E tudo mudou aquele dia.

O grupo formado por Vi, Powder, Mylo, Claggor e Duncan movia-se com destreza pelos telhados do Lado Alto, à procura de sua próxima missão — ou melhor, próximo saque.

Enquanto avançavam, Duncan desviou o olhar para o céu e não conseguiu evitar a fascinação ao ver um dirigível sobrevoando lentamente acima deles. Com os olhos brilhando, ela cutucou Powder ao seu lado.

— Um dia eu vou voar em um desses — Powder murmurou, quase em transe, os pensamentos viajando para muito além das telhas sob seus pés.

— Um dia eu vou derrubar um desses — Mylo disse com um sorriso travesso, apontando os dedos como se fosse atirar na aeronave.

— Um dia eu vou construir um desses! — Duncan completou, a voz cheia de convicção e um sorriso sonhador no rosto.

Vi apenas balançou a cabeça, divertida, enquanto continuavam avançando para o ponto de encontro. Os saltos precisos sobre os telhados soavam como ecos ritmados no silêncio da noite.

Logo perceberam que algo estava errado. Pararam e olharam para trás, onde Powder permanecia imóvel na borda de um telhado, as mãos tremendo levemente.

— Vem, Pow Pow! — Duncan chamou, acenando com entusiasmo.

Mas Powder não se moveu. O medo era evidente em seus olhos.

— Eu sabia! — Mylo revirou os olhos, exasperado. — É por sua conta, Vi.

— Eu pego ela. — Claggor se ofereceu, mas deu um passo para trás ao ver a expressão de Vi.

— Não! — Violet declarou com firmeza, encarando Powder. — Ela consegue sozinha.

A líder do grupo deu um passo à frente, os olhos fixos nos de Powder.

— Vamos, Pow. O que eu sempre digo?

— Que eu estou pronta. — A voz de Powder tremia, mas sua determinação era visível.

— Isso mesmo. Então, mostra pra gente.

Powder respirou fundo, os punhos se fechando ao lado do corpo. O medo parecia paralisá-la por um instante, mas, com um movimento decidido, ela saltou.

O coração de Vi parou por um segundo quando viu Powder perder o equilíbrio no ar. Em um movimento rápido, ela se inclinou e agarrou a mão da irmã antes que fosse tarde demais.

— Valeu! — Powder ofegou, o alívio estampado em sua voz.

Vi puxou-a de volta para o telhado, com um sorriso pequeno, mas cheio de orgulho.

— Viu? Eu sabia que você conseguia.

— Só porque você estava lá. — Powder sorriu de volta.

Enquanto isso, Mylo já fazia sua clássica expressão de reprovação.

— Isso foi arriscado. Sabia que ela ia estragar tudo.

Duncan, que observava a cena, não perdeu a chance de provocar. Ela deu um chute leve na canela de Mylo.

— Ai! Pirralha! — Ele reclamou, massageando a perna.

— Ah, cala a boca, Mylo! — Duncan mostrou a língua, divertindo-se com sua reação exagerada.

Antes que qualquer um pudesse responder, Vi levantou a mão, sinalizando silêncio.

— Chega de barulho. Estamos perto.

O grupo avançou mais alguns metros até alcançar um ponto estratégico de observação. Vi inclinou-se e apontou para baixo.

— Lá está. — Sua voz era baixa, mas carregava a autoridade que mantinha o grupo unido.

Uma grande mansão do Lado Alto se estendia diante deles, iluminada por lanternas caras. Guardas patrulhavam os portões, e o som distante de música escapava pelas janelas abertas.

— Certo. Duncan, você cuida das fechaduras. Claggor, verifica os pontos cegos. Mylo, pega as distrações. E Powder... — Vi hesitou por um momento antes de olhar para a irmã mais nova. — Vai comigo.

Powder arregalou os olhos, surpresa.

— Com você?

— Sim. É hora de você aprender a parte difícil.

O grupo trocou olhares, surpresos com a escolha, mas ninguém questionou. Mylo resmungou algo inaudível, mas foi silenciado pelo olhar afiado de Vi.

Duncan inclinou-se para perto de Powder e sussurrou:

— Você vai arrasar, Pow Pow.

Powder sorriu nervosamente, mas assentiu, apertando a ferramenta improvisada que carregava na mão.

— Vamos fazer isso.

O que deveria ser apenas mais uma missão acabaria se tornando o evento que mudaria tudo para eles. Mas, naquele momento, nenhum deles podia prever o que estava por vir.

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1, eu ia alongar o capitulo, porém eu tô com bloqueio criativo. por favor, me desculpem por essa merreca.