, perdi o controle por um momento e o carro se desviou bruscamente para a direita.
— Puta que pariu! — Julieta gritou, se segurando no banco, com os olhos arregalados. — Você quase nos matou, seu maluco!
Eu quase ri da situação, tentando manter a calma enquanto corrigia a direção. Acelerando um pouco mais, com um sorriso descontraído no rosto.
— Ah, relaxa, foi só uma escapadinha. — disse, ainda me divertindo com o drama dela. — A vida tem dessas.
Ela me lançou um olhar feroz, mas não pôde deixar de soltar uma risada nervosa.
— Você está brincando com a minha vida, Charles! — ela reclamou, mas com um tom mais leve. — Eu ainda não sei se te acho corajoso ou completamente maluco.
— Por que não os dois? — respondi, com um sorriso travesso. — Todo piloto precisa de um pouco de emoção, certo?
Ela me olhou com os olhos arregalados, e eu senti que estava prestes a ouvir uma boa bronca. Ela respirou fundo, claramente tentando controlar a raiva.
— Você é insano, sabia? — disse, sua voz agora firme e decidida. — Eu estava quase acreditando que você era só mais um piloto bonitinho e confiante, mas parece que você é um imbecil mesmo, não é?
Eu dei uma risada, tentando não deixar o comentário me afetar, mas não pude deixar de achar engraçada a maneira como ela estava se defendendo, como se tivesse visto o pior de mim, e estava tentando se proteger de algo ainda pior.
— Calma aí, você está exagerando, Julieta. — tentei me justificar, mas ela não estava disposta a ceder tão fácil. —
— Exagerando? — ela levantou uma sobrancelha. — Você quase me fez virar passatempo de algum poste, e ainda tem a coragem de dizer que eu estou exagerando!
Ela estava claramente mais irritada agora, o que me fez dar um sorriso ainda mais largo. Não era uma raiva verdadeira, eu sabia disso, mas o tom dela e a intensidade da expressão me davam a sensação de que, mesmo na brincadeira, ela estava tentando me ensinar uma lição.
— Eu só estava te dando uma demonstração de velocidade. — brinquei, tentando aliviar o clima tenso. — A vida não é sempre suave e calma, sabe?
Ela bufou, cruzando os braços com força, enquanto me lançava um olhar que poderia perfurar aço.
— Irresponsável. É isso que você é, Charles. Completamente irresponsável! — disparou, sua voz carregada de indignação. — A vida não é sempre suave e calma, mas também não precisa ser uma montanha-russa de imprudência!
Eu não consegui segurar o riso, o que só a deixou ainda mais irritada.
— Ah, vamos lá, Julieta. Foi só um deslize, não foi como se eu estivesse tentando fazer um rali em Monte Carlo. — disse, sorrindo de lado, enquanto olhava rapidamente para ela. — Além disso, eu dirijo melhor com você reclamando do meu lado. Mantém a adrenalina alta.
— Você é um completo idiota, sabia? — ela rebateu, apontando o dedo para mim. — Isso não é engraçado, Charles! Você está lidando com vidas aqui, ou melhor, com minha vida, e eu não tenho o menor interesse em ser manchete por causa das suas gracinhas.
— "Julieta Morán sobrevive a carona com Charles Leclerc", — murmurei em tom provocador, como se estivesse lendo uma manchete imaginária. — Parece uma ótima chamada, na verdade. Aposto que seus fãs iriam adorar.
Ela revirou os olhos tão dramaticamente que quase achei que eles ficariam presos no topo da cabeça.
— Você é insuportável! Como alguém suporta conviver com você? — perguntou, claramente tentando se segurar para não sorrir. —
— Eles não têm escolha. Sou irresistível. — respondi com um tom brincalhão, piscando para ela. —
— Irresistível? O que você tem é sorte por eu não saber dirigir um carro de Fórmula 1, porque se soubesse, já teria te ultrapassado e deixado você comendo poeira.
Eu ri, divertido com a reação dela, e dei uma olhada rápida em sua expressão irritada, mas que escondia um brilho divertido no fundo dos olhos.
— Se quiser, posso te ensinar a dirigir, mas com uma condição. — provoquei, arqueando uma sobrancelha. —
— Que condição? — ela perguntou, desconfiada. —
— Você vai ter que parar de gritar comigo enquanto dirijo. Dá pra ouvir sua voz até no motor.
Ela bufou, claramente tentando manter a pose irritada, mas o canto da boca ameaçava formar um sorriso.
— Ah, claro. E quem é que vai te salvar quando você quase jogar o carro na calçada de novo? — retrucou, cruzando os braços. — Minha voz alta é o que está mantendo você alerta, Leclerc. Considere isso um favor.
Eu soltei uma risada curta, sacudindo a cabeça.
— Favor? Tá mais pra um teste de resistência. Você deve ser ótima pra afinar motores, com essa frequência toda. — provoquei, olhando de relance para ela, que imediatamente me lançou um olhar mortal. —
— Se eu fosse tão boa em motores quanto sou em argumentos, você estaria frito agora, Charles. — disse, inclinando-se levemente para frente. — Aliás, quem disse que eu vou aceitar sua "condição"? Não era você que tava me oferecendo uma carona?
— E não era você que tava relutante pra aceitar? Agora parece até que tá gostando da ideia. — rebati, com um sorriso travesso. —
Ela revirou os olhos dramaticamente, mas havia uma faísca de diversão neles.
— Gostando? Não se engane. Se tivesse outro jeito de sair daqui sem depender da sua direção de rally amador, eu já teria ido embora.
Eu ri alto, divertido com o tom teatral dela.
— Tá bom, Julieta, continua se convencendo. Mas, admita, você tá curtindo a experiência. Quando mais você vai ter a chance de ser levada por um piloto de Fórmula 1?
— Curtir? Isso aqui é mais estressante que uma coletiva de imprensa cheia de jornalistas idiotas. — ela rebateu, mas o sorriso que escapou de seus lábios me entregou a verdade. —
— Tá vendo? Você não consegue nem sustentar a reclamação. Tá adorando. — disse, triunfante, enquanto fazia uma curva com precisão, como se estivesse mostrando minhas habilidades. — Admite logo, Julieta. Você gosta da minha companhia.
— Gosto, sim. Da companhia do perigo. — respondeu, com sarcasmo afiado, mas com o mesmo sorriso contido que ela parecia não conseguir evitar. —
Fiz mais uma curva suave, estacionando o carro com precisão em frente ao local que Julieta havia indicado. Antes mesmo de eu desligar o motor completamente, ela já estava mexendo no cinto, pronta para sair.
— A gente chegou, Julieta. Nem esperou eu anunciar? — comentei, fingindo indignação enquanto a observava apressada. —
— Quanto menos tempo eu ficar nesse carro, mais chances eu tenho de sobreviver pra contar a história, Leclerc. — retrucou, empurrando a porta e saindo quase que num salto. —
Eu ri, desligando o carro e me inclinando levemente para a janela aberta.
— E o que você vai contar? Que foi a experiência mais emocionante da sua vida? — provoquei, observando-a ajustar a bolsa no ombro. —
Ela se virou para mim, erguendo uma sobrancelha e apoiando uma das mãos no quadril.
— Vou contar que um piloto de Fórmula 1 quase me matou porque estava mais interessado em ser engraçadinho do que dirigir direito.
— Quase te matei? Drama é o seu segundo nome, né? Pode admitir que minha habilidade no volante foi impecável.
Ela revirou os olhos, mas o sorrisinho no canto de seus lábios me fez saber que a provocação tinha funcionado.
— Se isso é habilidade, então eu tô acostumada com deuses no volante. — respondeu, num tom mordaz, mas ainda brincalhão. —
— Deuses, hein? Então quer dizer que já subiu o padrão depois da carona?
— Nem um pouco. Só acho que você devia treinar mais fora das pistas. Quem sabe, um dia, chega lá.
Soltei uma risada, balançando a cabeça enquanto ela começava a se afastar.
— Ei, Julieta. — chamei, fazendo-a parar e virar o rosto na minha direção. —
— O que foi agora, Leclerc? Vai dizer que eu esqueci de te agradecer pela carona?
— Não, não. Só queria dizer que, da próxima vez, você pode pedir carona direto. Prometo que não cobro nada.
Ela soltou uma risada curta e irônica, me lançando um último olhar antes de seguir seu caminho.
— Pode esperar sentado, Charles. Essa foi a primeira e última vez.
— Veremos! — gritei de volta, vendo-a desaparecer na entrada do prédio. Mesmo enquanto saía com o carro, o sorriso no meu rosto insistia em não ir embora. —
Até que ela era uma boa companhia.
— Voltei com eles, a atualização da Fanfic deles é um pouco mais demorada pois tenho outras fics no perfil para finalizar.
— Desculpa qualquer erro ortográfico. Espero que estejam gostando da Fanfic.
— Batam a meta para que eu possa voltar, votem e comentem.
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